O intervalo foi anunciado e eu me levantei tão depressa que meus amigos até se assustaram ao meu lado, eu nem mesmo aguardei que todos saíssem da sala e quando eu cheguei até Rukia, metade dos alunos ainda estava presente.
- Rukia... – ela me olhou – Vamos? – falei prendendo minha raiva em minha garganta –
Ela franziu as sobrancelhas confusa, mas em seguida se levantou, Kaien se levantou juntamente com ela.
- Ei, quem você pensa que é? – eu indaguei irritado –
- E quem VOCÊ pensa que é? - ele replicou –
Rukia, que estava entre nós dois, olhou de um a outro e em seguida suspirou cansada.
- Será que dá pra pararem com a infantilidade? – ela falou -
- Eu já convidei a Kuchiki-san pra caminhar comigo.
- E o que ela respondeu? – eu perguntei debochado –
- Bem... – ele olhou pro lado – Ela disse que não...mas...
- Vamos Rukia. – eu falei a puxando para meu lado –
- Isso não quer dizer que você pode chegar agindo como se fosse o namorado dela. – ele falou com raiva –
- Acontece que eu SOU o namorado dela.
Agora sim todos nos olhavam, e pela primeira vez eu não me importei, Rukia cruzou os braços e suspirou enquanto fechava os olhos, o que significava claramente que ela não estava nem ligando pro que ia acontecer no final, Kaien me olhava estático, olhou pra Rukia e voltou a olhar pra mim.
- Sério?
- Muito sério.
- Que falta de sorte. – ele resmungou –
Eu cerrei os dentes, mas que abusado.
- É, que falta de sorte a sua. – repliquei enraivecido –
- Foi um prazer te conhecer, Shiba-san. – Rukia falou com calma – E desculpe pela confusão. – ela sorriu pra ele e eu o vi quase babar – Vamos? – ela segurou meu braço –
- Vamos. – murmurei ainda olhando o cara novo desconfiado, acho que agora sei como Byakuya se sente –
- Mas o que foi aquilo? – ela comentou ao sairmos da sala -
- Que? – me fiz de desentendido –
- Não se faça de inocente. – ela riu –

- Aquele cara tava se atirando. – resmunguei emburrado –
- Desculpe, mas...você ficou idêntico ao nii-sama agora. – ela riu ainda mais e eu não consegui ficar mais sério –
- Não sei se levo isso como um elogio. – eu brinquei e em seguida recebi um soco no ombro – AI.
Lembram que quando a Rukia me ajudou a recolher meus livros nos primeiros dias de aula do ano passado eu havia descrito a mão dela como “aparentemente frágil”? Eu acertei, era só na aparência mesmo, por que...caramba, que mão pesada que ela tem, eu acho que meu ombro nunca mais será o mesmo.
Mais uma coisa, quando a Rukia me bateu com aquele livro de história no ano passado, no dia que eu perguntei se ela batia bem da cabeça, doeu pra caramba, só que eu pensei que a maior parte era pelo tamanho do livro, mas depois desse soco percebi que é ela mesma que tem força, tem muita força.
Nós caminhamos pelo corredor e Rukia entrelaçou sua mão a minha, eu senti meu rosto corar quando todos viraram-se para nos olhar, maldição, por que eles precisavam nos olhar tanto? E por que todos de uma só vez? Eu senti Rukia passar a mão livre em meu braço, eu a olhei e ela sorria levemente pra mim.
- Não se preocupe. Basta ignorar. – ela murmurou –
- Fácil falar. – murmurei –
Ela acertou outro soco em meu ombro.
- AI, Hei, quando foi que você ficou tão violenta? – indaguei indignado –
E aquela garota meiga e gentil?

- Eu gostei de ver o jeito que fica sua expressão quando te bato. – ela falou sorrindo divertida – Por isso voltei a te bater.
Ótimo, ela gosta da minha cara de dor quando me bate. To achando que eu vou apanhar bastante...E mais...eu acho que estou começando a perder o movimento do meu ombro.
Algumas semanas se passaram, e apesar de já saber do comprometimento da Rukia, Kaien continuava a ficar se insinuando pra ela, apesar de ficar dizendo cinicamente querer ser somente “amigo” dela.
O fim de mais um dia de aula acabou, eu passei o braço pelos ombros de Rukia e olhei com ciúmes pra Kaien que acabara de fazer mensão de acompanhá-la até a saída.
- Vamos juntos. – eu falei o fuzilando com o olhar –
Kaien também me olhou com raiva e após se despedir de Rukia, foi embora.