Sean se deitou em seu quarto naquela madrugada, com a sensação de que tinha feito uma boa ação maravilhosa naquele dia. Sim, o plano 14 tinha corrido como o planejado e seu único inconveniente foi arrastar um Ryan bêbado até seu quarto, apesar disso não ter sido tão ruim assim para o moreno.

Agora o garoto olhava para o teto de seu quarto, decidido a não contar nada do que tinha acontecido para sua irmã. Já que levando em conta seu humor mais cedo, ela teria um ataque.

Mesmo assim, o moreno estava aliviado por Ryan não ter sido morto ao conversar com Megan. Parecia um bom jeito de acabar com uma briga, contando é claro que aquele fosse o fim, e não apenas o começo como era de se esperar.

Eram 2:30 da manhã quando Sean ouviu a campainha do apartamento tocar. O moreno não havia bebido tanto naquela noite, e ao contrario do amigo não conseguiu dormir imediatamente ao encostar a cabeça no travesseiro. Por isso estava totalmente consciente quando se levantou da cama, trajando apenas uma calça de moletom preto e sem sua costumeira camiseta, e se dirigiu a porta.

Estava no corredor para a sala, quando a campainha tocou mais uma vez, parecendo agora insistente. Sean achou aquilo curioso, deveria ser Megan, querendo saber onde eles estavam.

O moreno abriu a porta, e por pouco não caiu para trás com a surpresa que estava ali na soleira da entrada.

A loira estava com os cabelos cacheados caindo por suas costas e um vestido simples, ao contrario do que sua irmã normalmente usava. A garota tremia um pouco e as lágrimas que antes derramara por causa do treinamento ainda eram visíveis em grossas trilhas por seu rosto perfeito.

- Leah... O que faz aqui? – Sean perguntou sua voz calma, mas seus olhos apertados em uma desconfiança aparente.

Para Leah, a desconfiança e a expressão em seu rosto eram como tapas em seu rosto, que a acusavam e a feriam mais que o treinamento pelo qual estava passando. Ela tentava ao máximo entender o porquê daquele garoto inútil e desprezível, ser tão irresistível a ela.

Parecia impossível, parecia errado. Tão errado que se tornava certo. Tão difícil de entender que em algum momento a garota compreendeu. Ela via algo mais nele, algo que os olhos negros do garoto não podiam jamais esconder dela. Dor.

Uma dor tão profunda e angustiante, que definia tanto ela como ele. Uma dor que de certa forma os dois compartilhavam, sem nem ao menos perceber o quanto a vida e o passado dos dois eram semelhantes.

- Eu preciso saber o que aconteceu na noite de ontem. – Leah disse, controlando os tremores em seu corpo para que sua voz não falhasse.

Ela tinha decidido tratá-lo, como ele a tratava. Nem mais nem menos do que ele a desse.

- Entre. – ele pediu. A surpreendendo.

 A garota concordou, e passou por ele quando o moreno lhe deu passagem. O apartamento era incrível, na opinião de Leah, um pouco maior do que o de Clarisse, e três vezes mais chique.

Sean guiou Leah até a sala, sentando na poltrona, enquanto ela se acomodava sozinha no sofá.

O silêncio se abateu sobre os dois, e nenhum deles sabia como começar. Leah ainda tinha aquele medo de dizer alguma coisa que pudesse fazê-lo puxar uma arma e atirar nela. Ela sempre tinha essa sensação quando ficava perto de qualquer um da organização.

- Preciso saber o motivo de Megan me odiar tanto. O que eu fiz ontem à noite? – a loira perguntou.

- Você bebeu demais, acho que deve ter misturado muitas bebidas. E puxou Ryan para dançar, se insinuou para ele e depois o beijou. – Sean disse, sendo direto.

Leah pregou os cotovelos nas coxas e escondeu o rosto nas mãos.

- Não acredito que fiz isso. Eu sabia que havia algo entre ele e Megan. – a garota choramingou. – Eu não deveria estar viva, não é?

- Se dependesse de Megan não. – Sean disse. – Mas por sorte eu consegui acalmá-la.

- E se dependesse de você? – Leah perguntou, encarando os olhos negros do garoto.

- Por que esta me fazendo essa pergunta? – o moreno questionou.

- Quero saber sua opinião sobre o assunto. – a loira disse.

- Não sei como minha opinião pode fazer alguma diferença... – o garoto disse, devolvendo o olhar intenso que ela lhe dava.

- Sua opinião faz toda a diferença. – Leah disse.

Sean arqueou a sobrancelha, surpreso. Pela primeira vez em tempos, o moreno não sabia o que responder a alguém. Ninguém nunca tinha se importado muito com sua opinião, como se ela fizesse tamanha diferença.

- Eu não sei o que faria com você. – Sean disse. – Eu não a puniria, por ter ficado bêbada. Mas não foi legal ver você com o namorado da minha irmã, e meu melhor amigo.

- Então você se importa com quem eu fico? – a loira perguntou, sorrindo minimamente.

- Eu nunca disse isso. – o moreno retrucou.

- Mas sugeriu... Pra mim é o suficiente. – Leah disse.

Seu sorriso aumentou assim como a vontade irresistível de se aproximar mais do garoto. No entanto ela se levantou, dizendo apenas que tinha que ir. Sean que também tinha um desejo obscuro crescendo perante a garota, concordou. Acompanhando-a até a porta, e deixando que ela fosse depois de lhe dar um beijo surpresa na bochecha.

Naquela madrugada, quando Sean se deitou na cama depois da visita surpresa da loira. Ele não soube dizer se tudo aquilo passara de um sonho ou se era mesmo a realidade. Ele só tinha certeza, que não queria que o beijo de Leah tivesse sido em sua bochecha.

**********

A manhã chegou logo e Sean não pregara os olhos, ele se levantou cedo, antes de Ryan e tomou um longo banho para relaxar os músculos tensos. Depois se trocou e se dirigiu a cozinha para fazer um café forte.

Ryan também já levantava, tomando um banho gelado para espantar a ressaca da noite passada e indo encontrar o amigo na cozinha, já trocado. O ruivo aceitou uma caneca de café do moreno, assim que apareceu no cômodo.

- Você se lembra do que aconteceu ontem? – Sean perguntou.

Ryan riu.

- É claro que sim. O plano 14 se mostrou mais uma vez confiável. – o ruivo disse.

Sean concordou.

- O que vai fazer hoje? – o ruivo perguntou.

- Vou à escola, não tenho muito que fazer na sede. E você? Alguma noticia de minha irmã? – o moreno perguntou.

- Vou me encontrar com ela em seu apartamento agora. – disse Ryan.

- Bom, torça para que ela esteja de bom humor. – Sean disse.

- Se ela estiver com uma parte do seu bom humor, então eu estou com sorte. – Ryan recrutou, saindo da cozinha antes de seu amigo dar um ataque.

Logo o garoto já estava em seu carro dirigindo até a casa de sua namorada, que não ficava muito longe dali. O ruivo entrou do elevador, subindo até o quarto de sua talvez ainda namorada.

Então ele tocou a campainha, e a porta se abriu rapidamente. Uma mão o puxou para dentro, uma boca selando-se a dele. Puxando-o para seu quarto, tirando sua camisa e o empurrando na cama.

- Não vou deixar uma garota qualquer ficar entre nós. – a voz da morena sussurrou cheia de desejo logo abaixo do seu ouvido.

- Era só isso que eu queria ouvir... – Ryan murmurou de volta.

Girando a morena e ficando sobre ela na cama. Beijando-lhe os lábios intensamente.