Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 24
Capítulo 24 - Equações


Notas iniciais do capítulo

N/A: Não postei esse capítulo antes, porque ele meio que tem muita relação com os dois próximos. Sendo que o segundo ta quase terminado. Sabe aquele tipo de capítulo que puxa o outro? Então... Os próximos dois são assim. Um tem relação com o outro. Ai tive que escrever os próximos dois antes de postar esse, pra não me perder e etc.



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Depois de quase uma semana muita coisa havia mudado. Definitivamente não éramos os mesmos. Nenhum de nós. Edith andava arisca e evasiva. E pela primeira vez, era Igor que me evitava. Pablo parecia confuso também. E em casa Cecília parecia tão feliz por Victor participar ativadamente da família que sufocava a ambos. Não eu e Victor, que apreciava demasiadamente minha irmã (o que não foi nenhuma surpresa), mas a mim e Igor. Estávamos cansados das alegrias de minha irmã. Dela falando como tudo estava no seu perfeito lugar. Podia não estar tudo errado, mas estava desencaixado sem dúvidas. Igor e eu tínhamos dificuldade para nos olharmos sempre que a luz refletia em minha aliança, o que acontecia o tempo todo. Como um lembrete. E Victor parecia sempre tão temeroso, que era raro ficarmos separados. Também era raro eu ficar sem controle. Mas eu me sentia igualmente apática. Quase insensível.

E todos amavam Victor. Com exceção do trio, é claro. Igor nem sequer se esforçava para ser amigo de Victor, que também não fazia questão disso. Havia sempre certa tensão pairando no ar. Com Pablo... Era quase cômico. Ele era leal a Igor, mas não faria uma desfeita para mim. Se contentava em fazer tantas piadas sobre Victor, na frente do mesmo, o deixando de certa forma roxo de raiva, que era necessário eu intervir antes que meu noivo perdesse o controle. Eduardo não sentia raiva. Mas era sempre mais evasivo em relação a Victor, que tentava sempre agradá-lo, já que via que tínhamos realmente nos aproximado. Mas Eduardo parecia teimosamente disposto a não deixar Victor participar de sua vida.

– Malu. Acorda! – Edith me balançou e eu pisquei assustada.

– Desculpe, Edith. Do que estava falando mesmo?

– Se você tem alguma ideia do que vai dar de presente para Eduardo...

– Ah, isso... – Olhei ao redor, estávamos andando em um dos corredores do Planetário, que estava sem movimento no horário de almoço. Só zanzando, porque não tínhamos nada específico para fazer. – Não faço ideia.

– O aniversário dele está chegando e o seu também... Vai ser legal. – ela sorriu de leve, andava meio melancólica nos últimos dias.

– O meu é mais de uma semana depois do dele. Não é tão perto.

– É perfeito! Podemos fazer duas festas. Uma com tema infantil, é claro. Muito chocolate e doces! Estou precisando. E outra numa boate, cheia de dançarinos gostosos, homens bem resolvidos, solteiros e que se apaixonem enlouquecidamente por mim e não me deixem confusa. Ou vão embora. Ou finjam que nada aconteceu. De preferência, é claro. Não estou sendo muito exigente, estou? Quer dizer... Eu querer encontrar um cara legal, que não queira só dormir comigo não é muito, acho... Seria razoável um pedido desses, não seria?

Seu tom rápido e irônico me assustou. Ela estava magoada. Era tão óbvio isso, e eu me senti mal por não ter percebido antes.

– Aconteceu alguma coisa?

– Porque acha que aconteceu alguma coisa? – ela disse, irônica. Não me deixei levar pelo seu tom ácido.

– Porque você está descontrolada. – sorri de leve.

– Meu descontrole é porque eu descobri que... Vão cancelar minha série de TV favorita. Não é um desastre? – ela sussurrou, cruzando os braços e encostando-se à parede. – Pavoroso!

– Certo, um desastre. Mas não to falando disso. Estou falando de homens.

– Porque se estou descontrolada tem que ter algo relacionado a homens?! – Seu tom de voz histérico me fez rir baixinho.

– Porque o amor é a única coisa que te tira o foco.

Nos tira o foco, querida. A nós duas! – fiz uma careta de desgosto e Edith bufou, colocando as mãos no rosto. – Amor. Argh.  Não! Não estou apaixonada! Só fiz sexo com o meu melhor amigo, enquanto ambos estávamos bêbados. Praticamente arruinando nossa amizade.

– Certo. Deixa eu digerir essa informação. – falei, absolutamente confusa. – Seu melhor amigo não é Igor?

– Tecnicamente, agora é. Estranho isso, certo? Fiquei tão próxima dele nos últimos tempos. E sabe de uma coisa? Ando te achando uma vadia! É, precisava te dizer isso. Me mata você esfregando seu relacionamento feliz na cara de Igor. É maldade. Ele sofre! E você não se importa! E eu sofro com ele. Ele não merece isso. E pra ajudar ainda mais ele não conta nada pra mim e pro Pablo. Talvez pro Pablo, porque ele tem um pênis. Como se isso o fizesse mais confiável... Homens!

– Não ouvi nada do que você disse depois de confessar que você dormiu com seu melhor amigo. E que Igor é seu melhor amigo. – brinquei um pouco. Sabendo que Edith seria incapaz de algo assim. Chegava a ser engraçado a possibilidade.

– Não dormi com Igor. Que absurdo! Embora, né! Enfim.

– Certeza? – a provoquei, me arrependendo em seguida.

– Ta bom que sua história é uma suruba sem fim. Irmã trocando de namorado com a irmã e etc. Mas não funciona comigo.

– Muito engraçada. Dá pra falar algo que faça sentido, por favor?

– Eu sou uma burra! – Edith falou com as mãos na cabeça.

– Você até agora não disse nada com nada. – tentei controlar o riso, mas estava difícil. Edith sempre me fazia rir com seus dramas, querendo ou não. Ela fazia com que seus dramas virassem algo engraçado, para darmos risada e não parecer tão pior do que na verdade era. Eu fazia isso, antigamente... Mas perdi o jeito com o tempo.

– Você não entendeu? Pensando bem, a burra é você!

– Ai céus, vamos ficar muito tempo com essa enrolação?

– Eu dormi com Pablo! – a olhei meio em choque. – Claro que ele é moreno, alto, bonito e sensual... E até que torna tudo mais aproveitável. Só que ele é um problemão!

– Como aconteceu? – sorri, curiosa. Fazia tempo que eu não ouvia sobre rolos de outra pessoa e fazer isso agora até me aliviou. Ainda mais sendo Edith e Pablo! Era absolutamente... interessante!

– Nós flertávamos o tempo todo, é claro. Ele é o Pablo. Flerta com todo mundo. Ele flerta com a própria mão direita! – eu ri baixinho de sua expressão absurda. – Aí esses dias a gente saiu. Igor nos excluiu do seu bar da bebedeira e fomos pr’uma boate. E dançamos, e bebemos. E quando voltamos pra casa. Parei no andar dele... Ele parecia pior do que eu. E... aconteceu! E no dia seguinte eu acordei e ele já tinha ido pro trabalho. E quando cheguei ao Planetário ele me tratou como se nada tivesse acontecido.

– Sério? – Não fazia muito sentido essa atitude de Pablo, mas bem... Ele era Pablo e em relação á aquela criatura tudo era possível.

– Achei que ele tinha esquecido. Mas ele ia juntar os pontos ao acordar e dar de cara comigo nua na cama dele, certo? Af!  E ainda por cima eu fiquei constrangida com a situação toda. E agora não sei mais como agir. Pronto. Contei. – ela suspirou fundo depois de tagarelar em alta velocidade, sua expressão meio pesarosa. – É um combo.  Durmo com melhor amigo mais minha série favorita cancelada igual desastre!

– Você já se envolveu com amigos antes.

– É diferente.

– Você se entregou. – sorri, vendo como ela estava corada depois de seu relato. É diferente.

– Eu não me entreguei. Eu dei. É diferente. – explodi em uma gargalhada e ela me acompanhou. Tentei me recuperar, respirando fundo.

– Você sabe que não foi só isso. Você não é tão ‘dada’ assim, Srta Domingos.

Ela bufou, o sarcasmo ácido diminuindo. Seus lábios formando um bico. Ela estava realmente perdida.

– Não posso estar apaixonada por ele, Malu. – ela choramingou e eu segurei suas mãos. Tentando imaginar Pablo e Edith juntos. Funcionava. Sempre funcionou.

– Tudo bem. É muito fácil gostar de Pablo.

– Verdade! Ele é ótimo com fofocas e assiste novela! – ela sorriu e eu sorri para ela. Sua expressão murchando. – Mas é isso! Só. Ele é um babaca!

– Por causa das piadas? Isso é verdade, mas...

– Também as piadas. Mas eu lido com você fazendo piada de ‘pintinho’ desde que nos conhecemos. – ri baixinho disso e ela quase, quase sorriu. – Pablo é aceitável até. Me faz rir! Mas ele é um babaca com garotas.

– Ele me trata bem...

– Claro que sim. Ele adora você! Mas já viu ele com alguma namorada? – vasculhei minha memória procurando ver Pablo se relacionando com alguém. Infelizmente não veio nada a minha mente. – Não posso me apaixonar por ele.

– Então não se apaixone!

– Mas eu sempre amo os babacas!

– Então o ame!

– Certo. Eu amo os babacas. Positivo. Confirma. Mas eles não me amam de volta! – ela se exasperou. – Nunca! Esse é o problema. Não aguento mais isso! Sabe... Tenho que arranjar um Victor! Rotina, cara sério, falta de músculos, macarronada, chimarrão e etc. Posso fazer isso... Droga! Pensando bem não posso! É muito chato!

– Você está incoerente.

_Pelo menos não estou tão perdida quanto você.

– Não ando perdida.

– Anda distraída e perdida. Você não anda percebendo tantas coisas ao seu redor ultimamente.

_ Como, por exemplo...?

_ Além de eu ter feito a burrada de dormir com Pablo? Bem... Você sabia que aquela Daniela é contadora? Sabia que o Gabriel, nosso querido Gasques, é amigo da família dela e a pobre coitada está procurando um emprego? E que o Planetário está com uns problemas com arquivos bancários. E ela vai trabalhar conosco? Mais especificamente mexendo com a papelada juntamente com você e Igor? Bacana, né? Claro... Sem esquecer que ela é totalmente gamada no Igor e vai passar horas do dia com ele... Sendo que ele é solteiro e, claro, muito atraente. Oh, respeitei a gostosura dele. Me ame. – senti meu rosto esquentar enquanto ela falava. Eu notara que Igor e Gustavo andavam conversando sobre a contadora, contratá-la somente para organizar as coisas e se for necessário efetivá-la, mas eu hipótese nenhuma eu teria pensado em Daniela. – E você noiva, que não pode impedir, só fazer cara de bunda.... exatamente como ele faz quando vê você e Victor juntos. É como um up macabro na nossa novela da vida. Faça as contas comigo. Daniela e Igor vezes flerte mais Malu e Victor vezes noivado elevado a passado, igual desastre. Catástrofe. Ciúmes! Quase consigo acreditar que meu drama não é pior que o seu.

_ Não devo me preocupar com isso.

_ E você consegue? ­– A olhei e ela apontou para o fim do corredor onde Gustavo conversava com nada mais nada menos que Daniela. Ela sorria e logo Igor apareceu, a expressão nada surpresa em ver Daniela. Então somente eu não estava a par disto? Daniela passou a mão no braço de Igor enquanto falava. Ele sorriu amigavelmente para ela. Meu rosto esquentou.

– É claro que não consigo.


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Notas finais do capítulo

Quando os reviews chegarem, eu posto o próximo o/.
Enfim, eu adoro o sarcasmo da Edith. KKKKKK Eu costumo ser assim as vezes, mas ela é mais 'solta' e 'desinibida', aí ela se diverte mais. E aí, vocês aprovam Edith e Pablo? Já tinham pensado nisso? Comecei a dar muita atenção a Malu e Igor, pensando em fazer outros relacionamentos virem a tona. Enfim, pq creio que a fic está chegando perto da reta final. Mas ainda não calculei quantos capítulos faltam. Depende das minhas ideias. KKK Espero que tenham gostado. Reviewwws?



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