Sobre A Pele escrita por Selena West


Capítulo 10
A revolta (parte I)


Notas iniciais do capítulo

Tive de separar este capitulo em dois, senão ficaria muito grande. Enfim, boa leitura.



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Viola passou o domingo de castigo. Seu pai descobriu as garrafas de vodka e cerveja nos lixos da casa. A irmã de Viola se isentou de qualquer culpa. Era o trato delas, Monica conseguia as bebidas e Viola não contava a ninguém de onde ela veio.

 A ruiva passou o domingo remoendo a cena de Alice e Mattia. Viola não era o tipo de garota que aceitava fácil que alguém pudesse ser melhor do que ela. Ainda mais se esse alguém fosse uma de suas seguidoras- barra- amigas. Estava decidido. Alice estava fora.

No dia seguinte Viola chegou antes das amigas na escola e avisou todas de que Alice não faria mais parte do grupo delas. Alessandra foi a única que contestou a decisão de Viola. Ela realmente sentia alguma simpatia por Alice. Viola deu uma escolha para Alessandra. Ela ou Alice. Sem hesitar Alessandra escolheu Viola. Como Alice, ela acreditava que fazer parte do grupo de Viola era o caminho mais fácil para ter amigos naquela escola.

Alice se sentia um pouco culpada por ter mentindo sobre o que aconteceu entre ela e Mattia na festa. Entretanto não contaria a verdade. Viola a chamaria de mentirosa e covarde.

Alice chegou atrasada na escola por causa de um engarrafamento perto de sua casa. Na sala de aula todas as garotas já estavam em seus lugares usuais. Giada ao lado de Alessandra. Viola logo atrás o lugar de Alice vazio ao lado dela e Giulia na carteira mais adiante. Alice colocou sua bolsa sobre sua mesa, mas antes que pudesse sentar, Giulia tomou a cadeira. Viola deu um sorriso diabólico para Alice.

“Está ocupado.” Giulia disse séria.

“Mas este é o meu lugar.” Alice defendeu.

“Não é mais querida” Viola fez sinal para ela fosse embora. “Você não faz mais parte deste grupo.”

Alice pensou por um segundo que Viola sabia sobre a sua mentira. Era impossível. Alice não contou e Mattia não faria isso. Faria?

“O que houve Viola? Nós somos amigas.” Alice sentiu um nó na garganta.

“Alice. Você realmente achou que eu seria amiga de uma esquisita como você?” Viola deu uma gargalhada sonora. “Por favor, eu tive pena de você. Tão solitária, tão esquecida, tão... Tão inútil. Foi divertido, mas acabou.”

“Viola?” Alice estava chorando.

“Oh não! Você está chorando?” Viola e as amigas riram. “Pobrezinha vejam ela está se desfazendo em lagrimas.”

Viola usou de toda a sua maldade e frieza para atacar Alice. Ela não se sentiria satisfeita até que Alice estivesse no chão.

“Já deu seu showzinho? Agora some daqui e volta pro seu buraco. Alias da onde você nem deveria ter saído.” Alice podia ver a maldade de Viola em seus olhos.

As lagrimas caiam sem parar dos olhos de Alice. Ela não se importava que o corredor estivesse cheio de alunos. Poucos olhavam quando ela passava por eles. Talvez Viola tivesse razão ela era esquecida. Invisível. Ela se sentia uma idiota por ter acreditado em Viola. Desde do inicio ela sabia que Viola era má, sempre foi. Alice correu para o banheiro e se trancou em uma das cabines e chorou como poucas vezes na sua vida. Ela sequer se preocupava em abafar os soluços altos que saiam de sua boca.

Mattia estava sozinho encostado em um canto do corredor. Denis não pareceu na escola naquela manhã. Provavelmente não queria falar com Mattia tão cedo. Mattia viu Alice passar chorando. Ao contrario do que Alice pensava, ela não era invisível, não para Mattia pelo menos. Ele a seguiu até o banheiro e hesitou na porta. Era contra as regras um garoto entrar no banheiro feminino. Mattia não queria se meter em encrenca, mas Alice realmente parecia triste. Ele não compreendia por que quilo o abalava tanto.

Alice pegou o estilete que carregava em sua mochila. Nunca pensaria em se cortar em outras situações, porém se aquilo tirasse toda aquela tristeza de dentro dela não seria tão ruim. A mão tremula de Alice segurava sem muita convicção o cabo vermelho e lilás do objeto. A lâmina brilhou contra a luz florescente do banheiro. Um reflexo frio e sem vida como o olhar de Viola. Alice respirou fundo três vezes antes de encostar o estilete em seu pulso. O metal era frio. O sangue escorreu pele clara de Alice que soltou um gemido de dor agoniado. Aos poucos os problemas davam lugar a dor e ao liquido vermelho que escorria de seu braço.

Mattia inspecionava cada cabine do banheiro feminino a procura de Alice. Torcia para que nenhuma garota entrasse no banheiro. Seria difícil explicar sua presença ali. Quando Mattia ia abrir mais uma porta vazia. O gemido de Alice fez com que ele congelasse. Depois de alguns segundos Mattia bateu na porta da cabine onde Alice estava trancada. Alice não respondeu. Ela se perguntava quem era. Seria Viola e suas amigas? A faxineira? Ao algum curioso? Que fosse o Papa! Alice não abriria aquela porta. Seu pulso ainda sangrava. Parecia que nunca pararia de sair sangue dali. Mattia bateu novamente na porta.

“Alice.” Ele chamou.

A garota levou um tempo para reconhecer a voz de Mattia. Poucas vezes o ouviu falando.

“O que você quer?” Alice disse rispidamente.

Mattia não sabia o que ele queria. Na verdade, não queria nada.

“Você está bem?”  Mattia suspirou. ” Te vi chorando no corredor.”

Mattia se escorou na porta.

“Você não tem nada a ver com isso!”

De certa forma ele tinha. Já que Viola expulsou Alice por inveja de sua relação, que sequer existia, com Mattia. Mas nenhum dos dois sabia disso.

O pulso de Alice não parava de sangrar acabou sujando a blusa dela.

“Ai, droga!”

Alice finalmente abriu a porta. ela iria lavar o seu pulso na pia. Mattia sentiu um frio na barriga quando viu o braço e as roupas de Alice cheias de sangue. O sangue ainda saia do corte. Alice já estava entrando em desespero. Ela não poderia acreditar que morreria sangrando no banheiro da escola.

“Deixe-me ver.” Mattia pegou o pulso de Alice.

“Você é médico por acaso?” Ela ironizou.

“O corte que você provocou foi fundo demais. Por pouco não atingiu a sua veia.” Mattia bufou. “Você queria se matar?”

“Não. Eu só queria...” Alice não conseguiu terminar.

“Tirar a dor de dentro de você.” Mattia entendia bem essa vontade. Ele lamentou pela garota.

Mattia enfaixou a mão de Alice com um lenço de cabelo que ela carregava na mochila. O sangue foi estacado, mas ainda precisava de curativos. Na opinião de Alice ela era uma retardada que se cortou por nada que valesse a dor que ela estava sentindo no pulso. Ela notou a agilidade de Mattia para fazer o curativo. Ela se perguntava quantas vezes Mattia já havia feito aquilo. Estancar feridas e fazer curativos. Pela quantidade de cicatrizes em seus braços, foram muitas vezes. Para Alice Mattia era forte, de certa forma.


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