Viajar nas sombras é como andar de montanha-russa, mas sem o carrinho e sim de skate, você sente que está indo para frente e a única coisa que se vê são sombras, como correr para uma parede de olhos fechados, seu corpo sabe o que está à frente e não quer prosseguir. Quando saímos daquela escuridão agradeci aos céus por estar vendo a luz do sol de novo, embora eu nunca fosse admitir isso, mas ainda assim foi o melhor passeio que já fiz na vida, Ane parecia pensar outra coisa, pois gritava:

–Ó SOL, MEU QUERIDO SOL, NUNCA MAIS IREI TE DEIXAR, EU ODEIO A ESCURIDÃO, NUNCA MAIS VOLTO PRA LÁ!

Julie estava com cara de quem ia vomitar, mas ainda assim dizia:

–Foi muito legal, foi incrível, eu quero ir de novo, DE NOVO!

Laíz e Nico estavam completamente normais, parados de braços cruzados com a mesma cara de “eu não ligo para nada então não tente chamar minha atenção” ele são muito parecidos, até no jeito. Eu dei um tapa na cabeça de Ane pra ela parar de gritar e fui falar com o Di Ângelo:

–Onde está o tal acampamento?- eu perguntei e ele apontou para uma colina ao nosso lado- Vamos ter que subir isso aí?

–Vamos, depois de passarmos por aquela árvore, estaremos no Acampamento Meio-Sangue- ele disse como se isso fosse a coisa mais maravilhosa do mundo.

–Pelo visto esse lugar é legal, mas eu estou com preguiça de subir tudo- eu disse e ele me encarou.

–Vai se acostumando porque ELA é a pessoa mais preguiçosa do mundo- disse Laíz

–Você não vai subir mesmo?- perguntou ele e eu fiz que não- Se quer o que?Que eu te carregue?- eu dei meu sorriso maligno (ele é muito conhecido e eu o uso para dar medo nas pessoas)- Não, não e não. Eu já te salvei, não vou te carregar.

15 minutos depois lá estava eu, nas costas do Di Ângelo, observando o tal acampamento. De longe deu para ver muitos chalés, uns campos de morangos e uma floresta.

–Agora você pode descer?- perguntou Nico, que parecia estar com raiva.

–Não, também estou com preguiça de descer até lá- na verdade eu não estava só queria sacanea ele, Ane e Juli pareciam ter sacado isso, mas não disseram nada. Laíz nem tava vendo agente, entendi que era um de seus momentos de “eu to viajando na maionese” e resolvi não interromper.

Depois de andar muito, tipo uns vinte passos, chegamos até uma casa azul de uns quatro andares, na varanda tinha um cara meio homem meio cavalo, um centauro (de novo, não que eu preste atenção na aula) e um gorducho mal encarado, eles estavam jogando... Uma coisa com cartas.

–Nico, que bom que já chegou com as novas semideusas- disse o centauro- Agora diga meu jovem, por que esta carregando ela?- ele apontou para mim, ainda sendo carregada pelo Di Ângelo, na mesma hora desci de suas costas.

–Ela tava com preguiça e me forçou a carregá-la- fofocou, logo depois ouvimos uma voz sarcástica atrás de nós.

–Nossa Nico, agora até uma garotinha te faz de burro de carga?- viramos e vimos um garoto de uns dezessete anos, com cabelos pretos e olhos verdes.

–Não Percy, ela não me fez de burro de carga e... – eu o interrompi

–Acho que fiz sim- disse e bati no seu ombro- Prazer, sou Eliza- estiquei a mão para Percy- Eliza Letter Crazier, mas pode me chamar de Lia.

–Prazer, Percy Jackson- nos cumprimentamos- Essa é minha namorada Annabeth Chase- ele apontou para uma garota loira de olhos cinza, ela era extremamente linda e parecia com Julie, também a cumprimentei.

–Eu sou Anelize Morfs, mas me chame de Ane.

–Sou Laíz Zeikart.

–Sou Julie Kemmer, mas só me chame de Julie- todas se apresentaram para os dois.

–Bem eu sou Quíron, o diretor de atividades do acampamento. Annabeth, Percy e Nico. Mostrem o acampamento para as novatas, tenho certeza de que elas vão gostar. Sr D, não tem nada para dizer?

–Não- disse o gorducho que nem ao menos levantou os olhos.

–Tem sim- parecia que Quíron já tinha tido essa conversa de versas vezes com o sujeitinho mal encarado.

–Ta legal, oi e bem vindos ao Acampamento Meio Sangue- ele disse com menos animação do que um palhaço que apareceu no programa da Xuxa e foi reconhecido na rua, mas recebeu um olhar de impaciência do centauro e continuou- Sou Dionisio, o diretor do acampamento, mas não dou liberdade para ninguém me chamar assim, pra vocês pestes é Sr D.

–Gente, é o cara do vinho- eu disse, pois eu e as meninas sempre dissemos que esse era o Deus mais insignificante, tipo o que uma uva em conserva atacada por bactérias tem de tão legal pra ser o símbolo de um Deus? E festas idiotas onde todos caem nas bebidas e nem lembram mais do que aconteceu? Ele é um idiota.

–CARA DO VINHO!VOCÊ ME CHAMOU MESMO DE CARA DO VINHO?!- ele berrou

–A desculpa, é mulher do vinho?Os Deuses podem ser gays?- eu perguntei ao parreirinha

–Sai. Daqui. Antes. Que. Eu. Fulmine. Você- ele disse bem devagar.

–Vamos- disse Annabeth, ela e os outros me levaram dali – Vou mostrar o acampamento antes que Sr D mude de ideia e a jogue nos campos da punição.

–Bem ali são nossas quadras de vôlei- disse Percy- Mais adiante são as arenas de batalha- ele apontou para um local onde dois adolescentes, que em minha opinião eram enormes, estavam lutando.

–Ali é o lago- disse Nico, olhei para uma enorme massa de água onde vi mulheres lindas e verdes nadando- Ali é a floresta aonde vamos para lutar com monstros ou jogar o caça a bandeira.

–O que é caça a bandeira?- perguntou Laíz

–É um jogo em que os chalés formam duas equipes e escondem sua bandeira depois lutam para roubar a do inimigo- respondeu Annabeth, ela parecia uma guia de turista falando.

–Chalés?

–Sim, cada chalé é para os filhos de cada Deus, quando vocês forem designadas poderão lutar pela sua equipe e não, não é sempre a mesma equipe- disse prevendo a próxima pergunta de Laíz.

–Os chalés que vão liderar o próximo jogo ficam negociando com os outros, como mais tempo no chuveiro ou trabalhar na cozinha- disse Percy, ele parecia entender tudo disso, me perguntei se ele era bom nessas coisas de luta.

–Quando nós seremos designadas, quer dizer, os nossos pais vão mandar um cheque pensão ou uma carta?- eu perguntei

–Provavelmente hoje à noite no jantar e os Deuses mandam um sinal, o símbolo deles em cima de sua cabeça- disse Di Ângelo

–Legal, quando é o jantar, preciso saber quem é meu pai para poder odiar a pessoa certa pelo resto de minha vida- disse sorrindo de jeito amigável

–Não precisa odiar seu pai, você está aqui em vez de morrer pelo mundo na mão de um monstro, eu só te achei porque seu pai pediu ajuda para o meu e mandamos uma de nossas fúrias te vigiar.

–COMO É QUE É?- eu gritei- VOCÊ SABE QUEM É MEU PAI DI ÂNGELO?

–Não, eu só sei que ele procurou o meu. Juro que não sei quem ele é.

–Quem é seu pai?- eu perguntei, estava explodindo de raiva e queria saber em quem meu pai recorreu para me espionar

–Hades, o deus dos mortos- respondeu ele, que parecia estar com medo de mim. Na verdade acho que todos estavam, pois se mantinham calados olhando para a cena

–POR QUE MEU PAI PEDIU AJUDA PRO SEU SE ELE NEM SE IMPORTA COMIGO?EU NÃO PRECISO DA AJUDA DELE E NUNCA VOU PRECISAR!- eu tava com muito ódio mesmo, pois não gosto quando pessoas tentam me ajudar achando que não consigo cuidar de mim mesma.

–Lia calma, seu pai tinha uma razão e provavelmente o meu também para nunca nem mandar um e-mail com “Oi”, mas tenho certeza que ele se importa com você senão já estaria morta- disse Laíz, pode não parecer, mas isso ajudou e muito, ela quase nunca tinha frases filosóficas então quando dizia uma, eu ouvia.

–Tem razão, podem continuar nos mostrando o acampamento- eu disse, mas os outros pareciam não acreditar

–Está tudo bem mesmo?- perguntou Percy, ele estava realmente preocupado

–Sim, vamos continuar o tour- eu disse e estava falando a verdade, mas mesmo com meu pai se importando comigo, eu jamais o perdoaria.

Continuamos o passeio, eles nos mostraram a praia, cada chalé e explicaram os poderes e nomes de cada deus e até contaram historias deles, como a da medusa (Percy se gabou de te-la matado), o minotauro (Percy se gabou de te-lo matado DUAS vezes), os doze trabalhos de Hércules (Percy se gabou de também ter enfrentado a maioria) e um monte de outras (Percy precisa me levar para a próxima aventura dele, o cara se gabou tanto que se ele fizesse mais alguma coisa surpreendente EU ajudaria os monstros a se vingar).

Quando terminamos Annie (ela prefere que a chamem assim, mas fica meio difícil por causa da Ane), Percy e Nico quiseram ficar andando por aí com agente, fomos para arena olhar o pessoal lutando. Parecia bem legal, principalmente porque algumas garotas estavam dando uma surra nos moleques, uma delas Percy me disse que era Clarisse La Rue, ela lutava muito bem com sua lança elétrica e o garoto com que praticava (aquilo não podia ser considerado como luta, pois só Clarisse batia) foi estirado no chão em 10 segundos. Uma outra menina foi um pouco mais tarde, foi em 15.

As duas estavam saindo da arena e vieram falar com agente:

–E aí Percyana, quem são as novatas- disse Clarisse, agora que estava mais perto deu para distinguir seu rosto, ela tinha olhos castanhos puxados pro vermelho, era grande e forte, parecia que estava treinando no acampamento há muito tempo.

–Julie, Ane, Laíz e Lia- respondeu ele, pelo visto estava acostumado a ser chamado por ela de Percyana e confesso que achei esse nome hilário, estava pronta para usá-lo no melhor momento.

–Oi, meu nome é Clarisse La Rue- ela disse, mas não estendeu a mão, dando o maior vaco em Ane e Julie, tive vontade de gravar, pois a cara que as duas fizeram foi melhor do que ver o Barney caindo num lago porque foi empurrado por uma garota de oito anos (essa garota era eu).

–Oi meu nome é Pâmela Beau Soleil- disse a outra garota, ela era alta, tinha cabelos castanhos lisos e armados, olhos da mesma cor e parecia bem simpática, aquele tipo de gente que deixa qualquer um feliz- Sou filha de Apolo.

–Eu sou Raquel Leppers- disse uma menina que eu nem tinha notado, parecia ter a mesma idade que eu, tinha pele bem bronzeada, cabelos castanhos escuros curtos até o ombro e usava óculos- Sou filha de Dionisio.

–Deve ser bem chato ser filha dele, tipo, ele acabou de me ameaçar, só que eu não ligo- eu disse

–É às vezes é horrível, mas tem horas como quando alguém me irrita ou algo assim ele expulsa essa pessoa ou quando faço alguma coisa errada e alguém conta papai nunca acredita- ela respondeu, deve ser a queridinha do acampamento, ela deve usa o fato de seu pai ser o diretor do acampamento pra ferrar com todo mundo, odeio esse tipo de gente.

–Certo, que legal- disse Ane, ela parecia incomodada como eu, pensando bem, todas olhavam para Raquel com cara de “que menina imbecil”.

–RAQUEL, VEM!- gritou um moleque a uns metros de distancia, ele BEM bonito, quer dizer, eu nem tava perto dele, mas percebi isso o que prova que ele é lindo.

–TO INDO- gritou ela de volta com um sorriso idiota na cara- Thau gente, meu namorado chama- disse e eu não acreditei que um cara como ele tava saindo com ela, quando a filhinha de papai tava a meio caminho, voltou e falou para Nico- Eu estou com ele, mas largaria qualquer um por você.

Depois foi até o namorado, eles se beijaram (leia-se pareciam desentupidores de pia) e sumiram no caminho que dava para o lago, Di Ângelo tava com a maior cara de nojo que eu já tinha visto na vida, eu tava curiosa então perguntei:

–Se não gosta dela né?- eu tinha concluído isso sozinha, mas precisava perguntar, curiosidade de mulher um dia ainda cria uma guerra.

–Não. Essa coisa feia que gosta de mim, por que Zeus ela tinha que ter nascido?POR QUÊ?!- ele olhou pra cima e perguntou aos céus.

Fomos para a praia e passamos o resto da tarde conversando, tanto que nem vimos quando começou a entardecer, é meio difícil perceber as horas com Percy, Nico, Rafael (irmão de Pâmela, tem a mesma idade que agente), Travis e Connor Stoll (são filhos de Hermes). Todos eles ficam fazendo piadas dos um milhão de monstros que Percy enfrentou, ou das mil e uma vezes que Annie salvou a vida dele.

Quando ouvimos uma trombeta soar fomos para o pavilhão, eu estava muito tensa pois finalmente saberia quem era meu pai, estava sentindo que esperei minha vida toda pra isso, mas não sabia se mudaria alguma coisa, quer dizer, eu não tinha irmãos e meu pai poderia ter outros filhos, só que fora isso, nada.Como eu estava errada.

Entramos em um grande refeitório, pode-se dizer assim, mas sem o teto e com enormes mesas de pedra, era um lugar bem estranho, com lápides dos tempos gregos. Eles devem gostar disso por aqui, foi a primeira coisa que me veio a cabeça quando cheguei. Nesse lugar tinham chalés com estruturas daquela época, um refeitório do mesmo jeito e o que falta?Roupão branco do Hércules da Disney só se for.

Eu e as meninas estávamos completamente perdidas, todos já tinham ido se sentar e Annabeth disse para ficarmos com os filhos de Hermes até que fossemos designadas, só que se esqueceu de dizer ONDE estavam eles. Travis e Connor sumiram na multidão de adolescentes (grande maioria são por volta dessa idade, só bem poucos eram crianças), então nem adiantava tentar achá-los.

Por não saber aonde ir ficamos lá paradas até que vi uma luz rosa estranha vinda de cima de Ane, ela também parecia não estar entendendo nada, pois ficou encarando o brilho como se fosse um alienígena, depois as roupas dela ficaram rosa e se formaram, como se elas se juntassem e em dois segundos minha amiga estava com um vestido amarelo meio dourado, com alças que se juntavam atrás do pescoço deixando suas costas de fora, o cumprimento era um palmo antes do joelho e os sapatos brancos faziam a roupa parecer francesa já que um lindo laço da mesma cor estava amarrado em sua cintura.

Uma garota se levantou da última mesa e foi até Ane, depois pegou sua mão e disse:

–Você é minha irmã, é uma filha de Afrodite- o sorriso dessa menina era tão grande e bonito que era difícil não sorrir também. Ela a levou na mesa onde tinha acabado de se levantar e ofereceu um lugar ao seu lado.

Nesse momento o desenho de uma coruja apareceu em cima de Juli e que nem tinha percebido, Laíz apontou para a imagem e ela finalmente viu, depois soltou uma exclamação de felicidade, pois como eu já sabia Athena era uma de suas deusas preferidas. Annabeth se levantou, mas foi Julie que foi até ela, pelo visto estava bem feliz senão nem teria quase caído no caminho para mesa e batido o dedo tentando se equilibrar.

Laíz estava rindo da cara de Julie quando uma caveira surgiu sobre sua cabeça, era praticamente idêntica a bandeira de um navio pirata só que sem os ossos cruzados, o brilho negro pairou sobre minha amiga e em menos de cinco segundos desapareceu. Todos no pavilhão olhavam estupefatos para o lugar onde o símbolo aparecera e se levantaram de repente, Quíron saiu de trás da mesa onde estava comendo e disse:

–Filha do rei dos mortos, salve Laíz Zeikart a nova princesa do mundo inferior, nova filha de Hades- todos se curvaram para ela e eu não entendi por que já que ninguém fez isso com Julie ou Ane. “Esse povo é tudo louco” concluí.

Nico se levantou e caminhou lentamente até sua nova irmã, ele tava com uma cara de Mané que merecia até foto, estendeu a mão e Laíz a pegou, depois saíram andando onde provavelmente era a mesa deles, quando se sentaram todos os olhares se voltaram para mim, esperando saber quem era meu pai e eu o amaldiçoe por não ter me reconhecido antes para não ter que ficar ali parada como uma lesada.

Vi todas as caras do salão se modificarem de curiosidade para total e inimaginável espanto quando um tridente surgiu logo a cima de mim, “então é ele” pensei, pois já tinha adivinhado. De novo como fizeram com Laíz, todos se levantaram e esperaram a frase de Quíron:

–Filha do deus dos mares, portador das tempestades e criador dos cavalos, salve Eliza Letter Crazier filha de Poseidon- tenho que admitir, um monte de pessoas se ajoelhando pra você deixa qualquer um desconfortável, principalmente quando um ser grita:

–EU TENHO UMA IRMÃ?- sim, este é Percy berrando para o mundo e quem quer que seja, sério tenho certeza que os marcianos do filme “guerra dos mundos” ouviram.

Caminhei até onde ele se encontrava e me sentei a seu lado como se fizesse isso todos os dias, mas não dava pra passar a impressão de que eu não tava ligando pra nada com o meu novo irmão que ninguém informou que existia me encarando, eu me sentia um peixinho no aquário sendo observado de perto (N/A: a metáfora não tem nada a ver com ela ser filha de Poseidon).

–Desculpa, mas ficar me olhando não muda o fato de termos o mesmo pai, se você não quer ser meu parente, como diz o ditado: os incomodados que se mudem- eu não queria ser ignorante porque Percy é muito legal (eu só passei uma tarde com ele e já pude perceber isso), mas ele tava me irritando, odeio quando pessoas me irritam se estou irritada, tudo só me deixa mais irritada e me ver irritada não é uma coisa muito boa.

–Não querer ser seu parente? Agora tudo que eu mais quero é ser seu parente, eu só tinha Tyson, mas a partir desse momento você é minha irmãzinha- disse ele todo feliz

–Você me aceita?Quem é Tyson? Espera aí, se me chamou de que?- eu tava tentando processar tudo que ele disse só que tava meio difícil, mas uma coisa eu entendi, o cara me chamou de irmãzinha e eu nem dei essa liberdade.

–Tyson é nosso irmão e eu falei que você é minha irmãzinha- a cara de alegria dele era tão contagiante que eu até me esqueci de ficar com raiva.

–Então você é meu mano- arranjei um apelido carinhoso, percebi que se o chamasse de cabeça de alga me ferraria porque, afinal, também sou.

Nos servimos e jogamos comida no fogo, Percy disse para eu falar o nome de um deus que o meu jantar ia servir como oferenda, eu disse o nome de Poseidon, mas também disse “você nunca será um pai pra mim”, eu acho que ele nem liga, mas se ligar foda-se.

Depois de todos comerem, fomos para a fogueira, Percy me disse (esse cara só fala) que lá os campistas cantam e se divertem, sentei do seu lado esquerdo e Annie do direito, ela me disse:

–Bem vinda à família, cunhadinha das algas- eu não disse? Alguém tinha que arranjar apelido

–Obrigada, cunhadinha Google- eu não podia deixar barato

Era realmente muito legal, eu pensei que só cantariam musicas de acampamento, mas também cantou umas atuais da Lady Gagá, Beyoncé, Shakira e umas outras, mas teve uma hora que Quíron perguntou quem queria ser o próximo e Nico me empurrou por traz, todos olharam pra mim e eu disse:

–Eu não quero cantar gente, é que... –antes de eu terminar a frase Di Ângelo fez todos gritarem “canta,canta,canta” e eu o fuzilei com o meu melhor olhar do mal, depois peguei o violão e comecei:

My world (Avril Lavigne)

Please tell me what is taking place,

Cause I can't seem to find a trace

Guess it must have got erased somehow

Probably cause I always forget, everytime someone tells me their name

It's always gotta be the same (in my world)

_

Never wore cover up, always beat the boys up

Grew up in a 5000 population town

Made my money by cutting grass, got fired by a fried chicken ass

All in a small town Napanee

_

You know I always stay up without sleeping

And think to myself

Where do I belong forever

In who's arms the time and place?

_

Can't help it if I space in a daze

My eyes tune out the other way

I may switch off and go in a daydream

In this head my thoughts are deep

And sometimes I can't even speak

Would someone be and not pretend

I'm off again in my world

_

I never spend less than an hour, washing my hair in the shower

It always takes five hours to make it straight

So I'll braid it in a zillion braids, so it may take all friggin' day

There's nothing else better to do anyway!

_

When you're all alone in the lands of forever

Lay under the milkyway

On and on it's getting too late out

I'm not in love this time this night

_

Can't help it if I space in a daze

My eyes tune out the other way

I may switch off and go in a daydream

In this head my thoughts are deep

And sometimes I can't even speak

Would someone be and not pretend

I'm off again in my world

_

It takes some time

Mellow out, party it up

But don't fall down

Don't get caught sneak out of the house

_

Can't help it if I space in a daze

My eyes tune out the other way

I may switch off and go in a daydream

In this head my thoughts are deep

And sometimes I can't even speak

Would someone be and not pretend

I'm off again in my world

_

Can't help it if I space in a daze

My eyes tune out the other way

I may switch off and go in a daydream

In this head my thoughts are deep

And sometimes I can't even speak

Would someone be and not pretend I'm off again in my world

Quando terminei os campistas me aplaudiram, eu entreguei o violão e saí correndo atrás de Nico, depois que eu consegui pegá-lo nós voltamos à fogueira e ele tava todo ferrado, com marcas de pé na camisa (eu o chutei), com a cara toda marcada de mãos (bati na cara dele) e todo molhado (tentei afogar ele). Foi legal, bater em um menino enquanto ele grita que nem garotinha é muito divertido, mas eu não machuquei de verdade, ele se estapeou tentando fugir de mim e acabou se jogando no lago, eu só chutei o cara.

Quando ia dar umas 10h00min Quíron mandou todos irem dormir, Percy me levou até o chalé 3, era bem estranho, pois tinham conchas por todo o lado de fora e por dentro tinha um cheiro salgado que, não sei por que, eu gostei. Eu fui tomar um banho pra relaxar o corpo, quando já ia deitar (fiquei na parte de baixo do beliche de Percy) percebi que não tinha pijama, na verdade, eu só tinha a roupa que estava vestindo a não ser a camisa que eu troquei pela laranja do acampamento. Eu por acaso já disse que eu e minha amiga Ane ás vezes pensamos a mesma coisa? Se não, é exatamente isso que acontece e a prova é que bateram na porta do chalé e lá estava ela, com uma muda de roupas.

–As minhas irmãs me deram várias coisas de presente e eu lembrei que você não está com seu pijama e nem com nenhuma roupa, então trouxe isso, mas eu só peguei algumas calças e poucas blusas já que temos de usar a do acampamento- disse ela

–Brigada, se não fosse você eu teria que dormir assim, mas Laíz e Julie também não têm nada pra vestir lembra?- eu perguntei, pois ela é meio (muito) esquecida.

–Ah é- eu não disse?- Vou levar roupas pra elas, boa noite- disse e foi embora

Vesti meu pijama no banheiro e me deitei para dormir, esse foi um dia bem cheio e o mínimo que eu queria era não sonhar, mas eu só me ferro mesmo.