Sem Rumo escrita por Mandy-Jam, ray_diangelo
Notas iniciais do capítulo
Aqui vai mais um capítulo super atrasado! Sinto muito por ter demorado tanto!
Espero que gostem...
Apolo colocava na boca o máximo de cereal que conseguia, mas ao mesmo tempo não parava de falar.
- Ahm menha filham achamem que eum não existu. – Ele falava enrolado e em um tom abafado, enquanto pedaços de sucrilhos coloridos caiam para fora de sua boca. Deméter cruzou os braços, irritada.
- Tenha modos, garoto! Coma de boca fechada, engula, e depois fale! – Repreendeu ela. Hades fez uma careta para Apolo, por estar vendo as cores alegres do sucrilho se misturarem em sua boca.
Apolo engoliu o cereal com raiva, e bateu a caixa de papelão na mesinha de centra. O Deus do sol jogou-se para trás no sofá, e cruzou os braços como uma criança contrariada.
- O que você tinha dito? – Perguntou Perséfone sem ter entendido uma única palavra.
- A minha filha acha que eu não existo! – Exclamou ele com raiva. Todos fizeram um “Aaaah” mostrando que tinham entendido, e Apolo revirou os olhos – Eu não existo? Eu não existo?! Se eu não existo, ela não existe.
- Quer parar com isso. Faz sentido ela não achar que você existe. – Resmungou Hades achando que, como sempre, Apolo fazia drama demais.
- Faz sentido porque?! – Exclamou Apolo com raiva.
- Por que se ela acreditasse que Deuses gregos existem, saberíamos que ela tem um parafuso frouxo na cabeça. – Comentou Hades.
- O que? Nada a ver. – Resmungou Apolo.
- Pessoas normais não pensam assim. – Disse Hades.
- Pensam sim. – Confirmou Apolo sem querer admitir a verdade.
- Pensam nada! – Exclamou Hades.
- Pensam sim! Lá lá lá lá lá lá! – Apolo tampou os ouvidos e começou a cantarolar para não ouvir a voz de Hades. O Deus dos mortos ficou com raiva e se pôs de pé.
- Ah, para mim já chega! Já basta ter que ficar nesse fim de mundo com essa velha! Eu não sou obrigado a ficar nessa sala ouvido sua criancice, Apolo! – Exclamou Hades sem paciência como sempre.
- Para onde está indo? – Perguntou Perséfone – Vai falar com a Abby?
- O que? Eu não. Eu vou pegar mais protetor solar. Minha pele está começando a arder de novo. – Corrigiu Hades dando de ombros – Deixa a garota se sentir mal. As pessoas precisam aprender a lidar com os sentimentos negativos também.
- Isso tinha mesmo que ter vindo de um pessimista como você. – Reclamou Deméter negando com a cabeça.
- Ah, desculpe. Se você vive em um arco íris colorido e come cereal colorido, parabéns, mas a vida não é assim. – Queixou-se Hades – As pessoas nascem, crescem, ficam desapontadas, levam chutes da vida, e depois morrem.
- Que horror! – Exclamou Perséfone – Isso foi algo terrível de se dizer, Hades!
- É a verdade! – Afirmou ele quando chegou a escada – O problema é que todo mundo se ilude pensando que a vida é sempre feliz. Não, ela não é. As pessoas têm dias ruins, dias de chuvas, e dias tristes. Deixa a garota em paz, e depois ela melhora!
- Eu não vou deixar ela em paz! Eu deixei ela em paz por vários anos, e já chega! – Exclamou Apolo se colocando de pé.
- Vai aonde? – Perguntou Perséfone se levantando também.
- Vou falar com a Abigail. – Respondeu ele.
- Vai nada! Senta aí de novo! – Disse Perséfone – Não adianta pressionar a garota para aceitar você! Ela precisa de um tempo para respirar.
- Não! Eu vou falar com ela! – Confirmou Apolo ignorando Perséfone.
Hades começou a falar para ele não se intrometer, e Apolo reclamou com ele. Pesérfone reclamou com os dois, e tudo começou a ficar barulhento. Eles estavam brigando cada vez mais, até que Deméter resolveu que aquilo já passara do limite.
- Já chega! – Berrou ela, e todos ficaram em silêncio. Eles olharam para a Deusa da agricultura, que andou até o meio deles e apontou para Apolo – Acham que estão em um mercado de peixe?! Essa casa é minha, e eu quero ordem aqui!
Todos engoliram em seco. Deméter olhou diretamente para os olhos do Deus do Sol, e apontou para o sofá.
- Você. Volta e põem o seu traseiro no sofá agora mesmo!
Apolo teve medo de desobedecer a ordem dela, ao ver que Deméter estava realmente irritada. Ele estendeu as mãos em rendição.
- Sim, senhora. – Murmurou ele com medo. O Deus do Sol sentou-se e ficou quieto observando o resto da cena. Deméter apontou para Perséfone.
- Você vai ficar sentada lá também, ouviu? E eu não quero ouvir você reclamando com ninguém, mocinha. Quem faz isso sou eu. – Ordenou Deméter. Perséfone assentiu revirando os olhos, e foi para o sofá ao lado de Apolo.
- Sim mamãe... – Resmungou sentando-se.
- E quanto a você, seu infeliz deprimido, suba as escadas e conversa com ela! – Exclamou Deméter para Hades. O Deus dos mortos piscou os olhos sem acreditar.
- Eu?! Ah, desculpe. Não foi você que acabou de dizer que eu era deprimente, e que só falava coisas horríveis? – Perguntou ele erguendo os braços.
- Você vai controlar a sua boca e vai fazer ela se sentir melhor. Ela precisa de alguém que a faça ver que está em família. – Disse Deméter.
- Quem disse que eu vou obedecer você?! – Perguntou ele com raiva. Deméter fez surgir uma colher de pau em sua mão e apontou para ele.
- Ou você sobe essa escada agora mesmo e ajuda a menina, ou eu juro que te dou a surra que mamãe devia ter te dado faz tempo! – Exclamou Deméter apontando o utensílio culinário para ele. Hades cruzou os braços devagar para não se machucar com as queimaduras.
- Eu sou um dos Três Grandes. Eu sou Hades, Deus dos mortos, Senhor do Mundo Inferior. E você acha que vai me controlar com uma colher de pau...? Ah! – Hades berrou ao sentir Deméter atingi-lo na barriga com o objeto.
- Sobe! Sobe essa escada agora! – Berrou Deméter peseguindo-o. Hades virou as costas e começou a correr.
- Sua maluca! Louca! Demente! – Berrou ele com medo de Deméter – Para com isso! Para!
O Deus dos mortos atingiu o topo da escada, mas não parou até chegar á porta do quarto onde Abby estava. Ele abriu e entrou. Deméter desceu as escadas, e viu que Apolo e Perséfone estavam prendendo o riso por verem uma cena tão cômica.
- Estão rindo de que?! – Perguntou ela, e os dois ficaram extremamente sérios.
- Nada. – Responderam juntos.
- Acho bom. – Resmungou ela. De repente, ela voltou a ter a posição de mãe doce e gentil, e sorriu para os dois – Alguém quer biscoitos?
Abby estava sentada no chão quando Hades fechou a porta com medo de Deméter. Ele olhou para o chão, e lá estava a filha de Apolo. A semideusa estava com um pequeno pedaço de giz, desenhando.
Ele franziu o cenho e deu um passo para frente. A tábua do chão rangeu, e Abby ergueu seus olhos para ele. Ela parecia indiferente. Talvez um pouco aborrecida, mas não estava chorando. A garota olhou para a barriga de Hades sem entender, pois tinha uma marca engraçada em vermelho.
- Olha... Parece uma colher! – Exclamou Abby olhando-o. Hades olhou para a barriga, e assentiu.
- Parece, não é? – Perguntou ele fingindo um sorriso simpático. Abby não estava sorrindo para ele, e nem sorriu depois. Ela só abaixou seus olhos para o chão novamente, e murmurou algo para o Deus dos mortos.
- Tem mais protetor ali em cima da cama. – Foi tudo que a garota falou. Hades fez uma pequena comemoração com as mãos, e o pegou. Houve um grande intervalo de silêncio, até que Abby resolveu falar com ele – Por que está aqui?
- Quer que eu conte a verdade, ou invente alguma coisa para te animar? – Perguntou ele passando protetor na mancha vermelha.
- Desculpa. – Murmurou ela franzindo o cenho – Esqueci que a casa é sua.
Hades riu incomodado, e negou com a cabeça.
- Minha? Minha casa? Ah, longe disso. Isso aqui não é uma casa. – Resmungou ele irritado – É só um barraco decadente abandonado pelos Deuses sabe-se lá onde. Não tenho nada a ver com esse lugar.
Abby se virou e notou que Hades fitava sua pele queimada pelo Sol com raiva. A semideusa, sentou-se de pernas de índio no chão e olhou para ele com mais atenção.
- Eu pensei que gostasse daqui. – Disse ela sem entender – Por que acha que esse lugar é um inferno?
- Inferno? Não ofenda o inferno. Acredite no que eu digo, garota do protetor solar, ele é melhor do que essa casa. Principalmente quando não aquela velha irritante não está presente. – Resmungou ele jogando o protetor solar em cima da cama.
- Ela não é tão ruim. – Comentou ela. Hades olhou-a como se fosse maluca, e Abby explicou – Alguns amigos que eu tive... Bem... Uns colegas na escola, na verdade. Eles disseram que as mães deles eram irritantes, ás vezes, porque reclamavam o tempo todo.
Hades ergueu as sobrancelhas para Abby, sem entender o que ela queria dizer com aquilo. Ela só encolheu os ombros.
- Mas elas só fazem isso porque se importam. – Completou Abigail. Ela encolheu os ombros – Viu? Ela se importa com você.
- Ela quer a minha cabeça na parede. – Corrigiu Hades – Você não conhece essa mulher. Ela me odeia.
Abby desistiu de falar alguma coisa, e acabou sentando no chão para desenhar. Hades franziu o cenho para a parede, e assentiu.
- Ela me odeia mesmo. – Confirmou ele, sem que Abby tenha contestado.
- Tudo bem então. – Disse ela voltando a desenhar.
- Não, é sério. Ela me odeia. – Confirmou ele. Abby assentiu e voltou a desenhar no chão com giz – Eu poderia até te explicar melhor, mas você não entenderia.
- Não, tudo bem. Não precisa. – Abby encolheu os ombros.
- Tudo bem, eu te explico. – Confirmou Hades. – Senta aqui que eu te conto.
- É sério, não precisa... – Abby foi interrompida.
- Então pode ficar aí mesmo. – Disse Hades dando de ombros. Abby viu que ele queria desabafar de qualquer jeito, por isso sentiu-se uma psicólogo. Ela encostou-se contra a parede, de modo que ficou de frente para a cama.
- Pode contar. – Murmurou.
- Quando nós saímos da barriga do nosso pai... – Hades foi interrompido.
- Ahm? Não seria da sua mãe? – Perguntou Abby confusa.
- Não. Nós já tínhamos saído da barriga da nossa mãe. Estávamos na do nosso pai depois. – Explicou ele, mas Abby ficou ainda mais confusa – Quando saímos de lá, e cuidamos do mundo e blá blá blá... Alguns anos depois, ela teve uma filha com o nosso irmão.
- O que? – Abby franziu o cenho, mas então lembrou-se de algo que ele tinha dito antes – Ah... Foi antes da lei do incesto ser criada.
Hades sorriu para ela e fez que sim com o dedão.
- Garota esperta. Adoro gente inteligente. – Confirmou ele. Hades continuou depois de um suspiro – A Perséfone e eu nos apaixonamos. E... Eu levei ela para o Mundo Inferior, para podermos ficar juntos.
- Mundo Inferior...? – Abby franziu o cenho.
- Vai ficar me interrompendo, ou vai prestar atenção na história? – Perguntou Hades incomodado. Abby olhou para ele.
- Ahm... Não foi o meu pai que te mandou aqui em cima para perguntar alguma se eu estava bem? Eu imaginei que fosse isso... – Abby foi interrompida.
- Podemos falar disso mais tarde? Eu estou no meio de um momento flashback. – Reclamou Hades irritado por estar sendo constantemente cortado – Ótimo. Depois, quando Deméter soube que eu tinha levado a filha dela, ela fez um escândalo. “Ele sequestrou a minha garotinha! Buah! Ele é tão mau!”.
Hades imitou uma voz enjoada, e ergueu seus braços fingindo desespero.
- Exagerada. Ela me chama de sequestrador até hoje. – Disse revirando os olhos – Depois nós...
Ele olhou para Abby e notou que ela parecia triste. Não parecia insegura como quando chegara lá, e sim triste. Hades parou a história, e soltou um suspiro pesado.
- Esquece isso. Não é importante. – Disse ele revirando os olhos – É só que... Vou pular logo para a moral da história.
- O amor vence tudo? – Tentou Abby.
- Não. Famílias são um porre, mas existe uma coisa chamada de DNA que nos amarra uns aos outros. Não tem jeito. Eles são chatas, irritantes, e te repreendem se você não amarra os sapatos, mas você tem que ficar com eles. – Respondeu Hades – Tudo bem. Seu pai é um cara ocupado que dirige o Sol, mas é melhor fazerem as pazes, pois nunca vão estar livres um do outro.
- Quer dizer que você vai fazer as pazes com a Deméter também? – Perguntou Abby analisando o assunto.
- O que?! Ficou maluca?! Eu quero mais que ela seja torturada eternamente nos Campos de Punição e depois...! – Hades se interrompeu ao ver Abby arregalar os olhos um tanto tensa – Ahm... Er... Quero dizer. Isso é um talvez. Agora vai falar com ele.
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O que acharam?
Haha! Hades traumatizado tadinho...
Espero que tenha valido essa espera tão longa.
Por favor, mandem reviews. Se quiserem... Recomendações.
Espero pela opinião de vocês, e até o próximo capítulo!