Diário de um Semideus 3 - A Última Filha escrita por H Lounie


Capítulo 12
Alls Knight e a Morte


Notas iniciais do capítulo

Ao fim do capitulo tem uma imagem de como eu imagino os personagens, uma delas ainda não lhes foi apresentada, mas em breve será (:



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A morte

Reza a antiga lenda que todo semideus nasce com um propósito. Não seria muito diferente para Nicholas, embora de inicio ele tenha negado com veemência o seu destino. Isso tudo aconteceu antes que ele descobrisse sobre irmã.

Seis minutos haviam se passado do toque de recolher, os pés descalços do garoto tocavam o chão frio e ele tremia levemente, enfrentando o frio do jardim seco em pleno inverno do Bronx.

— E o que o pequeno mensageiro faz aqui depois do horário de entrar?

A voz arrastada e fria pertencia a um velho narigudo e de barriga grande chamado Frederich. Fred era um faz-tudo do orfanato. Gostava de caçoar de Nick, rindo sobre deu titulo de “mensageiro”. Dizia sempre para não perder tempo com essas baboseiras de deus que as missionárias tentavam a todo custo enfiar na cabeça dele. Parecia ser a única pessoa que via Nick como algo além de escória. O único que não fazia Nick se sentir o fundo do universo. E ainda mais, o garoto gostava das histórias fantásticas que Fred lhe contava. Sempre tinha heróis, e deuses que eram como forças da natureza. Nick sempre lhe dizia que ele deveria ser um escritor, não um jardineiro resmungão e o velho apenas lhe respondia: Eu já fui tão grande que alcancei até a morada dos deuses.

– Como se esse monte de merda realmente importasse, Fred.

– Vejo que alguém está de mau humor - O velho riu. Sua risada era como um guincho, um latido sufocado.

Isso não parecia incomodar Nick, embora afastasse todas as outras crianças do velho. Elas riam dele pelo andar estranho e atiravam pedras, ao que o velho retribuía com palavrões que eu não ousaria repetir. As missionárias gritavam e reclamavam, mas Fred sabia que não o mandariam embora. Precisavam dele ali.

– Por que continua aqui? - Fred perguntou de repente.

– Como?

– Não quer estar aqui, por que então continua?

O olhar de Nick caiu sobre os portões de ferro, enquanto um suspiro lhe escapava. Queria sair, mas ali ele tinha comida, uma cama e roupas limpas, ao menos. Isso lhe parecia uma ótima justificativa.

– Eles me dão comida aqui - Proferiu, fingindo indiferença e dando de ombros.

– Acho que precisa redefinir suas prioridades, garoto.

Nick riu com vontade. Se a alimentação não deveria ser sua prioridade, o que deveria? Olhou para Fred, esperando que o velho dissesse que aquilo era uma piada, mas isso não aconteceu.

– Está brincando, não está?

– A liberdade. Pode parecer ruim de início, mas meu garoto, você pode ser grande - O velho sorriu cansado.

– Como você foi? - O tom de voz de Nick deixava obvia a ironia.

– Muito mais - Fred continuou, nem ligando para Nicholas, mas sim perdido nos próprios pensamentos - Apenas acho que deveria ir encontrar seu destino, e não digo mais por não querer colocá-lo em perigo.

O riso veio com força total e Nick não teve como escondê-lo. Olhava para Fred com algo que parecia pena, achava que o homem havia enlouquecido.

– Está brincando comigo? Disse para eu ir embora e logo depois fala que não quer me por em perigo?

– Quando você souber, eles saberão e virão atrás de você como nunca antes - Foi tudo que disse, deixando claro que aquilo deveria bastar - Posso contar um segredo?

– Pode - O garoto deu de ombros.

– Me disse que deveria ser um escritor. E eu era, e dos bons. Esopo, o meu nome. Eu fui um empregado, libertado por meu rei, que ficou encantado com meus escritos e fábulas. Viajei por todo o mundo antigo e todos ouviram falar do grande Esopo. E a imortalidade veio como um presente de uma deusa. Lembra das histórias que contei sobre os deuses?

– Lembro, mas... Aquilo era ficção, certo? Mitologia, não é verdade.

Um barulho nos portões atraiu a atenção dos dois. Fred olhava para frente assustado, como se visse algo mais do que escuro. De pronto estava em pé, rápido demais para a idade dele, e puxou Nick pelo capuz da jaqueta.

– Tem o presente do rei Príamo com você, certo?

– O presente de quem? —Nick quase gritou a pergunta.

– Shh! Fale mais baixo, e estou falando do controle pequeno que ganhou do estranho com a capa dourada, o que você encontrava na rua springs.

– Ah, aquele treco maluco que... Ei, como você sabe disso?

– Apenas sei - Argumentou o velho - Então, está com ele?

Nick não usava o controle desde o dia do incidente, quando ele apertou um dos botões do pequeno controle, que parecia ser usado para ligar um tipo de aparelho de som, e assim como o estranho da springs havia dito, aquilo se transformou em uma espada e bem, o resto todos sabem. O incidente.

– Está no quarto.

– Tudo bem - O velho respirou fundo, ainda olhando para o portão - Uma mochila com o básico, é tudo que vai pegar, e não esqueça o controle. Vá o mais rápido possível e então me encontre lá nos fundos.

– Mas...

– Depressa!

Então o garoto correu, tropeçando nos próprios pés. Tentou ser o mais silencioso possível, mas como sempre em sua trágica vida, não conseguiu simplesmente passar despercebido e acordou um de seus colegas de quarto.

– Onde vai, Gabe? — O garotinho assustado perguntou.

– Dar uma volta Dimitri, logo estarei de volta.

Dimitri era um tipo miudinho, magrelo e de aparência frágil. E um grande sonhador. Nicholas repassava a ele as histórias que Fred lhe contava e vez por outra via Dimitri brincando de ser um herói, vencendo monstros imaginários.

– Vai fugir, não vai?

– Não Dimi, eu apenas...

Não conseguiu terminar, não poderia mentir para o pobre garoto. Seus pais haviam morrido em um incêndio, há dois anos, deixando o menino de cinco anos órfão, que acabou vindo parar ali quando nenhum parente vivo foi encontrado.

– Me leve com você Gabe - Choramingou o garoto.

– Eu não posso. Mas ouça, um dia eu volto para te buscar, entendeu?

– Promete?

– Prometo.

Dimitri pulou da cama e abraçou Nick, ainda chorando. Nick por sua vez jogou a mochila nas costas, pôs o controle no bolso e tentando parecer forte, soltou os braços do garoto e avançou em direção a porta.

– Eu prometo que vou voltar por você, Dimi.

E saiu, correndo para os fundos do orfanato onde encontraria Fred e exigiria muitas explicações. Chegando lá viu o velho com um enorme pedaço de ferro na mão, olhando para os lados.

– Tudo pronto, mas...

Nick não pode terminar, três vultos extremamente altos se aproximaram. Fred levantou o pedaço de ferro e gritou “aqui!” desviando a atenção dos vultos que avançavam na direção de Nick.

– Nicholas, pegue! - Gritou, jogando um tipo de cartão pelo chão na direção de Nick - Vá até lá e diga a Davis que você precisa encontrar Aldora Knight e ele deve ajudá-lo. Agora, corra! Eu vou distraí-los! Aqui, monstrengos!

– Mas...

– Corre garoto!

Com dificuldade, Nick correu. Não ficou para ver Fred cair em batalha e perder a imortalidade, fui o único expectador. Começava a entender que onde quer que Nicholas Foltz fosse haveria trabalho para mim. E quanto ao garoto? Correu até sentir seus pulmões prestes a arrebentar, nunca havia sentido tanto medo, não era a primeira vez que via coisas estranhas, mas era a primeira vez que entendia o propósito daquelas coisas: estavam atrás dele. Como qualquer ser humano normal (Mas ei, ele nem era normal), entrou em choque. Sentou-se em uma rua pouco movimentada, debaixo de um poste de iluminação pública, vendo seu corpo todo tremer. Depois do que pareceu uma eternidade, desdobrou o cartão que tinha nas mãos e lutou bravamente contra as letrinhas que saltavam da pagina, mas no fim, o que dizia o cartão tampouco fez sentido:

Davis Green

Guardião

Central Park

Manhattan - Nova York

(800) 008 -0007

Fred havia mandado ele ir até lá e pedir que Davis o ajudasse a encontrar Aldora Knight. Aqui mudo o foco da história, apenas para apresentar-lhes a senhorita Knight. Tinha treze anos mais bem vividos do que os atuais onze de Nicholas. Alls (Chamem-na de Alls, ela detesta o nome Aldora) lembrava vagamente de ter tido um ótimo pai, um dia. Talvez até uma mãe. Uma boa escola onde passava a semana toda e até um gato gordo com o nome ridículo de Knife. Chamava-o assim, pois suas garras eram como facas. Em algum momento entre seus sete e oito anos de idade perdeu tudo. As memórias boas foram levadas também, como se o vento as tivesse reivindicado. Lembrava apenas de um sorriso bonito, duas mãos carinhosas e um garotinho que chorava ao ir embora. E mais nada.

Tinha Peter com ela agora. Ele era um amigo pra vida toda, enquanto toda a vida durasse, e ela acreditava que não seria muito. Peter era bonito e corajoso e tão alegre que ela desejava que fossem mais que amigos, mas não estragaria tudo o que construíram por uma ilusão.

Se serve de consolo: Sinto muito, Alls Knight. Voltando a história, Peter e Alls tinham uma quase vida interessante. Peter era filho do mar, e apenas lamentava isso. Alls não sabia nem de quem era filha, ou se sabia esqueceu. Eles apenas fugiam daquelas coisas que os perseguiam. Estavam em todo lugar e em nenhum lugar. Recentemente derrotaram um monstro tão grande quanto sua vontade de ter uma vida normal. Peter tinha uma espada toda brilhante, que matava monstros com uma precisão incrível. Alls tinha um arco, com flechas improvisadas e não tão letais quanto a espada de Peter, na maioria das vezes nem funcionavam, dobrando o trabalho do garoto para tentar proteger a si mesmo e a ela. Adversidades a parte, eram uma dupla e tanto. Sobre Peter: Quatorze amargos anos de vida. Um irmão mais novo e mimado, uma mãe com mania de grandeza que não trabalhava nem mesmo para sustentar os filhos. Ser mulher de um deus, mesmo que por um curto período de tempo, realmente mexeu com a cabeça dela. O irmão mais novo foi levado pelo pai – um mecânico boa pinta que conseguiu uma chance com a mulher doida – e Peter resolveu ir embora. Qualquer lugar era melhor que lá.

Peter estava em New Jersey quando conheceu Alls. Estava em Sea Isle City, uma minúscula localidade no litoral sul de New Jersey, descobrindo mais sobre si mesmo quando a viu sendo atacada por um monstro, a criatura voava ao redor da garota e ela, apenas com um arco na mão, tentava se defender. Semanas antes, Peter esteve no extremo norte do litoral de Jersey, em Sandy Hook, onde encontrou um cara que dizia se chamar Proteu, suposto pastor do rebanho – seja lá do que for o rebanho – de seu pai. O homem havia se transformado em uma criatura que parecia ter saído do pior pesadelo de Peter e como ele foi corajoso e enfrentou seu medo, Proteu prometeu que lhe contaria o que ele quisesse. Foi quando Peter soube tudo sobre os deuses, seu pai, e a história da chama sagrada que muda de lugar (E ainda ficou se perguntando como mamãe deixou de contar isso) e Proteu fez mais, deu-lhe uma espada, de um material que chamou de bronze celestial e disse que aquilo era raro e servia para matar monstros. Usou a espada pela primeira vez quando encontrou Alls e ficou surpreso por saber usá-la, mas Proteu havia dito que ele era um herói.

Depois daquele dia, Alls e Peter se tornaram amigos. Peter disse a ela que ela deveria ser filha de um deus como ele. Contou sobre a chama e o Olimpo estar nos Estados Unidos. De tão impensável que aquilo era, os dois riram e fizeram piadas. Suas histórias eram quase parecidas, Alls apenas não se lembrava de muita coisa de antes de fugir do orfanato, poucos meses antes de se encontrarem. E depois, sem pensar muito, deixaram New Jersey e seguiram para New York juntos. Achavam que era uma boa idéia estar mais perto dos deuses.

Para Nicholas foi penoso se ver outra ver na rua. Estava mais do que tentado a voltar para o orfanato e tentar parecer normal, mas algo dentro dele dizia para seguir, encontrar Aldora e ver o que acontece. Como se pela primeira vez algo bom fosse acontecer com ele. Quando a manhã chegou, ele deixou seu abrigo improvisado (Jornais e caixas no fundo de um açougue). Subiu em um ônibus no Bronx (Ah, o motorista apenas o deixou subir, em breve você entenderá porque) e desceu no Grand Central Terminal, sentindo imensa fome e imensa vontade de comer os biscoitos de chocolate de mamãe. Ignorando isso, deixou o terminal, pegou a avenida Madison e seguiu para o Central Park, em passadas rápidas.

Andou pelo parque durante alguns minutos, sem ter idéia de como encontrar Davis Green, quando alguém parado próximo ao Wollman Rink chamou sua atenção. Usava algo colorido sobre os dreadlocks, talvez uma toca. Tinha uma barba rala e dentes tortos que exibia para todos que passassem, enquanto segurava um cartaz. Isso sem mencionar o colete multicolorido e as calças boca de sino. Nick apertou os olhos para poder ler o cartaz, mas as letras se embaralhavam.

– Está escrito: Davis Green, trabalho por comida. Não sabe ler não moleque? - O do dread falou.

Nicholas sorriu, talvez sua sorte estivesse começando a mudar.

– Estava procurando você.

Davis o olhou de cima a baixo, então Nick tirou o cartão do bolso e mostrou a ele. Tomou o cartão das mãos de Nick, segurando-o como se fosse uma bomba relógio prestes a explodir.

– Quem mandou você?

– Frederich - Proferiu seguro.

– Frederich? Não conheço.

Qual era mesmo o outro nome? Nada vinha à mente de Nick. Ésquilo, Esodo, Es...

– Ele disse que se chamava Esopo, antigamente. A propósito, me chamo Nicholas.

Davis abriu um sorriso de lunático ao ouvir o nome Esopo.

– O velho Esopo! Diga garoto, como ele está? E você já sabe, sou Davis Green.

Nicholas estava sem palavras outra vez, não saberia dizer como Fred estaria, provavelmente morto, se é que imortais podem morrer. Tentou sorrir.

– Bem, eu acho - Mentiu - Ele me pediu para procurar você.

– Ah, o acampamento. Ele provavelmente queira que eu te levasse para o acampamento.

– Acampamento? Que acampamento? Ele me mandou pedir sua ajuda, para procurar uma garota.

Os olhos miúdos de Davis se apertaram ainda mais. Analisou Nick com cautela, como se ainda procurasse algo explosivo nas coisas dele.

– Que garota?

– Uma garota chamada Aldora Knight.

– Ele te deu alguma pista sobre onde ela poderia estar?

– Nenhuma. Imagino que isso seja um problema.

– Problema? É claro que não! Venha comigo, sim?

Davis jogou o cartaz em uma lixeira e os dois seguiram através do frio matutino de New York, até chegar a uma tenda vermelha.

– AMDAEM SACASNRAD? - Nick tentou ler a placa.

– É madame Cassandra - Davis sorriu, olhando para lados, como se houvesse alguém os seguindo.

– Tipo, uma vidente?

– Saber demais sobre o próprio futuro nunca é boa coisa, mas, acho que estamos precisando.

Nick apenas sorriu em resposta, cruzando a calçada do parque e indo em direção a barraca vermelha e dourada. A enorme placa sobre a entrada parecia apenas um amontoado de letras para Nick, mas segundo Davis aquilo dizia Madame Cassandra.

Sem cerimônia alguma, os dois entraram. Por dentro o lugar era frio, quase vazio, exceto por uma mesa de madeira velha, cadeiras, tapetes e muitas, muitas cortinas, como se Madame Cassandra quisesse se esconder em cortinas. Davis seguia repetindo “não gosto desse lugar” como se fosse uma espécie de mantra. Fora isso, apenas seus passos cautelosos quebravam o silêncio quase incomodo para um ser hiperativo como Nick. Quando uma luz se acendeu sobre um trono prateado, puderam vê-la. Cassandra era bonita, fazia Nick lembrar-se de mamãe. Tinha os cabelos longos e ruivos e olhos verdes como uvas. Vestia uma toga branca e tinha folhas estranhas misturadas aos cabelos.

– Que roupa estranha, até mesmo para um vidente - Nick comentou em meio a risos, achando aquilo tudo meio bizarro demais.

Um suspiro exagerado chamou sua atenção. Madame Cassandra se levantou, vindo em direção a eles.

– Aproxime-se, buscador - Disse com uma voz de dar náuseas. Assim que focou os olhos em Nick, soltou outro suspiro - Outro semideus, o que quer aqui?

– Desculpe, semi o quê? E o que eu poderia querer aqui, você não é uma vidente? - Perguntou, indicando o obvio, agitando as mãos em frente ao rosto, como sempre em seus surtos de TDAH.

– Quer dizer que você não sabe que é um semideus? Ora, isso é mal - A mulher voltou a se sentar no trono, olhando para o nada como quem busca respostas.

– E você ainda se diz vidente mulher - Comentou Davis, soltando uma gargalhada nervosa - Nick aqui quer encontrar uma garota.

Cassandra fuzilou Davis com o olhar e depois riu abertamente.

– A mulher que trás o amor em três dias fica na tenda ao lado.

– Acho que você não entendeu, Cassie.

– Não me chame de Cassie, sátiro.

– Sátiro? - Nick perguntou - O que é um sátiro?

Os dois pareciam estar em um tipo de conversa por olhares, uma conversa que definitivamente excluía Nick.

– Quem ele quer encontrar? - Perguntou Cassandra, falando com Davis.

– Aldora Knight - Nick respondeu, querendo chamar a atenção da mulher.

Cassandra não disse nada por alguns minutos e as coisas começaram a ficar um pouco estranhas para Nick.

– O que sabe sobre seus pais, Nicholas? - Perguntou, jogando os cabelos para trás e fazendo pose.

– Minha mãe se chama Bridget Foltz, e meu pai Theodore Foltz - Falou, ressentido apenas por lembrar dos dois.

– Vejo que não sabe nada, então - A ruiva riu.

– Não compreendo, do que está falando?

– Já chega Cassandra. Nick, escute, você é um semideus, filho de um deus e um mortal, é isso que ela está querendo dizer, aliás, ela é Cassandra, aquela das histórias gregas, lembra?

– Lembrar? Eu deveria lembrar? E espere, como assim filho de Deus? Tipo... Deus?

– Calma, por partes. Você é filho de um deus ou deusa, deuses gregos, isso você compreende, certo?

– Deuses gregos, deuses gregos... Zeus, Atena e Ares, esses? — Davis assentiu — E um deles é o meu pai ou mãe — Completou assustado.

Cassandra murmurou um “Como foi que chegou a essa conclusão?”, mas Nick apenas a ignorou. Ele era bom em ignorar pessoas. Tentava ligar mentalmente as informações, mesmo que parecesse coisa demais, irreal demais.

– Certo, vamos ao passo seguinte. Qual deles?

– Isso descobriremos quando você chegar ao acampamento. Voltando à Cassandra, você deve saber quem ela é. Esopo deve ter te contado. Apolo ensinou a ela o dom da profecia, mas quando ela se recusou a... Passar uma noite com ele, se é que me entende, ele a amaldiçoou. Ninguém jamais acreditaria em suas profecias, ela bem que tentou avisar os troianos sobre o cavalo que os gregos mandaram... E agora ela está aqui.

– Ah, então ela é aquela das profecias que ninguém acredita - Falou como se realmente houvesse compreendido, coisa que de fato não aconteceu. - Espere! Ela não deveria estar meio morta?

– Isso é uma longa história. Agora Cassie, poderia nos dar o paradeiro da tal Aldora?

A cabeça de Nick girava e ele não entendia mais nada. Parecia informação demais, como poderia ser possível que ao entrar em uma barraca de vidente ele descobrisse tanto sobre ele mesmo? Parecia humanamente impossível. Mas se a história de Cassandra e Davis estivesse mesmo certa ele também poderia ser qualificado como humanamente impossível.

– Vocês vão encontrá-la onde a verdadeira mágica acontece. E Nick, ouça-me, você vai sentir raiva e até repulsa por seu pai ou mãe, eu apenas digo, tente compreender, vai ser melhor para você - Cassandra falou pausadamente enquanto Davis e Nick saiam.

– Por que eu faria isso?

– Claro! Por que você acreditaria em mim? Maldito seja Apolo, maldito seja! - Gritava ela - Apenas não diga que eu não avisei - Sentenciou, voltando para a mesa e trazendo algo nas mãos - Tome isso.

Envolta por um tecido vermelho estava uma delicada presilha.

– Quando encontrar Aldora dê isso para ela. Pertenceu a Heitor, o príncipe de Tróia, guardo como uma recordação dos velhos tempos, será mais útil para você — Sorriu sem vontade.

– Heitor usava uma presilha no cabelo?

Cassandra revirou os olhos, pegou a presilha do pano e a bateu em sua mão duas vezes.

– Eu a encantei para se esconder sob a forma de uma presilha, era mais fácil para eu carregá-la assim - Falou enquanto Nick admirava, surpreso, uma espada surgir nas mãos da Cassandra.

– Heitor usou essa espada aqui? - Perguntou ainda admirado. Era uma espada mais simples que a que surgia de seu controle, era como uma faca em tamanho maior e com uma lâmina mais fina e proporcional, mas mesmo assim, parecia assustadora demais para se dar a uma menina. Cassandra assentiu e os dispensou.

– Lugar onde a verdadeira mágica acontece? Tem idéia de onde seja?

– Para falar a verdade, tenho.

Não andaram muito e lá estava Davis olhando para os lados, mas Nick não via nada, era como se fosse paranóia dele. Mais alguns passos e Nick voltou a olhar para trás e assustado percebeu que a paranóia de Davis deveria ter uns dois metros de altura e calçar 43. E de quebra, jogar basquete. Foi a terceira vez que eu vi Nicholas Foltz.



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