Changed escrita por Shiroyuki


Capítulo 7
Capítulo 7 - Tirem os olhos dele!


Notas iniciais do capítulo

"Eu não quero nenhuma daquelas.... daquelas.... garotas entrando pra família, ok? Só de pensar em você andando com elas, eu tenho vontade de vomitar. "



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O clima de verão finalmente começava a se despedir, dando lugar ao outono. As folhas secas encobriam cada canto da cidade, deixando um tapete em tons de marrom e laranja na rua cinzenta do distrito comercial, por onde vários estudantes passavam no momento, a caminho de suas escolas.

Utau caminhava sem nenhuma vontade ao lado de Kukai pela rua, carregando a pesada mochila azul nos ombros e tentando a todo custo não pensar no quanto ficava ridícula vestindo a saia amarela que lembrava uma cortina de cozinha.

Sua única distração no caminho para a escola era encarar fixamente cada garota que ousasse espichar seus olhos para o lado do garoto, que jogava compenetrado no console de mão. Elas, assim que notavam que ele estava acompanhado, desviavam o olhar. Melhor assim.

— Ei! Utau! – ela ouviu o chamado agudo, e virou-se para trás. Kukai percebeu o movimento e fez o mesmo, levantando os olhos do jogo pela primeira vez. Uma garota de cabelos rosa, com o uniforme verde da divisão ginasial correu na direção dos dois, parando a frente de Utau. Outra garota, com o mesmo uniforme, porém mais baixa, com os cabelos bastos e loiros balançando a acompanhou. Ela tinha uma torrada na boca, e uma expressão ligeiramente sonolenta.

— Bom dia – Utau entoou no tom amargo de uma pessoa que odeia acordar cedo e ainda tem que desejar um “bom dia” as pessoas. Já havia se passado uma semana desde o ingresso na escola, e as únicas garotas que falavam com ela eram as kouhais. Bom, Utau não tinha do que reclamar. Já era um número maior de pessoas do que as que falavam com ela na antiga escola.

— Eu não sabia que você usava esse caminho. Da próxima vez nós podemos ir juntas! – Amu disse, começando a andar e sendo seguida por todos.

— Claro. – Utau concordou – Por que andar com as ginasiais vai fazer minha reputação como colegial subir às alturas – ironizou.

— Que reputação? – Rima pronunciou-se pela primeira vez, assim que acabou com sua torrada – Eu ouvi a Yamabuki Saaya falando que seu cabelo é tingido, e que você foi expulsa de todas as escolas que estudou e que devia dinheiro a traficantes na capital, e por isso fugiu para o interior.

— Aquela vaca... – Utau resmungou, com uma veia latejando na testa – Eu sou loira natural!

— Eeeei~ Utaau-onee-chan! – Kukai cantou, usando um falso tom infantil, cansado de ser ignorado – Não vai me apresentar às suas amiguinhas?

— Aah! Esse é o seu irmãozinho, Utau? – Amu observou, notando Kukai pela primeira vez. Ele sorriu brilhantemente, e Utau bufou.

— Eu sou Souma Kukai, muito prazer – ele apontou com o polegar para si mesmo, piscando um olho.

— Hinamori Amu. E essa é a Mashiro Rima. – Utau disse rapidamente, colocando-se na frente de Kukai e quebrando qualquer contato visual dele com as garotas.

— Eu fico muito feliz de saber que tem alguém nesse mundo capaz de aturar essa garota – Kukai bradou, colocando-se logo à frente, enquanto andava de costas – Vocês são garotas muito legais, espero que aguentem a tortura. Deixo Utau aos seus cuidados. – ele concluiu, batendo continência e começando a correr com toda a velocidade.

Utau o observou se afastar, e então olhou novamente para as amigas, esperando por algum comentário.

— Seu irmão parece ser muito divertido – Amu disse, sem graça.

— Eu acho que ele gosta muito de você – Rima comentou, olhando entediada para frente. Utau ofegou, corando – Ele tem algum tipo de complexo pela irmã? Ou é você que tem um complexo de irmão por ele?

— Por que você diz isso? – Utau aumentou a voz algumas oitavas, indignada. Seu rosto corou ainda mais, e ela teve que se esforçar para não deixar transparecer seu tremor ao falar.

— O jeito que ele olha para você. E o jeito que você olha para ele também, principalmente. Não é jeito de irmão.

— E você lá tem irmão, Rima? – Amu a cortou logo, desconfiada – O que entende dessas coisas?

— Eu só disse o que observei – Rima suspirou, e não voltou a falar.

Utau deu risada, tentando disfarçar o nervosismo. Ela era assim tão transparente, ou apenas Rima era uma boa observadora?





— Ano... Souma-san? – uma voz feminina, trêmula e incerta, se fez ouvir.

Utau levantou a cabeça da classe, de mau-humor por ter seu sono reparador interrompido, e olhou para a pessoa que a despertara. Era uma garota, que se contorcia nervosa, olhando para o chão. Tinha os cabelos castanhos enrolados amarrados de um só lado, e o uso excessivo de maquiagem deixava seu rosto pesado e artificial.

— Sim? – Utau resmungou, sem vontade nenhuma de ser educada. Aparentemente, agora era o intervalo. De qual aula? Quanto tempo Utau dormiu? Não conseguir situar tempo e espaço sempre a deixavam com o dobro de irritação.

— Você se lembra de mim? Eu fiz dupla com você na educação física ontem... sou Kanakawa Hiromi...

— Ah, lembrei... você me deu uma bolada na cara, e depois derrubou “acidentalmente” a sua garrafa de água no meu uniforme.

A garota corou muito, disfarçando o olhar. Deu uma olhada ao redor, e sentou-se na classe vazia em frente à Utau, aproximando-se invasivamente, como se fosse compartilhar um segredo.

— Eu sempre quis ser sua amiga, Souma-san, mas as outras garotas, elas...

— Corta essa – Utau a interrompeu bruscamente, colocando a cabeça sobre a mão – Diz logo. O que quer saber sobre o Kukai? A cor favorita dele? A banda que ele gosta? A comida? Os hobbies? O tipo de garota com que ele sai?

— O q-que...? – a garota piscou atônita, parecendo ofendida.

— Você não foi a primeira a me procurar. Suas amigas foram mais rápidas. Agora pergunta logo que eu tô com sono. – Utau resmungou, desejando tirar a maquiagem da garota no tapa.

— Essas coisas que disse... você sabe me responder? – a garota hesitou, apertando as mãos com força.

— Acho que ele gosta de verde, vive usando uma cueca de sapinho. – Utau começou a recitar as repostas prontas, contando nos dedos da mão – Eu nem sei se ele sabe o que é música, mas já vi um pôster da Hatsune Miku na gaveta das meias. Engole qualquer coisa que você enfie na fuça dele, não precisa ser nem comestível. Ele gosta de esportes, games e de incomodar. E ele sai com qualquer uma, você tá com sorte.

A garota se animou rapidamente, tentando prestar atenção em todas as informações disponíveis.

— E-ele... tem namorada? – ela disparou a pergunta que Utau sabia que viria.

— Três. Uma em cada cidade em que a gente passou antes de vir pra cá. E mais duas na nossa antiga escola, lá em Tokio. E acho que ele largou um garoto desiludido na última parada, também. Antes que você pergunte, Kukai é do tipo seme. Mas ele pode gostar de variar. Eu acho que uma das três garotas ficou grávida. Talvez ela venha atrás dele, arranjar o casamento. Espero que você não seja ciumenta. Se gostar de lances rápidos é bom também, ele prefere assim.

A garota ofegou, pálida. Levantou da classe, parecendo preparada para sair em disparada.

— Ei! – Utau segurou-a pelo braço, impedindo-a de prosseguir – Isso é segredo, hein? Só contei a você por que somos amigas. E em breve seremos cunhadas também, não é? – piscou um olho. A garota tremeu, sem saber o que dizer – Boa sorte pra você, Hanakawa-san.

É Kanakawa – a garota sussurrou, soltando o braço.

— Que seja. – Utau sorriu simpaticamente, antes de virar o rosto e voltar a deitar. A garota saiu correndo, tomando o cuidado de não passar pela linha de visão de Kukai, que conversava com os outros garotos.

— Kukai-kun! – uma voz irritante e arrastada pronunciou, fazendo Utau ranger os dentes – Tem alguém aqui que quer falar com sua irmã!

— Anh... certo... – Kukai balbuciou, confuso – Utau!

Utau levantou, arrastando a classe e batendo os pés. Encarou a garota que transmitiu o recado, esperando que a cabeça dela explodisse, e andou com passos seguros até a porta, onde uma figura pulante de marias-chiquinhas e uniforme vermelho esperava impacientemente.

— O que houve? – Utau indagou, assim que chegou à porta.

— Bom dia, Utau! – Yaya exclamou, agitada – A Yaya veio convidar você para o aniversário dela, no próximo final de semana. Você pode ir?

— Eu irei, claro... mas por que você veio até aqui me convidar? Podia esperar até o horário do almoço – Utau proferiu, confusa.

— É que a Yaya queria ver como era uma sala do ensino médio! – ela respondeu simplesmente, sorrindo – Ah! Yaya quase esqueceu! Você pode levar o seu irmãozinho também! – ela se equilibrou na ponta dos pés, tentando enxergar através do ombro da loira.

— Tudo bem. Mas eu não me responsabilizo.

— A festa vai ser em um karaokê! Yaya te dá o endereço depois! – ela terminou, saindo correndo enquanto acenava.

Utau acenou de volta e entrou novamente para dentro da sala.

— Eu não sabia que você trabalhava de babá, Souma-san – a garota sentada mais perto da porta alfinetou, com um sorriso maldoso nos lábios cobertos de gloss, sendo acompanhada pelas outras duas que cercavam sua classe – Se eu soubesse, tinha contratado os seus serviços. Minha irmã mais nova deve ter a idade dessa pirralha.

— Diga à sua irmã que eu sinto muito por ela ter uma ruminante como parente – Utau disse apenas, voltando a sua classe, ao mesmo tempo em que o professor adentrava a sala.





Olhando as vitrines, Utau distraia sua mente, no caminho de volta para casa. Ao seu lado, Kukai andava anormalmente quieto.

— Hmm... Utau... – ele chamou repentinamente, quebrando o silêncio.

— O que? – ela sibilou, negando-se a ficar minimamente nervosa só por ele ter pronunciado seu nome.

— Eu andei ouvindo umas coisas... uns boatos sobre mim, e as garotas disseram que foi você quem os inventou. É verdade? – ele disse, incerto.

— É, fui eu – Utau afirmou, sem olhar nos olhos de Kukai. Ele ficaria muito bravo? Será que pararia de falar com ela? Se ele ousasse ignorá-la, Utau moeria seus ossos até que eles virasse pó!

— Por que? – a confusão estava estampada na sua voz, sempre tão eloquente. Utau finalmente levantou os olhos, determinada.

— Eu não quero nenhuma daquelas.... daquelas.... garotas entrando pra família, ok? Só de pensar em você andando com elas, eu tenho vontade de vomitar. Então... é isso. – ela afirmou categoricamente, contendo para não dizer o que realmente pensava de todas aquelas escandalosas cobertas de camadas e camadas de blush.

Kukai riu escandalosamente, atraindo a atenção das pessoas que passavam. Utau desejou ser invisível, enquanto agradecia mentalmente por ele ser despreocupado demais para ficar irritado com ela por isso.

— Saiba que eu não tenho intenção nenhuma de sair com qualquer uma delas – ele disse, depois da crise de riso – Não quero sair com ninguém, agora, na verdade. Mas você poderia... sei lá... tirar algumas coisas do seu discurso?

— Como o que?

— A parte de eu ser... gostar de garotos, sabe – ele mostrou a língua, sem graça – e também aquilo sobre eu roubar suas roupas e fazer crossdresser durante a noite....

— Tudo bem... – Utau resmungou, pensando que aquela era a melhor parte da sua história brilhantemente planejada.

— E pode começar a citar algumas coisas sobre eu ser temido em toda a Tokio por causa da minha habilidade em luta, ou ser um chefe da máfia... pode dizer que eu conquistei muitas garotas, eu gostei dessa parte. E acrescente algo sobre salvar cachorrinhos na chuva, qualquer coisa assim, as garotas gostam de drama...

— Pensei que não estivesse interessado nas garotas – Utau irritou-se, não gostando nem um pouco daquela intervenção na sua história - E qual é a graça de inventar histórias para que elas gostem de você? Isso vai contra os meus propósitos!

— Eu gosto de ser amado, qual o problema? – ele argumentou, inocentemente – Eu acho que você deveria usar toda essa criatividade para escrever um romance, comigo como personagem principal! Ia ser demais!

— Não ia vender nada – ela rebateu, cortando a empolgação do garoto – Você não tem carisma para protagonista, falta...

Antes que Utau concluísse, no entanto, alguém esbarrou nela, interrompendo-a. Era uma garota, que nem mesmo pareceu notar. Estava de braços dados com um garoto, e o olhava ternamente, sendo retribuída em igual intensidade. Os dois pareciam perdidos um no outro, e não percebiam nada do que acontecia ao redor. Utau os observou por alguns segundos, distraída.

— Utau...? – Kukai despertou-a dos pensamentos, e eles voltaram a andar – Você... quer um namorado? – ele indagou, depois de seguir a linha de visão dela.

— O q-que? Do que v-você está f-falando, garoto? – ela exaltou-se, acelerando o passo e ultrapassando ele – Eu não preciso disso!

— Espere! – Kukai segurou Utau pela mão, não permitindo que ela prosseguisse. Utau estancou, sentindo um maravilhoso calor estender-se por sua pele, a partir da mão. Seu coração acelerou, bombeando todo seu sangue para as maçãs do rosto – Se você quiser... – Kukai sussurrou devagar, ainda com a mão entrelaçada a dela. Utau esperou, ansiosa – Eu posso te apresentar a algum dos meus amigos.

Utau sentiu se sangue gelar, imediatamente. Soltou a mão que a prendia, rispidamente, e desferiu um golpe certeiro na cabeça vazia do ruivo, ouvindo o som oco do baque. Ele reclamou, colocando as mãos sob o local atingido. Ela iria bater muito mais, até que ele ficasse irreconhecível, mas havia testemunhas ao redor.

— Imbecil! – ela resmungou, disparando a passos rápidos na direção da sua casa. Kukai ficou para trás, sentindo dor e muita, muita confusão. o que ele havia dito, de tão ofensivo?


Utau rapidamente chegou em casa, sentindo-se em estado de ebulição por causa daquele retardado que não entendia nada , absolutamente nada! Entrou pela porta da cozinha, dirigindo-se até a geladeira, abrindo-a em um rompante, procurando por qualquer coisa que pudesse fazê-la esquecer daquele garoto, mas não havia nada do seu interesse ali. Mesmo assim, ela continuou com a cabeça ali dentro, tentando espairecer.

— Utau-chan! É você? – a voz da mãe se fez ouvir – Kukai-chan também está aí?

— Sou só eu! – Utau gritou de volta, fechando a geladeira – E eu espero que aquele protozoário de brinco seja atropelado por um caminhão de sorvete!

— Não fale assim, filha – Souko a repreendeu – Venha até aqui na sala. Tem uma surpresa pra você!

— Você comprou uma cama de verdade pra mim? – Utau encheu-se de esperanças, correndo até onde estava sua mãe. Não havia cama nenhuma ali.

— Olha só quem está aqui! – Souko cantarolou, exultante.

— Quem é esse? – Utau apontou para o garoto sentado do lado da mãe no sofá. Ele tinha uma cara incrivelmente adorável, emoldurada por cabelos loiros e olhos gentis. Onde mesmo Utau já havia visto esse olhar de cachorrinho perdido?

— Você não se lembra, filha? – Souko pareceu ofendida – Este é o filho de Hotori Yu, aquele meu amigo de colégio! – ela disse, como se isso explicasse tudo – Ele costumava brincar com você e com o Ikuto-chan quando vocês eram crianças. É o Tadase-chan!

— Aah! Lembrei! – Utau exclamou, aproximando-se. Soltou a bolsa, observando o garoto de perto – Você era aquele garotinho que ficava correndo atrás do Ikuto dizendo “nii-chan, nii-chan” e vivia caindo no chão e chorando! Eu lembro!

— É um prazer revê-la, Utau-nee-chan. – o garoto corou, fitando o chão.

Utau sorriu, avançando com as mãos até as bochechas vermelhas do garoto e apertando-as, balançando o rosto dele para os lados.

— Você ainda tem a mesma cara de pamonha daquela época. Incrível! – ela entusiasmou-se, usando ainda mais força. Sua irritação havia ido embora.

— Não seja rude, Utau-chan – Souko intercedeu, e Utau soltou Tadase, que caiu sentado e exausto no sofá – Tadase-chan acabou de se mudar com a família para a cidade vizinha. Ele irá estudar na sua escola, acabou de ser transferido. Não irá ser maravilhoso?

— Claro! – Utau se empolgou com a ideia de ter aquele alívio para seu stress tão perto todos os dias. Tadase tremeu, fitando suplicante Souko, esperando por alguma ajuda, que não veio.

— Yooo! Cheguei! – a voz de Kukai veio da cozinha. Logo sua figura surgiu na sala, com uma maçã na mão. Tinha um semblante trêmulo, e certamente contava com a proteção de Souko caso Utau tentasse atacá-lo – E aí? Quem é esse? – apontou para Tadase, sentado no sofá atrás de Utau.

— Hotori Tadase – ele se levantou, apresentando-se devidamente, com uma leve reverência.

— Eu sou Souma Kukai – ele se aproximou, sorrindo – Você é amigo da Utau?

— E-eu...

— Ele é meu bichinho de estimação a partir de agora! – Utau bradou, agarrando Tadase com força e o colocando fora do alcance de Kukai. O loiro ofegou, muito corado, mal podendo respirar através do aperto da garota – Eu não quero que você encoste essas mãos sujas nele, vai infectá-lo!

— Entendi – Kukai riu, olhando com semblante piedoso para o garoto – Sinto muito, e boa sorte. Mãe! Eu vou tomar banho!

— Claro, Kukai-chan! – Souko respondeu, da cozinha.

— M-mãe? – Utau indignou-se, apertando ainda mais Tadase, que já estava quase roxo – Desde quando?? Ela é MINHA MÃE! Seu aproveitador, LADRÃO DE PROGENITORAS, FOLGADO! MINHA MÃE! Só MINHAAA!!!!– Ela gritou, irada, enquanto chacoalhava o garoto em seus braços de um lado para o outro. Kukai saiu correndo, sem esperar pelo fim da gritaria.

Antes que Utau pudesse prosseguir em seu atentado à vida do pequeno loiro, o telefone tocou. Ela soltou Tadase, que fugiu o mais rápido possível para a cozinha, e atendeu.

— Moshi moshi? - ela disse, ouvindo uma respiração pesada do outro lado. Ninguém disse nada – Olha só, se você for uma daquelas vadiazinhas que correm atrás do Kukai, saiba que ele acabou de ser preso por não pagar a pensão dos gêmeos filhos dele, então é melhor desistir, a não ser que você queira ir visitar ele na prisão!

Nossa! Não sabia que sua vida estava tão agitada! – uma debochada voz familiar se fez ouvir do outro lado. Utau ficou sem palavras, incrédula. Era... era ele mesmo?

— Ikuto!!! Ikuto, você finalmente ligou! Nem acredito! O que você quer? – Uta atropelou as palavras, animada demais para conseguir ao menos respirar com calma.

Isso é jeito de falar com seu irmão depois de tanto tempo? Eu estava com saudades também, sua ingrata! Como estão as coisas por aí? Além da prisão do seu novo irmãozinho, eu digo...

— Aquilo era apenas uma história que eu vou usar em um livro, algum dia. – Utau disse, despreocupada e entusiasmada, sem levar em conta as provocações de Ikuto. Ela estava sentindo falta disso, ultimamente – Você vai vir aqui nos visitar, não vai? Quando?

Pra falar a verdade, eu já estou aqui. Estou na estação de trem, e queria que alguém viesse me buscar. Foi por isso que liguei. – Ikuto comunicou, displicente – E não vai ser apenas para uma visita.

— Que? Você tá vindo morar aqui? – Utau gritou, sem fôlego. Souko surgiu na porta da cozinha, aflita com o grito, e Tadase a seguia, assustado.

— Sim! Pode arrumar um cantinho pra mim, que eu estou chegando!






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