-Bom, resolvido, Wile e Runner não virão incomodar. –Falei, me sentando no banco da praça principal. Lyra suspiro ao meu lado.

-Enquanto isso, eu devo levar Garfield e Odie pro campo de colheita de morangos. –Ela jogou os cabelos pra trás. –Mas por que está vestido assim?

-Assim como? Quer dizer o gorro natalino, a capa vermelha com pelo branco, o cinto preto e todas as minhas roupas pro natal? –Falei, apontando pro meu cosplay de natal.

-É. –Ela foi cortante. –Você parece um especial de natal em uma boate de strip-tease gay.

-Isso foi um elogio? –Sorri.

-Não. –Ela respondeu. –Na verdade, eu queria que você se sentisse ofendido.

-Maldita! –berrei de volta. –Agora vamos, primeiro vamos prender Tom e Jerry na roda gigante.

*

Jacques conseguiu trazer Tom na direção da roda gigante, cujas cabines tinham o formato de um morango de ponta cabeça. Lyra chegava logo depois, com Jerry, do lado oposto ao que o outro chegou. As porta foram abertas, revelando um pro outro, eles se surpreenderam, mas antes mesmo que tivessem chance de reclamar, já tinham sido empurrados pra dentro da cabine, sendo presos juntos naquela cabine, antes de poderem até mesmo pedir pra sair, os meus bons súditos trancaram as portas e a roda começou a girar prendendo os dois ali.

-Até quando mantemos eles ali? –Lyra perguntou.

-Até se pegarem ou se matarem, o que vier primeiro. –Jacques falou, sorridente. –Estou ansioso pra saber o resultado. –Ele olhou pra mim.

-Igualmente, Jacques. –Sorri. –Faltam dois.

Sumimos no ar, agora, iriamos levar Garfield e Odie pra comer alguns morangos, quem sabe se comer no processo.

*

Jacques convenceu Garfield com certo trabalho de ir até a colina de colheita de morangos. Lyra facilmente convenceu Odie, que era bem divertido e aberto, então uma saída pra colher morangos era algo bem vindo no seu dicionário.

A colina era um pouco alta e várias morangueiras se espalhavam colina acima, a minha capa de natal me protegia do sol e meus fones de ouvido ainda estavam pousados nos meus ouvidos, de onde eu ouvia Strawberry Avalanche do Owl City.

Lá embaixo, Garfield colhia alguns morangos timidamente, acabando sempre por escolher alguns que não eram tão bons assim, Odie estava reluzente por uma aura de amizade e alegria. Seu sorriso era tão brilhantemente encantador que eu usava óculos de sol pra olhar diretamente na direção dele.

Ele chamava atenção de algumas mulheres que olhavam pra ele admirados, como se ele fosse aquele garoto divertido, sorridente e popular de um anime shoujo.

-O que pretende fazer aqui? –Jacques perguntou, se sentando ao meu lado na grama macia da colina.

-Nada. –Sorri, mexendo nos meus óculos de sol, Lyra também os usava.

-Nada? –Ele questionou. –Nada parece ser muito divertido com você.

-Que perspicaz. –Sorri. Nossa, queria tanto saber o que essa palavra significa, seria muito melhor usá-la assim. –Apenas observe.

Garfield colocou mais um morango levemente escurecido na sua cesta, se cansando e se preparando pra ir embora, até bater os olhos com Odie, que sorriu pra ele, o sorriso de 10000 watts do Odie provavelmente poderia convencer Garfield a ficar mais um tempo.

-Quer ajuda? –O Cão Amarelo perguntou, provavelmente a sua presa já estava sendo pega e nem percebeu. –Você parece não estar tendo muita sorte com os morangos. –Ele olhou de relance pra cesta de Garfield, que tinha morangos de todos os tipos, menos os bons. –Aqui, pegue esse. Odie pegou um morango e o ofereceu a Garfield, que no inicio, recusou, mas lentamente, acabou mordendo o morango na mão dele.

Era delicioso assistir aquilo.

-É bom. –Garfield falou, se negando a dar um sorriso pra ele, mas corando pelo sorriso dele.

Ele tinha uma aura que parecia pulverizar toda a discórdia do mundo e atrair tudo que há de bom. Com açúcar e tempero, ele seria o ingrediente final pra criar as meninas superpoderosas. Logo depois, Odie segurou a mão de Garfield e o guiou até o outro lado da colina, onde os morangos eram mais sadios e vermelhos.

Eles ficaram juntos diante de uma grande morangueira, que dava frutos vermelhos e grandes, e um chamou atenção em especial, porque aquele morango parecia um coração.

-Engraçado, não é? –Odie perguntou, pegando o morango e ameaçando comê-lo, mas então se virou pra Garfield, com um certo olhar pervertido. –Quer?

-Obrigado. –Garfield sorriu de leve.

-Pegue. –Odie deixou o morango entre seus dentes, esperando que Garfield viesse.

Obvio que o Gato Laranja conhecia essa brincadeira, obvio que ele achava aquele garoto loiro e musculoso e com uma aura radiante que atraia mais coisas que um ímã atraente. Obvio que ele não desperdiçaria a chance de jogar uma das suas brincadeiras favoritas. Ele se inclinou na direção do outro, fincando os dentes numa parte da fruta e então, fechando, ao mesmo tempo em que Odie, deixando seus lábios se encostarem e estalarem juntos.

-Sua vez. –Garfield pegou um morango qualquer, mas este também era vermelho e suculento, apenas dessa vez posicionou o morango no lado direito de seu pescoço, e deu espaço pra que ele fizesse o que queria.

Ninguém estava ali pra incomodá-los, no que me diz respeito, poderiam tirar as roupas, fazer uma cena toda e dar uma de Brockeback Mountain e eu ainda iria querer ficar e assistir. Apesar de não ter gostado muito do filme mesmo.

Odie segurou o outro pela cintura e aproximou a boca daquela parte, mordendo primeiro a pele do outro e só depois, o morango, engolindo-o em uma só tacada.

Eles pularam todo o resto do jogo, agora estavam já se pegando. Odie mordia devagar o pescoço do outro, que se colocava na cintura dele e começava a rebolar, encaixando uma certa coisa dura mais confortavelmente na sua bunda.

Será que eles ouviram a parte sobre tirar a roupa?

Ah, ta ali, o Gato Laranja já ta tirando o casaco. E isso é ponto pra mim.

*

Enquanto isso… na montanha russa chamada Strawberry Swing…

-Ok, a quanto tempo estamos aqui? –Tom perguntou.

-Calado.

-Você ta com fome?

-Calado.

-O que você vai fazer aqui?

-Calado.

-Com quem você veio pra esse parque?

-Qual letra de “calado” você não ta entendendo? C-A-L-A-D-O. –Jerry soletrou berrando, não queria saber de nada que viesse de Tom.

-A parte em que eu tenho que me calar na presença de alguém que eu goste. –Tom continuou, Jerry corou levemente, olhando pela janela, entardecia lentamente. –Você pode me xingar, me insultar e até me bater, mas não pode me impedir de ter sentimentos por você.

Jerry corou novamente. Pouco a pouco, as luzes de tons vermelhos eram acesas, vermelho-morango, além de tons de verde, amarelo e azul, e isso deixava o lugar com um ar até mesmo mais romântico por ai. De relance, poderia se ver Tweety e Frajola passeando juntos, como se fossem um casalzinho bonitinho.

-Qual é a sua relação com aquele Spike? –Tom perguntou, baixinho.

-Não é problema seu. –De alguma forma, a ideia de que Tom tinha ciúmes de Spike despertava uma pequena fagulha em seu peito. –Mas se quer saber, já tivemos um caso.

-Entendo… e não deu certo, é? –“Por favor diga que não”.

-Mais ou menos. –Jerry jogou o cabelo um pouco pra trás. –Eu diria que foram interesses separados, mas nunca deixamos de gostar um do outro.

-Entendo perfeitamente. –Tom falou.

Vocês são estúpidos!?! Idiotas!? Existe algum dano letal no cérebro de vocês que faça vocês acharem que por algum motivo não deviam tentar nada um com o outro!? Escutem! Eu vou dar uma ultima chance pra vocês tentarem algo, suas bestas.

“Lyra, Jacques, podem fazer!” comandei, enviando uma mensagem pelo celular e voltando a ouvir Strawberry Avalanche. Ouvi a batida de metal, que fez com que Tom quase saísse de seu lugar, mas acabaram simplesmente parando na cabine, finalmente, o som da ficha caindo pra Jerry foi como musica pros meus ouvidos.

-A Roda parou, estamos presos aqui. –Ok, pode não ter sido musica, mas me deixou feliz.

-Tem certeza?

-Tenho, o brinquedo parou, e ele só pararia por isso. –Jerry suspirou. –Estamos presos aqui até concertarem o curto.

Ou até se pegarem.

-Então, o que fazemos? –Tom se questionou, solitário, estava com um pouco de fome, mas aguentaria. –Que tal jogar um jogo?

-Pode ser. –O tédio era algo que não se familiarizava com Jerry. –Que tipo de jogo.

Tom escondeu um sorriso pervertido no rosto. –Um jogo divertido.

Esse é o meu garoto.