Wood Heart escrita por LastOrder


Capítulo 2
Capítulo 1




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Dezoito anos antes

O vento frio das terras do norte soprava trazendo o lamento daqueles que morreram na guerra.

Uma escolta de ninjas da aldeia oculta de Suna corria em passos silenciosos pela floresta do País da Neve, pareciam flutuar, suas pegadas mal ficavam marcadas no chão.

Pararam numa clareira, onde deveria haver sido, algum dia, uma aldeia. A destruição tomava conta da paisagem. A cinza das queimadas se misturando ao branco da neve.

- Procurem sobreviventes. – Ordenou a líder do grupo.

Cinco ninjas desaparecem no mesmo instante. Pouco tempo depois, um estava de volta.

-Chiyo-sama, encontramos algo.

A senhora foi até onde lhe havia sido indicado, realmente, algo podia ser ouvido do meio dos escombros da casa principal.

- Vamos tirar isso daqui!

(...)

- Chiyo.

A mulher tirou os olhos do berço hospitalar onde um bebê de cabelos roxos escuros dormia.

- Ebizo? O que faz aqui?

- Vim ver quem você trouxe de sua missão. – Disse num jeito calmo. Aproximando-se da irmã. – Suna inteira não para de falar dessa criança do País da Neve.

- Imagino.

O silêncio que se instalou de repente só era quebrado pelo ressonar constante do bebê.

- Sabe que não permitirão que ela fique aqui, não sabe?

- Farei o que for possível.

- Para ir contra o conselho?

Ela sorriu descaradamente.

- Não se preocupe, está tudo sobre controle.

Ebizo suspirou cansado.

- Você não está fazendo isso por causa dele está? – Viu a irmã se retrair um pouco. – Não foi sua culpa, Chiyo. Sasori foi embora por que quis e...

- Eu sei bem disso. – Cortou a conversa. Não queria mais falar daquilo.

Novamente... Silêncio.

O que fazer em horas assim era o que se perguntava o velho Ebizo.

- Bem... Sendo assim acho que eu só posso te desejar boa sorte. – Concluiu. – Ela é da família principal do clã Shimizu e isso será um problema se considerarmos o Kekkei Genkai.

Chiyo pousou a mão sobre o vidro que separava o quarto da sala dos visitantes, viu quando uma enfermeira chegou para alimentar a criança com uma mamadeira tomando todo o cuidado para não tocar na sua pele.

- Eu tenho certeza que conseguirei convencê-los.

(...)

- Kazekage-sama, isso é um descabimento. – Disse um dos membros do conselho. – Manter uma criança dessas na vila será o mesmo que sentenciar-nos a morte.

- Não temos certeza do que ela irá se tornar, não baseie seus argumentos em meras hipóteses. – Disse outro – Poderemos usá-la para proteger a vila.

- Mas se ela se voltar contra nós, estaremos perdidos. É apenas um bebê e já matou um dos nossos melhores ninjas. Seu Kekkei Genkai é uma maldição!

O quarto kazekage apenas assistia em silêncio o desenrolar da reunião tumultuosa.

- Kazekage-sama – Chiyo se apresentou pela primeira vez. – Eu estou disposta a cuidar da criança.  – Todos os membros a encararam incrédulos. – Tenho certeza que se for bem acolhida, irá considerar a vila sua casa e não irá nos trair.

- Com todo o respeito Chiyo-san – Disse um terceiro que até então não havia se declarado. – Não foi o seu neto, o famoso marionetista que abandonou a aldeia sem deixar rastros há alguns meses?

- Acredito que isso não seja relevante na situação atual, de qualquer forma, o que aconteceu com meu neto é um caso extremamente particular e não se aplica ao que estamos discutindo. – Respondeu.

E antes que a discussão prosseguisse. A voz grave do Kazekage se fez pronunciar.

- Então está certo. – Todos silenciaram e esperaram. – Chiyo, você cuidará da criança Shimizu e assumirá todas as responsabilidades. Quero que esteja bem ciente disso.

Ela concordou com a cabeça.

- Até segunda ordem, ninguém fará mal a criança do País da Neve. – E levantou-se ignorando todos os protestos que se seguiram após seu veredicto.

Chiyo soltou um pequeno sorriso. Ao que parecia tudo estava caminhando bem.

(...)

Sete anos depois

Não gostava daquele parque, era tão... Quente... Vazio... Seco. Havia algo naquele parque que fazia com que se sentisse mais sozinha do que realmente era. E não era por causa do sol, ou da areia.

Sentada no gira-gira, a menina de cabelos roxos curtos podia ver um bando de crianças brincando de pega-pega a uma distância... Segura?

Bem... Era isso o que sempre lhe disseram, ela era perigosa, por isso as pessoas ficavam longe dela, por isso tinha que usar aquelas luvas mesmo com o calor arrasador de Suna.

Suspirou fundo.

Viu um pequeno escorpião se aproximar do gira-gira quando olhou para o chão. Tirou uma de suas luvas e o segurou pela cauda. Uma fraca luz azul clara saiu do corpo do aracnídeo antes que perdesse a vida.

Tudo na natureza possui Chakra, alguns em maior quantidade outros em menor. Mas não ela. Ela absorvia automaticamente o Chakra da natureza e em um toque, o dos seres vivos.

Jogou o animal no chão e calçou a luva.

Não gostava daquele sol que fritava sua cabeça; nem da areia que entrava no seu sapato. Não gostava de muita coisa em Suna, na verdade, a única coisa que a prendia àquela vila era...

- Hana-chan!

Ela se virou ao som de seu nome. E saiu correndo em direção a senhora que a havia criado desde que ainda era um bebê, uma das poucas pessoas de Suna que não tinha medo dela.

- Onde estava Chiyo Baa-sama?

- Lamento por tê-la deixado sozinha hoje Hana. – Sorriu amistosa. – Mas tive que ajudar o Kazekage-sama, o filho dele nasceu hoje e... – Subitamente parou. As memórias do selamento do biju ainda eram frescas. Receava no que aquilo poderia significar para o pequeno Gaara. – Enfim... Vamos para casa agora, sim.

Hana concordou com a cabeça e sorriu.

Ambas caminharam de mãos dadas até a casa de areia onde viviam.

Aquela noite estava marcada para ser atacada por uma temível tempestade de areia. Hana acordou com o barulho do vento batendo como um animal enjaulado contra as paredes da casa.

Levantou-se a procura do quarto da sua avó. As noites de tempestade são os pesadelos infantis projetados no mundo real. Todos os monstros vêm com o vento raivoso.

No entanto, se existe algo pior do que a imaginação, é a curiosidade infantil.

A porta que sempre estava trancada, desta vez estava entre aberta. Hana não podia perder a oportunidade de descobrir o que havia ali. Daria nem que fosse ao menos uma olhadinha e depois voltaria para a cama.

Abriu a porta um pouco mais, apenas para que fosse capaz de passar. O quarto era mais escuro do que aparentava, e mais abafado também. Caminhou para frente e bateu o pé em algum móvel de madeira. Não sabia dizer o que era.

A escuridão interminável foi cortada num pela luz do raio que caia do lado de fora. E com essa luz, as dezenas de corpos pendurados na parede se tornaram visíveis. Seus olhos de vidro e expressões vazias só os tornavam mais assustadores.

Hana segurou um grito e deu alguns passos temerosos para lugar nenhum. Quando sentiu uma mão fria cair sobre sua cabeça, o grito foi instantâneo.

- Hana! Hana! – Chiyo se levantou e correu até o quarto de Hana, ascendeu a luz. – O que aconteceu?

A menina cobria-se com as cobertas, apavorada.

- Tem monstros vivendo em casa, Chiyo Baa-sama! Me salve. – E começou a chorar.

Chiyo, a principio, não entendeu, mas sua intuição fez com que perguntasse.

- E eles não estariam vivendo atrás da porta que eu disse para você não abrir, estariam?

Hana parou de chorar imediatamente.

- Como a senhora sabe?

Chiyo suspirou, uma estranha sensação de Deja vu a invadia. Se perguntava se estava tomando a decisão certa.

- Venha comigo Hana. Tem uma coisa que eu quero ensinar a você.


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