Killer escrita por Hugo Campanaro


Capítulo 5
Capítulo Quatro - Bêbados, Vampiros e Garçonetes


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo demorou um pouco porque é onde faz uma das principais revelações da história... Então tinha que ter um momento bem legal pra poder encaixar tudo... Espero que gostem!



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Quando tudo já estava escuro novamente, sai do porão - com o diário escondido dentro da minha jaqueta de couro - e encontrei Charlotte deitada no sofá.

Olhei para o relógio e sorri irônico para ela.

- Logo, Logo seu corpo vai voltar ao normal - Eu disse - Mas acho bom você ligar para o seu patrão e dizer que vai faltar do serviço.

- Eu te odeio! - Disse ela aos sussurros

- Eu também... Mas o que podemos fazer não é? - Sorri e ela pareceu mais nervosa.

Demorou mais meia hora e eu pude ouvir Charlotte suspirar.

- Pronto... Já passou - Provoquei - Nem doeu!

- Miserável! - Ela gritou - Some da minha vida! Eu não sei o que fiz pra você... Na verdade eu não fiz nada, então exijo que você me deixe em paz!

- Eu tenho muitos motivos para não te deixar em paz, assim como muitos motivos para te matar! Então cale a sua boca, suba aquelas escadas, se arrume porque vamos dar uma volta! - Eu disse irritado e intimidador.

Ela me olhou com muito ódio antes de começar subir as escadas.

Em pouco tempo Charlotte voltou. Estava com uma camiseta justa branca, shorts e all star. Seus cabelos loiros estavam amarrados em um rabo de cavalo.

- Bem melhor do que aquele seu uniforme amarelo manchado de sangue! - Respondi tentando segurar a risada.

- Vai se ferrar! - Ela respondeu.

- Bom, eu não vou te perturbar por muito tempo. Vou andar livremente por Manhattan com você, não vou te segurar, não vou te irritar... Vamos simplesmente conversar! Apenas tente não fugir, porque se você fizer isso, ah se você fizer isso... Eu vou ficar muito irritado.

- Então me dê um motivo para não correr? Você matou dez policiais ontem à noite, você me usou como um escudo, EU LEVEI UM TIRO POR SUA CAUSA! ENTÃO ME DIZ SEU ESTRANHO, ME DIZ POR QUE EU NÃO DEVERIA CORRER DE VOCÊ?

Quando ela terminou, levantei uma das sobrancelhas e dei um sorriso de lado.

- Começamos com o pé esquerdo!

- Idiota!

Ela saiu andando e eu comecei a andar atrás dela.

- Então, Charlotte... Você não tem curiosidade de saber o meu nome?

- Se isso for deixar a situação pior, não... Nem um pouco de curiosidade...

- Bom, o meu nome e Sebastian Hale... Sabe, você devia me contar sobre seus antepassados - Sugeri.

- Pessoas loucas, arrogantes e anti-sociais – Ela deu de ombros.

- Nada mal.

- Vai me deixar em paz agora?

- Não mesmo!

Eu sabia que eu devia manter sigilo sobre o assunto, mas aquilo ia ficar pior se eu continuasse calado.

- Escuta Charlotte... Você acredita em mitos?

- Em qual sentido?

De alguma forma, ela não estava mais brava. Agora parecia interessada ou desconfiada.

- Sei lá, em qualquer sentido... Sendo lendas, mitos...

- O que você está querendo dizer?

- Eu sou um... E provavelmente você também!

- Quantas você bebeu hoje? Ou será que fumou?

- Ah... Isso com certeza deve ser efeito colateral da bebida! - Eu disse mostrando minhas presas.

Ela me encarou obviamente assustada, dando alguns passos para trás.

Escondi as presas e a puxei pelo braço, de forma que ela entendesse que devia continuar andando.

- Eu sou uma lenda. Eu sou um vampiro, Charlotte!

- Er...E-e O que isso quer dizer? Eu sou uma vampira? Você disse que eu também sou uma lenda!

- Ainda não sei o que você é... Mas não é uma vampira! E chega desse assunto!

Peguei no braço dela e comecei a voltar para casa.

Ao chegar à casa, eu a joguei no sofá e me sentei na poltrona ao lado do mesmo, encarando o teto.

Talvez minhas suspeitas estivessem corretas, mas era tudo tão  assustador para mim - e para qualquer um da minha espécie - que eu preferi guardá-las para mim.

E mais uma vez, tínhamos a certeza de que nada é por acaso... Eu não tinha encontrado Charlotte como uma presa qualquer. Era mais como se alguma coisa - destino, talvez , quisesse que nós nos encontrássemos.

*Charlotte Gates Narrando*

Eu precisava fugir. Aquele homem era estranho. Seus olhos esverdeados praticamente me penetravam toda vez que eu falava.

Mas se ele pensava que eu iria ficar aqui, recebendo ordens e esperando que ele tome todo o meu sangue enquanto se diverte comigo... Está muito enganado.

No outro dia, Sebastian  permaneceu calado e escondido em seus pensamentos. Era o dia perfeito para que eu pudesse fugir dele.

Estávamos a caminho do pub. Meus planos eram de embebedá-lo e depois fugir pela porta dos fundos, de forma que ele ficasse me esperando no bar.

Quando entramos no pub, o movimento já era grande. Clarisse, uma das outras garçonetes e minha amiga veio falar comigo.

- Charlotte... Você está bem? - Ela perguntou.

- Sem dormir a alguns dias, mas acho que estou bem...

- O que aconteceu?

- Nada de mais - Tentei sorrir.

Até onde consegui observar do bar, era um dos piores dias para se trabalhar. Já havia muitos homens bêbados por ali e tudo estava bem corrido.

Comecei andar pelo bar e a anotar os pedidos. De hora em hora eu olhava para Sebastian, que vez ou outra dava um sorriso irônico de lado.

- Qual é garota? - Levantou um homem de uma das cadeiras próximas ao bar e veio até mim - Acho que vocês estão devagar um pouco demais.

- Já vamos levar o seu pedido, Sr! - Respondi, dando dois passos para trás a cada um que ele dava na minha direção.

- Mas agora eu cansei de beber... Eu quero outra coisa.

A movimentação por ali continuava normal. Era quase como se as pessoas não estivessem vendo o que estava acontecendo, mesmo com uma ou outra olhando para mim e o cliente bêbado.

Eu não tive tempo de pedir para me socorrerem, pois o cliente pegou meu braço e começou me levar para fora do bar.

As mãos dele se fechavam em volta do meu braço com muita força, quase como a mão de Sebastian no dia em que ele me amarrou aos pés da cama.

- Me solta! - Eu gritava para o homem.

- Não dessa vez! - Ele respondeu - Há tempos eu vinha aqui atrás de você!

Ele me empurrou com tanta força contra a parede que meus sentidos ficaram desorientados. Agora ele tentava me beijar a todo custo, enquanto eu tentava empurrá-lo para longe de mim com toda força.

Só me lembro do momento em que vi o homem voar para longe de mim, como se alguém o tivesse puxado. Olhei em volta e só estávamos nós dois por ali ainda, e agora, ele se aproximava de mim novamente, com seu olhar divertido.

Quando faltavam alguns metros para que o homem chegasse perto de mim, Sebastian saiu pela porta do bar e gritou:

- Se encostar suas mãos sujas nela de novo eu vou cortar sua cabeça fora.

O homem olhou para Sebastian e sorriu torto

- Concorrência? - Ele disse - Podemos revezá-la!

Aquele homem me dava nojo, meu corpo inteiro estava frio e tremia.

Sebastian se aproximou de mim e me analisou. Ele parecia preocupado.

- Você está bem? - Ele perguntou.

Um nó se formava em minha garganta. Não consegui responder, apenas balancei a cabeça positivamente.

- Já vi que vamos ter que brigar pela garota! - O Bêbado disse.

- E nessa briga você vai perder! - Disse Sebastian se virando para ele.

Talvez fosse o pânico, ou simplesmente, impressão minha, mas antes de Sebastian se virar para o cliente, os olhos dele trocaram do verde para vermelho.

Ele caminhou na direção do homem - que veio até ele sem problema algum - e o empurrou com força.

O Homem voou por pelo menos dez metros, mas antes que ele pudesse se levantar Sebastian já estava segurando-o pelo pescoço.

Sebastian o ergueu do chão, enquanto ele se debatia tentando buscar um pouco de ar.

- Seu sangue não merece nem ser bebido! - Disse Sebastian a ele e depois quebrou o pescoço do homem.

No mesmo momento, minha visão escureceu e eu cai sentada no chão. Em fração de segundos, Sebastian estava a minha frente.

- Charlotte, você está bem? - Ele perguntou com urgência - Temos que sair daqui.

Ele pegou minha mão e me levantou.

Minhas pernas se recusavam a andar, Sebastian estava quase me carregando. Meu cérebro gritava que eu estava deixando algo escapar, mas eu não conseguia me lembrar do acontecera há alguns minutos atrás.

Meu celular tocou e quando eu fui pegá-lo, minhas mãos travaram e ele caiu no chão.

- Alô - Disse Sebastian assim que o pegou do chão - Não errou o número... Esse é o Telefone de Charlotte Gates.

Ele me olhou, ainda preocupado, enquanto respondia.

- Um amigo... Ela não está muito bem e eu a estou levando para casa - Ele respondeu e desligou o celular - Era sua amiga... Clarisse?

Assenti e ele me entregou o celular.

Chegamos a casa e Sebastian me colocou sentada no sofá, fechando a porta em seguida.

- Você sabe o que aconteceu lá no estacionamento do pub? - Perguntou Sebastian - Você sabe o que você fez?

- Eu não... Você quem o matou! - Respondi nervosa.

- Antes disso, Charlotte... Quando você o empurrou.

- Eu não tenho tanta força para afastá-lo daquela forma!

- Você tem, apenas não sabe disso...

Ele me olhou como se tivesse confidenciando um segredo e em seguida disse:

- Charlotte... Você é uma bruxa!


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