Eram 15:45.

Quinn olhou para o relógio que estava na parede de sua casa, no centro de Los Angeles. Ela estava sentada no sofá da sala olhando pra TV desligada e ao lado, o telefone em silencio.

Ela olhou mais uma vez pro relógio.

Eram 15:46.

Ela viu o ponteiro dando pulos, completando seu círculo vicioso e perpétuo. O barulho do relógio a fez contar até 60.

Eram 15:47.

Sem suportar mais, Quinn olhou para a janela, que dava para a rua principal. A rua estava um tanto agitada por causa do final de semana. O tempo estava agradavelmente fresco, apesar do calor que estava fazendo durante o mês, por causa do verão.

Ela olhou mais uma vez para o relógio.

Eram 15:48.

Quinn saiu da janela e olhou para a porta retrato que estava em cima da estante, ao lado dos prêmios conquistados pelo coral.

"Quinn! Sorria!" Rachel disse olhando para câmera e Quinn, meio sem entender, olhou também, não sabendo do que se tratava.

"Rachel! Que susto! Esse flash na minha cara!" Quinn respondeu, reclamando, como sempre.

"Huuum... Amor... Sabe que..."' Rachel chegou mais perto do ouvido da loira, que se arrepiou com o toque. "Eu amo quando você fica brava." Rachel sussurrou no ouvido de Quinn e mordeu o lóbulo de sua orelha.

A memória do ocorrido fez com que Quinn recordasse do sussurro. Ela foi para o quarto tentar esquecer-se do barulho do relógio.

Deitou-se na cama, mas quando viu o lençol bagunçado, fechou os olhos e tudo o que tentava esquecer, veio com força total. Como uma espécie de tortura, Quinn sentiu novamente a sensação de perda. Perda da pessoa que ela mais amava no mundo.

"SE VOCÊ QUER ISSO MESMO, ENTÃO VÁ EMBORA!"

"EU NÃO QUERO ISSO! É VOCÊ! É VOCÊ QUEM QUER QUINN! FOI VOCÊ QUEM DISSE TER COMETIDO UM ERRO AO FICAR COMIGO EM VEZ DE TER VOLTADO PARAS CHEERIOS NAQUELE ANO NA ESCOLA."

Quinn ficou cega. Cega de ódio. Era algo quente que passava por cada membro de seu corpo. Sua mão se levantou e parou a centímetros da bochecha morena que estava molhada por lágrimas que pareciam ter um gosto amargo para Quinn.

"Bate Quinn. Não é isso que você quer?" Rachel sussurrou

"Eu nunca bateria em você Rachel. Nunca..." Sua voz estava completa de arrependimento. Quinn sabia que tinha ultrapassado todos os limites.

"Mas hoje você quase quebrou essa promessa." Rachel tirou o anel de sua mão esquerda e o colocou em cima da estante.

"Rachel. ESPERA!" Quinn gritou e Rachel fechou a porta sem olhar para trás.

Uma lagrima caiu dos olhos castanho-esverdeados de Quinn Fabray. Ela olhou mais uma vez para o relógio.

Eram 15:50.

Quinn sentiu a adrenalina correr pelo seu corpo. Ela correu, pegou o anel e saiu pela porta do apartamento. Desceu as escadas e passou pela portaria do prédio, correndo na calçada da avenida.

Ela corria. Corria pra não perder a hora. A hora que ela contou, a hora que ela pensou, a hora que ela deixou Rachel ir embora pela porta. A loira começou a sentir seu corpo ficar cansado, sua respiração ficar cada vez mais pesada, como se seus pulmões não agüentassem mais. Seus músculos estavam em seu ponto crítico. O cansaço havia tomado conta do seu corpo. E seu cérebro a fez querer desistir. Deixar Rachel ir. Ela parou, começou a olhar em volta, procurando um motivo que fosse convincente para que ela não pudesse se arrepender depois. Foi quando ela viu o parque onde ela e Rachel costumavam ir. E viu as crianças brincando, e mais uma vez, a memória a fez perder tempo.

Quinn estava bebendo seu refrigerante, lendo seu livro favorito. Rachel estava deitada com a cabeça em sua coxa, suas pernas pra fora do banco. Se Quinn estivesse prestando atenção em sua namorada, não ouviria. Mas simplesmente pelo fato de não prestar atenção em nada em sua volta, o sussurro de Rachel entrou como um grito em seu ouvido.

'Quinn. Eu quero um bebe.'

Então mais uma vez Quinn saiu correndo. E segundos depois, aquele pensamento querendo que ela parasse, enchesse seus pulmões de ar, e esperar que as dores pelo corpo viessem como se um trem tivesse a atropelado chegou. Mas ela continuou correndo.

Ela entrou no aeroporto e começou a gritar por Rachel.

Cabelos soltos, calça jeans, um sapatinho baixo, Rachel entregou sua passagem e foi ao seu destino sem ao menos olhar pra trás. Se por apenas um segundo ela tivesse olhado pra trás, teria visto Quinn, ofegante, cabelos bagunçados, olhos lacrimejados olhando pra ela.

'RACHEL!' Quinn gritou.

Rachel ouviu alguém chamar, mas não olhou. Ela sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Mas decidiu seguir em frente.

'EU VOU ATRÁS DE VOCÊ RACHEL. NÃO IMPORTA. EU VOU CORRER ATRÁS DE VOCÊ!' a loira gritou. Não sabendo se a morena ia ouvir ou não, Quinn continuou gritando, agora com seguranças do aeroporto a segurando com força. 'EU VOU CORRER POR VOCÊ RACHEL!' o grito de Quinn estava misturado com as lágrimas que molhavam seu rosto. A loira estava completamente perdida. Seus olhos demonstravam o vazio e a perda quando Rachel sumiu pelo corredor em direção ao avião que levava seu amor embora.

Quinn procurou outro horário e viu que o próximo avião seria só no outro dia. Ela queria ir agora para Nova York. Mas seu corpo fatigado, com o suor descendo pela sua nuca e o cansaço dizendo pra ela se deitar e dormir, ela pegou um taxi e foi para casa.

Chegando a sua casa, ela não conseguia pensar em outra coisa, e com esses pensamentos, seu corpo relaxou e pensando em Rachel Quinn dormiu.