Eu não sei o que me levou a fazer o que fiz, e agora comecei a achar que não deveria ter saído da Flórida, talvez lá eu pudesse ter uma vida normal, talvez.

Insisti ao Damon que não precisava ser levada até a porta, da calçada dei um último aceno e quando bateram a porta eu segui sem rumo, sem nem lembrar que havia dito que pegaria um táxi, eu não iria para casa. O tempo estava frio, apertei o casaco e me abracei evitando os pensamentos, caminhava cega pela estrada escura, e não sei se planejei ou se apenas acabei chegando lá... Olhei para baixo, a água escura parecendo concreto, um frio percorreu por minhas costelas, o ignorei e comecei tirando os sapatos, as calças, o casaco e joguei aos meus pés. Estendi meu suéter no chão molhado e sentei, com as pernas balançando no precipício.

Suspirei olhando para o céu tempestuoso, as núvens roxas e tão baixas que dava a impressão de poder tocá-las, uma gota caiu no meu rosto. E pela primeira vez desde o incidente permiti que as lembranças viessem, e foi um turbilhão, de um lado minha mente gritava "Ele é um vampiro!" e do outro em contraposição presando pela minha sanidade, dizia "Você não sabe de nada, esqueça isso.". Mas eu já tinha visto esta história antes, e também já sabia do final. Stefan e Damon, sempre agiram um pouco estranho mas eu já estava tão acostumada com coisas estranhas que nem devo ter notado, de qualquer forma se eles não fossem o que eu pensava, - estava evitando a palavra - eles eram maníacos loucos por sangue e super dotados, o que era praticamente a mesma coisa.

Na verdade o que realmente me intrigou foi a reação deles, dentre me matar e desovar o corpo no meio do mato, sugar todo o meu sangue até a última gota, me jogar na frente de um caminhão numa autoestrada para forjar um atropelamento; tentar "apagar minha mente" foi a mais estranha de todas elas, e realmente não tinha funcionado, o que me levava de volta a um passado não tão recente assim. Ele disse que minha mente talvez não funcionasse como a das outras pessoas, de uma forma ou de outra o meu destino mais certo seria o sanatório: Sua mente não funciona como a das outras pessoas = louca. Seu melhor amigo é um lobisomem e seu ex-namorado um vampiro = louca.

De uma coisa eu tinha certeza, eu não ficaria aqui para ver o final, que aliás eu já tinha um bom palpite de como seria.

Me levantei apoiando nas rochas e olhei para baixo mais um vez, o pingo havia se transformado em chuva e o rio lá embaixo estava agitado, avancei um passo e já estava na ponta, as rochas escorregadias pareciam me dar uma força pra ir logo.

- Será que você se importa? - perguntei à imagem de Edward na minha frente, dei três longos passos para trás e avancei correndo, passei pela imagem dele que se desmanchou com o vento, e então eu pulei?