Wood Heart escrita por LastOrder


Capítulo 4
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163228/chapter/4

– Por que você pode levar a garota gostosa e eu tenho que carregar esse monte de tralha?!

Kakuzu revirou os olhos, já era pelo menos a centésima vez que ouvia a mesma reclamação desde que haviam saído dos arredores áridos da aldeia de Suna.

– Como se ela fosse conseguir usar essa porcaria de novo!

Hidan amaldiçoou o momento em que quebrara metade da marionete de cabelos brancos com a foice de três laminas, mas o que poderia ter feito? Quando foi atingido em cheio pelo Chidori daquela coisa nem pensou duas vezes.

– Se você tivesse me ajudado do começo isso não teria acontecido...

O ninja mascarado suspirou fundo buscando com todas as suas forças ignorar o discurso sem fim de Hidan, de nada adiantaria matar aquele maldito, afinal... Não podia.

– Mas você sempre me deixa com toda a merda e depois quer fazer sua entrada triunfal, hmpf, eu não mereço isso.

Deveria ter deixado que a garota o tivesse matado, ela era provavelmente a única capaz disso. Por que tinha que ter interrompido a luta??

– Ei, quer para de me ignorar, porra!

Parou de repente quando avistou dentre a copa das árvores um ponto branco no céu.

– O que foi? – Perguntou se esquecendo de repente de suas reclamações.

– Ele está vindo.

Ambos olhavam para cima quando o pequeno ponto branco se transformou, com a aproximidade, num grande pássaro de argila. Folhas e poeira foram deslocadas quando ele pousou.

– Ah, finalmente achei vocês, hn. – O garoto loiro desceu da ave num pulo. – Podiam ter me mandado outra mensagem, vocês sabem o que Sasori-Danna vai fazer comigo se eu não chegar em três dias?!

– Báh! Como se nos importássemos com as manias daquela aberração – Jogou o boneco quebrado sobre os braços de Deidara. Que por pouco não o deixou cair. – E alem do mais, não é fácil conseguir falcões mensageiros por aqui.

Deixou soltar um suspiro cansado e depois se virou para Kakuzu, mais precisamente para a garota inconsciente pendurada no seu ombro.

– Ela vai precisar de um médico rápido. – Não havia preocupação no tom de Kakuzu, era apenas como se estivesse passando a informação.

O olhos azuis se arregalaram em desespero.

– Um médico rápido?! Vocês enlouqueceram?! Onde pensam que vamos encontrar um médico a uma hora dessas??!

– Não quero saber, ela é problema seu e de Sasori agora. – E dizendo isso, jogou-a sobre a ave.

Deidara engoliu em seco.

– Vocês sabem que se ela morrer Pein-sama vai acabar com a gente e...

– Cala a boca, piralho! – Hidan se alterou. – Você nem está oficialmente na Akatsuki e já quer ficar dando lição de moral??!

O loiro grunhiu baixo, irritado. Odiava quando o menosprezavam daquele jeito.

– Escuta seu maldito eu devia...

– Você não estava atrasado para alguma coisa? – Kakuzu realmente não tinha muita vontade de ver mais uma briguinha inútil se desenrolar na sua frente, havia assuntos mais importantes a tratar.

Murmurando um “Droga” para si mesmo subiu na ave de argila com um pulo e em pouco tempo já estava alto no céu.

– Isso não vai ficar assim! – Hidan e Kakuzu ainda conseguiram ouvi-lo gritar ao longe.

– Tsk, aquele piralho, ainda não sei por que Pein insiste em mantê-lo com a gente. Se ele fica pondo as asinhas pra fora agora imagina depois que... – Olhou para os lados, confuso. – Kakuzu? – E encontrou seu amigo a pelo menos cinco metros a frente, o havia deixado sozinho para variar. – Ei, seu maldito me espere!!


(...)


Quando sua consciência voltou na primeira vez, Hana não tinha noção de qualquer coisa que estava acontecendo ao seu redor, não sabia onde estava, nem se lembrava direito do que havia acontecido.

Só se lembrava da terrível dor que sentiu quando linhas afiadas atravessaram seu corpo, e do gosto do sangue em sua boca.

Agora não conseguia nem abrir os olhos direito. Perguntou-se por um momento se não estava morta, mas a dor que ainda sentia no corpo desmentia completamente essa opção.

Ouviu o barulho de uma porta se abrindo. Passos.

– Como ela está? – Não conseguiu notar preocupação naquela voz grave e suave.

– N-não tenho certeza, estava muito ferida, não sei se po-poderei ajudar. – Essa por outro lado não era capaz de esconder o medo que sentia.

– Então é melhor trabalhar mais. Lembra-se do nosso acordo, não é? – Silêncio. – Ótimo.

Novamente, passos.

– E-eu vou embora assim que ela melhorar, certo?

– Claro, afinal, foi isso que combinamos. – Hana não sabia se era pelo tom de voz, mas tinha certeza que ele estava mentindo.

A porta se fechou e Hana caiu na inconsciência novamente ao sentir a agulha perfurando sua pele. O remédio estava fazendo efeito.


(...)


– Tem certeza de que fez o certo?

Acordou pela segunda vez, sentia-se um pouco melhor, já conseguia diferenciar mais do que murmúrios, podia sentir o colchão sob suas costas e o lençol roçando em sua pele.

O cheiro de mofo também era presente naquele ambiente estranho.

– Tenho, ele já não nos serviria para nada. – Era a mesma voz que havia ouvido antes. – Os ferimentos já estão fechados, mas não sei ainda se vai sobreviver.

– Talvez tenha sido um erro mandar Hidan e Kakuzu para essa missão.

Hana abriu os olhos devagar, o quarto era escuro e mal iluminado por uma pequena janela. As duas pessoas que estavam ali não perceberam que ela havia despertado.

– Talvez... – O que estava mais próximo falou. – O que vai fazer se ela morrer?

– Vamos procurar outra pessoa para assumir seu lugar. – Ela não conseguia identificar a forma do outro, era um vulto escuro com olhos brilhantes. Parecia uma espécie de holograma - Embora seja realmente mais fácil fazer a retirada dos bijuus com alguém que posso usufruir tanto chakra quanto ela.

O sangue pareceu fugir de seu rosto, não podia acreditar no que estava ouvindo. Extração de Bijuus? Será que essas pessoas tinham a menor noção do aquilo significava?

Precisava fugir dali e voltar para a vila, avisar o Kazekage o que estava acontecendo.

E num ato impensado jogou-se contra o que estava mais próximo tocando o rosto dele com a palma de suas mãos, no entanto a luz brilhante nunca apareceu. A única coisa que viu foram os olhos castanhos tão frios quanto Suna era quente e o sorriso de escárnio quando disse:

– Não era o que você esperava, não é mesmo? -O aperto que ele fazia em seus braços para segura-la ficava cada vez mais forte, deixaria as marcas dos seus dedos ali.

Com certeza não era o que havia esperado, ela ainda se recuperava do choque de ter seu Kekkei Genkai anulado quando sentiu a vertigem atacá-la sem piedade, estava cansada, com frio, com dor... Querer se manter desperta era uma luta perdida.

O corpo ficou mole, os olhos lilases antes tão intensos e desafiadores logo perderam e foco e se fecharam. A mão dela cairam para o lado e sua cabeça pendeu para frente.

– E então? Não acha que foi mesmo uma boa ideia torná-la sua parceira, Sasori?

Ele entendia os motivos do Líder, era mesmo uma vantagem não poder ser afetado pelo dom daquela garota. Mas mesmo assim, não gostava nem um pouco de ter que tomar conta de mais uma criança, e havia discutido isso com Pein. Deidara já não dava problemas suficientes?

– Tanto faz. – Jogou a garota na cama sem a menor delicadeza e se voltou em direção à porta.

– Onde está indo?

Parou com a mão na maçaneta da porta, por um momento teve realmente intenção de responder a pergunta, mas nenhuma resposta lhe veio à mente.

– Por aí.

E saiu.


(...)


A luz estava mais forte daquela vez, tão forte que foi capaz de acordá-la. Hana tornou a fechar os olhos e murmurou um xingamento antes de se voltar para o lado oposto e tornar a fechar os olhos, por um momento havia se esquecido completamente de onde estava.

Mas a memória voltava rápido, pelo menos para nos lembrar de coisas ruins.

Sentou-se num movimento repentino, como se tivesse levado um choque, olhou em volta... Estava sozinha. Será que havia sonhado com aquilo tudo?

Girou na cama pondo os pés descalços no chão sujo e se levantou com alguma dificuldade. O som de correntes ecoou quando deu um passo em direção a janela.

– Mas o que...?

O seu tornozelo estava preso à corrente, ela mal conseguia se afastar dois metros da cama sem que fosse obrigada a parar. Aquela situação estava começando a ficar enfadonha. Segurou-a firmemente com ambas as mãos, e fez força para tentar arrebentá-la.

– POR. QUE. VOCÊ. NÃO. SOLTAAA!!! – E caiu para trás sentada no chão.

Era, no mínimo, ridículo, uma Jounin não ter força nem para arrebentar uma corrente enferrujada que podia ser bem mais velha do que ela. Tudo bem que estava morrendo de fome, mas o que não faria para sair dali agora, odiava lugares pequenos e mofados como aquele, a faziam entrar em desespero e não raciocinar direito...

– Acho que você não vai conseguir quebrar essa corrente, hn.

... Ou ouvir direito...

– AHH!!! – Pulou para trás ao mesmo tempo em que se virava para ficar de frente ao dono daquela voz.

– AAHH!!- O garoto se assustou com aquele grito repentino, o que havia feito errado?

– PARE DE GRITAR!!!

– É VOCÊ QUEM ESTÁ GRITAN... –Foi atingido por um de súbito por um travesseiro. O ataque fez com que se acalmasse um pouco. – Certo, não precisa ser tão violenta assim olha... – Ergueu as mãos em sinal de paz para tranqüilizá-la... O que não deu muito certo.

–AHH!! VOCÊ TEM BOCAS NAS MÃOS??!!. – Nunca em toda sua vida, Hana havia visto algo tão grotesco quanto aquilo. Ele tinha três bocas??!! Onde esse mundo vai parar??

Atacou o garoto com o travesseiro de novo. Seu rosto se virou para o lado com a força do impacto. Tinha que admitir que havia sido um mau começo.

Um tempo se passou até que Deidara pudesse terminar de explicar o essencial para Hana...

– Então... Seu nome é Deidara, você faz parte de uma organização criminosa, e não veio me matar, certo?

– Isso mesmo, hn. – Sorriu satisfeito.

– E vocês usam esses casacos com nuvens para se identificar, mas você ainda não é um membro oficial.

– Aham.

– E essas mãos são usadas no seu jutsu. – Ele balançou a cabeça afirmativamente. – Legal, só não entendi uma coisa.

Essa pegou o garoto de surpresa.

– O que?

– Hmn... – Pôs a mão no queixo, pensativa. – Como assim, a arte é uma explosão?

– Como assim??!! Oras, na arte você tem que saber sentir a beleza daquele momento único. Aquele momento em que tudo explode e as cores brilham e depois desaparecem tão rápido quanto vieram. – Hana achou que Deidara fosse começar a chorar de emoção a qualquer motivo. – Entende?

–... – Sorriu amarelo – Claro, claro.

Ele não se convenceu com a resposta.

– Hmpf, vocês marionetistas são todos iguais. –Cruzou os braços. – Não sabem valorizar a verdadeira arte, hn.

Arqueou a sobrancelha.

– De quem você está falando?

– Sasori-Danna, obviamente, ele vive com aquele discurso irritante de beleza eterna... – Hana parou de ouvi-lo automaticamente, não sabia onde já havia ouvido aquele nome antes... Sasori? Quem era esse Sasori?

– ...De qualquer forma já temos que ir. – A mudança de assunto a despertou dos seus pensamentos.

– Ir... Para onde? – Não que tivesse medo de Deidara, mas ainda não sabia se podia confiar nele.

– Não tenho certeza, eu só tinha que trazer aquelas roupas e a comida. – Apontou para a mesinha no canto do quarto. – Pode se trocar que vamos estar te esperando lá na frente. – Jogou uma chavinha para ela. – Não demore, tem dez minutos.

E se virou para ir embora. Hana olhou para a chave.

– Espere! – Deidara virou para ver o que ela queria. – Como sabe que não vou fugir assim que ficar livre?

Ele sorriu de novo.

– Está cansada demais não iria muito longe. – Deu de ombros. – Além do mais, não acho que vai fugir sem seus pergaminhos.

Realmente, ele tinha razão. Pelo menos quanto à parte dos pergaminhos, não iria embora sem suas marionetes.

– Não se atrase. – O tom sério, quase que lhe advertia sobre algo. Fechou a porta. Ela ignorou aquela sensação e após se ver livre das correntes se voltou para as roupas. Uma camiseta de mangas compridas preta e uma calça cinza.

Com certeza ficariam ridiculamente grandes nela. Deu de ombros, não estava na posição de escolher qualquer coisa.

Trocou de roupa e assim que tirou o corpete roxo pode ver as faixas que enrolavam toda a região do seu abdômen até chegar perto dos ombros. O ferimento trouxe à tona as lembranças da luta contra Kakuzu e Hidan.

Suspirou fundo jogando a camiseta sobre o corpo. Esticou o braço, a manga era grande o suficiente para passar pelos seus dedos e ainda sobrar tecido. Assim como a calça.

– Legal... – Disse irônica para si mesma. Ou para a força superior que estivesse armando aquilo tudo.

Caminhou até as frutas que haviam sido deixadas perto das roupas. Comeu pensando em tudo que havia acontecido, em sua avó, em Hikaru... E no próprio Deidara, ele devia ser no mínimo dois anos mais jovem que ela e estava numa organização criminosa?

– Mundo louco. – Mordeu a maça e lembrou-se que tinha que encontrar-se com o próprio. Saiu pela porta após passando por outro quarto – que mais parecia uma sala – e terminava na saída do lugar.

O sol queimou seus olhos antes que se acostumasse com a claridade. Pôde ver a floresta fechada ao seu redor, com certeza não estava mais em Suna.

Passou pela varanda e desceu as escadas indo em direção a Deidara e uma pessoa que usava o mesmo manto que ele.

– Hana-chan!! – Deidara balançou o braço quando se virou e a viu. Será que ele realmente pensava que ela não os veria?

– Yo. – Respondeu quando estava perto o bastante, mordeu a maçã.

– Que bom, agora podemos ir. – Deidara parecia um pouco nervoso. Hana arqueou a sobrancelha, antes de sua atenção ser transferida para o ruivo que agora a encarava.

Obviamente era ele. Ela se lembrava daqueles olhos castanhos. Como poderia esquecer?

– Você está atrasada.

O mesmo que havia conseguido anular sua Kekkei Genkai. Vendo-o agora na luz do sol ele parecia muito mais jovem do que imaginara.

Engoliu e respondeu.

– Como é? – Não que não houvesse entendido, ela simplesmente estava ocupada demais se perguntando como ele ainda estava com vida depois de ter sido tocado por ela.

E quando Hana pensava muito em alguma coisa, simplesmente não prestava atenção em mais nada.

– Está cinco minutos atrasada. – Ele parecia querer matá-la com o olhar. – Se não quiser morrer, compre um relógio.

E se virou caminhando numa trilha invisível no meio da floresta. Lembrou-se sobre Deidara ter dito algo sobre o tal Sasori da “Arte é eterna” não gostar de esperar, devia ser ele.

Hana olhou para Deidara não acreditando no que ouvira, ele deu um sorriso como se pedisse desculpas. Mas aquilo não era o bastante. Ela deu alguns passos a frente e pousou a mão livre no ombro de Sasori fazendo com que parasse.

Ele virou a cabeça lentamente e lançou o olhar primeiro à mão depois a Hana, como se ela tivesse acabado de cometer uma heresia.

– E-eu quero saber o que vocês fizeram com as minhas coisas! – Soltou-o quando se virou de frente para ela. – Quero dizer... – Evitou se deixar levar por aquele olhar intimidador. – Não vou sair daqui até que me diga para onde estão me levando. – Cruzou os braços para dar mais valor a sua decisão.

Sasori sorriu, aquele mesmo sorriso de escárnio que havia visto quando o conhecera pela primeira vez.

– Quer dizer que você não vem com a gente?

Ela logo sentiu medo pelo que estava por vir.

Pouco tempo depois, um pássaro de argila branco sobrevoava aquela região do Pais do Vento.

– Danna, tem certeza que é uma boa ideia deixá-la daquele jeito,hn?

Sasori olhava para o céu com o olhar perdido.

– Ela vai ficar bem.

Deidara suspirou e olhou para trás, fios de chakra amarrados na cauda da sua criação e do outro lado...

– TUDO BEM, EU JÁ ENTENDI. AGORA ME TIREM DAQUI!!!

Ele sentiu uma gota escorrer pela cabeça ao ver como Hana se desesperava. Quem não ficaria assim ao ser amarrado de ponta a cabeça numa ave?

–SOCOOORROOO!!!

Realmente, havia sido um mau começo.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!