We can stay forever young

Annabeth pensou que ia explodir no momento que deitou na cama.

Não por ela ser dura ou qualquer outra coisa parecida, ela era bem confortável pra dizer algumas verdades.

Mas por causa do cheiro.

Tanto do travesseiro quanto dos lençóis.

Um cheiro marítimo.

O maldito cheiro dele.

Ela sentiu Percy se deitar a seu lado, mas não disse nada.

Só fingiu estar dormindo, não queria trocar uma palavra com ele.

E Percy, pelo contrario, nem se importou em fingir que estava dormindo.

Aos poucos, Annabeth foi relaxando, dando sinais de que logo iria adormecer.

Isso acalmou Percy, ele gostava de observá-la. Ele não podia tocá-la, e nem tentaria. Acalmá-lo foi no sentido de, "pronto, agora ela para de gritar comigo."

Essa marrenta, do jeito que era, se ele fizesse um movimento em falso, seria capaz dela lhe arrancar mão.

Ele sabia que Annabeth ia ficar brava se descobrisse, então, se contentou em apenas olhar.

Assim ficou um bom tempo, velando seu sono, até ele mesmo dormir.

Ele se sentia um completo idiota por isso, por que gostava de vê-la dormir? qual a graça disso tudo?

Na realidade, por que ele gostava de vê-la de qualquer jeito?

Ela não era um animal para que ele ficasse interessado no que Annabeth fazia

Annabeth sentia, mas não tinha certeza, sobre o olhar dele sob ela.

Preferiu ignorar suas suspeitas, oras, por que ele estaria a encarando, se ela estava de costas?

Por impulso, ela abraçou o travesseiro, o cheiro a tranquilizou, entrando pelas suas narinas, deixando-a calma.

Ela já sentia o sono chegando, mas não soltou nenhum segundo sequer do travesseiro.

Annabeth estava tendo um pesadelo, que com certeza não ia lembrar-se pela manhã.

Mas ela não gritou, ela não falou, Annabeth só começou a se mexer na cama.

Por causa disso, derrubou o travesseiro no chão.

O pesadelo ficou mais insuportável, mesmo dormindo, ela sentia a vontade de gritar desesperadamente chegando.

Ela estava dormindo, então de um desconto em dizer, que ela estava procurando pelo cheiro, não pelo travesseiro.

E por engano, ou mais uma das ironias do destino, que ao em vez de pegar o travesseiro do chão, ela se agarrou ao braço de Percy, e se apoiou para dormir em seu ombro.

Percy não acordou, mas sentiu quando o cheiro de flores o invadiu, era sonho, o sonho mais nítido que já tivera, era errado, mas ele ia aproveitar, sabia que ia ficar irritado pela manhã, dando corda pro seu sonho.

Mas nesse momento, isso pouco o importava.

Estava ficando pior, Annabeth sempre sonhou com aranhas, desde criança, ela se lembra dar noites que acordava gritando.

Annabeth queria gritar, nem o que a trazia paz naquele momento estava ajudando.

As lagrimas desceram pelo rosto delicado e pálido da garota, molhando a camisa de Percy que finalmente percebeu que não era um sonho.

Ele quase deu um pulo, que merda essa garota estava fazendo ai?

Chorando... ela estava chorando, mas por que...?

Até ver, que ela não estava acordada, ficou em silêncio, tinha medo de acordá-la, a Annabeth adormecida se agarrou ainda mais em seu braço. Ele não podia se arriscar a acordá-la, Annabeth era sonambula?

Não era sonho, ela estava realmente perto demais dele.

Foi pelo impulso, ou pelo sono, talvez pelos dois, que ele a abraçou.

Colocando sua cabeça em seu peito, uma mão segurando sua cintura e a outra na nuca da menina.

Agir e reagir, era isso que Percy continuava a fazer.

Era bom. Annabeth era quente e delicada. Queria poder estar olhando nos olhos dela agora, mas não a acordaria, logo agora que ela parou de chorar, não ia estragar tudo. E mais uma vez, ele pensou que pela manhã ia querer se matar por isso. Mas foda-se essa tal de culpa, por que tê-la agora? Deixe para amanhã. Quando ele realmente vai poder se sentir culpado de alguma coisa.

–Percy...

–Desculpa, eu te acordei... – ele ficou nervoso, ia apanhar, ia dormir na sala, e pela manhã, ia apanhar de novo.

Mas ela não se mexeu, nem respondeu.

Estava sonhando... com ele?

Percy não conseguiu conter o sorriso. Mas sua segunda reação foi um dar a si mesmo um tapa na cara.

Não seja idiota. Ele disse para si mesmo.

Que tipo de sonho era...?

Percy se perdeu no pensamento de ser um sonho pervertido. Mas perdeu as “esperanças” por que ela estava chorando. Então era o que? Ele tinha a estuprado então? Ele riu com o pensamento idiota. De vez em quando ele era assim, fazer o que.

Mas Annabeth fez uma coisa que o impressionou, ela enrolou a própria perna na dele.

Dormindo...

Percy prendeu a respiração.

Calma Percy. Ela está dormindo. Não tire proveito da inocência dela.

Mas ela era tão bonita... Por mais que ele odiasse essa menina, ele ainda era homem.

Mas se, ele a odiava tanto, por que concordou dormir com ela?

Ela estava em seus braços agora, nada iria mudar isso. O fato de ela estar dormindo, não afetava em nada, ele estava confuso e com sono de mais pra dizer que não era real.

Já tinha amanhecido quando Annabeth finalmente acordou, ou pelo menos pensou que sim.

Ouvia o barulho da chuva lá fora, era impressionante, a chuva quase não tinha diminuído até agora.

Tomou coragem de abrir os olhos e quase gritou. Quase.

Não, ela não estava perto de Percy.

Não. Ela não estava abraçada a ele.

Não. Ele não estava acordado.

Sim. Ela estava em cima dele.

Deitada em seu peito, mas... como...?

Percy abraçava sua cintura com força, mas não acordava.

Mas que porra é essa?! Annabeth pensou.

Ela precisava sair dali antes que ele acordasse...

Foram momentos difíceis, bem difíceis.

Ela tinha que admitir, mas conseguiu sair de perto de Percy sem que ele acordasse, ele devia ter um puto sono pesado.

Assim que pisou no chão soltou um pigarro mal humorado, estava extremamente frio, e a maldita Piper deixou o pijama mais curto para Annabeth dormir.

Pegou sua mochila e preparou para sair do quarto e voltar para casa quando o celular tocou.

O seu celular, ela reconheceu o toque de rock n roll, a música mais recente da Avril lavigne, vir de dentro de um bolso aberto da mochila.

–Merda. – ela correu para atendê-lo antes que Percy acordasse, não acordou, ela saiu correndo de seu quarto para o banheiro.

Jogou a mochila de lado e atendeu o telefone um tanto revoltada, apoiou a mão direita na pia e encarou seu reflexo despenteado no espelho.

–O que foi? - perguntou quando atendeu o celular, grossa.

Era o telefone de sua casa que mostrava no visor.

–Annabeth...?– uma voz feminina chamou do outro lado da linha.

–Clarie? - perguntou, Clarie era a governanta dos Chase a anos, uma das únicas pessoas que Annabeth confiava naquela casa.

–Onde você está?– ela parecia rouca.

–Longe de casa. – a menina respondeu brava, já estavam atrás dela, não podia ficar um dia fora de casa para o velho e a demonia dos seus pais a atrapalharem.

–Annabeth... meu bem... – Clarie desabou do outro lado da linha, chorando desesperada, Annabeth se assustou.

–Clarie? Clarie o que aconteceu?

–Annie vem pra casa, por fav... – a voz da mulher falhou.

–Clarie o que aconteceu?!

–Annabeth, seus pais...

–O que tem eles?

–Annie...

–Clarie o que têm eles?!

...

Silencio em toda casa, todos ainda dormiam calmamente naquela tarde fria de domingo, em baixo de suas cobertas confortáveis, Piper dormia abraçada a seu namorado, os outros casais da casa pareciam no mesmo estado.

Leo roncava de seu colchão e Grover jogava o travesseiro para que ele calasse a boca, Thalia dormia de conchinha com Luke, um gesto tão calmo e “fofo” que não parecia que viria dos dois, tão apaixonados.

Tão felizes.
Tão completos.

E então, um grito.

–NÃO!

E nos momentos seguintes,

Não havia mais nada.