Changed escrita por Shiroyuki


Capítulo 24
Capítulo 24 - Como o Sol...


Notas iniciais do capítulo

Atenção! Esse capítulo é um especial duplo~! Isso mesmo, dois capítulos de uma vez, e se você passou reto pelo 23, é melhor voltar e ler ele antes!! Aproveitem~ o/



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O grupo de jovens estava caminhando por ali, olhando por todos os lados, até que pela janela da sala 9-C do primeiro andar, e notaram Utau e Chiharu sentadas em uma das mesas, tomando algo que podia ou não ser chá. Ikuto parecia convencido de que havia as encontrado pelo seu próprio mérito, como se de fato a ideia de ter perdido ela em primeiro lugar não fosse culpa sua. Adentraram sem parar na fila, e foram direto até elas.

— Ah, aí estão eles, eu disse que iam aparecer – Utau olhou direto para Ikuto enquanto falava. Junto com as duas, na mesa ao lado, estavam Yaya, Kairi, ambos como visitantes já que as classes do elementar não participavam do festival, e também Amu, que usava um vestido de maid que havia sido personalizado por ela mesma, dando uma pausa para conversar.

— Yoo, Onii-san-kun da Utau-chii! Quanto tempo! – Yaya acenou, empolgadíssima – Wow, você continua lindo, e agora tem uma namorada‼ - ela apontou para Emiri, e é claro que as duas se conheciam, ao menos de vista, já que todo mundo naquela cidade se conhecia.

— Não faça isso, Yuiki-san, é falta de educação apontar e gritar – Kairi a repreendeu seriamente, ciente do fato de que todo mundo naquela sala estava olhando para eles.

— Não seja chato, Iinchou! Você não é a mãe da Yaya!

— Eu sei que ainda sou lindo – Ikuto sorriu para ela – Mas a Julieta aqui não faz o meu tipo…

— Que insensível, Iku-chan! – Emiri ronronou com uma voz manhosa forçada – Não foi isso o que você disse para mim lá fora…

Yaya provavelmente se empolgou mais do que devia com a cena inesperada, e Ikuto riu contidamente, tentando parecer impassível. Utau encarou cada um, e cruzou os braços.

– Então, Chiharu-chan me contou que você sumiu de repente, e a deixou sozinha com o Nagihiko…

— Eu queria dar privacidade aos dois… - ele sorriu como se desse a entender que Utau deveria saber do que ele estava falando, e ela revirou os olhos, sabendo muito bem que ele não admitiria o próprio descuido por nada.

— Tanto faz, você vai pagar a conta aqui de qualquer maneira…

— Então eu quero alguma coisa para comer também… - Emiri sentou com as outras duas garotas, sem fazer cerimônia. Nagihiko, que estava por perto, virou-se para ela, pronto para anotar o pedido – Traga o que tiver de mais caro, por favor…

Ikuto desistiu de discutir, e sentou em uma mesa afastada, visto que não havia mais lugar ali para ele quando Nadeshiko resolveu tomar assento também, e Tadase correu para atendê-la. Kukai acabou se juntando a ele segundos depois.

— Você está linda, Fujisaki-san… - Tadase sussurrou para ela enquanto se inclinava para entrega-la o menu, e Nagihiko distraído conversando com Utau e Chiharu, não notava.

— Eu sou um fantasma, deveria ser assustadora… - ela replicou, embora tivesse corado com o elogio. Tadase pensou em dizer algo na linha de “para mim você sempre é linda…”, mas quando ergueu o olhar, notou que Emiri os fitava com atenção. Ela sorriu quando foi pega observando, movendo as sobrancelhas sugestivamente para cima e para baixo, como se dissesse “quem diria, não?”. Ambos coraram e se afastaram, sem saber se ficavam constrangidos pela situação ou arrependidos por serem tão óbvios. Era uma sorte que Nagihiko não tivesse percebido nada ainda, afinal.

Rima avançou para servir os dois que sobravam, e por mais que estivesse fofa com seu vestido rodado de empregada, azul-marinho e branco, sua expressão mortal não era nada agradável. Ikuto pediu o Omelete Especial Nyan-nyan, que vinha com uma tiara de orelhas de gato, e Kukai ficou com uma taça normal de sorvete mesmo.

— … aqueles dois ali… - logo que Rima sumiu, Ikuto indicou Tadase e Nadeshiko, enquanto falava com Kukai na outra mesa – Eles tem alguma coisa…?

— Ah, parece que sim… Utau não falava em outra coisa há umas semanas atrás, mas parece que é segredo, a família dela não sabe… - Kukai contou rapidamente, sem tirar os olhos deles.

— Mas aquela é a garota ou o garoto… - Ikuto franziu os olhos, confuso. Kukai o encarou, cético com a pergunta – Qual é, pode ser qualquer coisa! Hoje em dia é difícil saber… e o Tadase, eu sempre tive minhas suspeitas com ele, não vou negar, mas se for o garoto, eu não vou julgar nem nada, não tenho preconceitos, só quero saber…

— É a garota, Nadeshiko – Kukai respondeu mesmo assim, e ele balançou a cabeça, gravando a informação. O mais novo então inclinou-se um pouco mais na direção de Ikuto, como quem divide um segredo – Ei, Ikuto… eu não disse nada antes, mas você sabe o que tem de errado com a Utau? Ela não tem falado comigo há mais de uma semana, mesmo com o festival e tudo mais, e parece que hoje está ainda pior! Ela só me ignora… eu não sei mais o que pensar… será que ela cansou de mim?

— Eu acho que você não tem com o que se preocupar, é sério… - Ikuto afirmou, muito seguro.

— Mesmo? – Kukai não estava convencido.

— Quando Utau está com raiva, ela faz questão de jogar na sua cara o tempo todo. Se ela não fez nenhum escândalo até agora, então deve ser outra coisa passando naquela cabeça… - ele esfregou o queixo com a mão, pensando profundamente – Se você quer saber o que eu acho, ela deve estar planejando alguma coisa. Sabe… antes do meu aniversário, uma vez, ela estava planejando uma festa surpresa, e durante duas semanas, me ignorou completamente. Eu achei que ela estava brava também, mas ela só estava tentando manter segredo.

— Mas não é meu aniversário nem nada! – Kukai continuava exasperado, apesar da tentativa de Ikuto de ajudar – Será que ela arrumou outra pessoa…?

— Você acha que existem malucos por aí disponíveis para aguentar ficar com essa garota? Sinto muito, Kukai, mas acho que por aqui é só você… - Ikuto deu dois tapinhas que pretendiam ser encorajadores no seu irmão postiço – Vai ter que segurar essa barra por um bom tempo ainda, é o que eu acho…

— Não foi você quem disse que se eu a fizesse chorar você quebraria meus ossos ou qualquer coisa assim? – Kukai arqueou uma sobrancelha.

— Eu reconsiderei a minha posição. Decidi me livrar logo dela, então o fardo é todo seu. – ele assentiu – Sem devoluções.

Kukai suspirou, sabendo que se Utau sequer sonhasse com uma conversa como aquela, os dois sofreriam consequências drásticas. Embora ele soubesse que Ikuto considerava muito a sua irmã, ele tinha uma maneira controversa de demonstrar.

Depois de terminar de comer – e também torrar mais da metade do salário de Ikuto com a comida, as garotas enfim se deram por satisfeitas. Utau e Nadeshiko tinham que voltar ao trabalho, e Kukai iria com elas.

— Depois eu e a Rima-chan vamos ver a atração de vocês! – Amu bradou, levantando-se e retornando ao serviço logo depois.

— Até depois, Fujisaki-san… - Tadase despediu-se discretamente, com um sorriso. Nadeshiko sorriu de volta para ele, e abanou para Nagihiko, que não estava prestando tanta atenção assim nos dois.

— Ah, depois que terminarmos aqui, durante o evento de encerramento da noite, nós podemos todos nos encontrar lá no pátio, não é? – Nagihiko sugeriu, fitando Chiharu, que assentiu, olhando para Utau como se esperasse pela confirmação dela.

— Seria ótimo… - ela hesitou antes de responder, ficando pálida, e de repente, como se tivesse ficado enjoada pela comida ou se recordasse de algum evento desagradável, saiu apressada porta a fora. Nadeshiko e Kukai a acompanharam então, e Yaya e Kairi os seguiram, por que ela queria muito ir até à casa mal-assombrada também.

Ikuto e Chiharu ainda tinham muitas coisas para fazer antes do fim do festival, e Emiri resolveu acompanha-los. Ela garantiu que a peça do terceiro ano não era nada digno de perder o tempo assistindo, então tomou a liderança e foi acompanhando Chiharu pela escola para mostrar tudo a ela. Apesar de serem extremos opostos, as duas garotas pareceram se dar bem, ou talvez fosse apenas por que Chiharu era o tipo de pessoa que se adaptava à todo mundo, mas no fim das contas, Ikuto acabou sendo aquele que carregava todas as comidas, brindes e presentes que as duas saíam comprando.

A tarde se esvaiu em um segundo, e logo, o sol já estava se pondo no horizonte. Era o fim do primeiro dia do Festival Cultural, e todos os visitantes que ainda permaneciam, mais os alunos que encerravam seus trabalhos, reuniam-se em frente ao palco principal que havia sido montado na quadra e esportes, e que durante o dia serviu para jogos entre os estudantes e outras atividades para divulgar as atrações. Gradualmente, o lugar ao redor ia ficando cheio de pessoas, muitas delas fantasiadas ainda da maneira que estavam.

— O que vai acontecer agora? – Ikuto indagou à Emiri, percebendo que todos que se reuniam ali pareciam estar esperando por alguma coisa.

— Eu não sei. Não prestei atenção quando falaram do cronograma… - ela respondeu, soltando finalmente a trança que prendia seu cabelo e o diadema brilhante que ficava sobre a testa. – Acho que vou para casa…

Ikuto ia responder, mas o puxão delicado na manga do seu casaco o distraiu por um momento. Era, claro, Chiharu chamando.

— O que foi?

— Oooi, Onii-san-kun da Utau-chii‼ - o grito familiar foi ouvido, e Ikuto percebeu que Yaya e Kairi vinham se aproximando, junto com Amu, Rima e Nagihiko. Era disso que Chiharu estava querendo avisá-lo, e eles se juntaram no meio das várias pessoas que sentavam-se no chão mesmo, e na encosta de grama que rodeava a quadra, em pequenos grupos para esperar pela última atração do dia.

— Ah, aqui estão eles! – logo Utau, Kukai e Nadeshiko também encontraram o grupo. Os garotos do café de maids trouxe as sobras de comida, e eles começaram a comer ali mesmo, como em um piquenique improvisado.

— Hey, onde está o Tadase? – Utau indagou para as colegas dele, mas foi Nadeshiko quem se pronunciou.

— Ele é membro do Comitê de Organização do festival, então eu acho que ele deve estar lá… - ela apontou para o palco, no exato instante em que as luzes se acenderam e o iluminaram. Tadase estava lá, e havia tirado o fraque de mordomo, permanecendo somente com a camisa branca, a gravata preta e o colete cinza, abotoado. Segurava um microfone na mão, e estava um tanto retraído, hesitante em cima do palco. Yaya, Ikuto e Kukai gritavam para “incentivá-lo”, mas isso não parecia nada eficiente.

— Ano… minna-san! Vamos dar início ao encerramento do primeiro dia Festival Cultural do Colégio Seiyo esta noite! – ele bradou, e embora ainda estivesse muito nervoso, conseguia falar claramente. Nadeshiko sorriu, orgulhosa, enquanto olhava para ele lá em cima. Devia estar se esforçando muito, afinal, Tadase odiava falar em público – Este primeiro dia foi um sucesso, e isso é tudo graças aos esforços em conjuntos de todos os estudantes, e da participação dos visitantes, dos amigos e dos familiares que puderam estar aqui neste dia tão especial! – ele continuou, e todos na plateia urraram em acordo, animadamente. – Como ato de finalização desse maravilhoso dia, contamos com um especial Show de Talentos, demonstrando as habilidades especiais dos nossos honrados alunos. Para a primeira apresentação dessa noite – ele puxou um papel do bolso da calça, e leu em voz alta – A senhorita Yamada Ryouko, e suas amigas Haneda e Katsuragi, do primeiro ano, sala 1-B, fazendo uma apresentação de dança!

A música alta que era o novo single de alguma idol famosa começou a tocar, e Yamada surgiu no centro do palco, jogando beijinhos para a plateia, enquanto suas amigas se posicionavam um pouco mais atrás, uma de cada lado. Enquanto elas dançavam a coreografia e fingiam cantar, e Emiri já estava realmente se preparando para sair dali antes que a qualidade da música começasse a baixar e se infiltrasse diretamente no seu cérebro, mas Utau e Nadeshiko se levantaram antes dela.

— Aonde vocês vão? – Kukai indagou rapidamente. Ele pretendia utilizar o clima do fim do festival para arrumar algum lugar onde conversar a sós com Utau, mas não adiantaria nada ele ter essa intenção se ela não ficasse por perto.

— Naddy não contou? Ela vai participar do Show, dançando… - Utau respondeu no lugar da amiga, já empurrando ela na direção oposta. – Eu vou ajudar ela a colocar o quimono de dança.

— É sério isso? – o ruivo ainda desconfiava, e virou-se para Nagihiko, como que para obter confirmação. Ele acenou com a cabeça.

— Minha mãe gosta de ter o nome da família bem divulgado…

— A Yaya quer ir ajudar também! – Yaya já ia se levantando para segui-las.

— Melhor não, Yuiki-san… se você não ficar aqui, quem é que vai torcer por mim? – Nadeshiko entoou cordialmente, convencendo rapidamente Yaya a sentar de novo. Provavelmente, ninguém mais ali naquele grupo conseguiria persuadir a mais nova com tanta eficácia quanto a Fujisaki.

Sendo assim, as duas sumiram na direção dos bastidores, enquanto o número de dança do trio ia chegando ao fim. Tadase apresentou a segunda atração, Nakano do segundo ano que tocava saxofone, e logo depois, Ueda do oitavo ano, com uma apresentação de balé clássico. O próximo número da noite era uma dupla do primeiro que fazia comédia tsukkomi. Rima odiou, dizendo que eles difamavam os verdadeiros comediantes com aquela imitação barata, e ninguém ali jamais havia visto a loira com tamanha fúria.

— …e então, nesse momento… - enquanto a dupla de comediantes agradecia e se despecia, Tadase tomou mais uma vez o uso da palavra. Agora parecia um pouco mais a vontade ao falar, parecendo até contente, provavelmente por causa do que anunciaria agora – Do primeiro ano, 1-B senhorita Fujisaki Nadeshiko, trazendo para todos vocês essa noite a sua encantadora dança tradicional… - ele disse, com orgulho pungente na voz, e sorriu na direção de Nadeshiko enquanto ela se aproximava ao centro do palco. Os dois trocaram um breve olhar cúmplice, enquanto as luzes iam mudando, e a música iniciava.

Lenta e cadente, o corpo de Nadeshiko, emoldurado pelo belo kimono lilás e azul-claro que ela trajava, ia movendo-se no ritmo dos acordes, fluindo delicadamente de acordo com a melodia, como o movimento de uma brisa leve de primavera, que carrega as sakuras consigo. Todos na plateia pararam de falar, encantados com a sua dança, e Tadase, assistindo ao espetáculo há poucos metros de distância, mal conseguia piscar, desejando poder gravar cada pequeno segundo da perfeição que era Nadeshiko em sua retina. Ela parecia tão bela, enquanto sorria e se movia, fazendo aquilo que havia nascido para fazer…

— S-sua irmã é linda… - Chiharu se esforçou para sussurrar para Nagihiko, enquanto assistiam à apresentação. Ele parecia absorto nos movimentos da irmã, com um semblante muito sério.

— Ela errou esse passo… eu disse tantas vezes que ela tinha que manter o pé para trás… -

Chiharu piscou duas vezes, confusa. Só então Nagihiko pareceu perceber que falava sozinho, e desviou o olhar para ela – Me desculpe, eu estava apenas…

— Tudo bem. A dança dela… é linda. - Chiharu repetiu, com a voz soprada. Ela geralmente não tentava dizer coisas desse tipo em voz alta por vontade própria, mas dessa vez, sentiu como se fosse necessário explanar seu pensamento, ao menos uma vez. Nagihiko sorriu para ela.

— Sim, ela é…

A música chegou ao fim, e Nadeshiko ficou imóvel na posição final. As pessoas ficaram atônitas por um breve segundo, em que voltavam a realidade, e quando perceberam o final da dança, aplaudiram todas com entusiasmo. Nadeshiko se ergueu, agradecendo com uma reverência.

— Estava perfeita… - Tadase murmurou para ela, enquanto se deslocava novamente para o centro do palco, e Nadeshiko saía pela lateral. Ele pigarreou, recuperando a fala, e voltou a ler o papel. Seus olhos demonstraram surpresa por um momento. – Bem, agora temos um número musical. Da sala 1-B, com vocês, Souma Utau…

O pequeno grupo de amigos reunido entre o público arfou em absoluto choque ao ouvir aquele nome. Kukai chegou a ter um acesso de tosse, mas se recuperou depois de uns tapas nas costas de Nagihiko, que eram mais fortes do que se podia imaginar.

— A Utau canta?

— Como assim?

— Você sabia disso?

— Eu não, e você?

— Ela nunca disse nada…

Ikuto foi o único a olhar para o palco e sorrir — Eu sabia que ela estava planejando algo…

O holofote iluminava a garota em cheio, enquanto ela caminhava lentamente, ainda usando o vestido negro da fantasia, com apenas um violão em mãos. Ninguém ali além de Ikuto, e talvez Tadase, sabia que ela havia tido aulas de música durante o ginasial, (junto com Ikuto, que aprendeu a tocar violino) e que sabia compor e tocar muito bem. Ela se aproximou do pedestal do microfone colocado bem em frente, e abriu os olhos. Podia ver muito bem cada rosto que olhava na sua direção, a maior parte ainda brincando e rindo com seus amigos, outros que eram seus colegas, tecendo comentários sobre ela. Sabia que as garotas da sua turma provavelmente estavam em polvorosa, falando mal dela nesse instante. Mas nada disso importava.

Ela olhou direto para onde sabia que seus amigos estariam. É claro que estavam surpresos, afinal, ela só tinha contado do seu plano para Nadeshiko, que havia ido junto com ela fazer a inscrição, mas Yaya parecia muito animada, e Amu e Rima também estavam sorridentes. Utau tentou retribuir os olhares de todos eles, mas a verdade era que seus olhos não conseguiam se desviar dos de Kukai, que estavam fitando-a com espanto, a boca aberta em surpresa e os olhos arregalados.

— Essa canção é para você… - ela sussurrou perto do microfone, mas sua voz projetou-se mais alta pelos alto-falantes. É claro que Kukai entendeu a mensagem, pois seu semblante mudou, e ele continuou a encará-la dessa vez mais seriamente. Como se estivesse prestes a receber uma notícia importante, ou fosse pego no meio de uma observação.

Utau fechou os olhos, mantendo o rosto dele em mente, e ajeitou o violão nos braços. Seus dedos deslizaram pelas cordas, iniciando a melodia.


http://www.youtube.com/watch?v=aJ8OaxGyrpg




Kanashimi ni tsubusare sou demo sonna kao wa yamete

Okazari no cheap na pride wa sutete shimaou

Mesmo que se sinta como se estivesse sendo esmagada pela tristeza

Por favor, não faça essa cara, apenas jogue fora o orgulho barato que você usa!




Taiyou no moto de hitomi somukezu ni ikite ikou

Sou da yo waraitai hashagitai sunao ni

Kanjirareru mabushii happiness

Viva sua vida sem virar os olhos longe do sol

É isso mesmo! Eu quero sorrir, eu quero me divertir, sinceramente

Estou sentindo essa brilhante felicidade




Zettai akiramenai dare ni mo ubaenai yume ga aru

Ima sugu tsutaetai tsukamitai aserazu shinkokyuu shite

Taiyou ga niau yo tobikiri no egao misete

Eu certamente não deixarei qualquer um levar os meus sonhos embora

Vou dizer à você agora, eu quero te abraçar, e suspirar tranquilamente, sem me apressar

Mostre-me seu sorriso, tão brilhante quanto o sol!



Building ga sasu shikakui kage ni nomaresou na toki mo

Kowagarazu shikai no mukougawa habataite ikou

Mesmo quando os prédios altos parecem tentar engoli-lo

Não tenha medo, olhe ao redor, e use suas asas para fugir





Fukaku kizutsuki naite naite tsukarete mou nemurenai

Kuyashikute aishitai aisaretai kodoku na

Nagai yoru mo kate ni naru kara

Dareka no koto ushiro yubi bakari sasu nante

Quando eu estava ferida, tão cansada de chorar que não pude dormir

Não me sentia sozinha, por que eu queria te amar, eu queria que você me ame...

Eu irei aguentar essas longas noites

E não irei deixar ninguém falar de você pelas costas





Kekkyoku jishin ga nai jibun ga nai tsumaranai nigeteru dake

Kinishicha dame da yo saikou no toki tsukamou

No final, eu não sou tão confiante assim, isso é tão problemático, eu só posso fugir

Mas não se preocupe, nesse momento, eu acabei de compreender tudo




Glorious sunshine!

Glorioso raio de sol!




Taiyou no moto de hitomi somukezu ni ikite ikou

Soshitara megami mo higamu you na kissu wo

Tokimeiteru mabayui happiness

Viva sua vida sem virar os olhos longe do sol

Dessa forma, mesmo as deusas o recompensarão com um beijo

Essa felicidade, pulsante, brilhante





Sono mune no oku yuruginaki hikari tsuranuita kimi koso

Honto no kagayaki no imi o mitsukeru hito

Taiyou ga niau yo yorokobi no uta utaou

Há uma luz inabalável através do meu coração, e é graças a você

Você, e somente você, pode encontrar o verdadeiro significado desse brilho.

O sol parece com você, eu sinto vontade de cantar para agradecer por isso…





A música encerrou, e Utau finalmente abriu os olhos. Ela via as pessoas gritando, aplaudindo, incentivando-a. Via seus amigos rirem, surpresos por nunca terem ouvido falar que ela cantava tão bem, e também ouvia a voz de Tadase, tão perto, agradecendo pela sua apresentação. No meio de tudo aquilo, ela viu Kukai, e ele corria para longe da multidão. Na sua direção.

Ela não conseguia ouvir nada, parecia mais a cena de um sonho, onde as luzes, os ruídos, e seus próprios movimentos, se tornavam mais tênues e lentos, irreais. Ela sabia que havia agradecido, e saído do palco. Nadeshiko estava no canto dos bastidores, e segurou seu violão, parabenizando-a pela música. Mas Utau só enxergou Kukai, subindo as escadas laterais, ofegante, na sua direção. E era agora… tinha que falar com ele. Explicar o significado daquela música, e o significado que ele próprio, Kukai, tinha em sua vida… e perto do medo que sentia de dizer tudo isso, cantar em um palco na frente da escola toda não era nada.






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Notas finais do capítulo

Utau finalmente mostrou seus dons musicais, espero poder usar isso mais vezes daqui para frente XD eu já estava planejando fazer ela cantar há tempos, mas nunca encontrava o momento certo... quanto à música, eu pensei em váaarias, muitas mesmo, mas como seria melhor se fosse uma música da Nana Mizuki mesmo, a letra dessa era perfeita para os dois...

Agora é a hora do casalzinho conversar e se acertar... convenhamos, eles precisavam de uma conversa séria desde o início! Agora é a hora... espero que tenham gostado da surpresinha de capítulo duplo, e por favor, não esqueçam de deixar review! Quero saber o que acharam desse agitado primeiro dia do festival, e da música da Utau...XD

O festival de Seiyo ainda não chegou ao fim, esperem pelo próximo!! Até lá o//