Morphine escrita por Hoppe, Mih Ward


Capítulo 22
Chapter Twenty One - ...


Notas iniciais do capítulo

Nossa, eu estou com muita raiva, eu já tinha terminado de arrumar o capitulo todo e o computador simplesmente reiniciou!
Mas enfim, olá gente, como vocês estão? Eu estou super ansiosa com esse cap, então não vou enrolar muito... ÚLTIMO CAP GENTE!
Quero fazer um agradecimento especial a linda da Julia Martins pela recomendação maravilhosa que ela fez, estou encantada! Muito obrigada mesmo!
A musica do capitulo é Heartless do (adivinhem) The Fray - https://www.youtube.com/watch?v=LBTdJHkAr5A



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Retomei a consciência em um solavanco, abri os olhos pesadamente estranhando o zumbido irritante no meu ouvido apesar do absoluto silêncio do cômodo.

Ainda conseguia sentir as lembranças se agitarem em minha mente, assim como conseguia visualizar cada uma delas detalhadamente, a data que cada uma ocorrera, o lugar onde cada uma acontecera, e a pessoa com quem eu estava em todas elas. Riddle.

Sentia como se meu corpo houvesse sido pisoteado por um exercito descontrolado de trasgos, mas não estavam piores que o meu coração.

Coloquei a mão instintivamente sobre o meu peito e senti-o bater sob minha palma. A cada batida sentia-o se estraçalhar cada vez mais.

Por um instante pensei que sufocaria com o choque da realidade caindo sobre mim finalmente.

Levantei cambaleante da cama, calcei meus sapatos e olhei para a mesinha ao lado de minha cama, minha varinha encontrava-se pousada sobre a mesma.

Riddle tomara todos os cuidados para que eu acordasse em meu dormitório, como em um dia normal, assim como para ganhar tempo até eu confronta-lo novamente. Covarde.

Apressei-me em direção a porta, mas parei ao tocar a maçaneta. Ele estava esperando para que eu o confrontasse. Mas eu deveria? Deveria tornar tudo aquilo em um ciclo vicioso? Quando ele se cansasse de me ouvir jogando todas as coisas em sua cara, ele me faria dormir com um simples feitiço mudo e eu acordaria novamente em minha cama, sozinha e confusa. No primeiro instante, lembraria de tudo e me irritaria, levantaria e iria atrás dele novamente.

Girei a maçaneta com raiva e decidida, ao constatar que não importava. Ele tinha de ouvir tudo o que estava preso dentro de mim. E mais um pouco.

Desci as escadas para o Salão Comunal com rapidez, quase tropeçando em meus próprios pés. Antes que eu alcançasse a passagem na parede, ouvi uma voz familiar ecoar pelo salão vazio.

– Violet!

Me virei para trás assustada e estanquei no chão ao reconhecer a pessoa escondida na penumbra da pouco claridade que o amanhecer proporcionava. Ele levantou-se lentamente da poltrona verde musgo, livrando-se da fina manta que cobria seu corpo. As lareiras estavam apagadas e o vento gélido da manhã soprou em minha direção.

– Abraxas... - murmurei rouca, engoli a seco fitando-o sem emoção.

Ele se encolheu contra o meu tom de voz e deu um passo em minha direção, ao qual eu automaticamente recuei para longe dele.

– Violet... - ele repetiu, a voz se desmoronando no final. Outra parte que restara do meu coração ameaçou desmoronar também.
Respirei fundo e voltei a caminhar para a saída do Salão, no entanto ele se apressou em minha direção exclamando:

– Aonde vai?

Me virei para ele, uma pontada crescente de irritação despertando em mim.

– Como você ousa?! - explodi, me controlando para não aumentar o tom de voz - Como ousa pensar que tem algum direito de me dirigir a palavra? Depois de tudo o que você fez, como conseguiu olhar nos meus olhos e me pedir em namoro?

Ele me fitou com os olhos arregalados, surpreso.

– O seu milorde não te contou, então? - murmurei com escárnio, abrindo um sorriso irônico - Oh servo exemplar! Capacho! - cuspi as palavras sentindo meu estômago se embrulhar.

Seus olhos frios como sempre não expressaram nada.

– Eu lembro de tudo, Malfoy... - sussurrei, sentindo meus olhos marejarem novamente, meu coração a ponto de quase se quebrar - Lembro agora de como eu odiava você, como você induzia Tom a seguir o caminho das trevas... Ou era o que ele queria que eu pensasse. Afinal, ele era o centro de tudo não é? Era ele quem comandava tudo...

– Até mesmo á mim - sussurrou Abraxas.

– Não tente tirar a culpa de cima de você, Malfoy - murmurei sentindo um gosto amargo na boca - Você sabia que ele apagou a minha mente e mesmo assim, não fez nada!

– O que eu poderia ter feito, Heartcliff?! - senti-o explodir também, o grave da sua voz ecoou pelas paredes frias e temi que despertássemos os outros alunos. Uma manta invisível nos envolveu saindo da varinha de Abraxas em um feitiço mudo e eu soube que mais ninguém nos ouviria, nem se gritássemos o mais alto possível.

– O que você poderia NÃO ter feito! - dessa vez gritei, colocando toda a minha raiva nas palavras que saiam de minha boca - Poderia não ter se aproximado de mim, poderia não ter fingido que se preocupava comigo, ou que gostava de mim! Poderia não ter me pedido em namoro! Poderia não ter feito muitas coisas, Malfoy!

– Eu nunca fingi absolutamente nada em relação a você! - ele se aproximou e eu recuei um passo instintivamente - Depois que Riddle apagou sua memória, pensei que eu poderia ter uma outra chance com você, tentar alguma coisa...

– E quanto á mim, Malfoy?! - as lágrimas escaparam e rolaram pela minha bochecha - Você pensou em mim? Pensou na confusão em que eu passei a viver, tendo um buraco negro na cabeça, nas minhas lembranças? Pensou na dor que eu sentia todos os dias?

Ele se calou, fitando-me vazio novamente, seus lábios tremiam.

– Você não fez nada para mudar aquilo que me via passar todos os dias... - soltei uma risada amarga - Não pense que você ter agido por amor, ou seja lá o que isso for pra você, vai anular o fato de que você só pensou em si mesmo, só no seu estúpido ego. Eu era só uma marionete sua que foi se moldando aos seus encantos.

Virei-me em direção a passagem secreta, no entanto, ele segurou meu pulso com força.

– Não vá até ele, Violet - murmurou ele - Eu te imploro.

– Heartcliff pra você, Malfoy - ri com ironia - Um Malfoy implorando? Tentador, mas não... Me solte agora.

– Não vou soltar - disse ele com firmeza, endireitando os ombros e tentando mostrar o quanto ele estava decidido a aquilo - Não posso te permitir que você vá de encontro á sua morte.

– Ora, por Merlin! - bufei com escárnio - Não seja tolo, Malfoy. Solte-me! Não temos mais nada para conversar! Está me machucando!

Senti seu aperto aumentar e sem sucesso, tentei me soltar novamente. Ele me puxou em sua direção para me afastar da saída, e cedi.

Aproximei meu rosto do seu, fitei mais uma vez seus olhos cinzas. Tudo o que eu sentia por ele antes se misturava com o que eu começara a sentir agora. O que era verdadeiro e falso, afinal?

Eu só sabia que tinha de ir, tinha de encontrar Riddle e acabar com tudo aquilo de uma vez por todas. Não sabia como, mas a inquietação de dentro de mim apenas me dizia para ir.

– Abraxas... - sussurrei, mal reconhecendo a voz doce que saiu da minha boca. Vi as feições endurecidas de seu rosto se desmancharem em um olhar do Abraxas pelo qual fazia meu coração disparar. Mas não dessa vez.

Aproximei meus lábios do seu, tentando encenar a Violet que ele pensava ainda existir. Ele cedeu, aproximando-se também e no ultimo instante, já com a minha varinha em mãos, conjurei:

– Incarcerous!

Cordas magicamente surgiram e prenderam-se em torno do corpo de Abraxas. Ele imediatamente caiu no chão, imobilizado.

– Violet! - ele exclamou tentando soltar-se inutilmente, seus olhos grudados sobre mim, em súplica - Não vá!

Olhei para ele uma ultima vez, antes de dar-lhe as costas e começar a correr por entre os corredores sinuosos e frios das masmorras. Sabia exatamente onde ele estaria me aguardando, não conseguindo pensar ou temer a idéia de que ele tinha um plano friamente calculado em sua mente para mim.
Cheguei ao sétimo andar ofegante e parei em frente á tapeçaria dos trasgos dançantes. Imediatamente, uma porta de ferro surgiu diante dos meus olhos. Empurrei-a lentamente e ela abriu-se de forma silenciosa. Espiei dentro da sala, a mesma sala em que estivemos na ultima vez que nos encontramos, a mesma sala em que ele apagara minha memória.

Em meio á semi claridade da manhã que entrava pela janela no topo da sala, a sombra alta e esguia de Tom mantinha-se parada. Ele estava de costas, mas eu ainda conseguia avistar a ponta de seu nariz fino e o sorriso em seus lábios, seus olhos fitavam algo reluzente em suas mão.

Adentrei a sala lentamente, e ele virou-se em minha direção. Meus olhos recaíram automaticamente no objeto brilhante em suas mãos. Uma tiara delicada do qual pendiam milhares de brilhantes e pedrinhas preciosas. Ela reluzia mais do que uma tiara com brilhantes comum, reluziria.

Ele rapidamente guardou-a no bolso de suas vestes e meus olhos seguiram-na. No entanto, logo me esqueci dela ao encontrar novamente os olhos de Riddle, fitando-me intensamente.

Engoli a seco e me recompus, a raiva voltando naturalmente, sem que eu pensasse nos motivos e em tudo o que acontecera.

– Por quê? - olhei para o garoto que estava a minha frente, os olhos marejados.

– Seja mais específica, srta Heathcliff - ele ergueu uma sobrancelha ironicamente, como se estivesse se divertindo com a situação. Contudo, eu sabia a verdade, eu o conhecia e sabia que ele estava tão perturbado quanto eu.

– Não use essa máscara comigo, Tom, ela não funciona mais - murmurei - Por que você não me matou?

– Preferia que eu tivesse? - ele se esquivou da pergunta.

– Teria sido menos doloroso - fui sincera, deixando uma lágrima cair, sem conseguir me controlar - Como você foi capaz de apagar minha memória? Me fazer esquecer da única pessoa que se importou comigo?

– Era o melhor pra você - ele desviou o olhar, incomodado.

– Você não sabe o que é o melhor pra mim, Riddle! - gritei, sem conseguir me controlar.

– Violet...

– Não! - o interrompi - Minha vez de falar!

Ele me olhou surpreso, mas não contestou.

– Você não tinha o direito de tomar essa decisão por mim, Tom - comecei, tentando controlar inutilmente as lágrimas que escorriam livremente pelo meu rosto - O melhor para mim era ter meu melhor amigo comigo, mas você fez o favor de acabar com isso, não foi? - ri, sem achar graça nenhuma, no entanto - Você o matou, Milord...

– Não me chame assim - ele me interrompeu, a boca em uma linha fina.

– Cale a boca! Não ouse falar comigo agora - o cortei, sem me importar com meu tom de voz ou em como ele era perigoso - Meses, Tom... Por meses você me viu definhar, perder parte de mim bem em frente aos seus olhos e não fez nada, mesmo tendo sido você o causador disso tudo - neguei com a cabeça, exasperado - Você alguma vez se importou comigo? Ou tudo não passou de um fingimento? Será que eu que sempre fui cega demais para ver seu verdadeiro eu? Em algum momento eu fui algo para você, Riddle? - solucei, sem conseguir continuar a falar na inútil tentativa de me controlar - Por que você não me matou de uma vez?

– Eu não consegui! - ele gritou, me assustando - Eu não consegui te matar, Violet - falou mais baixo, bagunçando os cabelos - Eu simplesmente não podia fazer isso...

– Não seria a primeira vez que você mataria - murmurei.

– Nenhum dos outros eram você - ele me olhou nos olhos - eu não me importava com nenhum deles.

– Não minta para mim, Riddle - o olhei de volta, magoada - A única coisa com que você se importa é com o poder.

– Queria que isso fosse verdade - ele sorriu ironicamente.

– Se você se importasse comigo não teria feito o que fez - o acusei.

– Eu fiz para te proteger! - seu tom de voz se elevou novamente, os olhos adquirindo um brilho avermelhado.

– Já disse para não mentir para mim, Riddle! - falei mais alto ainda - Você fez isso para SE proteger! Fez porque é um covarde - sorri ironicamente - Foi covarde demais para me encarar, com medo dos seus próprios sentimentos.

– Aquilo não podia continuar - ele murmurou.

– Nisso nós concordamos - retruquei amarga - Vá embora, Tom - ofeguei, sem conseguir conter a série de soluços que estavam me tomando - Só me deixe sozinha, você é especialista nisso, não é?

Encostei em uma parede, o choro histérico me fazendo deslizar até o chão. Eu não conseguia parar, me sentia quebrada em milhares de pedaços e, por mais que tentasse recolhê-los, minhas mãos eram pequenas demais para isso, apenas machucava ainda mais.

– Não - senti um par de braços me envolvendo, braços conhecidos que há muito eu não sentia - Eu não vou.

Me aconcheguei em seu peito, meu estado me impedindo de pensar com clareza no que eu estava fazendo.

– Me desculpe, Violet - ele sussurrou, tão baixo que por um momento pensei ter apenas imaginado - Eu não sei o que sou quando estou contigo, perco o controle sobre mim.

– Amor, amizade... Você é capaz de sentir isso, Tom? - o olhei nos olhos, nossos rostos próximos.

– Sim - ele também me encarava e, chegando mais perto, colou seus lábios aos meus - E é por isso que eu preciso fazer isso - sua voz falhou, sua boca ainda estava sobre a minha, senti a ponta de sua varinha sobre meu peito - Me desculpe, Violet, mas o amor é uma fraqueza... - abri os olhos, encarando os seus marejados, entendendo o que ele iria fazer a seguir - Avada Kedrava...


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Notas finais do capítulo

NÃO NOS MATEM DDD: Gente. eu chorei escrevendo esse capítulo, me doeu muito fazer isso, mas tinhamos que fazer isso, nós sempre tentamos ao máximo passar o Tom Riddle que a JK criou, ele amou a Violet, sim. mas ele ama ainda mais o poder, e não conseguiamos ver a Violet mudando de lado... E outra, ela não podia ficar com o Ab porque a familia Malfoy é sangue puro e ela é mestiça... Enfim, eu realmente espero que vocês tenham entendido o que tentamos passar, comentem por favor, nem que seja pra nos xingar!
Amo vocês, até o epílogo!



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