A Árvore Dos Pássaros Mortos escrita por Kacire


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, depois de tanto tempo, o último capitulo.
Peço desculpas pela demora, mas aconteceram muitas coisas na minha vida nesses últimos tempos.



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- Tem apenas mais uma coisa que eu queria te dizer antes de te dar o direito de escolha...


Claus esperou, olhando nos olhos de Morte. Sabia o que ia ser dito e sentiu o coração bater num ritmo diferente. Fechou os olhos para sentir cada palavra.


– Eu te amo. Por isso não te levei.


– Porque você não vai mais me ver.


– É...


– Pode me deixar morrer agora.


Morte olhou para Claus, os olhos desapontados.


– Tudo bem... Só... Escolha uma maneira.


– Mas antes eu queria dizer que te amo. E por isso me mato.


– O que... – Morte sentiu-se confuso.


– Me apaixonei pela morte... O que mais você esperava que eu dissesse? Que eu aceito viver algo que pra mim já perdeu o sentido a tanto tempo? Não morrer seria dizer não à você...


– Então...


– Nunca quis me matar por causa de Ygor, Morte. No início sim, eu confesso, esse foi um dos meus motivos. Costumava dizer que eu tinha mais de trinta para me matar... Ygor estava num dos primeiros motivos, é verdade... Mas... Desde que eu te vi pela primeira vez... Meu motivo de querer morrer passou à ser um só, Morte. Você.

Claus aproximou-se de Morte, envolvendo-o num abraço.


– Eu... Acho que eu entendo. – Disse Morte, com dor. – Mas a possibilidade de nunca mais poder te ver Claus...


– Você não pode me deixar aqui, assim.


– Como vai ser?


– Na rua... Numa rua deserta qualquer, é tarde... Não quero morrer entre quatro paredes...


–Tudo bem.


***


Caminharam em silêncio até uma rua sem saída. Os que ali moravam já dormiam à muito tempo, descansando para o trabalho e as aulas que os esperavam no dia seguinte. Morte arrastava-se atrás de Claus, a barriga roncando de fome. O cheiro da alma de Claus lhe machucava o estômago que a tanto esperava para se alimentar daquele corpo. Claus parou em frente à parede que encerrava a rua e olhou para os olhos de Morte.


– Como vai ser? – Perguntou Morte, sentindo um enorme desejo de desaparecer para longe de Claus.


– Me beija. – Disse Claus.


Morte aproximou-se de Claus, olhando-o nos olhos.


– Pela última vez, é isso mesmo que você quer?


– Eu te amo. – Disse Claus, tocando os seus lábios nos de Morte.


***


Amor passeava pelo bosque naquela madrugada. Esperava o sol nascer para colher flores. Amor adorava colher flores nos primeiros raios de sol. Sentou-se numa pedra para acompanhar o espetáculo de cores que o céu pintava a cada minuto, clareando o azul cada vez mais. Fechou os olhos para respirar o ar puro, mas foi interrompida pelo aroma da angústia. Abriu os olhos e saiu correndo em direção à cidade.

– Morte, não, por favor, não.

Olhava para o céu a cada quarteirão que corria. O azul da madrugada dava espaço à um cinza horroroso, as nuvens começando a encontrar-se, formando uma espiral. Ao virar pela esquina, encontrou Morte curvado sobre o corpo de Claus, os olhos escorrendo lágrimas negras!


– Por favor, Morte, você tem que parar – Gritou Amor antes de alcançar o amigo. Uma chuva de pássaros mortos caia de todas as árvores ao redor, amontoando-se. Um senhor que passava pela esquina sentiu a respiração interromper, caindo sôfrego na calçada. Amor agarrou Morte pelos ombros, envolvendo-o num abraço.


– Eu o amo tanto, Amor. – Morte soluçava com o rosto enfiado no colo da amiga.


– Me desculpe. Me desculpe... Você precisa parar de chorar, Morte!


Morte olhou em volta, os olhos meio turvos, e viu os pássaros caindo. De súbito, engoliu o choro. E sossegou os soluços no ombro de Amor.


– Eu... Não queria. – Disse Morte, olhando do rosto de Amor para os milhões de pequenos cadáveres ao redor.


– Eu sei que não, Morte, eu sei. Vem... Nós temos que ir.


– Mas e...


– Você fez o que tinha que fazer Morte! Vamos embora... Vamos... Esperar.


Amor segurou Morte pelas mãos. A antiga fagulha roxa se manifestando novamente entre os dedos dos dois amigos.


***

O ar encheu o peito daquele senhor jogado na esquina de um jeito que ele nunca sentira antes. Sentiu a vida sendo enfiada de volta ao corpo. Levantou-se com dificuldade e com lágrimas nos olhos viu uma revoada de milhões de espécies de pássaros, todos juntos, voando para além do que os olhos podem ver do céu. Chorava e agradecia a Deus pela nova oportunidade. Tinha sentido o gosto da Morte segundos antes e agora se sentia mais vivo que nunca! Até suas dores habituais haviam desaparecido.


E bem perto de onde os pássaros alçavam voo, Vida despertou.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer todo mundo que leu a fic e principalmente aqueles que, capitulo após capitulo, mandavam ótimos comentários que, sem eles, o fim dessa história nunca teria cehgado. Obrigado mesmo gente!
(E aquele obrigado mais do que especial ao Leo, que além disso tudo, aguentou minhas milhões de mensagens, respondeu TODAS e virou meu amigo ♥ haha! Muito obrigado mesmo, Bonito ♥ )