Ela continuou a ler, enquanto eu permanecia olhando para baixo, por que tenho a sensação de que algo está errado? Renji e os outros rindo, Katsui aparencendo do nada, interessada em mim, querendo me afastar constantemente de Rukia, e agora Katsui parecia querer somente me fazer perder tempo ali, por que Rukia não estava no portão ou em qualquer parte da frente da escola?
- Desculpe... – eu a interrompi novamente – Mas por que você estava ofegante quando voltou? A biblioteca é no outro corredor e não é necessário subir ou descer qualquer escada.
Ela me olhou um pouco surpresa.
- É que...eu estava com pressa e corri.
- Então por que demorou pra chegar aqui?
- Por que eu tropecei...no caminho...por isso...
Eu passei a mão pela testa.
- Tem certeza que não sabe onde Rukia está? Ela me disse que estaria...
- Será que dá pra parar de falar dela? – ela falou com raiva –
Eu olhei-a perplexo, ela enlouqueceu?
- Desculpe? – falei pensando ter ouvido errado –
- Você só fala nela, a todo momento, a toda hora. Só...esqueça dela.
Eu franzi as sobrancelhas.
- Onde está Rukia? – indaguei forçando-me a permanecer parado –
Ela permaneceu em silencio.
- Onde Rukia está?
- Não sei. – ela falou – Quem sabe não está presa em algum lugar.... – ela ironizou, mas eu senti um pouco de verdade naquilo –
Eu caminhei até ela e a segurei pelos ombros, a sacudindo com pouca força.
- O que fez com Rukia? – perguntei já com raiva -
- Nada.
- FALE. – eu estava perdendo a paciência –
Ela se soltou de mim e deu alguns passos para trás.
- Eu só...a tirei do meu caminho.
- Continue. – murmurei travando minha mandíbula –

- Foi só uma brincadeira. – ela falou simplesmente – Eu menti pra ela dizendo que você estava esperando por ela no segundo corredor, então quando ela estava passando pela sala, eu a empurrei e a tranquei lá. – ela respondeu com calma, como se aquilo não fosse nada –
- Que...sala?
- Aquela em que se guarda materiais de limpeza...
Eu a olhei horrorizado, a sala de materiais de limpeza? Eu dei um passo para trás, aquela sala tinha pouco mais de um metro de largura e espessura e pouco mais de dois metros de altura, era uma verdadeira...caixa...
- O que foi? – ela indagou ao ver meu rosto empalidecer –
Eu a olhei furioso e tive que me conter para não fazer alguma besteira.
- SUA IDIOTA. – eu aumentei o tom de voz enquanto corria em direção á porta –
- Por que você...
Eu parei na porta e a olhei com raiva.
- RUKIA TEM CLAUSTROFOBIA.
Ela me olhou assombrada, mas eu não perdi tempo olhando-a mais, corri o mais rápido que consegui até o segundo corredor, alcancei a porta da sala de limpeza e encostei meu ouvido nela.
- Rukia...fale comigo, Rukia...
- Nii-san...nii-san... – eu ouvia ela murmurar –
Nii-san? Mas Rukia não chamava Byakuya somente de “nii-sama”? O que estava havendo com ela?
Eu ouvi Rukia começar a chorar.
- Nii-san, me ajude nii-san, você disse que não me deixaria, você prometeu ficar sempre comigo, então fique comigo, nii-san.
- Afaste-se da porta, Rukia, eu vou abri-la.

Ela não respondeu e eu tive medo daquele silencio perturbador. Eu me afastei um pouco e em seguida investi contra a porta, batendo meu ombro com violência contra a mesma, por sorte a porta não era tão resistente, ela pendeu para o lado e eu entrei rapidamente, Rukia estava encostada na parede, os braços apertando o próprio corpo, o queixo batendo com violência, como se ela estivesse congelando, os olhos escuros, como se ela estivesse caindo no vazio. Eu a puxei para fora da sala e ela me abraçou com uma força anormal, apertando as mãos em meus braços. Eu tentei acalmá-la a abraçando, mas ela continuava a tremer e a chorar.
- Rukia...acabou. – eu disse tentando fazê-la voltar a si -
- NII-SAN... – ela falou mais alto e repetidamente, sem parar de chorar – Faça-os parar, nii-san, faça-os parar.
Eu a abracei mais forte, sentindo-me completamente inútil, eu não conseguia nem ao menos protegê-la, eu nem conseguia tirar o desespero dela.

- Acalme-se, Rukia. – eu falei enquanto ela se debatia em meus braços –

- NII-SAN. – ela não parava de se debater, enquanto eu tentava mantê-la junto a mim –

- Meu amor... – eu murmurei a abraçando mais, sentindo meus olhos ficarem mareados -
No instante seguinte eu ouvi passos em nossa direção, eu ergui o rosto e vi Byakuya caminhando até nós apressado, dessa vez ele não fez questão de esconder sua presença caminhando silenciosamente. E eu não iria perguntar como ele sabia que estávamos aqui, a resposta seria o mais normal possível “Eu somente sei”.
- O que houve?
- Uma aluna a prendeu nessa sala...
Byakuya me olhou assustado, parecia entender a continuação da história, ele puxou Rukia de mim e a abraçou.
- Perdão Rukia, você está sofrendo novamente tudo aquilo, não é? – ele murmurou angustiado -
- Do que...está falando?
- Não tenho tempo pra explicações. – ele falou e pegou Rukia no colo – Prometo que vai ficar tudo bem. – ele falou voltando-se para Rukia –
- Eu vou com você.
Byakuya começou a caminhar apressado.
- Que seja. – ele respondeu –
E eu rapidamente corri para alcançá-lo.