True Life escrita por JoyceSantana


Capítulo 6
mudança


Notas iniciais do capítulo

LÁ EMBAIXO, NÃO ME BATAM (OU BATEM?)



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– Tudo bem, precisamos falar com a sua mãe e...

– Não, minha mãe não! - ela me interrompeu apavorada, o que fez minha careta confusa se intensificar.

– Por que não? Ela não sabe?

– Ela me expulsou de lá.

Abri a boca chocado. A vida de Melanie estava desmoronando a cada minuto. Logo ela estava em prantoS novamente. Minha voz tinha recebido bombas demais para parecer normal.

– A-a gente con-conversa com ela, vai dar tudo certo. Enquanto isso... - se eu estava daquele jeito, imagine ela - Você pode ficar aqui.

– Obrigada. Sério. - disse com a voz chorosa e me abraçou. Ali, senti que tinha aliviado um pouco seus problemas.

Depois de dois minutos em silêncio, resolvi voltar ao interrogatório. Muitas coisas precisavam ser esclarecidas.

– Johnson já sabe? - perguntei receosamente.

– Não. Eu vi o resultado do teste e fui correndo para casa. Depois vim para cá já que... Você sabe... - ela já não desabava em prantos ao lembrar dos fatos, já conseguia se segurar. Se jogou no sofá frustrada - Tenho medo de sua reação.

– Ele tem que saber e tem que registrar essa criança.

– Tá, e se ele não fizer isso? - perguntou me olhando.

– Eu soco a cara dele. E não venha dizer que eu não vou fazer isso, - imitei sua voz na última frase - olha o que ele fez com você! - apontei para sua barriga.

– Hey, é do meu bebê que você está falando! - disse brava colocando suas mãos sobre ela, como se estivesse protegendo-a.

– Você me entendeu. Um bebê é ótimo, mas na hora certa. - tentei explicá-la.

Melanie assentiu concordando e começou a passar a mão em sua barriga. Fiz uma careta confusa e ela riu.

– Nem se formou ainda e eu já o amo tanto...

Sorri orgulhoso e beijei sua testa. Ela começou a conversar com sua barriga com uma voz muito estranha, e eu só ria. Então minha mãe chegou e, despercebida, nem viu Mel na sala.

– Derek, sua tia melhorou muito e... - ela parou no lugar com os olhos fixos na pessoa que estava do meu lado - Melanie?! O que faz aqui?

– Também senti sua falta, dona Pattie.

Minha mãe deu uma risada muito estranha e correu para abracá-la, coisa que eu nunca vi ela fazer por ninguém. A abraçou tão apertado que Melanie até pediu por um pouco de ar.

– Ai que saudades, querida! Nossa, como você faz falta, Derek que o diga, né não Derek?! - me olhou maliciosamente.

– Mãe! - a repreendi envergonhado. Melanie apenas riu, mas percebi que ficou meio desconcertada.

– É muito bom saber que eu faço falta, mesmo. Mas eu voltei porque preciso da sua ajuda, Pattie. Sua e do Derek, lógico. – disse e pegou minha mão.

– O que aconteceu? – perguntou minha mãe preocupada.

– Eu estou grávida.

Melanie passou horas explicando tudo para minha mãe. Levaria no máximo trinta minutos, mas acho que a cabeça da minha mãe estava tão ferrada quanto a minha, então ela pedia para repetir toda vez. Até acrescentou coisas que eu não sabia. Resultado: eu e minha mãe boquiabertos com uma Melanie envergonhada no outro sofá. A situação estava mesmo crítica.

– Então sua mãe te expulsou? – perguntou minha mãe meio desorientada. Mel assentiu com os olhos marejados – Então você fica aqui. Pronto.

Eu olhei para Mel e sorri, ela fez o mesmo.

– Eu ia pedir isso. Obrigada, Pattie. – disse com uma voz rouca pelo choro enquanto sentava no colo da minha mãe.

– Eu queria ver você pedir. – ri fraco – Você não pede nada nem para a sua vó!

– Cala a boca e vai arrumar a cama da Melanie, Derek. – minha mãe interrompeu – Você dorme no chão.

Arrumei meu colchão ao lado da cama enquanto Mel permanecia imóvel e estática deitada na minha cama, fitando o teto. E então vi seus olhos marejarem até a primeira lágrima tocar seu rosto. Suspendi a arrumação e sentei na cama rapidamente.

– Hey, hey, hey! – perguntei acariciando seu cabelo – O que foi?

– Estou perdendo tudo. – disse sem desviar os olhos do nada – Perdi a confiança da minha mãe, a chance de realizar meus sonhos... E irei perder mais ainda! Como espera-se que eu consiga dar uma vida digna para essa criança? Uma vida digna para mim? Vou criá-la sozinha!

– Quer por favor calar a boca? – pedi educadamente, ganhando sua atenção – Você não está sozinha. Eu não vou te deixar, Melanie, quantas vezes terei de dizer isto?

– Eu sei que você não vai me deixar, Derek. Mas... – virou o rosto para o lado querendo encerrar o assunto.

– Mas o que?

– Nada. Deixa quieto.

– Agora você vai falar. O que é? – eu ia pressioná-la até conseguir o que eu queria.

– Estou cansada, Derek. Pode desligar a luz? – pediu docemente virando do lado oposto.

Ela sempre fazia aquilo para fugir de algo. Eu já a conhecia muito bem, seria impossível arrancar algo naquela hora.

– Enfim... – continuei meio chateado – Porque você não considera as coisas que irá ganhar com tudo isso?

– Como assim? – perguntou confusa.

– Vamos por partes. Obvio, você será mãe. Mas já parou para pensar que será mãe? Mamãe? Mama? Mami? Coisa linda? Vidente? – começou a rir – É sério! Espere sentir o bebê apertar seu dedo. Espere ele sorrir do nada para você. E então você vai se esquecer de todas essas outras complicações. - falei colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

Ela sorriu e me abraçou. Não sei de onde essas palavras vieram mas, se elas funcionaram para Mel, não importava. Pelo menos alguma coisa, eu já estava me sentindo um inútil por não conseguir fazê-la sorrir.

Depois de um bom tempo entrelaçados, nos afastamos. Mel ficou me olhando, mas não era um olhar de melhor amiga para melhor amigo, o qual estamos acostumados. Era um olhar de mulher para homem. Me segurei para não agarrá-la ali mesmo, ela sabia me deixar fora do controle.

– É melhor eu procurar uma blusa para você dormir. – sussurrei encabulado, o que fez ela se afastar.

– Tudo bem. – disse deitando de novo.

Como não havia nenhuma roupa de Melanie no meu guarda roupa, dei-lhe uma blusa minha. Digamos que... Uma certa fantasia minha tinha se realizado ao vê-la com a minha camiseta do Pacman.

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– O que foi? – perguntou com uma expressão estranha.

– Hã? – perguntei desorientado.

– Você ficou me olhando... O que foi, tem algo errado na minha roupa? Ou sua, né?! – disse rindo enquanto se auto-analisava.

– Não! Claro que não, ficou louca?! – tentei contornar a situação, corando feito um idiota – Você ficou linda.

Ela mordeu os lábios envergonhada e eu apaguei a luz rapidamente para a escuridão não me deixar agarrá-la. O momento não era o mais adequado.

Eu simplesmente não conseguia pegar no sono. Era Melanie mordendo os lábios de um lado, sua aproximação do outro, e eu aqui, fracote o bastante para não fazê-la ser minha. Decidi ir até a varanda para tomar um ar e, se eu tivesse sorte, pegar no sono.

O silêncio era bom e relaxante, mas trazia sempre muitas perguntas. Comigo não foi diferente. Eu me perguntava o porque da vida ter escolhido Melanie. Será que ela não tinha consciência que a menina não sabia nem amarrar os sapatos direito? Eu não costumava questionar o destino, sempre achei que tudo acontecia por uma razão, mas aquilo era exceção. Talvez meu sono já estivesse presente e ferrando com a minha mente de novo, então resolvi parar de pensar. O que estava feito já estava feito. Não dava para mandar o bebê de volta para... Vocês sabem.

E então vi uma mão estendida do meu lado com meu celular vibrando. Era Mel, e ela trazia uma expressão vazia no rosto. Foquei o nome na tela que piscava e me impressionei ao ver quem era. Como tinha conseguido meu número?

Peguei o celular confuso e agradeci Mel com a cabeça. Ela se afastou para o quarto com a expressão intacta mas eu a impedi, segurando seu braço.

– Espera. – sussurrei implorando.

Ela desistiu e ficou em pé, ali, com os braços cruzados e olhando para o céu escuro. Resolvi atender logo o celular antes que entrasse em transe com aquela imagem.

– Oi Lauren.

– Derek! E então, já sentiu saudades de mim? – sua voz era mais fina que o normal.

– Eu estou meio zonzo ainda. – fingi voz de sono, fazendo Melanie vacilar um sorriso – Precisa de alguma coisa?

– Preciso de você.

Por mais que ela tivesse sussurrado as palavras, o silêncio da madrugada as fez ficarem bem audíveis. Melanie fingiu não perceber, mas se mexeu desconfortavelmente.

– Derek, está ai?

Eu precisava dar um fim naquilo. Não era certo, por mais que Lauren fosse promíscua. Eu não podia ir contra meus princípios e dar alguma chance para aquela garota. E eu tinha planos para Melanie, então Lauren tinha que sair do meu caminho.

– Lauren, olha, o que tivemos foi bom, mas não vai acontecer de novo. Minha vida deu uma reviravolta de um dia para outro. Me desculpe, mas... Não me ligue de novo. – declarei olhando fixamente para Mel, que me olhou de canto.

– Ela voltou, não é? – pude ouvir sua voz eletrônica antes de desligar. Melanie desta vez não hesitou em me olhar confusa e curiosa. Apertei o botão e joguei o aparelho na cadeira mais próxima.

– Vamos dormir, está tarde. Vamos no médico amanhã, precisa estar bem disposta. – disse empurrando-a levemente pela cintura para o quarto.

Ela aproveitou minha aproximação e me abraçou forte. No começo fiquei sem reação mas depois permiti-me abraçá-la de volta. Seu cabelo era macio e tão cheiroso... Seu corpo era quente e tão aconchegante... Sua pele tinha um cheiro acalentador, me fazia querer ficar ali para sempre. Eu podia ficar ali para sempre, sem problema nenhum. O problema era ela. Eu não sabia se ela iria ficar, se isso lhe fosse uma opção.

– Obrigada por tudo, Derek. Você é incrível. – sussurrou com a cabeça na curva entre minha cabeça e pescoço.

– Não precisa me agradecer por nada. É o mínimo que eu posso fazer.

Ela sorriu, me deu um beijo na bochecha e foi para o quarto. Fiquei ali por uns dois minutos para normalizar minha situação, peguei meu celular e fui dormir.



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Notas finais do capítulo

EU SEI QUE FIQUEI DOIS DIAS FORA, ME DESCULPEM!!!!!!!!111!11ONE!
ESTÁ AI MAAAAAAAAAAAAAAAAAIS UM CAPÍTULO, EU ESPERO QUE GOSTEM PRA CARAMBA