A Árvore Dos Pássaros Mortos escrita por Kacire
Notas iniciais do capítulo
Esse capítulo foi dividido em três partes porque quero manter os capítulos curtos, dinâmicos e fáceis de ler. Provavelmente posto a segunda parte dele ainda hoje.
Essa primeira parte, então, fica só de expectativa, já que é só uma pontinha do esclarecimento do que existe entre Claus e Ygor.
1 mês antes
- Claus? – Ygor estalou os dedos em frente ao rosto do amigo – Você tá me ouvindo cara?
Claus não tinha ouvido uma sequer uma palavra que saíra da boca de Ygor, apesar de olhar o tempo todo para seu rosto.
- Desculpa cara! Te fiz falar esse tempo todo, mas não consigo entender essa merda de log. – Claus voltou à olhar para o caderno e os livros à sua frente como se voltasse à vida.
- Cara, é tão simples... Vamos tentar de novo!
- Ygor, deixa! Eu só vou fazer você perder tempo cara...
- Quero que você se dê bem na prova, se esforça!
- Ygor! Eu me viro, cara. Mas obrigado mesmo assim.
- Tem certeza?
- Tenho.
Ygor suspirou, mas resolveu não discutir mais.
- Obrigado pelo esforço! Mas minha antiga escola era muito desfalcada com as matérias dessa... Perdi boa parte do que vocês aprenderam... Mas obrigado mesmo.
- Tudo bem cara – Ygor abriu um enorme sorriso – Quando quiser é só pedir, eu não me importo em explicar quantas vezes for preciso.
- Sou bastante sortudo por ter feito amizade com um dos melhores da sala!
- Haha! Seu primeiro amigo na cidade! Tenho orgulho desse título...
- Segundo amigo.
- Como é que é.
- A primeira foi a Amanda, cara!
- Claus! Meninas não são amigas... São comida.
- Ygor... – Claus já tinha ouvido o amigo fazer piadas sobre garotas várias vezes. Ygor sempre tentava falar sobre meninas com Claus, mas nunca tinha muito sucesso. – Eu sou gay, cara. – Claus confessou, de olhos fechados, temendo a reação de Ygor.
- Bom, sobra mais garotas para mim então. – Disse Ygor, fechando os livros de Matemática esparramados na cama. – Que cara é essa?
- É que... – Claus não sabia o que dizer.
- Achou que eu fosse te socar a cara e nunca mais falar com você?
- É... – Disse Claus, com vergonha.
- Cara, você não é o único gay que eu conheço!
***
- Claus! O fato dele não ter te matado por ser gay não significa que ele não vai fazer se você disser pra ele que está gostando dele!
Amanda e Claus estavam sentados no gramado da pracinha em frente à casa de Claus. A madrugada já tinha encharcado as folhas com o orvalho. Ignorando o frio, Amanda e Claus esquentavam-se tranquilamente com um pequeno baseado.
- Não acho que ele me bateria.
- Claus... Pensa um pouco além da agressão física! Você chegou aqui a pouquíssimo tempo... Vai se arriscar a perder uma das poucas boas amizades que você tem?
- Amanda! Eu não aguento mais guardar esse segredo!
- E o que acontece se ele não quiser mais olhar pra você?
- Eu ainda tenho você – Disse Claus sorrindo, empurrando a amiga com o ombro.
- Não vem me bajular não... Eu não concordo com essa ideia maluca.
- Não estou pedindo pra que você concorde... Só queria te contar.
Amanda tragou fundo, prendendo a respiração por um tempo. Queria saber como Claus faria aquilo, mas sabia que a pergunta só iria encorajar mais o amigo.
- E como você vai fazer?
- Amanhã, assim que voltarmos pra casa dele depois da aula.
- E a consulta com o psicólogo dele?
- A consulta é à uma da tarde! Tenho uma hora pra falar tudo o que preciso falar.
- Esse é seu plano?
- É...
- Bom... Boa sorte, Claus.
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