Deus, estava um dia maravilhoso na cidade. Era o dia da Grande Corrida de Balões de Ar Quente e o céu se coloria do espetáculo de mil cores vivas no céu azul-celeste. Definitivamente, eu gostaria de estar lá, mas não posso, eu tenho que ficar aqui e escrever isso.

Quem sou eu? Eu sou eu. Quem mais seria? Sou Ace, meus caros, o narrador, o bardo, O Menestrel! Sou quem dito as regras nas minhas histórias, e essa é mais uma delas, a história sobre dois garotos que decidiram jogar um jogo, onde, se eles vencessem, eu lhes garanti o que queriam, nunca iriam se apaixonar por ninguém ao ponto de sofrer por esse amor, mas, se eu vencer, iria pegar os seus corações e conectá-los tão fortemente, que eles não seriam capaz de respirar sem a presença do outro.

Eles não acreditam no poder do amor. É triste, mas bem, posso ao menos me colocar ai dentro e assistir aos jogadores que fizeram a tola aposta comigo e com o destino de não amar.

Dentro da história deles, eu estava sentado, no parapeito da sacada, assistindo aos balões, usando meu cachecol favorito e um moletom pra me proteger da brisa fria, meus fones juntos ao meu celular no meu bolso e eu ouvia calmamente Hot Air Balloon do Owl City.

Ah, o primeiro jogador estava se aproximando. Nossa primeira rodada, vou guardar essa recordação. Seu nome era Thompson McHeart, mas tinha o apelido de Tom, para diferenciá-lo de todos, eu dei a ele orelhas de gato e uma cauda, ambas de um tom de cinza-azulado. Ele usava uma jaqueta, seus olhos verdes brilhantes reluziam ao ver as cores, e ele também tinha cabelo escuro, quase da mesma cor que as orelhas que caia até os ombros. Ele era o Gato do jogo.

Ele estava animado pra ver o show. Claro, ele não esperava que o Rato já estivesse lá, entre as milhões de orelhas de animais que existem, um par de orelhinhas de rato era o que chamaria atenção do garoto gato.

Ah, sim, como regra extra do jogo, eu apaguei toda a memória deles. Eles não sabem quem sou eu, ou que os vigio, ou sobre o jogo, muito menos o que ganham e o que perdem.

Tom estava indo em direção ao grande centro da cidade. Onde nós estávamos? Bom, uma cidade especialmente criada pra esse jogo, onde todos tem orelhas de animais, ou até chifres, mas em que apenas um tem orelhas de gato cinza-azulado e apenas um que tem orelhas de rato marrom-chocolate, os dois jogadores. Eles nem imaginam que eles definem a existência dessa cidade no meu mundo.

O nome da cidade era Ainmhithe. Animal, em irlandês. Céus, estamos a tanto tempo conversando, perdão, vamos logo ao centro da cidade, quero saber se vou ganhar. Fiquei de pé na sacada e dei um salto pra frente, conseguindo surgir acima da praça, no meio dos balões, obvio, ninguém podia me ver. Tom finalmente chegava lá. Na praça principal, cheio de verde, vários casais juntos trocavam caricias e beijinhos, mas um garoto estava só.

Ele tinha olhos azuis brilhantes e expressivos, orelhas de rato espaçosas acima do seu cabelo marrom-chocolate. Ele tinha uma roupa fofa, que só acentuava a sua aparência inocente, com uma fita no pescoço que realçava a pele cor da neve. Na sua orelha, jazia um brinco de argola pequeno, que lhe ficava bem. Ele saboreava, na sua toalha de piquenique, um queijo. Seu nome original é Jeffrey O’Lilium, mas era conhecido como Jerry.

Tom e Jerry, eu planejei algumas coisas pra vocês. Esse é o jogo que vocês decidiram jogar, um jogo onde um caça o outro, e o outro simplesmente deve ignorar, mas se demorar muito tempo, talvez eu ganhe.

Tom quer me provar que ele não pode se apaixonar por um nerd pervertido grosso e brutamonte como Jerry.

Jerry quer me provar que ele não pode se apaixonar por um playboy cretino, metido a besta e dependente como Tom.

Bom, eu não posso fazer eles se apaixonarem diretamente, apenas influenciar algumas situações indiretamente. Bom, já que eu tenho liberdade pra fazer isso, vamos começar. A primeira rodada do jogo está aberta!

Eu estalei os dedos, fazendo um saco de areia se desprender do balão sem ninguém perceber, ele cairia na direção do Jerry, mas foi bem obvio que Tom pularia na direção dele, o empurrando, e o salvando de um provável coma.

Que gentileza com alguém que você não gosta, Tom.

Eles giraram no chão verde por algum tempo, enquanto o saco de areia jazia na toalha de piquenique. Logo, eles pararam, Jerry estava bem preso e seguro abaixo de Tom, que estava de 4, preocupado logo em cima dele.

-Você ta bem? –Tom perguntou, com voz felina que eu dei pra ele.

Eu já esperava por isso, Jerry deu um soco no queixo dele, o chamando de idiota. Na verdade, a coisa do saco foi só pra assustar mesmo. Jerry tem varias artes marciais no currículo, um saco de areia não seria mais que um balão de gás carbono pra ele. Ele desviou, e provavelmente, Tom deve estar curioso em saber mais sobre o garotinho rato. Considerando o placar Rato x Gato x Narrador, estaríamos a 1 x 0 x 0. Se ele continuar assim, eu to perdido.

1ª rodada fraca essa, mas pude ver algumas faíscas piscando acima do Tom, devia estar maravilhoso com aquele exemplo de fofura, ou só estava doendo muito mesmo. Tudo bem, amanhã mesmo começarão as aulas, e eu vou colocar os dois na mesma sala, eu ainda estou nesse jogo queridos, eu ainda estou longe de terminar o jogo.

Tom, Jerry, me aguardem, o jogo está só começando.