Eliza No País Das Maravilhas escrita por Avril_Gomez_108


Capítulo 33
Dirijo um lamborghini que muda de cor


Notas iniciais do capítulo

É, eu demorei. Motivo 1: não sonhei mais, por tanto, não havia como eu escrever. Motivo 2: o pouco que eu me lembrava dos sonhos não tinha criatividade pra colocar em palavras, se tentasse sairia um capitulo horrível e eu sei que meus leitores merecem mais do que isso. Motivo 3: estava sem tempo com as provas finais e depois que entrei de férias comecei á sair muito, o tempo que tinha no computador eu usava no tumblr.
Obrigada ás pessoas que mandaram reviews mesmo depois desse meu sumiço, aqueles que tentaram de todas as formas dizer o quanto sentiam falta da minha fic(veremos se era verdade agora que eu postei, quero que todos vocês mandem reviews amores!kkkkk), aqueles que recomendaram e aos que estão lendo agora!
Sem mais delongas, o novo capitulo!



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-Viu? Eu falei que você iria ganhar- disse Nico sorrindo e me beijando outra vez

Percy fez tanto escândalo quanto uma mulher desengonçada quando vê uma barata. Primeiro ele tentou pular a cerca, mas estava tão nervoso que caiu. Em seguida ele utilizou a água de todas as garrafinhas de água que estavam dentro do estádio pra fazer um buraco na grade, então ele correu o mais rápido que pode, empurrou Nico e me puxou para longe do filho de Hades. Mas não fiquei com raiva de meu irmão, aquela até foi uma cena engraçada de se ver. Se bem que nunca entendi o por quê de ele não gostar que eu fique com Nico, teria de me lembrar de perguntar isso mais tarde.

Todos os meus amigos saíram da arquibancada pelo buraco que Percy fez, tive que abraçar cada um já que todos queriam dar os parabéns pela vitória. Logo Ane e Annabeth também desceram do palco e foram tão abraçadas quanto eu. Não tinha ninguém desanimado, só havia felicidade, gente cantando, sorrindo, pulando. Até pensei que Anellize ficaria triste, mas ela não pareceu decepcionada por perder como seria esperado ficar, pois mesmo sendo patricinha e com um parafuso á menos na cabeça, ela era boa amiga e estava gritando de felicidade por eu vencer.

Vi de longe a jurada Dantis bufando de ódio e indo embora. Isso só me deixou ainda mais feliz, ela me lembrava aquela professora Horts, que sempre me dava nota ruim mesmo eu tendo acertado e me odiava. Lembro de como eu amava me dar bem em algo na frente da Horts, pois ela sempre se enraivecia com a minha felicidade. Mais tarde eu descobri que ela era uma fúria que Nico mandara para descobrir quem eram as semi-deusas que ele deveria levar para o acampamento, é a mesma que foi professora de Percy anos atrás e morta pelo mesmo. Se algum dia eu fosse convidada por Nico para conhecer o mundo inferior, eu passaria bem longe de Horts já que mesmo sendo um monstro, ela me lembrava a escola.

-Ei gente! E a pegadinha?- perguntou Travis- Estou louco para ver vocês amanhã vestidas de homem e andando pela cidade.

-Acho que é você que vai se vestir de mulher- disse Pâni

-Veremos.

 Todos nos afastamos um pouco da plateia, que ainda estava em festa. Juntei minhas amigas ao meu redor enquanto os meninos se afastavam, quando ambos gritassem "já!", fariam o que havia planejado e o que os seres malucos nas arquibancadas mais odiassem seria a pegadinha vencedora.

-Um...- começamos

-Dois...- eles continuaram

-Três...

-Já!- gritaram todos

Mal terminado o sinal, eu já havia desejado. E logo vi o que os que os meninos decidiram fazer, eles soltaram baratas suga-suga nas pessoas, uma espécie de barata que voa e gruda na pele e suga o seu sangue. Mas os habitantes só podiam sentir as baratas. Por que? Bem, porque eu desejei que caísse shampoo nos olhos deles, já que sei o quanto essa sensação é horrível. Todos nós sabemos, não há um ser que não tenha deixado o shampoo escorrer em sem querer no banho e o desespero que se segue depois do feito. Imagine que você está em um estádio, comemorando algo e de repente você sentisse isso, então algo andasse em cima de você começasse á sugar sua pele. Era por isso que aqueles doidos estavam passando.

Se a minha pegadinha fosse qualquer outra, a deles seria melhor, por que a junção de baratas voadoras com bichos que grudam na pele é ideia de gênio. Mas como eles não sabiam que bicho era, isso não tinha grande importância perto do arder de seus olhos e o desespero. Por tanto, eu... Quer dizer as meninas venceram a aposta e teríamos o prazer de mostrar as fotos deles vestidos de mulher para todo o acampamento.

-É, vocês venceram, eles parecem mais desesperados por causa da sua pegadinha e estão ignorando as baratas- disse Travis

-NA SUA CARA! NA SUA CARA! SEU...- começou a gritar Pâni, mas eu tampei sua boca com a mão. Eu sabia como aquela frase terminaria e não era nada educado

-Nico, eu escolho suas roupas de manhã, não se preocupe- falei sorrindo malignamente

Nem parecia que há alguns minutos estávamos nos beijando, eu já o provocava como antes e ele já havia se ferrado em outra aposta. Percy nem precisava ter pirado, se bem que ele parecia ainda mais irritado por ter que se vestir de mulher, então seu humor, embora lento, se mantinha bem explosivo.

-Nico cadê as loiras chatas?- perguntei

-Mandei elas embora. Enquanto você se apresentava elas ficavam dizendo que você não ganharia, que era feia, que cantava mal, que seu vestido era feio, que elas eram melhores. Então eu cansei e disse para as iludidas saírem de perto de mim antes que desse um jeito de mandá-las para o tártaro- explicou

Ele havia me defendido e ainda ameaçado aquelas imbecis, e tudo o que eu disse foi:

-Iludidas?

-Sim, porque para se acharem melhor do que você tem que ser muito iludida mesmo- disse, como se esse fosse o fato mais óbvio do mundo

-Ah, obrigado- falei ficando vermelha e observando Percy se colocar entre nós dois "disfarçadamente"

Eu estava feliz, mas não queria demonstrar isso.

Não tínhamos mais nada há fazer naquele lugar, nos despedimos de Helena, voltamos para o hotel e fomos dormir. Fiquei feliz de não ter de dividir o quarto com aquelas loiras que roncam, e ainda mais em sonhar com chocolate quase a noite inteira. Eu disse quase. A outra parte de meus sonhos foi um tanto confusa, tão confusa quanto todo o País das Maravilhas e até mais. Um minuto eu via uma conversa de Loki com seu mordomo do mal, Fábio, e no outro via cenas do futuro só que meio borradas, como se alguém quisesse me mostrar um vídeo do que iria acontecer, mas o sinal estava ruim e deixaram assim mesmo.

Primeiro a conversa de Loki com Fábio. Eles estavam caminhando pelos corredores do castelo da Rainha de Copas e conversavam quase sussurrando, era um assunto pelo qual o deus não queria dividir com rainha.

-Eles ainda estão naquela cidade, passaram os últimos cinco dias lá- dizia Loki- Deram sorte de meus soldados se atrasarem na busca pelo Ás, se não eu já teria dominado o País das Maravilhas e a outra dimensão. Parece que aquela menininha chata é a nova Rainha da Beleza e isso não é bom.

-Concordo senhor. Rainhas da Beleza tem grande importância para os habitantes, eles sempre tem grande respeito por elas,  se descobrirem que o senhor está querendo lutar contra ela podem se rebelar- disse Fábio

-Mas eu ainda tenho uma manga na carta- disse Loki sorrindo

-O correto é carta na manga, senhor- corrigiu o outro

-Pois bem, eu sabia, só me confundi com a lógica contrária- falou o deus da loucura- Continuando... A menina sofrerá um pouco nos próximos dias e o seu "namoradinho que não mais namoradinho mais que quer ser o namoradinho" vai fazer de tudo para salvá-la e quando ele descobrir como ajudar, vai ter de sair de perto dela, com sorte levando outros com ele. Será a melhor hora para agir.

-Cuidado senhor, alguém pode ouvir seu plano, e não queremos que ele vá por água á baixo- disse o mordomo

-Está certo. Envie algo que possa servir para eu observá-los de longe, avisarei á você para que mande os melhores matadores no momento mais favorável. Tudo as escondidas da rainha, estou prometendo o mundo á essa mulher para ter suas tropas e se está descobrir que estou mentindo, jamais serei conquistarei meu objetivo.

-Mas, se me permite perguntar senhor, porque não dizer á ela que vai matar o grupo de semi-deuses?- perguntou Fábio

-Por que se ela souber que são amigos de Helena, sua amiga de infância, poderá repensar sobre ficar do meu lado nesta guerra- explicou Loki- Agora rápido, a rainha logo sentirá minha falta, eta mulherzinha chata!

Os dois apressaram o passo pelo corredor, mas para onde foram eu não vi, pois o sonho foi ficando embaçado e logo eu não estava mais no castelo. Então vieram as imagens que eu mencionei, flashes do futuro próximo, só que muito difíceis de serem entendidos. Eram cenas borradas, pessoas sem rosto ou voz, de vez em quando vinham sons e frases sem nexo que eu não conseguia identificar quem as disse. Nem todo sonho de meio-sangue é assim, se é pra ver o passado, o presente ou o futuro, eles sonham normalmente, parece que é só comigo que tem que vir imagens confusas pra eu não entender nada. Tenho certeza que é de propósito, se bem que Hipnos, o deus do sono, e Morfeu, o deus dos sonhos, deveriam me adorar já que eu sempre visito o reino deles, principalmente em aulas de história.

A primeira cena não foi fácil de identificar, mas consegui reconhecer uma cabana no meio de vários borrões verdes que imaginei serem árvores. Dentro da cabana havia 5 seres escuros demais para que eu os reconhecesse, um estava deitado e parecia sentir-se muito mal, os outros estavam em volta dele. De repente uns 20 outros borrões invadiram o lugar e todos dentro da cabana, menos o doente, saíram para lutar com eles. Da batalha eu não consegui entender nada, já que todos me pareciam iguais e como eram negros, acabavam se misturando. Mas logo acabou. Observei dois seres, bem mais fortes que todos ali, derrubarem a maioria dos invasores e irem cumprimentar aqueles quatro, sei que eram os mesmos porque assim que abraçaram os fortões, correram para dentro da cabana ver aquele que continuava ali.

Um dos fortões se aproximou daquele que repousava e depois de uma troca de palavras, que há meus ouvidos soaram tão longe quanto alguém sussurrando do lado oposto ao meu em uma quadra de basquete, deram algo de comer ao doente e saíram do interior da cabana. Lá fora, pareciam esperar algo muito impacientes, então mais cinco ''pessoas'' surgiram da mata correndo. Um deles segurava algo colorido nas mãos e foi com isso para encontro do doente. O que aconteceu depois meu sonho me privou de ver.

A outra cena era ainda mais confusa, porém emocionante, pois uma batalha cheia de explosões, magias e raios estava acontecendo. Três seres extremamente poderosos guerreavam, mas dois deles contra um. Pode parecer uma injustiça, mas o que estava em desvantagem lidava muito bem com a situação. O lugar que batalhavam eu não reconheci, certamente não havia visto em nenhum lugar aquele pátio com colunas de pedras no topo de uma colina e cercado de grama. Mas provavelmente veria, já que estava sonhando com ele, e a luta também. Podia até ser eu lutando.

A terceira e última cena foi a de melhor visualidade, eu conseguia entender perfeitamente o que acontecia e fiquei muito feliz com isso. Eu estava tomando sol em uma piscina de uma mansão ao lado de Nico e Ane. A mansão era a mais bela que eu já havia visto. Ocupava cerca de dois quarteirões inteiros só da parte que eu conseguia ver, perdi a conta de quantas janelas e sacadas possuía nos seus quatro andares, as paredes eram brancas com detalhes azuis em alguns lugares. A piscina que eu estava era no meio de um lindo jardim, cheio de árvores, arbustos, flores plantadas estratégicamente (um circulo de rosas ali, outro de narcisos naquele canto e etc), e uns caminhos de pedra por entre tudo aquilo para poder andar sem sujar os sapatos, como em parques. Porém, um parque não seria tão limpo já que sempre há alguém que desrespeita a natureza e o entulha de lixo. Era um desses caminhos de pedra que davam acesso á piscina que ficava tão distante da porta da mansão, mas nem chegando perto das grades com proteção elétrica ao fundo.

Me perguntei o porquê de eu estar ali. Mas não a eu do sonho, a eu que a eu do sonho via, mas que não sabia que eu observava. Será que Nico, Ane e eu fomos convidados por algum rico passar o final de semana lá? Se bem que eu não conheço nenhum rico a não ser Ane, afinal seu pai era um ator famoso, mas já fui a casa dela muitas vezes e com toda a certeza não era aquela. Ou será que ela se mudou? E porque Gaspar Zinho também estava ali? Ane não o convidaria, pois acha que quando ele está perto eu não dou atenção á ela (coisas de Anellize), mesmo ela amando "Niceliza". Esse foi o nome que ela inventou para o casal Nico+Eliza.

As outras duas cenas que eu vi poderiam muito bem ser algum aviso, mas esta não fazia sentido. Por que um sonho meio-sangue me levaria a ver eu mesma tomando sol? "Cuidado, você não usou protetor solar e vai arder mais tarde"? Não pude descobrir, pois logo acordei, porém não deixei de pensar nisso enquanto tomava café e me trocava para voltar á trilha amarela, finalmente recomeçaríamosa busca pelo Ás da loucura indo na praia sem sol e embarcando para a Ilha dos Achados e Perdidos, procurar algo que nos ajudará á ter a posse do Ás antes de Loki e salvar nossa dimensão. Muito tempo havia se passado, e precisávamos concluir logo aquela missão, ninguém aguentava mais ficar naquele mundo estranho. Foi divertido no começo, mas depois de tantas confusões, tudo o que queríamos era deitar em nossas camas nos respectivos chalés, comer no refeitório junto com os irmãos e irmãs, cantar na fogueira e voltar pra casa no final do verão.

Mas antes de sairmos de Tenuitate, tínhamos que vestir uns meninos de meninas. Escolhemos as roupas que as meninas e eu queríamos que eles usassem, e todos se trocavam no banheiro. Sim, se trocavam sozinhos, pois por algum estranho motivo a lógica contrária não estava funcionando, então eles deviam aprender a colocar cada peça de roupa feminina. De vez em quando se ouvia gemidos de raiva, dor ou frustração (as roupas eram bem apertadas). Enfim quando eles disseram que terminaram, pedi para saírem.

-Temos mesmo que fazer isso?- perguntou Nico

-É! Por que todos não esquecemos dessa maldita aposta e continuamos a missão?- perguntou Percy. Meu irmão é lerdo o bastante para se encher de esperanças de que a irmã dele, suas amigas e até mesmo sua namorada seriam boazinhas com ele.

-Saia já desde banheiro Perceu Jackson! E venha passar vergonha vestido de mulher se não... -ameaçou Annabeth

A porta do banheiro foi aberta e... Bem, não há como descrever cena tão engraçada, muito menos as risadas escandalosas que todas as meninas soltavam. Vou ao menos tentar descrever como eles se vestiam. Nico parecia uma piriguete. Vestia blusa tomara-que-caía rosa, calça "super" colada de onçinha, um par de saltos agulha dourados, brincos de argola e batom vermelho vivo. Percy tinha a cara toda manchada de maquiagem, com sombras azuis e batom rosa tão exagerados que ele se igualava ao Coringa (desculpe a ofensa Coringa). Usava um vestido de "tubinho" verde que deixava suas pernas extremamente peludas a mostra, com sapatilhas brilhantes nos pés. Rafa colocara milhares de chuquinhas em seu cabelo cor de bronze, todas amarelas para combinar com sua camisa de alçinha também amarela na qual havia os dizeres "i love you", mas o pior era o shorts jeans curto que ele devia ter sofrido muito para vestir e seu andar desajeitado sobre tamancos plataforma com estampa de zebra.

Depois deles vieram os irmãos Stoll. Com batons borrados, lápis de olho no nariz e sombra na bochecha, pareciam duas mocréias apertadas em vestido coloridos cheios de babados e rendas ridículas. E por último Chris, espremido em uma calça jeans com detalhes em roxo cintilante por toda ela, top rosa com glitter, sapatos plataforma na qual ele não sabia andar e maquiagem extremamente forte. Ao admirar seu namorado, Clarisse, em vez de ficar com raiva ou qualquer outra coisa do tipo, na verdade riu alto dizendo que ele era a "piriguete" mais feia que ela já vira, e que alguém que se chama Silena gostaria de ver aquilo.

As expressões de puro ódio dos meninos só deixavam a piada ainda mais engraçada. Logo levamos eles ao centro da cidade, para desfilarem daquele jeito ridículo. Todos cobriam os rostos enquanto andavam, tentavam disfarçar, uns tropeçavam nos saltos e quase batiam a cara no chão, outros ajeitavam os vestidos com vergonha. Os seres malucos da cidade, por mais loucos que sejam, riam e apontavam uns para os outros quando os garotos passavam, e estes por sua vez ficaram cada vez mais bravos.

-Nenhuma delas usa estas roupas horríveis, por que nós temos de usar?- ouvi Nico perguntando á Percy

-Você não entendeu? Elas querem nos ver sofrer- respondeu Percy

-Eu to achando muito divertido! Pareço uma diva!- disse Connor

-E eu estou fabulosa!- disse Travis

-Vocês dois parecem mais umas lacraias, eu é que to muito glamuroso!- falou Rafael

-Ah fala sério! Estamos passando vergonha e vocês ainda disputam pra saber quem tá mais bonito?- perguntou Nico- Além do mais da pra perceber que sou eu.

-Como é que é? Eu to uma gata!- falou Percy com desprezo

Comecei a rir ainda mais com aqueles comentários. Eles nem ao menos se incomodavam, estavam achando que eram as bitchs mais lindas do País das Maravilhas. Me lembrei então de desejar uma filmadora e gravar aquela cena toda, para mostrar ao Acampamento Meio-Sangue inteiro quando voltássemos.

-Lia e o carro que você ganhou como prêmio do concurso?- perguntou Julie

-Ah, é mesmo, o carro! Já tinha me esquecido. Você sabe onde que eu posso pegá-lo?- perguntei

-Helena me disse que você tinha que passar naquele estádio onde foram realizadas as provas pra levá-lo- disse Ane

-Tudo bem, segure a câmera e grave tudo Julie- falei á filha de Atena- Ô pessoal, eu vou pegar meu carro, espero vocês do lado de fora do hotel depois que os meninos se trocarem- avisei á todos

-Você não sabe dirigir Lia, pode se machucar- disse Nico

-Ele tem razão- disse Percy com certa relutância. Ele ainda estava com raiva de Nico depois do que aconteceu no estádio- Annabeth, será que você podia ir com ela?- perguntou

Annie concordou. Então eu e minha querida cunhadinha wikipedia fomos buscar meu lindo carro. Ela me fez prometer que eu só dirigiria até a porta do hotel, depois mandaríamos o carro para o Acampamento Meio-Sangue e seguiríamos á pé pela trilha amarela. Mesmo não entendo os motivos, eu concordei. Fala sério, o que tem de errado que um grupo de menores dirigisse um carro novo pela dimensão mais louca de todas repleta por animais pirados e inimigos que certamente estavam do lado de Loki e tentariam nos matar? Não vejo problema algum nisso.

Chegamos ao local onde entrei em todas as últimas cinco noites para o concurso, mas desta vez andei pelo corredor que dava acesso ás arquibancadas, lugar que eu nunca precisei ir, afinal era eu quem as pessoas que se sentavam lá assistiam. De lá pude ver um carro vermelho bem no centro do gramado, mas como estava longe demais e eu não entendia quase nada de carros, não vi muita diferença de outros automóveis. Annabeth e eu descemos até o buraco que Percy havia feito na grade na noite anterior e pulamos nele. Estava tão ansiosa para dirigir que fui correndo em direção ao meu carro, a filha de Atena vinha logo atrás com medo de que eu fizesse alguma besteira, mas eu não podia culpá-la, era algo muito típico na minha vida fazer besteiras. Acho que isso é algo herdado pelos filhos de Poseidon.

Quanto mais chegava perto do carro, mais percebia como estava errada ao pensar que ele não era diferente de outros automóveis. O modelo era um lamborghini vermelho sangue, com rodas cromadas e sem bancos traseiros. Quando abri a porta do motorista vi bancos de couro, um painel prateado cheio de botões estranhos que eu provavelmente teria que aprender á usar num manual, volante também prateado com "i'm crazy" escrito na buzina, espelho retrovisor com penduricalhos loucos (mini cartola com um coelho dentro, flores que você aperta um botão e as pétalas giram tão rápido que elas começam á voar, e etc). Em cima do capô havia a chave do carro e um bilhete escrito: "Aqui está seu prêmio Lia. Não se esqueça de voltar daqui á quatro anos para o País das Maravilhas e realizar outro concurso de beleza. Você é linda, nunca se esqueça disso. Adeus, Helena".

Sentei no banco do motorista e Annabeth no do passageiro, depois de colocarmos os cintos de segurança e de ela ler o manual que achamos no porta luvas e me explicar o que eu poderia fazer e o que era perigoso demais, pisei no acelerador. Aí você pensa "o estádio não tem uma saída pra carros", pois bem, um carro do País das Maravilhas podia aparentemente fazer algo que os do nosso mundo não podem, se teletransportar apenas apertando um botão. Ele também tinha trilhares de outras funções, como pegar fogo, correr sobre á água, velocidade de até 300 quilômetros por hora, lançar granadas, até mudar de cor. O lanborghini tinha mais funções do que algumas pessoas que eu conhecia.

Aparecemos na rua em frente ao salão do concurso e eu saí em disparada. Era uma sensação incrível que uma garota de 13 anos nunca poderia sentir. A velocidade, as pessoas apontando na rua para o (meu) lindo carro, o vento no cabelo, nenhuma regra pra seguir (não sei se o País das Maravilhas tem regras de trânsito), Annie ao meu lado agarrada ao banco, e principalmente a liberdade. Nunca fiz teste de direção, ainda faltava muito para eu ter idade pra pegar no volante no mundo real, mas por alguma razão eu realmente sabia dirigir. Ou talvez por algo que não tivesse nada haver com razão. Eu não deveria saber dirigir, por tanto sabia. Lógica contrária era definitivamente a coisa que eu mais gostava e ao mesmo tempo odiava naquela dimensão.

Naquela velocidade não demorou muito até chegarmos na porta do hotel. Nossos amigos já nos esperavam, os meninos eram novamente homens (sobre isso não tenho muita certeza, eles ficaram confortáveis demais com roupas de mulheres) e todos já estavam prontos para partir. Assim que estacionei ao lado da calçada Percy se aproximou e disse:

-Você ganhou isso? Eu estou tentando tirar a carteira de motorista e você ganhou um lamborghini com 13 anos?- perguntou meu irmão completamente surpreso.

-É maninho, você ficou uma graça vestido de mulher, mas só ganha lamborghini quem é a Rainha da Beleza- falei saindo do carro- Mas acho que se você fizer uma produção maior na sua menina interior, talvez até tire minha coroa.

Percy me lançou um olhar de raiva e disse:

-Você sabe que não pode usar esse carro no mundo real até fazer 16 anos, não é?

-Sei, mas pelo menos eu vou ter um carro pra dirigir, e você tem?

-Olha, eu já estou irritado por causa de você e Nico ontem, porque hoje tive que me vestir de mulher e se eu me irritar só mais um pouquinho com esse sua provocação, pode ter certeza que pra me vingar eu afogo esse seu namoradinho. E ele não vai voltar puxado por Afrodite- ameaçou Percy

Depois desse comentário nada feliz resolvi ser inteligente e me calar.

Meus amigos me obrigaram a desejar pela lógica contrária para que o lamborghini fosse parar no Acampamento Meio-Sangue, mas antes escrevi um bilhete que coloquei no parabrisa do carro explicando á Quiron como o ganhamos e que ele deveria guardá-lo. No bilhete também havia um "PS" que os outros não viram, nele eu pedia para o centauro esconder na Casa Grande uma filmadora que deixei no porta luvas e não visse o conteúdo, eu mostraria a gravação ao Acampamento inteiro assim que voltássemos da missão. Então recitei as palavras contrárias e o meu automóvel premiado desapareceu no meio do ar.

Então partimos de Tenuitate. Assim que começamos á andar pela trilha, nos afastando da cidade, Josefino (o urso que antigamente tinha a voz mais fina que a do Alvin e os esquilos, mas que comeu uma planta milagrosa que mudou sua voz e agora era uma espécie de rockstar) voltou a andar conosco. Caso vocês tenham se esquecido, ele ficou fora da cidade já que não gosta muito daquele ambiente e prometeu continuar depois que saíssemos de lá. De acordo com ele, o urso só iria até a Praia Sem Sol, não navegaria com nosso grupo até a Ilha dos Achados e Perdidos, pois também não gostava muito de alto-mar, e ele queria pegar um bronzeado. Não sei como se pode pegar um bronzeado em uma praia que não tem sol, mas contive minha curiosidade, eu descobriria quando chegássemos lá.

Me lembrei então que algum deus do Olimpo iria ao País das Maravilhas para nos ajudar, era aquele revezamento deles. A primeira foi Atena, depois Afrodite, mas como se passaram muitos dias desde a saída da deusa da beleza, meus amigos e eu chegamos á conclusão de que dois deuses viriam ao mesmo tempo. E nenhum de nós deixou de apostar quem seria.

-Acho que Poseidon e Hades vão vir- disse Ane

-Eu acho que vai ser Hermes e Deméter- disse Pâni

-Talvez venham Apolo e Ártemis- disse Nico

-Melhor que não seja nenhuma dessas opção, daria muita briga- disse Julie

-Briga de verdade aconteceria se viesse meu pai e Deméter- falou Gaspar Zinho- Ela me obrigaria á comer cereal.

-Você bem que precisa de cereal, é tão fraquinho e magrelo- falei

Nico me ignorou, ele não queria começar uma descução.

-Se Poseidon e Zeus viessem aí sim daria problema- disse Percy

-Seria guerra na certa, é capaz do País das Maravilhas ser destruído sem nem ser culpa do Loki- brincou Connor

-Ele ia é ficar assistindo- disse Travis rindo

Enquanto os outros conversavam, saí de perto, andei um pouco mais atrás do grupo para não me notarem. Eu me lembrei do sonho e uma sensação de mal estar me atingiu. Loki dissera que eu iria "sofrer um pouco" nos próximos dias e que Nico levaria algumas pessoas para procurar algo que possa me ajudar, então o deus da loucura provavelmente atacaria os que ficassem. Eu sei que qualquer pessoa sensata contaria á seus amigos, já que isso poderia prejudicar a missão toda, mas eu não queria admitir que algo me afetaria á ponto de eu precisar de ajuda. Muito menos que eu não conseguiria evitar isso. Talvez eu ainda tivesse esperança de que aquele sonho fora apenas isso, um sonho.

E ainda tinham aquelas cenas do futuro sem sentido algum. Com um arrepio eu percebi que era eu a pessoa doente da primeira cena e com isso tudo se encaixou ao que Loki disse. O grupo se separaria mesmo, já que só havia outras quatro pessoas comigo, eu não sabia quem eram. Seriamos realmente atacados e aquela "coisa" que não fez nada pra ajudar na batalha era eu. Mas apareceram dois fortões que nos ajudaram e que eu também não fazia ideia da identidade. Fiquei tentando interpretar aquelas visões durante cerca de 30 minutos e só o que entendi foi que eu não serviria pra nada enquanto meus amigos seriam atacados. E a culpa certamente era... Da Julie!

Estava tão distraída que não notei que meus amigos estavam sentados e falando por M.I com Quiron.

-... Vocês tem que voltar ao acampamento, mandarei outros dois campistas para substituí-los na missão- dizia Quiron

-Quem tem que voltar pro acampamento?- perguntei

-Clarisse, Chris e Meg- disse Nico

-Por que?

-Em que mundo você estava enquanto a gente conversava com o Quiron?- perguntou Julie

"No mundo dos sonhos" era o que eu queria responder.

-Temos que voltar por causa de uma visão da Rachel- disse Meg- Ela falou que quem vai vir em nosso lugar vai ser muito importante pra salvar a vida de alguém.

-Foi isso que não entendi- disse Ane- Por que vão vir dois campistas se três vão voltar pro acampamento?

-Rachel disse que o País das Maravilhas se encarregaria de igualar o número- explicou Quiron- Agora os três tem que voltar.

Sair daquele lugar era bem mais fácil do que entrar. Clarisse, Chris e Meg só tiveram que dizer "eu não estou no Acampamento Meio-Sangue" e sumiram no meio do ar exatamente como meu carro. Antes de desligar a M.I Quiron avisou que os próximos deuses que viram para nos ajudar chegariam no dia seguinte e que ele recebeu o lamborghini, depois de dito isso ele me lançou um olhar que parecia a mistura de divertimento e repreensão, depois a cara do centauro desapareceu.

Continuamos andando o que me pareceram horas, sem parar nem pra beber água, já que sentíamos o quanto nos atrasamos na missão. Os outros conversam entre si, enquanto eu seguia sem falar nada, de vez enquanto alguém perguntava-me algo, eu não entendia e pedia pra repetirem umas mil vezes até eu desistir de tentar prestar atenção no diziam e apenas concordar sem expressão alguma. Minhas amigas ficaram preocupadas com aquele meu silêncio, Nico tentou provocar uma briga dizendo que o mundo era uma paz quando eu não falava já que ele me considerava uma "tagarela", mas não funcionou. Aí sim ele começou á se preocupar de verdade.

O filho de Hades se aproximou e passou a andar lado á lado comigo. Durante alguns minutos ele ficou me observando sem dizer uma uma palavra, provavelmente esperando alguma demonstração de que eu ainda tinha voz. Olhei rapidamente pelo canto do olho á tempo de ver Nico me analisar de baixo para cima, franzir o cenho e abaixar o olhar quando nossos olhos se encontraram, de repente muito interessado nos seus sapatos. Ao pensar que ele podia estar preocupado comigo, quase sorri. Quase.

-Por que você está tão calada Lia?- perguntou Nico- Está estranha desde o café da manhã, quando não me disse nem bom-dia, pareceu distante até quando os meninos e eu cumpríamos a aposta, e agora mais ainda depois que saímos de Tenuitate. O que aconteceu?

-Nada- falei- Só lembrei de um sonho.

-Que sonho?- indagou

-Não é importante.

-Se não fosse importante você não estaria desse jeito- disse Nico- Porque não quer me contar o sonho? Você nunca me escondeu nada.

Eu queria muito contar sobre sonho e desabafar com ele, mas sei como ele agiria depois de saber: sair correndo atrás do que podia me curar antes mesmo de eu ficar doente. Eu não podia, nem queria dizer que precisaria dele ou de outra qualquer pessoa para me salvar. Veja bem, para uma pessoa tão orgulhosa quanto eu que sempre foi criada para se cuidar sozinha, falar uma coisa dessas não era nem o fundo do poço, era o tartáro!

Nico se irritou e foi andar com os amigos, me deixando sozinha novamente. Fiquei triste, mas achei melhor assim, daquele jeito não deixaria nada escapar. Eu não sabia como me arrependeria disso.

Eu poderia retratar em vários parágrafos longos o que aconteceu dali em diante. Afinal passaram-se horas desde a minha breve conversa com Nico. Mas não seria nada interessante perto do que aconteceu depois. Pra resumir, eu comecei á sentir febre de repente, como se um balde de chá quente tivesse caído na minha cabeça, um balde literalmente pois eu também sentia tontura. Senti a cor do rosto sair de tom de pele para neve de cegar os olhos, estava mais pálida do que qualquer filho de Hades que possa ter existido. Meus amigos se assustaram quando caí de joelhos suando frio, minha visão ficou turva enquanto eu observava todos em volta de mim, alguns me segurando pelos braços, outros debruçados com expressões de preocupação. Ouvia várias vozes ao mesmo tempo, mas meus ouvidos zubiam tanto que eu não conseguia entender nenhuma.

Porem uma voz, á poucos metros de distancia, vinda de um ser azul deitado sobre um cogumelo, soou tão forte que pude escutar, embora não quisesse ter tido esse feito. Era a Lagarta- Azul, que meus amigos e eu já havíamos visto no começo da missão, o ser mais sábio de todo o País das Maravilhas.

-Não importa o que fizerem agora para ajudá-la. Importará apenas o que fizerem depois. Já estava profetizado, sim sim, estava com toda a certeza. Eliza poderá morrer, mesmo depois de tantos atos de braveza- disse a Lagarta

Senti então o resto das minhas forças se enfraquecerem e desmaiei nos braços de alguém com cheiro de menta.


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Notas finais do capítulo

MUAHAHAHAHAHA! Como eu sentia falta de um final de capitulo assim! Todos devem estar me odiando! Uhuuu! Enfim, espero que tenham gostado do capitulo e que ele compense todo esse tempo sem postar. Por favor mandem reviews pra eu saber que não estou postando para o nada (mesmo se for pra me xingar), me desencoraja e são só 3 míseros minutinhos das suas vidas que vocês vão gastar. Please!