Morta – essa era a palavra que descrevia Madison naquele momento. Morta de medo pra ser mais exata. Ela sabia desde o início que essa história de ficar com o carro dele não ia dar certo. Não mesmo.

Voltou correndo pra casa e correu ao telefone da cozinha.

- Alô? – atendeu Trish com a voz cansada.

- Oi Trish. É a Maddy! Preciso da sua ajuda! – disse ela.

- O que houve? – perguntou Trish já mais séria.

- Pode ir meia hora mais cedo pra escola? – perguntou.

- Claro – disse Trish.

Maddy correu para o quarto e abriu o guarda-roupa. Escolheu um vestido preto com a bainha até o joelho. Ele tinha alças grossas e definia os seios. Calçou um tênis preto e deixou o cabelo solto e acabado mesmo, aparência era o de menos para Madison naquela hora. Desceu as escadas correndo e se dirigiu a cozinha. Sua tia estava preparando panquecas.

- Quer? – perguntou Tia Mary.

- A quero sim – a excitação tomou conta de Maddy por completo. Estava nervosa demais para comer, mas ir com o estômago vazio pra escola não era boa idéia.

- Encontrei esse bilhete na geladeira! Que estranho. Será algum tipo de brincadeira? – perguntou Tia Mary com um pequeno bilhete branco nas mãos.

Madison tocou o papel curiosa e o abriu.

‘Não se preocupe. Peguei meu carro de volta, Seb’.

Filho da mãe – pensou Maddy.

- Acho que deve algum tipo de brincadeira mesmo. Pode deixar que eu jogo fora, já vou indo pra escola. – disse ela.

- Espere querida. Não vai comer sua panqueca?

- Perdi a fome, tia. Desculpe – disse pegando seu casaco e sua mochila.

Saiu pela porta irritada. Ele podia ser o que fosse, mas fazê-la praticamente surtar era sacanagem. Madison caminhou decidida a escola. Não estava nem aí com o Schoolbus ou com táxi. Foi a pé mesmo. Pegou um caminho curto e ao invés de entrar no prédio da Westmerce High School, ela entrou na mesma rua ao lado por onde tinha seguido Sebastian pela primeira vez.

Andou pela rua deserta até chegar na rua sem saída. Não tinha ninguém lá. Aquilo era loucura. Muita loucura mesmo. Mas o que essa criatura planejava fazer...?

Ela se sentou no chão com as costas na parede. Ele teria de aparecer lá. Se não parecesse, ela tinha de arriscar a sorte de algum modo certo?

Esperou mais ou menos meia hora te se cansar totalmente. Faltavam uma hora e meia pra aula começar e ela já estava impaciente. O certo era voltar pra casa. Pra ser sincera, não sabia nem o porquê tinha acordado tão cedo e ido pra li.

- O que você faz aqui? – perguntou Seb aparecendo na entrada da rua sem saída.

- Esperando você pra fazer um barraco! – disse ela irritada.

- O que eu fiz? – perguntou ele se aproximando dela já em pé.

- Nada! Só pegou seu carro sem mais nem menos e deixou uma droga de um bilhete na geladeira!

- Não achei jeito melhor – disse ele.

- E como você entrou no meu quarto? Eu tranco a porta e as janelas antes de dormir! – disse ela.

- Não vou dizer como. Mas você dorme de um jeito engraçado e vou te contar... Você fica muito sexy só de calcinha – disse ele rindo.

Ela o fitou com desprezo.

- Você me viu de calcinha? – perguntou ela mais irritada ainda.

- Vi. Sua coberta tava no chão na hora em que cheguei. Você dorme toda esparramada. Chega assusta quem vê! – disse ele.

- Aff, me deixa em paz Sebastian! É sério! Já disse que ia guardar o seu segredo, agora me deixe viver em paz – disse ela já se retirando.

- Será que vai mesmo? – perguntou ele agarrando ela com os braços antes que ela saísse.

- Me solta! – disse ela – eu vou gritar. Berrar. estou falando sério! Não vou contar pra ninguém que você é um espião! – disse ela já ficando assustada.

- Vai... – ele riu sarcasticamente. – se fosse não teria ligado para Trish teria?

- Como você sabe que eu liguei pra ela? Grampeou o telefone foi?

- Quem sabe – disse ele.

- Me solta! Não quero fazer parte do seu joguinho me deixa em paz. – disse ela.

- Acha que isso é um jogo? Ah é esqueci! Você não sabe de nada – disse ele grossamente.

- Eu só te segui uma vez e você levou isso a sério! A culpa foi sua! Você que disse que era uma escuta! – disse ela.

- Eu estava sacaneando Maddy! Aquilo era um fone mesmo! Só não pensei que você seria tão retardada a ponto de cogitar a idéia deu ser um espião. – disse ele.

- Ótimo então estamos entendidos! – exclamou ela. – você está me machucando.

- Uma ova! Não vou deixar assim Madison – disse ele

- O que você quer então? Tirar minha virgindade? Matar meu pai? Reprovar-me na escola? – disse ela em tom de ironia.

Ele gargalhou.

- De todas as opções a primeira é tentadora. Mas eu já disse que não sou pedófilo que coisa! – disse ele.

Ela virou a cara emburrada. Seb a soltou.

- Escute Madison – ele olhou pra ela – terei de dar um jeito nisso, já que o pessoal do meu trabalho descobriu sobre você. E eles vão me matar se eu não der um jeito então...

- Esquece! Eu vou embora! Se esse for o problema eu me mudo pra Irlanda pra morar com o meu pai! – disse ela.

Madison saiu e ele não a impediu. Mais tarde na escola ela encontrou Trish.

- Oi amiga! Fiquei preocupada – disse Trish abraçando-a.

- Não houve nada, foi um mal entendido. Garotos idiotas – disse Maddy.

- O que está havendo com você Maddy? Você não era assim! – disse Trish.

- Eu sei lá. Ando com muita dor de cabeça. Acho que to perto de menstruar... – disse mudando de assunto.

Ficou pensativa quanto a cena na rua sem saída. Os dois pareciam um casal!

Afastou esses pensamentos da cabeça e foi pra aula.

Na aula de química ficou feliz por ser Wade e não Trish.

- Porque você faltou ontem? – perguntou a ele.

- Não quis vim. Como foi o seu dia? – perguntou ele.

- Cansativo, mas foi bom. Faltou você lá! Trish faz muita pressa  – disse ela.

- Até imagino, não sei como você tolera ela – disse ele.

- Atenção pessoal! – Miranda Grey, a garota mais popular da escola foi pra frente do quadro. – semana que vem, daremos uma festa aqui na escola. Vocês têm que vim com trajes finos e elegantes. E ah! Precisam de um par! – disse ela se retirando.

- Metades dos garotos vão perder o tempo tentando convidá-la, mas estarão perdendo tempo. Miranda tem um novo interesse na escola. – disse Wade.

- Quem? – perguntou Maddy.

- Sebastian Michaelson – disse ele.

- Ah é? – perguntou ela. Maddy ficou pensativa.

- Ela garante que ele vai chamá-la e está louquinha pra ir com ele. Já eu... Queria chamar a Trish! – disse Wade.

- Que ótimo Wade! Chame! Eu apoio totalmente! Trish precisa esquecer o Travis. – disse Maddy.

Passou-se toda a aula de química e Maddy correu para a ala dos armários para pegar seu livro de matemática. E foi surpreendida por ninguém mais ninguém menos do que... Ah... Ele!

- Oi Maddie! – disse Seb.

- Oi cara pálida! – disse ela.

- Vim te chama pra ir a festa comigo! – disse ele.

Ela riu.

- Quer ir a festa comigo?

- Algum problema na pergunta? – perguntou ele a olhando curioso.

- Não. Nenhum. Só não imaginei que ao invés de chamar Miranda você iria me chamar – disse ela coçando a cabeça.

- O que? – Seb riu – Miranda é uma chata e, aliás, você também é. Mas eu já te conheço, já saímos e juntos e a propósito eu já te vi de calcinha! – ele sorriu malicioso.

- Seu idiota! Eu não disse pra ficar longe de mim! Me deixa em paz! – exclamou irritada.

- Se quisesse que eu ficasse longe de você já teria me dispensado, e se você for comigo prometo que te deixo em paz! Promessa é dívida! – disse ele.

- Promete mesmo?

- Prometo.

- Então tá. Eu aceito. – disse ela.

- Preciso ir. Aula de história, até mais – ele acenou e saiu.

Ela realmente não entendia o porquê dele se disfarçar de estudante. Que coisa mais chata!

Maddy correu para a sala de matemática, não queria se atrasar.

NO DIA DA FESTA

- Madison seca logo esse rosto pra eu te maquiar – gritou Tia Mary do quarto.

Tia Mary ia arrumar Maddy para a festa. Queria que a sobrinha estivesse deslumbrante e escolheu para ela o vestido mais exótico que achou. Um vermelho com um enorme decote, mas que escondia um pouco tinha um rasgo reto que ia até a metade da coxa esquerda. Era um vestido para dançar tipos de dança como tango.

Maddy saiu do banheiro já tomado banho e com o rosto seco.

- Venha até aqui – Tia Mary apontou para a cadeira ao lado da mesa com um enorme espelho em cima e uma lâmpada que iluminava tudo. A garota se sentou e fechou os olhos. Estava agradando Tia Mary novamente.

Ela passou base no rosto de Maddy para deixá-lo lisinho. Depois usou uma sombra preta e esfumaçou no canto. Logo após usou a sombra vermelha escuro para preencher o resto e ficar certinho. Por fim, usou o delineador e fez uma linha no olho. Passou rímel e foi paras as bochechas. Passou um blush salmão e teve cuidado para não ficar forte. Depois passou um batom vermelho em Maddy.

Pegou o cabelo de Maddy e prendeu na transversal deixando baixo e com uma linda tiara em cima. Para finalizar, ajudou a garota a se vestir para a festa e lhe deu uma sandália com o salto médio e com alcinhas.

Maddy fitou como estava no espelho e ficou espantada.

- Meu Deus! – disse ela. – Tia Mary, estou linda! Esse vestido é...

- Esse vestido não é nada. Não ligue para o decote nem para a abertura na coxa. Você está maravilhosa! – disse Tia Mary sorrindo.

Para ela, Maddy merecia todas as chances de ficar linda para sair com um garoto, toda garota merecia. A campainha tocou e Tia Mary foi conferir quem era.

- Boa noite – disse Seb.

Ele estava com um terno super elegante e uma gravata vermelha, combinando com o vestido da garota.

- Boa noite rapaz. Veio buscar a Maddy? – perguntou Tia Mary sorrindo.

- Sim senhora! – disse ele.

- Espere só um segundo ela já está descendo. Madison! – gritou.

Maddy desceu nervosa as escadas e Seb a fitou maravilhado. Ela estava incrível.

- Bom, deixarei ela em suas mãos, cuide bem dela – disse Tia Mary.

- Pode deixar. Eu cuidarei – ele não tirava os olhos da garota.

- Querida, pus uma camisinha na sua bolsa – disse Tia Mary nos ouvidos da garota.

Maddy arregalou os olhos.

- O que?

- Divirta-se! – disse Tia Mary subindo as escadas.

- Vamos? – perguntou ela.

- Vamos. Uau. Você está um espetáculo! Está muito linda – elogiou.

- Para com isso vamos. Você também está bonito – disse ela impaciente.

Ele a conduziu até o carro e eles foram pra escola sem dizer uma única palavra. Era oficial. Eles eram o casal mais estranho da face da terra.

Chegando à escola. Já ouviam a música contagiante. Desceram do carro e Maddy ficou nervosa. Ele a abraçou e foram para dentro. Ao entrarem atraíram vários olhares, incluindo o de Miranda Grey, irritada por não ter sido chamada por ele. Ela avistou Trish e Wade no meio da multidão dançando. Ele tinha convidado Trish como idéia de Maddy, e ela aceitou para a alegria dele.

- Quer dançar? – perguntou Seb.

- Quero. – disse ela.

Eles foram para a pista de dança. A última música acabou e começou Shining Star, Get Far. A luz da pista diminuiu e agora não dava pra ver mais ninguém.

Ela pos os braços ao redor do pescoço dele e começaram a dançar.

***

Eu me senti uma retardada nessa hora!

***

Seus rostos estavam próximos e ela sentiu um arrepio terrível. Opa. Iria rolar um beijo? Eles só levaram a dança para outro patamar. A se levaram. Estava ficando mais quente a cada segundo. Tão difícil que ele teve a proeza de tocar no bumbum dela.

- Você já está explorando onde não deve. Tarado! – disse ela.

Ele riu.

- Você não impôs regra nenhuma! – disse ele.

- Filho da mãe.

- Me diga. Porque então veio vestida tão gostosa desse jeito? Com esse decote e com essa perna a mostra qualquer garoto já teria te pegado de jeito – disse ele.

- Ah é? Que pena! Pois nenhum garoto vai me pegar de jeito tão cedo. E te garanto não vai ser você! – disse ela.

Ele a pressionou contra seu corpo e ela ficou travada.

- Quem te garante?

- Eu me garanto – disse ela.

- Faremos uma aposta então. Se eu te pegar de jeito você vai ter que dançar para mim, completamente nua – disse ele com uma cara safada.

- Aceito. Eu sou uma moça de família não vou me entregar pro primeiro que me aparecer – disse ela.

Quando se cansaram se dirigiram a mesa das bebidas e beberam um ponche. Eles se encaravam rindo. Aquela era a coisa mais entranha que tinham feito. Ainda mais aquela aposta idiota que ela teria de cumprir. Caso perdesse.

- Não acredito que você preferiu chamar essa perdedora ao invés de me chamar – disse Miranda chegando até eles indignada.

- Ela é melhor que você Miranda – disse ele.

Maddy o fitou surpresa.

- Melhor? – Miranda faltou berrar – eu sou a garota mais popular da escola e nunca tenho o que quero, e porque ela tem?

- Eu nunca desejei ser chamada pra ir ao baile com alguém Miranda. E antes de dizer algo de alguém você precisa se olhar no espelho.

- Vocês ainda vão me pagar – disse Miranda marchando pro outro lado da pista de dança.

- Louca – disse ele.

- Eu sou melhor que ela? – perguntou Maddy.

- Eu acho – disse Seb sorrindo.

- Obrigada. Mas ainda não vai conseguir me pegar – disse ela.

De repente Sebastian pegou o celular do bolso e digitou alguma coisa.

- O que foi? – perguntou ela.

- Preciso ir – disse ele.

- De novo? – perguntou ela. – já é a segunda vez!

- Eu sei! Mas preciso ir. Vamos, eu te deixo em casa – eles saíram da escola e foram ao carro.

E mais uma vez ele tinha de ir embora por um motivo desconhecido. Ele parou na porta da casa e dela.

- Eu adorei, foi incrível – disse ela.

- Que bom. Eu também. – disse ele.

***

Vocês devem estar pensando que vai rolar um beijo certo? Pensaram errado!

***

Ela o abraçou e desceu do carro. Era aborrecedor ele fazer isso, mas era a última vez. Por mais que ele fosse um grosso e chato ela gostava dele.

Mas antes que pudesse entrar em casa foi surpreendida por uma mulher. Ela era alta, tinha os cabelos pretos presos em um coque. Usava um smoking feminino elegante e óculos.

- Com licença você é a senhorita Madison Witchburn? – perguntou.

- Sim, em que posso ajudá-la? – perguntou Maddy.

- Pode vim comigo por um instante, prometo que não vai demorar – disse a mulher.

- Tudo bem – disse Maddy desconfiada.

Ela acompanhou a mulher até uma van. A mulher abriu a traseira da van e lá dentro era tudo equipado com muitos equipamentos e controles – que nem aqueles que a gente vê nos filmes – e lá tinha um homem observando alguma coisa numa TV.

- Aqui está ela – disse a mulher.

- Obrigada Amanda. Bem vinda senhorita – disse ele.

- Pode me dizer o que está havendo? – perguntou Maddy.

- Claro. Sou Mark Pierce e esta é Amanda Feetty. Nós trabalhamos para a AOGP. – disse Mark.

- E o que é a AOGP? E o que eu tenho haver com isso? – perguntou Maddy.

- Organização americana de proteção global. Você vai trabalhar pra nós. Somos uma agência secreta do governo – disse Mark.

Maddy riu.

- Você só pode estar brincando! – exclamou.

- Nunca falei tão sério, senhorita. Estávamos procurando alguma pessoa que pudesse nos ajudar a capturá-lo – ele mostrou a foto de Seb.  Ela ficou chocada, mas já sabia que ele era um espião.

- Por quê? – perguntou curiosa.

- Ele é um assassino e espião profissional contratado por uma agência negra pra cometer os piores crimes. Precisamos de uma garota que se aproximasse dele e nos ajudasse a capturá-lo. E aí está você. – disse Mark.

- Ele matou muitas pessoas?

- Cometeu vários crimes além deste. Precisamos de você senhorita Witchburn, aceita trabalhar conosco? – perguntou Amanda.

- Eu aceito – disse Maddy – mas eu vou ser o que? Uma espécie de espiã? – perguntou.

- Sim. Você vai seduzi-lo, e arrancar informações. Vamos treiná-la para isso. – disse Amanda.

- Seduzi-lo? Nossa! – disse surpresa.

- Entenda senhorita Witchburn isso é um caso de grande importância! Estamos a um bom tempo tentando capturá-lo – disse Mark.

- Tudo bem.

- Ele trabalha disfarçado como Sebastian Michaelson. Você também trabalhará. Ele nem notará que é você. Sebastian é muito solitário então... – disse Amanda mexendo nos equipamentos.

- Ok – disse Madison mantendo a concentração.

- Seu nome será... Olivia Bates – disse Amanda.

- Olivia?

- Sim, seu apelido será Liv. – disse Amanda. – já começaremos seu treinamento já! Você vai aprender a manusear armas e a lutar, já temos que prepará-la para atirar! – disse Amanda esticando a mão para Maddy entrar na van.

Ela entrou. Estava muito cedo ainda. Daria tempo para ela treinar bastante.

- Alguma pergunta? – perguntou Mark enquanto Amanda dirigia.

- Não. Só não imaginei que Seb pudesse ser assim...

- Pois é Madison. As aparências enganam... Você vai começar com as armas pequenas. Nós não devíamos estar fazendo esse tipo de treinamento agora. Mas é que já perdemos tempo demais, não podemos deixar que ele faça mais alguma coisa!

Enquanto eles a levavam para a base se treinamento uma pergunta veio à cabeça de Maddy.

- Hei qual o nome verdadeiro dele?

- É Kevin.

Kevin – pensou.