A noite estava fria, a alvura da neve cobria as ruas de Shibuya, até mesmo Hachiko, a estátua do cão leal estava com sua coloração diferente, devido à temperatura.

Pequenos focos de luz podiam ser observados dentro das casas, proveniente de velas. Um blackout assolava o bairro japonês, consequente de uma tempestade que ocorrera mais cedo.

Escondido dos olhos despreocupados da população, a Room of Reckoning, um extenso salão que se encontrava no subsolo do centro urbano, estava prestes a se tornar o palco de uma trama que envolveria o destino de diversas pessoas.

O cheiro de esgoto proveniente de Shibuya River, uma canal de escoamento que outrora fora um curso d'água, fazia-se presente ali. A área estava quase totalmente escura.

Dois homens se encaravam, o primeiro assentava em uma cadeira, era alto e estava encoberto por uma aura branca, impossibilitando a visão de sua fisionomia. O outro estava de pé, era um jovem de aproximadamente 16 anos, seus cabelos ondulados eram loiros-esbranquiçados e seu semblante era sombrio e adornado com um sorriso maligno.

- Achou mesmo que poderia esconder isso de mim por muito tempo mais? - inquiriu o jovem.

- Emanuel. - havia um pequeno toque de medo em sua voz - Eu sei que tudo isso veio como um choque pra você, mas entenda que foi para sua proteção...

- Calado! - o rapaz sacou uma arma - Não quero suas desculpas. - mirou o revólver para a testa do homem - Você queria me proteger? Então por que não se protege desse disparo, Composer?

A aura de Joshua dissipou-se e foi possível ver as lágrimas que escorriam de seus olhos.

- Porque eu não poderia ferir meu próprio filho.

Sem nenhuma compadecência, Emanuel puxou o gatilho, terminando com a vida de seu pai. O rapaz ficou ali examinando o corpo do Composer, sucumbido ao projétil que atravessara seu crânio.

- É isso meu pai. Eu carregarei seu legado. A partir do dia de hoje eu serei o novo Composer, comporei um novo mundo, a partir da total remodelação desse. - Sua risada ecoou pelo gigantesco salão.

Longe dali, uma garota comum dormia calmamente, sonhava com o que ia fazer nas férias, divertia-se na neve com seus pais e logo após estava tomando um delicioso copo de chocolate quente feito por sua mãe. Ah! Como ia ser perfeito. Mas mal sabia ela que seus agradáveis dias frios iam ser subsituídos por um perigosa jornada, a qual nada tinha a ver com ela, aparentemente.