Eu acordei e lancei um rápido olhar para o relógio, fazia apenas duas horas que eu havia dormido e agora eram duas da madrugada, a luz cintilante da lua iluminava metade do quarto devido ás janelas de vidro e ás cortinas um pouco abertas, o resto em total escuridão.
Uma leve brisa atravessou a janela um pouco aberta, espalhando ainda mais o cheiro dela pelo quarto, eu sorri automaticamente e olhei-a feliz, a abracei um pouco mais e beijei seus cabelos negros.
– Sem sono?
– Te acordei?
Rukia apoiou o queixo em meu peito e me olhou com uma sobrancelha erguida.
– Responder a uma pergunta com outra pergunta? Está se tornando uma mania sua. – ela falou –
– Por que acha isso?
Ela riu levemente.
– Por que será? – ela ironizou -
– Desculpe, eu nem percebo. E sim, sem sono.
– Não, você não me acordou.
Rukia me abraçou e voltou a deitar a cabeça em meu peito.
– Rukia...
Ela voltou a erguer o rosto para mim.
– Você é a única.
Ela sorriu e me deu um rápido beijo.
– Você também é o único.
– E...antes de mim, já teve namorado?
– Claro. – ela respondeu sorrindo convencida –
Eu fechei o sorriso.
– Nome, número de identidade e localização atual.
– Nem pensar, não quero te ver na cadeia por homicídio. – ela falou gargalhando –
– Eu não ia mata-lo...só...iria faze-lo sofrer um pouco...
– Eu estava brincando. – ela riu - Sabe...você precisa parar de ficar ouvindo os conselhos de “como manter a Rukia segura” do nii-sama.

– O que? Você sabia que eu tava recebendo umas dicas? – indaguei surpreso –
– Nii-sama sabe...eu sei... – ela falou erguendo uma sobrancelha –
– Ah, é mesmo... – murmurei desanimado –
– É sério...para de ouvir o que ele diz...pelo menos...tudo o que ele diz...
– Mas ele tem umas dicas tão legais...como a tortura do algodão doce no parque ou como afastar um idiota chato no cinema deixando a musiquinha da Nokia tocando perto do ouvido dele e... – falei me empolgando –
– Chega. É sério...antes, quando vocês estavam separados, era horrível...agora...vocês juntaram forças e vocês estão piores ainda.
– Valeu. – eu sorri animado – Eu estou dando meu melhor, Byakuya disse que eu estou me saindo bem e...
– Ichigo...eu disse pra parar...Quando minha mãe disse que era pra eu ter cuidado ao andar com vocês dois...pensei que ela estava brincando.
– Hiza exagera. – murmurei emburrado –
– Não, ela não exagera nem um pouco.
– Exemplifique...
– Lembra quando eu, você e nii-sama fomos pra praia?
– Ah... – eu disfarcei rapidamente – Não foi nada...
– Vocês dois correram trás de um garoto de 15 anos só por que ele disse que eu era bonita. – ela falou indignada – O garoto deve ter ficado traumatizado.
Eu gargalhei.
– Eu consegui alcançar ele antes do Byakuya. – falei divertido –
– E isso torna tudo melhor.
– Ah Rukia, não conseguimos evitar...é...instintivo...
– Eu sei... – ela falou sorrindo levemente -
Nós voltamos a mergulhar no silencio e por instantes eu pensei que Rukia tivesse voltado a dormir.
– Ichigo... – ela murmurou –
– Hum?
– Me sinto completa com você.
Nos olhamos firmemente por longos segundos, até eu sorrir radiante.
– Me sinto completo contigo também. – eu falei deslizando a ponta do meus dedos pela face dela –

– Te amo.
– Também te amo.
Eu segurei-a pela nuca e a beijei intensamente, ela me abraçou pelo tórax enquanto eu lentamente a colocava abaixo de mim, eu não sabia mais como dizer o quanto a amava, somente aquelas palavras eram insuficientes, ela me fazia o homem mais feliz do mundo e sim, estávamos prontos para aquele importante passo.
– Rukia... – eu falei ao parar de beijá-la, ambos ofegantes –
– Fala. – ela murmurou com a respiração dificultada –
– Quero...te pedir uma coisa...
Eu a olhei diretamente nos olhos e por instantes parecíamos ter prendido a respiração.
– O que quiser. – ela falou me olhando -
– O que sinto por você...nunca foi algo passageiro, desde o momento em que te vi eu sabia que você não seria como todas as outras e quando eu me apaixonei...eu tive certeza de que não era uma paixão adolescente. E mesmo que eu tenha sido um covarde, algum dia eu conseguiria te falar o que sentia, pois a partir do momento em que você entrou na minha vida...eu soube que você seria dona dela.
Rukia sorriu lindamente para mim, aquele mesmo sorriso que me perturbava e me fazia feliz, o sorriso que me fez amá-la.
– É por isso que eu te peço agora...
Eu estiquei rapidamente meu braço para o lado e abri a gaveta do criado-mudo, pegando um objeto de seu interior, eu abri a pequena caixa com uma mão e mostrei a ela o fino anel que brilhava á luz da lua.
– Rukia...case-se comigo...
Os olhos dela brilharam levemente enquanto ela sorria feliz.
– Exatamente...quatro anos... – ela murmurou baixinho – Eu aceito.
Eu sorri radiante e coloquei o anel no dedo dela, lancei a caixa para o lado sem me importar e a beijei em seguida.
– Amo você. – ela falou passando as mãos em meu rosto –
– Também amo você, te amo tanto que nem mesmo essas palavras são suficientes.

– Esqueça as palavras. – Rukia sussurrou, me puxando para junto de si, nos fazendo colar as testas uma na outra – Só me ame.
E mais uma vez eu me senti perdido naqueles olhos azuis.

Nós ficamos olhando para o teto, ambos ofegantes e desnorteados, eu fechei os olhos por instantes e sorri, Rukia deitou a cabeça em meu peito e nos abraçamos.
– Ichigo...
– Fala.
– Você sabe que...vai ter que pedir permissão para casar comigo...ao nii-sama, né?
Eu paralisei por instantes, sentindo Rukia tentar se conter para não rir. O que era pior? Ficar sem Rukia ou morrer? Eu suspirei pesadamente...amanhã terei que comprar alguns equipamentos de segurança, por que não importa o que aconteça, eu vou enfrentar Byakuya. Por ela, eu enfrente tudo. Mesmo assim...ainda não consegui me conter e tudo o que consegui dizer a ela foi...
– Droga. Maldito Byakuya.
E nós dois rimos juntos.