Forbidden To Remember escrita por Hikaru_S_River


Capítulo 1
Terrified to Forget.


Notas iniciais do capítulo

Acho injusto só relatarem a dor do Rin com relação ao pai, por isso quis fazer a idéia da dor que o Yukio sente.
Espero que gostem.



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A dor de um filho e a perda do pai.

Okumura Yukio

-x-

Dor. Eu ainda sinto dor. A dor da perda. Da ausência. Da falta e da saudade. A dor que vem e vai, mas nunca por completo, pois sei que em algum momento ela vai voltar, como uma sombra em meu passado, não para me atormentar, mas para me fazer pensar. Pensar e entender que o que aconteceu passou e não há nada que possa mudar o fato de que te perdi e perdi de uma forma que até hoje me arranha e sufoca sem que qualquer um consiga entender e me salvar do vazio que me prendo.

Você me fez prometer cuidar do meu irmão, me criou para seguir adiante acreditando que quanto mais treinasse e mais avançasse eu conseguiria enfim atingir o objetivo por ti imposto, mas do que adianta alcançá-lo agora que você não está mais aqui? A quem vou recorrer quando fraquejar? Afinal, inevitavelmente você já partiu e me deixou sem chão e sem razão em um mundo estranho e desumano.

Você se foi e nem pude ao menos olhar em seus olhos uma ultima vez e lhe agradecer por tudo que você me deu e me ensinou. Pelas palavras sábias e de conforto que me acalmavam quando tudo parecia incerto e inseguro. Foi você que me deu esperanças e me criou como filho, me ensinou o significado de família e do que é o amor de um pai. Mas foi você que se foi e não mais voltará para aqueles que tanto te amaram e ainda te amam.

Meu peito dói a cada momento que olho para esse quarto e entendo que não terei mais a oportunidade de escutar sua voz e sua risada. Admirar seu rosto já velho e o seu sorriso audacioso e sagaz. De sentir o calor de suas mãos ou até mesmo a maciez de seu abraço, ou do seu olhar assustado por qualquer coisa que eu ou meu irmão tenhamos feito de errado.

É como um dia chuvoso banhado pela sinfonia da melancolia regida pelo maestro da minha própria perdição.

Pai, isso dói. A dor da perda é maior do que um dia eu pude imaginar, pois a idéia de não ter mais a chance de encontrá-lo e a chance de tocá-lo me corrói a alma e me prende o coração de uma forma que eu não consigo lidar. É fácil fingir para os outros que tudo está bem, mas é quando eu me isolo neste quarto escuro que eu percebo o quanto vazio e frio ele se tornou e como a tortura que essa saudade que cada peça e cada móvel aqui ainda posto me causa e me enlouquece, me fazendo perder a razão e mais uma vez me afundar em uma espécie de cova.

E é quando perco a razão que elas vêm rápidas e certeiras, fortes e intensas, escorrendo pelas minhas faces sem pudor, transformando meu choro em desespero infantil repleto de medo e dor. Como me dói a alma e como ela me esquarteja a cada instante que relembro o fato de que você se foi e nunca mais retornará, e é assim que volto a pensar em como continuar a caminhar se a minha luz guia se apagou e nunca mais acenderá.

Você foi meu pai, meu professor, meu ídolo e meu herói. Aquele que me escutou e me abrigou, dando-me carinho e amor. Amando como sou sem medo de como a sociedade pudesse algum dia lhe julgar. Então como posso continuar a sorrir se toda a minha felicidade foi arrancada de meu ser e levada contigo em seu ultimo suspiro? Será que no seu ultimo momento houve algum arrependimento? Será que você temeu pela sua vida, mesmo que no ultimo instante? A cada dia, a cada hora, a cada minuto eu me pergunto o que foi para você a morte.

Essa incerteza me quebra e despedaça a alma. Acorrenta-me a uma sensação de invalidez e deficiência que me enerva e enoja. E me agarro a dúvida de que e se eu estivesse lá? E se eu pudesse lhe ter salvado? Mas são essas questões que me sangram e me sufocam, enlaçando-me o pescoço como uma forca, numa espécie de castigo por não ter estado lá no momento em que você e o meu irmão mais precisaram de mim.

Mas logo em seguida eu entendo e relembro que para você a morte é apenas uma passagem para poder seguir adiante vivendo nos corações das pessoas que ama se tornando presente em cada respiração, em cada olhar, em cada pensamento, emoção ou sentimento. Pois foi a sua vida que nos permitiu crescer e fortalecer, e que fez de nós, simples meninos, se tornarem homem.  E isso, pai, eu não esquecerei nunca.

Okumura Yukio


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Kisses desde já.



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