Aquela pergunta o assustou, e ele nem mesmo havia pensado que seria possível.

_ Mas... você disse que tinha um pai!

_ Era meu padrasto! Ela fez questão de me contar a verdade desde o começo. Ela o conheceu quando eu tinha oito meses. Ele morreu num acidente de avião.

Logan se levantou. Achou aquilo incrível. Como àquelas alturas teria uma filha adolescente? Olhava pra ela confuso.

_ Eu não sei, Kate. Eu nunca mais a vi, como já disse.

_ Ela dizia que ia embora com você, tinha certeza disso! Dizia que te amava...

_ Há alguns anos eu recebi a ligação dela, nem sabia se era ela mesma. Ela me disse que queria se encontrar comigo, mas eu já era casado e então pedi que ela não ligasse mais, que esquecesse nosso romance...

_ Ela não falou de mim?

_ Não, eu sinto muito. – ela parou de chorar, pois agora sentia raiva – Por que você não a procura e pergunta sobre isso?

_ Minha mãe me abandonou num internato. E por isso estou aqui.

Ele achou aquilo muito triste.

_ Só existe um jeito de sabermos se sou seu pai. Amanhã mesmo eu pedirei ao meu médico que faça um exame de DNA para mim. Tudo bem pra você?

Kate mudou seus sentimentos naquele momento.

_ Obrigada! – queria saber – Se isso for verdade, digo... se você for meu pai, vai procurar minha mãe e contar pra ela.

_ Certamente ela sabe, Kate! Uma mãe sempre sabe quem é o pai de seu filho.

_ Mas pra dizer que você já sabe. Se ela nunca lhe contou...

_ Eu não sei, isso tudo está surgindo tão rapidamente. Eu não sei o que farei.

_ Por causa de sua esposa?

_ Não. Ela não tem nada a ver com o que houve sete anos antes de me conhecer. Isso ficou no passado.

_ Mas eu não sou passado.

Ele acariciou seu rosto levemente.

_ Tem razão. Mas não se preocupe. Se você for minha filha farei tudo que puder por você, e se não for, farei o mesmo, em nome do amor que eu tinha por ela. E enquanto o resultado não sair você terá uma vaga em minha empresa, eu darei um jeito de achar algo pra você fazer, está bem?

Por causa daquela declaração Kate se levantou e o abraçou forte.

Logan sentiu o cheiro de seus cabelos e era como se abraçasse Lana novamente.

Depois de combinarem o horário que ele a buscaria para o exame ele foi embora. Deixou Kate feliz e ansiosa, confiante nas palavras dele de que mesmo que ele não fosse seu pai ainda seria seu amigo. Já sentia afeto por ele.

Mas Kate mal sabia que havia deixado nele um coração atordoado.

Deitado em sua cama, Logan olhava para o teto, enquanto sua esposa dormia ao seu lado. Não conseguia pegar no sono, pois sua vida poderia estar prestes a mudar se Kate fosse mesmo sua filha. Embora seu casamento ia mal, ele não queria causar problemas com Marina, e nunca gostou de contar a ela sobre seu passado.

Mas agora era a imagem de Kate que ele via, projetada em sua mente, por que ela era uma cópia fiel de sua mãe. Kate entrou em sua vida a partir daquela noite, pois se não fosse sua filha, ainda seria filha de Lana, e era perturbador para ele ver como Kate era tão linda e encantadora quanto sua mãe era. De uma forma ou de outra, estariam ligados para sempre.

_ Ela está sozinha, precisa de ajuda.

Logan contava para o irmão sobre Kate, enquanto eles tomavam o café da manhã.

_ Mas Logan, não há mais vagas no escritório. O que ela vai fazer lá?

_ Podemos coloca-la para servir café, eu não sei... Ou talvez ela possa ser minha assistente pessoal.

_ Suponho que você vai pagar o salário dela, não é?

_ Claro que sim, não se preocupe.

_ E se ela for sua filha, o que vai fazer?

_ Eu estou confuso ainda, não tenho ideia do que farei se o resultado der positivo. Kate é quase uma mulher, e é estranho eu ser pai agora, de alguém já crescido. E Marina... Não consigo conciliar tudo isso.

_ É, vai ter que contar a ela.

_ Será difícil contar e não presenciar aquela típica cena de esposa histérica e ciumenta, quando ela destrói o que resta do dia e às vezes da semana também. Mas seja como for não poderá mudar nada fazendo as cenas dela. Se Kate tiver o meu sangue será tratada como filha, e a assumirei de fato.

_ Bem, é você que sabe. Vamos, está na hora.

Kate estava em seu quarto, indecisa quanto a que vestir para seu primeiro dia de trabalho. Lembrava-se das mulheres que estiveram no escritório de Logan no dia da entrevista, era elegantes e finas. Então procurou uma roupa semelhante e maquiou levemente seu rosto. Ela queria parecer mais velha, e não podia mais usar saias rodadas e tranças em seus cabelos. E temia que se não fosse filha dele talvez ele a dispensasse, era um risco que corria.

Quando chegou ao escritório, Kate logo foi avisada.

_ O senhor Logan a espera na sala dele.

Ela entrou e Logan estava em seu lugar, mas ao vê-la queria fugir dali. Havia passado toda a noite pensando nela e via uma menina, mas a aparência naquela hora de Kate era de uma mulher, exatamente como Lana.

Com seu coração palpitando forte ele estendeu a mão para que ela se sentasse.

_ Kate, eu marquei com o doutor para depois do almoço, nós iremos tirar o nosso sangue e daqui a cinco dias o resultado vai sair. Agora eu quero dizer o que achei para você fazer aqui. – ela estava visivelmente feliz, e seu sorriso deixava Logan um pouco perdido – Você será minha secretária particular, vai buscar e trazes algumas coisas que necessito como as correspondências, os documentos que Sandra precisa me passar. E aquela mesa com o computador será de seu uso, para quando eu precisar de algum documento impresso ou coisas assim. Entendeu? Sabe usar computador?

_ Sim, eu sei. Estava aprendendo quando fugi do...

Ela parou de falar, mas Logan entendeu. Ele ia dizer algo, mas foi chamado da recepção.

_ Conversamos depois, está bem?

Logan se ausentou por toda a manhã, e Kate não sabia o que fazer, então olhava as coisas dentro do escritório, não queria sair de lá. Mas estava feliz por não se preocupar mais com dinheiro.

Ao meio dia ele chegou e a convidou para o almoço. Logo depois foram para o laboratório.

Quando saíram de lá voltariam para o escritório, mas Logan notou a tristeza de volta no rosto de Kate.

_ O que foi?

_ Não é nada. Eu só estou com medo de que você não seja mesmo meu pai.

Ele sorriu.

_ Veja só, você veio até mim a procura de trabalho e pode ter achado um pai!

– ela tentou dar um sorriso, mas não deu – Não se preocupe, Kate. Eu prometo que se não for seu pai serei seu amigo e estaremos sempre juntos.

Notando que ela não se animava ele decidiu avisar que não voltaria ao escritório, pois queria passar o fim do dia com ela.

Logan a levou num parque, um lugar muito bonito onde a natureza era mais visível com suas árvores e plantas naturais. Lá havia um caminho por onde as pessoas passavam e era cercado de flores e rosas.

Logan e Kate andavam por ali.

_ Kate, me conte sobre como, de onde e por que você fugiu.

_ Eu morava num internato. Minha madrinha não queria que eu me mudasse e vivesse a minha vida, disse que era perigoso. Mas eu não concordei com ela. Daí fugi de lá.

_ Pegou dinheiro dela?

_ Não! Eu nunca faria isso! É que meu pai... meu padrasto deixou dinheiro para mim e eu só poderia usar aos dezesseis anos. Janice, minha madrinha pegou pra mim.

_ Ela é sua procuradora?

_ Sim.

_ Sabe que o que fez não está certo, não sabe?

_ Se você for meu pai, vai me levar de volta pra lá?

Ele segurou sua mão enquanto andavam.

_ Não, eu não vou fazer nada que desaponte você. Além disso, em caso de o exame der positivo, eu terei poder pleno sobre você.

_ Que bom! – ela o abraçou – Tomara que seja positivo. Eu já sinto que você é meu pai. E você, sente também? Quer que eu seja?

Quanta coisa Logan sentia naquele momento. Quando Kate o abraçava seu corpo fervia, e quando ela dizia que queria ser sua filha seu mundo caia. Nem sequer ele sabia se queria ou não que ela fosse. Mas teve que dizer que sim à pergunta dela.

_ Sim Kate! Também desejo que seja positivo.