A Armada De Delfos - Os Heróis Renegados escrita por oraculosemideus


Capítulo 3
Capítulo 3 - A Verdade




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3º capítulo- Fernanda- A Verdade

Minha vida se resumia em uma coisa, e uma coisa somente. Treinamento de arco e flecha.

Eu estava exausta. Cinco horas de treino por dia, incluindo finais de semanas, já não agüentava mais. Minha treinadora - também conhecida como minha madrinha-, porém, sempre focada, me forçando a ir mais longe.

-Não pare! Alinhe esta flecha! Olhe a postura! Segure este arco do jeito que lhe ensinei! Força demais!

Teve uma hora que não agüentei. Joguei meu arco e minhas flechas no chão e gritei.

- AAAAAAAH! Não agüento mais isso! Pare de cobrar tanto de mim! Não sou profissional, poxa! Tenho que descansar. QUERO descansar. Quero sair, ir pro cinema com meus amigos, ter uma vida fora desses campos de treinamento!

A única coisa que me mantinha em ordem, acredite se quiser, era a escola. No estado mais quente dos Estados Unidos, eu não era permitida nem a ir até a piscina do condomínio onde eu morava com minha madrinha. Ela era carinhosa, mas exigente. Cuidava de mim desde os meus quatro anos de idade, quando minha mãe morreu.  Meus amigos costumavam me perguntar o porquê de eu não simplesmente ir morar com o meu pai. A resposta era sempre a mesma: “Ele não me entendia. Sempre discutíamos, e eu não gostava de ficar brava com ele”.  Sempre a mesma mentira. A verdade era que eu nunca havia conhecido o meu pai. Mas não me importava em dizer aquilo. Pra mim, era como atuar. Era como fingir ser outra pessoa. Era pura emoção. Minha madrinha falava que ele era um cara muito ocupado, egoísta e que não ligava pra mim.

Ela, com toda a calma do mundo, pegou meu arco, o entregou na minha mão e disse:

- Minha querida. Eu sei que você pode não compreender o porquê deste treinamento exaustivo, mas tenho que lhe preparar para o que está por vir.

Eu, agora confusa, olhei para ela e perguntei:

- O que está por vir?Tia! O que a senhora...

-Senhorita. - Ela odiava quando eu a chamada de senhora.

-O que a senhorita quis dizer com isso?

Senti que ela estava prestes a responder, quando olhou para o lado e congelou. Eu, curiosa do jeito que sou, olhei para mesma direção, e vi um homem que aparentava mais ou menos 25 anos de idade, sorrindo. Ele tinha cabelos castanhos, quase loiros. Olhos profundos e músculos bem posicionados. O sorriso dele, tão branco, chegava a cegar. Sei que parece exagero, mas... Por um instante, achei que ele estava brilhando.

- Vá. Falamos-nos mais tarde – ela me disse. Logo em seguida, foi falar com o homem.

Não costumava desobedecê-la... Mas tive uma leve impressão de que aquele homem estivera sorrindo para mim.

Achei uma árvore perto do lugar onde estavam, me escondi atrás dela, e ouvi a conversa dos dois:

- O que pensa que está fazendo aqui?

- Olá para você também! – ele foi abraçá-la, mas ela o empurrou. Sorrindo, disse- Não posso mais dar uma passada para ver minha querida irmã e sua afilhada?

Irmã? Nunca soube que minha madrinha tinha um irmão.  Ela olhou seriamente para ele, agora com os braços cruzados e falou entre os dentes, como sempre fazia quando estava no seu limite.

- É exatamente isto que me preocupa. Você não veio aqui para me ver, mas para ver a garota. O que quer dela?

- Realmente. Sinto desapontar-lhe, mas vim pela menina. – Eu conseguia ver o sorriso irônico em seu rosto. Percebi que ele amava provocá-la. Mas logo após, endireitou sua postura, a olhou nos olhos e disse - Vou levá-la comigo. Ela não está segura aqui, e você sabe disto.

-Ela não vai sair daqui. Você não vai levá-la para nenhum lugar. O lugar dela é comigo.

- Ela é MINHA filha e está em perigo. E para semideuses em perigo há apenas um lugar, o acampamento meio-sangue.

Congelei. Filha dele? Minha cabeça começou a girar, e finalmente percebi que estava olhando para o meu pai. Naquele momento, desejei ir até ele e abraçá-lo. Ao mesmo tempo, quis gritar. Xingá-lo. Colocar tudo que eu estava sentindo, tudo que eu senti nesses quinze anos da minha vida para fora.

Não fiz nenhuma dessas opções. Apenas, abandonei o local. Não queria desmerecer tudo o que minha madrinha já fez por mim, mas esta era a única escolha...Sair correndo.


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