Acordei com Justin me saculejando devagarinho, eu olhei o céu com dificuldade e o sol parecia estar se pondo. Olhei ao redor e eu conheci aquele lugar, era o famoso pier onde tudo começou.

Taluca saltou do barco e ajudou o Justin a me tirar dalí. Eu saí com dificuldade, gemendo um pouquinho de dor e de lá de dentro da casa minha mãe me viu e saiu correndo de casa gritando o meu nome, todos os moradores ouviram e meus olhos novamente marejaram, eu queria correr ao encontro dela mas eu não podia, as moletas não iam deixar e eu ainda não tinha prática com elas.

Justin beijou minha testa devagar e esperou que minha mãe chegasse mais próximo pra me soltar e deixar que ela me abraçasse. Minha mãe parecia saber que minhas costas estavam machucadas, me abraçou com cuidado, o abraço que eu precisei tantas vezes naquela viagem. Ela abraçou Justin e eu a aprensentei Taluca que voou nos braços da minha mãe dando-lhe um abraço, o que causou risos meu e de Justin.

Minha mãe explicou que meu pai tinha ido na casa do Dr. Jeremy pra dizer que o filho estava chegando, e já ele estaria ali junto comigo.

O tempo que Justin ficou esperando seus pais, nós ficamos conversando com minha mãe sobre nossas aventuras. Minha mãe fazia várias expressões diferentes, quase não acreditava no que dizíamos se não fosse por causa dos nossos machucados. Justin sempre enfatizava a minha coragem e de certa forma eu gostava daquilo.

Quando estávamos na aventura dos índios - claro que omitimos que demos uns ''pegas'' um no outro -, uma voz fina e irritante soou do final do pier. Lá estava uma menina de salto alto de brilhantes, mini saia rosa choque, uma blusa branca apertadinha social que realçava os seios, cabelos soltos e loiros, e uma coroinha de princesa levando uma mecha do cabelo dela pra trás.

- Pathy - disse Justin olhando pro final do pier, ele não parecia feliz, não parecia querer vê-la. "Ah Sophia, você acha mesmo que ele não está com saudades dela?" pensei.

A patricinha veio correndo e pulou nos braços de Justin, encheu ele de selinhos e perguntava de cinco em cinco minutos se seu amado estava bem. Lá atrás vinha meu pai junto com os pais do Justin que quando chegaram até a gente, nos cumprimentaram com um abraço.

Dr. Jeremy segurou o braço do filho e examinou sabiamente: 

- O que foi isto?! - perguntou. 

- Nada comparado com o que a Sophia tem nas costas - Justin fez questão de me virar e mostrar o tamando de minha atadura que vinha de cima das costas até o final da cintura.

- Oh Gosh! - exclamou sra. Pattie, o que despertou a atenção de taluca que abriu um sorriso.

- O que aconteceu com você Sophia? - Perguntou o pai do Justin dessa vez.

- Quase virei comida de índio. - eu disse seca. Não podia deixar o ciúmes que estava sentindo de Justin, de lado.

- Mesmo? - Perguntou a patricinha - Que falta de sorte.. - ela balançou a cabeça - Meus pêsamis.

- Pêsamis do que? - Eu perguntei fuzilando ela com o olhar - Eu não morri.

- Por pouco.. - ela retrucou.

- Você já estaria morta com certeza se tivesse ido no meu lugar - eu disse de mal humor e minha mãe cortou nossas trocas de farpas.

- O importante é que estão vivos , e que estão aqui conosco. Isso é uma maravilha.

- Eu irei fazer uma festa.. - comunicou a sra. Pattie - Uma festa em comemoração a vocês dois!

- Olha Pattie, não precisa.. - ela me interrompeu.

- Claro que precisa querida - ela sorriu - Vocês são merecedores.

- Meu amorzinho é mais - A Pathy disse, enchendo Justin de beijos e eu contei até mil pra não jogá-la naquela água com a minha moleta.

- E podemos oficializar nosso noivado, não é meu bebê lindo? 

- Noivado?! - Justin franziu o cenho olhando a patricinha - Eu .. - ele ia protestar, mas ela teve um ataque.

- Esta viagem lhe deu aminézia ou algo assim, meu bebê? Você tinha dito que.. - ela ia explicar mas Justin cortou.

- A gente conversa isso outro dia Pathy, estou cansado da viagem - eu vi Justin me olhar de canto, eu tentei parecer o mais normal possível, mas não sei se consegui disfarçar. Ouvir que Justin ia noivar destruiu minhas únicas forças que eu ainda tinha.

- Vamos pra casa mãe - eu disse com um tom seco na voz - Eu preciso descansar, minhas costas estão doendo demais.

- Claro filha - disse minha mãe. 

Meu pai veio me ajudar a andar, e quando estávamos indo embora seguindo o pier, ouvi Justin me chamar. Eu olhei pra trás com meu coração disparando, a tarântula da namorada dele estava pendurada no pescoço de Justin e por um momento todos ficaram em silêncio enquanto trocávamos olhares. Meu coração queria que ele dissese algo que meus ouvidos queriam ouvir, mas ele não ia dizer, não com a futura noiva ali.

E o que eu estava pensando afinal?! Que Justin por um acaso iria dizer que estava apaixonado por mim? Eu tinha que esquecê-lo e esquecer ainda por cima que eu e ele tínhamos alguma chance, eu sei que nunca seria assim.

- Você vai na festa, não vai? - Ele perguntou com uma voz hesitante, como se tivesse medo de que alguém pudesse desconfiar de algo. Antes que eu pudesse responder sua mãe respondeu por mim: 

- É a mesma coisa que dizer que o aniversariante não vai na sua própria festa de aniversário, por isso ela tem de ir não é Sophia? - seu olhar foi intimidador e eu não tive como dizer que não, só assenti e voltei a andar com meus pais e minha moleta, e com taluca atrás da gente.

Estar em casa foi a melhor sensação que tive desde quando fui sequestrada pelo mar. Eu comi comida de verdade, bebi muita água e esperei taluca aprender a se acostumar com garfo e faca. Depois meus pais me deram banho, e foi a vez de taluca tomar banho. Acho que ela estava gostando daquela vida totalmente diferente da que ela costumava viver, tirando que ela demonstrava estar muito feliz por estar comendo carne de animal e não humana.

Meus pais puseram a atadura em volta de mim e sei que estavam aterrorizados, seus olhos não me enganaram. Claro que eles não me disseram nada, mas eu sabia que minhas costas deveriam estar horríveis e que aquela marca nunca ia sair de lá, eu tinha estragado minhas costas. Indios malditos.