Manchas escrita por Juliiet


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, tudo bem? Vou ser breve porque hoje não tenho muita coisa pra falar :3
Muito obrigada pras meninas lindas e fofas que recomendaram a história :3
— Anyele Sousa
— SanyWalter
— Your Pretty
— Vanessa Salvatore
Vocês são umas fofas, sério! Não me matem, mas vou deixar pra mandar MP's agradecendo cada uma só amanhã porque preciso dormir e to parecendo um zumbi D:
Boa leitura :)



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Enquanto Paulo dormia, eu fui embora.

Havíamos acordado muito cedo e foi então que lhe contei minha pequena tragédia particular. E depois de chorar pelo que me pareceram horas, eu adormeci de novo e quando acordei, já passava das nove da manhã e as pessoas na casa pareciam estar começando a se levantar.

No entanto, Paulo continuava dormindo quietamente, o lençol meio enrolado em suas pernas, um braço apertando meu corpo contra o dele, o rosto em meu pescoço. Desenrolei-me dele com cuidado para não acordá-lo e fiquei sentada por algum tempo, abraçada aos meus joelhos, apenas olhando-o tão tranquilo em seu sono.

Talvez corresse o risco de soar repetitiva até para mim mesma, mas ele era lindo. Seu cabelo ondulado caía bagunçado por seu rosto, sua boca estava relaxada e seu lábio inferior parecia mais carnudo agora que ele não o estava apertando numa fina linha. Estiquei um braço e, com a mão, delicadamente, contornei os traços do seu rosto. A linha da mandíbula, um pouco áspera já que sua barba começava a crescer, o nariz comprido, o arco das sobrancelhas, os cílios longos e cheios, aqueles lábios tão macios.

Inclinei-me e o beijei tão delicadamente que mal senti seus lábios sob os meus.

Levantei-me e troquei de roupa, colocando os jeans que havia levado na mochila, uma blusa preta de alças e um moletom cinza por cima. Prendi os cabelos num coque bagunçado e calcei meus tênis. Fui ao banheiro e escovei os dentes e lavei o rosto. Finalmente, coloquei todos os meus pertences na mochila e saí do quarto, sem olhar outra vez para o garoto adormecido na cama.

Desci silenciosamente as escadas, de onde pude ver a mãe do meu falso namorado arrumando a mesa para o café da manhã. Esperei até ela ir à cozinha para descer os últimos degraus e correr para a porta sem fazer barulho. Uma vez lá fora, saí correndo.

Corri até minhas pernas ficarem pesadas, até que cada respiração doía, o ar parecendo corroer meus pulmões como ácido. Não sabia para onde estava indo, nem por que. Não sabia onde chegaria, nem se chegaria. Não me importava, só queria continuar correndo, seguindo em frente.

Não podia parar.

Não queria pensar.

Acabei entrando em uma rua vazia e escura, rodeada por muros altos e pichados. Antes que acabasse tropeçando e caindo, parei de correr e me escorei no muro, para logo escorregar até o chão e ficar ali, encolhida, abraçando minhas pernas, o rosto escondido nos joelhos.

Não tinha mais lágrimas para chorar, mas era como se eu estivesse fazendo exatamente isso. Meu peito doía, meu rosto doía. Minhas mãos tremiam. Mas meus olhos estavam secos.

Queria que houvesse um botão que eu pudesse apertar para fazer meus problemas sumirem. Queria que houvesse um jeito de esquecer meu passado, que eu pudesse apagar as imagens que continuamente me assombravam.

Eu dormia e acordava. E toda vez que fechava os olhos, podia ver minha irmã morta. Via acontecer, como se fosse um filme em câmera lenta. Via o sangue sujando o chão da cozinha, sentia sua viscosidade, sentia seu cheiro metálico e nauseante.

Perdi a conta de quantas vezes rezei para isso ser só um pesadelo. Para que eu acordasse de manhã e percebesse que nada daquilo era real. Que não tinha acontecido. Que eu poderia atravessar o corredor e entrar no quarto de Sofia, para vê-la dormindo em sua cama, enroscada no lençol, os fones nos ouvidos, porque ela sempre ouvia música para dormir. E sempre prendia o longo cabelo numa trança antes de deitar, diferente de mim, que sempre ia dormir com os cabelos soltos e acordava com uma moita na cabeça.

Os dela sempre estavam lindos.

Às vezes, quando eu era criança e tinha um pesadelo, ia ao quarto dela ou o de Bianca, e me deitava na cama com elas. Sofia sempre tinha cheiro de baunilha e sempre me dava espaço em sua cama e me abraçava; diferente de Bianca que reclamava para que eu deixasse de ser um bebezinho e voltasse para o meu quarto, mas me deixava ficar mesmo assim.

Não era só de Sofia que eu sentia falta. Também sentia falta de Bianca. Sentia falta de ser a irmã do meio, de estar sempre entre as duas, de acreditar com uma segurança cega que nunca seria abandonada por elas. Que nunca as perderia.

E pela primeira vez desde que minha irmã morreu, eu lembrei de como era ter uma família que me amava, como era viver entre pessoas por quem eu daria minha vida e nas quais eu confiava sem precisar pensar. E a lembrança que eu havia sufocado por tanto tempo parecia me rasgar. Doía tanto que eu temi que não conseguiria me controlar e começaria a gritar. Doía tanto que eu sentia como se estivesse morrendo.

E nunca eu quis tanto minha família de volta.

E, mesmo enquanto os odiava, eu os amava mais do que podia aguentar.

Não sei quanto tempo passei ali, sentindo, quase saboreando a dor que me consumia. Podem ter sido horas, dias. Ou apenas minutos. Finalmente me levantei, embora sentisse minhas pernas dormentes e pesadas. Cambaleei para fora da rua e tentei me achar naquele lugar estranho.

Felizmente, era uma cidade quase tão pequena quanto St. Werburgh e eu logo consegui chegar à rua principal e, de lá, à estação de trem. Uma hora depois, eu estava de volta à escola.

Não podia explicar, mas só de estar ali, já me senti melhor. Esbocei um sorriso triste, só para mim, e fiquei surpresa ao perceber que consegui sustentá-lo por mais de um segundo. A dor não havia passado, mas aquele antigo colégio, com suas paredes de pedra fria e alunos que, em sua maioria, me desprezavam e gostariam que eu me jogasse da torre da capela, me fazia sentir como se eu tivesse um lugar ao qual eu pertencesse.

Era uma sensação nova para uma garota que passou tanto tempo perdida, sem um caminho para seguir, sem ninguém em quem se apoiar, sem um lugar para chamar de seu.

E embora ainda doesse – e provavelmente sempre doeria – pela primeira vez na vida, eu sentia que podia ser feliz. Não agora, não ainda. Mas um dia.


...

Passei o resto da manhã e a maior parte da tarde no chalé escondido no bosque. Antes de ir, fui até o refeitório meio vazio e abasteci meus bolsos com pães e caixinhas de achocolatado. Eu queria ficar sozinha, não morrer de inanição.

Fiquei encolhida na velha poltrona verde, que cheirava levemente a mofo, meio enrolada numa blusa grossa e larga que havia na minha mochila, sem fazer absolutamente nada por umas duas horas. Minha mente estava tão cansada que eu sentia o reflexo disso no meu corpo. Apesar de ter acabado de ter a melhor noite de sono que já tivera em muitos anos, eu sentia como se tivesse atravessado o oceano pacífico a nado. Meus músculos doíam, meu corpo pesava, minha cabeça latejava. Eu não conseguia dormir, então só fiquei parada, bem quietinha, tentando recuperar minha energia. Tentei não pensar em nada, mas quando eu tentava esvaziar minha mente, um par de olhos meio verde meio castanhos surgia nela, atormentando-me, lembrando-me do abismo em que eu estava prestes a me atirar.

Eu estava tão apaixonada por Paulo Chermont que não conseguia mais me importar com esse fato.

Eu estava realmente prestes a me atirar de uma altura incalculável em direção à escuridão completa, sem ter ideia do que iria encontrar lá embaixo, sem nem saber que chegaria lá inteira. E fazia isso consciente e avidamente. Eu queria me jogar daquele precipício, queria o desconhecido, o perigoso, o arriscado. Queria tudo daquele maldito monitor fascista. Queria aquele garoto idiota, mandão, stalker, metido a certinho e bonito demais, que havia manchado meu coração e minha alma com sua presença, com sua insistência, com sua preocupação e a calidez dos seus sentimentos por mim.

Eu nunca poderia enterrar meu passado, mas talvez pudesse aprender com ele. Havia lidado com aquela tragédia da pior maneira possível, do mesmo jeito desastroso que as pessoas ao meu redor. Mas havia finalmente alguém que não me julgava, não me culpava, que me queria desse meu jeito destroçado, imperfeito, quebrado. Eu não podia ser de outra maneira, mas Chermont não parecia me querer de outra maneira.

E eu queria ser dele.

E não lutaria mais contra isso.


...

Logo depois das cinco da tarde, começou a chover. Não era bem uma novidade numa cidade tão úmida, mas me fez xingar baixinho por precisar voltar à escola no meio daquele aguaceiro. O céu já estava muito escuro e, se eu esperasse mais, talvez fosse pior.

Fiz o caminho de volta bem devagar, tropeçando em raízes e escorregando na lama que se formava, pensando por que raios ainda não tinha comprado um guarda chuva. Na próxima vez que fosse à casa do Gabe, pediria para parar em alguma loja no caminho, porque a situação já estava fora de controle.

Gabe.

Eu sabia que ele gostava de mim. Não sabia o quanto, ele era irritantemente parecido comigo quando se tratava se esconder sentimentos. E apesar de sermos apenas amigos, eu sentia como se o estivesse traindo. Eu me envolvi com um cara que o odiava, que ele odiava de volta. Eu não contei a ele sobre aquele pseudo namoro secreto e ainda menti sobre onde passaria meu fim de semana. Se fosse qualquer outra pessoa, se fosse num momento diferente, eu não teria me importado. Eu era egoísta o suficiente para não me importar. Era. Não mais. Agora eu me importava. Eu amava Gabe de um jeito meio torto, meio inevitável. Ele era a única pessoa, em muitos anos, com quem eu me identifiquei, pelo menos um pouco. Eu me aproximei dele por nossas semelhanças e o deixei me encantar com suas diferenças.

Eu não queria perder sua amizade.

Não me preocupava com Paulo nesse assunto. Se ele me quisesse, teria que aceitar Gabe como meu melhor e único amigo. Se ele podia aceitar meu passado, ele tinha que aceitar meu presente. E eu não pretendia me afastar da primeira pessoa que viu algo em mim além do que os olhos permitiam ver.

O que eu temia era que Gabe se afastasse de mim por causa do monitor. Eu desejava e esperava que ele só me quisesse como amiga, mas algo me dizia que seus sentimentos por mim iam além disso. Eu soube no dia em que ele me falou sobre Clara.

É como se eu estivesse me afogando. Sozinho, no mar. É como se eu soubesse que morreria, como se eu esperasse, ansiasse, por isso. E então você aparece, soprando ar para dentro de mim. Devolvendo-me a vida que eu não percebi que queria de volta.

Eu estava ferrada.

Finalmente, cheguei ao ponto onde as árvores ficavam mais afastadas e então acabavam.

E o que eu vi fez meu coração gelar.

Havia uma ambulância estacionada de qualquer jeito na frente do refeitório. Suas luzes piscavam, sem som. Do lado dela, estava o carro da polícia.

Alguma coisa estava errada. Muito errada.

E algo me dizia que eu devia ficar longe da confusão.

Mas como eu nunca escuto meus próprios instintos, saí quase correndo na direção do refeitório. Meus pés patinavam na grama encharcada e eu escorreguei uma vez, sujando os joelhos dos meus jeans e minhas mãos de lama. Não me importei. Levantei-me e voltei a correr. Cheguei quando os paramédicos estavam saindo do salão, carregando uma maca. Nela, havia uma garota.

Uma das minhas colegas de quarto.

– Afaste-se, menina – disse um deles que não estava ajudando a carregar a maca, colocando o braço na frente do meu corpo para me impedir de ir em frente. – Vá para dentro.

Um dos policiais me viu ali fora, estática, e gentilmente me empurrou para fora da chuva, em direção ao refeitório. Assim que entrei, a primeira coisa que vi era que o lugar estava mais cheio do que eu já havia visto, mesmo no auge do jantar. Parecia que toda a escola estava ali.

E todos se calaram ao me ver.

E foi então que eu notei outra coisa. Sinceramente, não sei como pude demorar para ver. Do lado esquerdo do refeitório, onde ficava a mesa das meninas, havia uma fita amarela separando o local, daquelas que a gente vê em CSI. Havia pedaços e mais pedaços de vidro quebrado no chão, assim como uma meia dúzia de pedras e um pouco de sangue. A maioria das grandes janelas que ficavam daquele lado estavam quebradas. Meu coração bombeava meu sangue muito rapidamente, fazendo-o latejar nos meus ouvidos até o ponto em que eu não conseguia ouvir nada mais. Naquele primeiro momento, eu não me importei de ter todas aquelas pessoas olhando para mim, incluindo as freiras e os professores, nem pelo fato de eles parecerem ligeiramente indignados e assustados. Eu não sabia o que sentir. Ainda estava meio confusa por tudo em que havia pensado naquele dia e o fato de ter ressuscitado meu passado para Paulo, que aquilo me pegou como um soco sem aviso.

Eu não gostava de Willa Becker mais do que gostava de um graveto seco no chão. Mas isso não significava que eu queria vê-la machucada. E ela estava tão pálida naquela maca, tão quieta, com sangue escorrendo pela cabeça.

Pisquei quando imagens de um chão de cozinha branco sendo maculado com sangue viscoso. Sangue que me sujava, que fluía para fora de uma garota inocente como a que atualmente dividia o quarto comigo.

O que havia acontecido com Willa?

– Foi ela!

O grito me fez despertar do meu estado de transe e eu me virei para ver de onde vinha a voz. Era Beatrice, a vadia com quem eu tinha aulas de música, que havia me intimidado no banheiro feminino com um trio de seguidoras sem alma e muito laquê. Ela estava inclinada em um garoto alto e muito loiro, que havia passado um braço pelos ombros dela como se quisesse confortá-la. A garota estava muito pálida e seus olhos estavam vermelhos como se ela tivesse chorado. Além disso, seus sempre perfeitos cabelos castanhos estavam meio arrepiados, mas eu duvidava que ela soubesse disso.

– Olhem pra ela! – voltou a gritar, apontando para mim e destilando um ódio que eu era quase capaz de sentir na pele. – Ela está toda molhada e suja de lama! Ela estava lá fora! Foi ela! Foi ela!

Espera, eu o quê? Do que eu estava sendo acusada?

– Mas o quê... – comecei, mas fui interrompida pela madre superiora, que pareceu surgir do nada, mas que provavelmente estava ali desde o início.

– Beatrice, não faça acusações levianamente – a imponente senhora a repreendeu e a Ferrer se encolheu mais nos braços do garoto, como se tivesse levado um tapa. – Todo mundo é inocente até que se prove o contrário.

Não aguentei mais não saber do que elas estavam falando e me adiantei para a madre.

– Mas do que eu preciso provar que sou inocente? – perguntei, totalmente confusa e levemente aborrecida. – O que aconteceu?

A madre superiora se virou para falar comigo, o cenho franzido em preocupação, mas antes de abrir a boca, um garoto falou no meio da multidão.

– Não tente fingir que não foi você! Você é a única que estava lá fora!

E essa voz perdida no meio daquela massa de gente, logo foi seguida por outras.

– Marginal!

– Delinquente!

– Só podia ser essa maluca pra jogar pedras nas janelas!

– Essa louca tem que ir para o reformatório!

– Não, ela tem que ser presa!

– Assassina!

A madre superiora tentava acalmar aquela multidão de estudantes enfurecidos que continuavam gritando coisas para mim, mas eu não ouvia mais nada.

Assassina.

Todo o resto perdeu o sentido na minha cabeça. Pedras. Janelas quebradas. Uma delas atingiu Willa Becker na cabeça. E, segundo todas aquelas pessoas, eu tinha feito isso.

Eu simplesmente não conseguia fazer isso entrar na minha cabeça. Simplesmente não fazia sentido.

Assassina.

Como eles sabiam? Como eles podiam me dizer isso? Como podiam me atormentar desse jeito? Pensei que nunca mais escutaria aquela palavra sendo dirigida a mim. Pensei que talvez não fosse uma. Queria me perdoar, queria seguir em frente. Mas eles continuavam me perseguindo. Vão embora, fantasmas! Eu já paguei por meus crimes, vão embora!

Passado e presente se misturavam em minha cabeça. Eu via o rosto da minha mãe retorcido de ódio, tristeza e loucura, ouvia seus lábios se movendo enquanto ela gritava aquela palavra que eu odiava tanto. Mas não era sua voz que eu ouvia. A voz era de uma multidão anônima que gritava e se avultava em cima de mim como uma muralha de dor, de acusações. Eu estava sem saída, presa, perdida.

Eu não sou assassina, quis gritar.

Mas tinha medo de que isso fosse uma mentira.

Quem eu era?

O que eu era?

Os policiais que estavam lá fora entraram correndo no refeitório, atraídos por aquela cacofonia de vozes infernais, que me matavam um pouquinho de cada vez, cada palavra era como uma faca, atingindo-me por todo o corpo.

Aquilo estava simplesmente errado.

Os policiais fizeram com que todos se acalmassem e, enquanto eu continuava ali, parada no meio do refeitório, alvo agora apenas dos olhares de ódio e desprezo, eu ouvi um deles falando para a madre superiora que eles teriam que me interrogar.

Não sei se ela respondeu que seria um alívio se eles me levassem e me trancassem para sempre ou se eles eram loucos e que eu só podia ser interrogada na presença do meu pai, já que era menor de idade.

Eu simplesmente não conseguia ouvir. Minha mente se fechou em torno de si mesma e, enquanto o refeitório estava no mais absoluto silêncio, vozes gritavam dentro da minha cabeça. Vozes que me odiavam, que me amavam, que me diziam que eu era um lixo, que eu devia estar morta e outras que me consolavam, que diziam coisas boas, que eu precisava viver e seguir em frente. E ser feliz.

De repente, a porta do refeitório se abriu com um estrondo, mas eu não me virei para ver quem entrava, como todas as outras pessoas. Segundos depois, senti o braço gelado e molhado de alguém abraçando meus ombros. Levantei o rosto e me deparei com o que, na hora, parecia meu último refúgio, a única coisa em que ainda podia me segurar para não afogar.

– Não vai ser preciso, madre – a voz de Paulo Chermont soou grave e alta naquele ambiente silencioso. – Julieta não fez nada. Ela esteve comigo o dia inteiro. A senhora pode perguntar a minha mãe, se quiser. Ela convidou Julieta para passar o final de semana em casa com a gente e ela estava comigo e com minha família até agora.

As vozes em minha cabeça se calaram.

Exceto uma.

Seja feliz.

Consegui esconder meu rosto no peito dele antes que as lágrimas silenciosas, uma mistura de medo, dor e gratidão, escapavam dos meus olhos.

Senti os dedos gelados do garoto no meu queixo, levantando meu rosto para o dele e, antes que eu pudesse registrar o que estava acontecendo, ele encostou levemente seus lábios nos meus. E sussurrou:

– Confie em mim.

E eu não sabia como ou quando aquilo havia acontecido, mas eu confiava.

Que Deus me ajudasse, mas eu confiava no garoto que, um dia, jurei odiar.


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Notas finais do capítulo

Capítulo pequeno, eu sei, me perdoem. Prometo fazer um maior da próxima vez. Não se esqueçam de deixar reviews, são muito importantes pra mim. Beijooos :*