Wood Heart escrita por LastOrder


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Voltei, depois de décadas escrevendo esse cap em prestação, consegui finalmente termina-lo antes da minha prova hahaha.
Particularmente, achei que poderia ter ficado melhor, mas não tive mais nenhuma ideia genial para ele ;-;
A continuação irá sair, mas como já disse, escrevo aos pouquinhos quando tenho tempo de sobre... So... Não sei quando vou postar.
Então aproveitem ^^



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Sabe aqueles momentos em que você tem certeza de que algo está muito errado com sua saúde mental? Momentos estes em que um hospício é a melhor saída para qualquer fim que sua mente mirabolante possa estar imaginando e você sabe que o melhor a fazer é aceitar que seu cérebro já não funciona como antes?

Pois bem, Hana soube que estava entrando numa dessas crises existenciais quando uma mera porta de madeira lhe pareceu a coisa mais intimidante que já vira em toda sua vida.

- Bem, já vou indo. - Itachi se virou para fazer o caminho de volta para qualquer lugar.

- Ei! - Ela chamou. - Vo-você não quer vir junto? - Sorriso amarelo. Por favor, diga sim, diga sim.

No entanto a única coisa que o Uchiha fez foi lhe lançar um olhar de plena indiferença e continuar a seguir seu caminho.

Droga!

Hana suspirou deixando os ombros caírem. Olhou para a porta, tudo bem, só precisava bater e se ele não estivesse lá iria embora. Simples assim, certo?... Então por que parecia estranhamente perigoso?

Engoliu em seco e...

As três batidas pareceram ecoar por todo o corredor, suspirou aliviada quando não ouviu nenhum barulho vindo de dentro do quarto.

" Bem, acho que ele não está, talvez eu volte mais..."

Já se virava para ir embora quando o ruído da porta se abrindo fez com que parasse. Voltou a cabeça lentamente para frente...

Sasori estava mesmo ali, quer dizer, ela achou que fosse ele, era difícil dizer com total certeza quando o dito cujo praticamente se escondia na penumbra do aposento e apenas parte do seu corpo aparecia pela porta entreaberta.

No entanto, tinha que admitir, aqueles olhos castanhos inexpressivos e a carranca entediada eram inconfundíveis.

- O que está fazendo aqui? - Ah, é claro, havia a gentileza também.

Ela se endireitou encarando-o de cima a baixo. Usava uma camisa cinza de gola larga com mangas compridas e a mesma calça de sempre. Estranho como parecia menos intimidante quando não trajava aquela capa.

- Itachi me disse que está com minhas marionetes, vim buscá-las.

- Hmn... - Começou. - ...Agora não, estou ocupado.

Hana impediu que ele fechasse a porta colando o pé entre a mesma e o batente num movimento rápido. Sasori se sobressaltou com aquela invasão de espaço.

- Espera! - Respirou fundo, não podia ser rude agora. - Olha... Você não tem ideia de quanto tempo eu passei fazendo essas marionetes e do que elas significam para mim. - Suspirou. - Eu... Eu sei que temos nossas diferenças, mas... Será que você não pode fazer esse favor para mim?

Foram pelo menos três minutos de expectativa no total silêncio enquanto sustentava o olhar de Sasori se perguntando no que tanto ele pensava, em qual seria sua resposta, e mais importante que isso, o que faria caso ele dissesse que não.

Por fim o ruivo soltou o ar que segurava e fechou os olhos, vencido.

- Entre. - Disse ao se virar e abrir a porta totalmente.

Hana não conseguia acreditar que finalmente havia conseguido algo dele, e de um jeito tão simples. Um sorriso iluminou seu rosto enquanto o seguia para dentro do quarto. Parecia que as coisas estavam começando a melhorar apesar de tudo.

- Obrigada! Sasori, eu realmente não sei como...

- Sim, claro. - A frieza em sua voz não a intimidou desta vez, afinal, ainda não havia sido expulsa, certo?  - Fique aqui e não mexa em nada, já volto.

Ela o acompanhou com os olhos enquanto desaparecia por uma das portas do quarto. A outra devia ser provavelmente um banheiro... Hana passou os olhos ao seu redor, e tinha que admitir, o quarto dele era muito melhor do que o seu.

Numa parede havia uma grande estante cheia de livros cujos nomes ela não conseguiu ler devido a falta de claridade, um sofá de dois lugares num canto, que devia substituir a cama pois não encontrou nenhuma, e o armário com detalhes em alto relevo...

" Que demora..." Pensou entediada balançando o corpo para frente e para trás... Se virou para a esquerda e encontrou uma mesa alta, relativamente inclinada, cheia de folhas, havia uma lâmpada de ferro sobre ela para aumentar a claridade.

Arqueou uma sobrancelha, curiosa.

Aproximou-se na ponta dos pés e após a primeira inspeção, ela podia dizer sem dúvida que eram projetos para marionetes, tão bem feitos que era possível identificar o tipo de arma que seria escondida no exato lugar do corpo do boneco. "Nada mal..."

Olhou para trás conferindo se Sasori havia voltado... Ainda não.

Continuou folheando passando rapidamente pelos desenhos buscando qualquer coisa diferente que pudesse chamar sua atenção, e encontrou...

A folha amarelada pelo tempo mostrava que aquele devia ter sido um dos primeiros trabalhos, e mesmo assim, tinha certeza de que não encontraria nada mais surpreendente do que aquilo. Algo que não imaginara nem mesmo nas suas épocas de estudante, quando sua imaginação voava solta sem limites...

Procurou por um nome, seus lábios se curvaram num sorriso singelo quando o encontrou.

- Hiruko...

Uma marionete que, ao ser controlada por dentro, era capaz de defender e atacar ao mesmo tempo. A armadura e a espada... Realmente, uma verdadeira obra de arte.

No entanto havia um grave erro de cálculo ali, o peso das armas somado ao peso do humano que estivesse dentro do boneco faria com que movê-lo fosse algo quase impossível. E pior do que isso, a madeira usada não era forte o bastante e provavelmente cederia deixando quem estivesse controlando a marionete vulnerável numa batalha.

No fim, era algo realmente inútil...franziu o cenho trazendo o papel para mais perto dos olhos. "A não ser que..."

- O que está fazendo?!

Virou-se em direção ao som estridente, escondendo o papel atrás  de si por puro instinto. Agora com certeza estava com problemas.

Sasori jogou os pergaminhos sobre o sofá e num piscar de olhos já havia cruzado o quarto. De pé, a centímetros de distância, sua mão segurava o braço de Hana com força além da necessária. Os olhos se consumiam numa raiva que ela nunca havia visto antes.

- Responda, garota!

- E-eu... - O medo praticamente a impedia de falar. "Patético". Não era como se ele fosse tão ameaçador assim. Respirou fundo tentando ignorar a dor no braço. - Você sabe sobre o erro de peso, não sabe?

Por um momento pensou que a raiva tivesse desaparecido tão rápido quanto viera, mas o aperto que ainda fazia seu braço latejar dizia o contrario.

Ela não conseguiu entender o silêncio e então resolveu continuar.

- Já tentou montá-la, não é? - Levantou o projeto na altura de seu rosto para que ele pudesse ver. Quase amassou completamente o papel. - O que aconteceu? Ela se quebrou?

Hana continuou sustentando o olhar de Sasori até que ele quebrasse o silêncio com uma risada sem humor que a fez franzir o cenho e ranger os dentes.

- O que?! O que foi desta vez! Do que você está rindo!?

Ele soltou seu braço e pegou o papel da mão a sua frente. Passou por Hana sem lhe dirigir nenhuma palavra.

- Resolveu me ignorar, agora? - Cruzou os braços na frente do corpo, sorriu irônica. - Hmpf, como se eu estivesse surpresa.

- Parece mesmo que Chiyo conseguiu encontrar alguém para me substituir. - Disse enquanto ajeitava as folhas sobre a mesa. E ao se virar tinha aquele sorriso cínico no rosto. -  Embora você seja um pouquinho lenta, não é mesmo?

O sangue fugiu do rosto dela e o temor estranho fez com que até mesmo ignorasse a discreta ofensa em suas palavras. De repente não sabia mais onde estava sua coragem.

- Você não acha isso extremamente triste, ein, Ha-na-chan? - Cantarolou dando um passo na sua direção.Hana cambaleou para trás quase que ao mesmo tempo, como se uma força os repelisse.

Suas mãos tremiam mais à medida que aquela lembrança longínqua voltava com força arrematadora em sua mente. Não podia ser, simplesmente não podia...

"

A garota de oito anos olhava entediadamente para o teto a sua frente estirada no sofá. Sua avó estava atrasada, provavelmente presa em alguma reunião com o conselho, e como não tinha amigos, não via motivo em passar aquela tarde de folga no parque escaldante.

Passou a mão enluvada sobre a cabeça do gato que dormia sobre sua barriga.

Suspiro.

- O que vamos fazer agora, Ban-kun?

Como se o animal atendesse seu chamado, ele se levanta de repente com as orelhas para cima em posição atenta, e sem mais nem menos sai correndo escada acima atrás de uma aranha.

- Ei, Ban-kun, espera!

Subiu as escadas atrás do gato e só parou quando percebeu para onde ele a estava levando. Um dos poucos lugares da enorme casa que Chiyo dizia para que não entrasse.

Passou pela porta entreaberta com cuidado.

- Ei, você sabe que não devíamos estar aqui, não sabe? - Só recebeu seu eco como resposta. Tateou pela parede por um interruptor. - Ban - kun, estou com medo, vamos voltar agora, sim?

E quando a luz inundou o quarto, os olhos de Hana se arregalaram. Deviam ser dezenas de pergaminhos amontoados num canto cheios de inscrições e datas que, para alguém que havia apenas começado a aprender a arte do marionestismo era algo fantástico.

- Uau, isso é bem mais legal do que o ateliê velho da Chiyo Baa-sama. - O ruído de algo caindo fez com que se virasse quando estava prestes a analisar os objetos novos com as mãos. - Ban-kun!

Seu gato estava na cabeceira da cama do quarto onde havia quatro fotos, todas elas pareciam ter sido tiradas há muito tempo e Hana quase não conseguiu ver o que havia nelas.

A última fora derrubada pelo gato.

Hana a pegou para arrumá-la e sem querer, se viu presa no olhar frio e vazio daquele jovem. Tirou a poeira da base no retrato para poder ler a inscrição gasta.

- Akasuna no Sasori?

Franziu o cenho. Que nome mais... Estranho?

- HANA! Cheguei! - A voz vinha do andar de baixo.

A garota deixou a foto onde a havia encontrado e pegou o gato no colo. Saiu correndo. "

O rosto da foto que há muito se havia esquecido continuava se aproximando mesmo que tentasse se afastar. Seus passos pararam quando o pé bateu na parede e então sabia que não havia mais para onde ir.

- O-o que diabos é você? - gaguejou.

Sasori apoiou a mão na parede atrás dela formando uma barreira da qual não poderia escapar.

- Você sabe por que minha arte é superior à sua e a de Chiyo em todos os sentidos? - As costas de sua mão contornaram delicadamente a linha da mandíbula de Hana. - Simplesmente por que eu consigo transformar a beleza temporária das coisas em algo eterno... Imutável.

Sorriu de lado, malicioso. Hana sentiu os joelhos tremerem, junto com todo o resto do corpo, era como se aquela personalidade cínica a estivesse absorvendo aos poucos.

- Está com medo? - O ar frio da sua risada roca bateu na face pálida da garota. Abaixou o rosto até perto do ouvido dela e disse num sussurro. - Não se preocupe, em breve, você também fará parte da minha coleção... Minha pequena ningyo.

Ao ouvir isso foi como se todo o pavor tivesse se transformado em adrenalina ao imaginar a si mesma na forma de uma das marionetes sem vida de Sasori. Uma boneca eternizada no tempo.

O empurrou para longe com uma força que nem se lembrava ter e saiu correndo porta a fora, sem se importar com os pergaminhos sobre o sofá ou com a risada alta que se dispersava à medida que suas pernas reclamavam pelo cansaço.

Correu sem rumo pelos corredores escuros, o som ritmado dos passos era o único companheiro; nem levou em consideração olhar para trás para garantir se não estava sendo seguida... Até que virou uma esquina e bateu de frente com alguém. Caiu sentada no chão, os olhos se fecharam automaticamente pelo impacto...


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