Eu a abracei e beijei seus cabelos, em seguida peguei o lençol e cobri a nos dois, Rukia me deu um último beijo, voltou a deitar a cabeça em meu peito e adormeceu.
Eu permaneci admirando-a em silencio, deslizando a ponta dos meus dedos pelas costas nuas dela, eu me sentia pleno, realizado, completo.
Quando eu acordei ela já não estava em meus braços, me levantei e após fazer minha higiene matinal, desci as escadas e caminhei até a cozinha, ela estava lá e sorriu ao me ver.
- Bom dia. – eu falei ao entrar na cozinha –
- Bom dia. Desculpe, eu usei seu banheiro.
- Sem problemas.
- E... – ela abriu a geladeira e afastou-se para eu poder ver seu interior – Aqui só tem...leite. – ela falou com uma sobrancelha erguida –
- Eu...gosto de leite. – justifiquei –
Nós rimos juntos enquanto ela pegava uma caixa de leite e a colocava sobre a pia, eu caminhei até ela e a abracei pelas costas, beijando-lhe a nuca.
- Acho que tem uma caixa de cereal no armário. – eu falei encostando o queixo em seu ombro –
- Leite e cereal. Com você eu não vou passar fome. – ela falou rindo -
- Tem proteínas. – justifiquei -
- Não passo fome e cresço forte e saudável. – ela continuou –
- Exatamente. – eu falei virando-a de frente pra mim – Alimente-se disso e você ficará como eu.
Ela passou os braços por meus ombros.
- Como? – ela indagou, erguendo uma sobrancelha – Alto, forte e completamente irresistível?
- Eu tava pensando em alegre, divertido e engraçado...mas gostei do que disse.
Ela me puxou pra mais perto enquanto sorriamos e nos beijamos em seguida. Eu me surpreendi um pouco ao nos beijarmos, eu sentia meu peito arder fracamente ao mesmo tempo em que eu sentia meu corpo esfriar, era uma sensação deliciosa.

Eu passei meu braço direito pela cintura dela e coloquei minha mão esquerda em sua nuca, ela me segurou pelos cabelos e o beijo ficava mais intenso a cada segundo. Eu a abracei mais e quase a tirei do chão, depois de instantes nos separamos poucos centímetros e permanecemos com os olhos fechados, a respiração estava difícil, nos olhamos e após nossa respiração acalmar um pouco, sorrimos e trocamos mais um beijo antes de nos separarmos completamente.
- Sou eu ou está quente aqui? – indaguei brincando –
Ela soltou uma leve gargalhada.
Depois que comemos, eu comecei a lavar as louças enquanto Rukia ficou me observando encostada na mesa.
- Rukia... – comecei enquanto ainda lavava as louças – Em algumas vezes...eu presenciei alguns...momentos de você e Byakuya...jogando...
- Continue. – ela falou interessada –
- Tem um jogo que eu não entendi...um em que um de vocês dois propõem algo e então os dois falam seis dessas coisas...as mesmas coisas...
- Sei de qual está falando, continue.
- Então...como se vence esse jogo? Certa vez vocês disseram as seis coisas iguais e o Byakuya falou “venci”...como?
- Esse foi um jogo que criamos juntos, a regra é: Cada um propõe algo por vez e sem nos olharmos, temos que dizer seis coisas relacionadas ao que foi proposto. Como exemplo, filmes. Quando começamos a falar os seis, não podemos hesitar e nem errar, quando hesitamos, é como se tivéssemos perdido a concentração um no outro, por isso precisamos nos olhar para poder ter certeza do próximo filme que o outro vai dizer e quando isso acontece, o que propôs que disséssemos filmes, perde, por que foi na vez dele que erramos.
Eu a olhei pasmo enquanto ela sorria tranquilamente.
- Entendeu?
- Acho...que sim...

- Ok. Quando um propõe filmes, devemos dizer os seis sem hesitar, quando hesitamos, é por que não conseguimos saber o que o outro vai dizer, pra sabermos, precisamos nos olhar, quando nos olhamos, completamos a lista, e como não é permitido hesitar, o que inicialmente propôs que falássemos filmes perde a rodada....entendeu?
- Entendi. Espero que saiba que...vocês são bastante assustadores. – eu falei enquanto voltava minha atenção pras louças que agora eu enxugava -
Eu a ouvi rir atrás de mim.
- Sabia que eu te acho lindo na cozinha? - ela falou despreocupadamente –
- Só na cozinha? – indaguei enxugando as últimas peças de louça –
- Não. Mas principalmente na cozinha.
Eu soltei o guardanapo e me virei pra ela.
- Eu não gosto de lavar louça. – reclamei –
- Por que?
Ela mordeu levemente o lábio inferior sem perceber.
- Por que me faz pensar besteiras. – eu falei olhando hipnotizado pra boca dela -
- Que?
Eu rapidamente balancei a cabeça.
- Nada.
- Você precisa aprender a disfarçar melhor. – ela falou coçando a nuca enquanto olhava pro lado –
- Acha?
- Tenho certeza.
- Nossa.
- É. Nossa. – ela voltou a me olhar -
- Enquanto eu não aprendo a disfarçar...tem algo pra fazer hoje? – indaguei ficando em frente a ela –

- Não. – ela falou voltando a morder o lábio inferior –
- Ta fazendo de propósito.
- O que? – ela indagou rindo –
- Você também não sabe disfarçar nada.
- Não? – ela ergueu as sobrancelhas sorrindo perplexa – Então me diga o que eu quero agora. – ela falou ficando com a expressão serena -
Eu a observei em silencio e depois de alguns instantes desisti.
- Eu sou péssimo nisso. – eu falei –
- Você.
- Sim, sou péssimo. – confirmei –
- Não, seu idiota. – ela voltou a sorrir quando eu a olhei indignado – Eu quero você.
Eu fiquei a olhando em silencio, até ela suspirar impaciente e revirar os olhos enquanto erguia os braços pro ar.
- Eu mereço. – ela falou enquanto caminhava pra fora da cozinha – Quando você conseguir entender, me procure. – Rukia falou e em seguida saiu da cozinha –
Eu fiquei olhando confuso pra porta e cocei a nuca, pensativo.
- Ela...quer...a mim...então...isso significa...
Uma luz se acendeu na minha cabeça enquanto eu começava a sorrir e saía correndo cozinha afora.
- ENTENDI, RUKIA.