A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 9
Capítulo 9 - Captura à bandeira


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Culpa da escola, claro! Por isso, fiz um maior dessa vez. Mas, se eu não tiver nem um review, não posto mais! Espero que gostem. Narrado por Kate.



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Sexta à noite chegou, trazendo muita animação.

            Os grupos foram divididos. Diziam que a tradição do acampamento quando as Caçadoras estavam por lá era que as Caçadoras ficassem contra todos os campistas. Porém, dessa vez só haviam cinco Caçadoras e apenas duas estavam boas o suficiente para participar.

            As outras três insistiram para participar da captura a bandeira também, mas várias partes do seu corpo estavam quebradas. Essas tinham sido perseguidas e fugiram por pouco.

            Só que não sabiam, não lembravam ou só tinham visto de relance o que as perseguiam de forma que nenhuma delas realmente sabiam o que se escondiam entre as árvores.

            As duas Caçadoras que iam participar, inclusive Phoebe, estavam em nosso grupo. Os chalés dos deuses pequenos também, como Íris, Hipnos, entre outros. Junto, Atena, Deméter e Hefesto. Os dois menos tinham poucos, o que não traziam vantagens. Mas os filhos de Hermes eram hábeis, igualmente os de Atena.

            Contra nós, um filho de Zeus e vários de Afrodite, mais os de Ares, Apolo e Dionísio, muitos campistas. As filhas e filhos de Afrodite, na minha opinião, não seriam de muita utilidade para o outro grupo. Elas só participavam por causa das Caçadoras.

            As filhas de Afrodite naquela semana tinham me infernizado ainda por causa do meu cabelo. Nem estava tão ruim. Lana levava jeito, sendo que nunca tinha feito curso. Além disso, eu prendia o cabelo e quase nem parecia.

            Eu não ligava para o que elas falavam, mas Lana saía do controle, como se fosse filha de Ares, de tanto que queria brigar. Mas, com o resto dos campistas, Lana era muito legal. Até com James, ela agora conversava.

            Quanto a captura a bandeira, não entendia porque todo mundo estava tão animados. Eu não estava. Sinceramente, eu não servia para nada. Sabia apenas segurar uma espada, não tinha mira boa com o arco e flecha. Não era nada boa com lanças e percebi que os machados eram armas que só os filhos de Hefesto carregavam.

            Ah, e tinha as adagas. Eu até que seria boa com as adagas, mas eu não era muito rápida.

            Aquele dia da chegada do acampamento, bom, eu não tinha conseguido fazer algo. Aquele dia, eu acho que só estava tentando provar para mim mesma que podia fazer algo realmente bom.

            Mas eu não podia.

            Se os pégasos fossem armas... Eu era tão boa com eles. Gostava de cuidar deles, sempre limpava a sujeira, mesmo sendo nojento às vezes. A Mel estava ficando mais forte. Por causa de estar tão fraca quando tinha chegado no acampamento, ela ainda não podia voar, mas logo poderia.

            Por isso, eu ainda não tinha voado em algum pégaso. Eu ia esperar a Mel, para isso. Era como se eu tivesse pegado uma afinidade com ela.

            Mas, voltando sobre a captura a bandeira. As Caçadoras e Lana iam entrar no território inimigo. Outras pessoas também iam fazer isso, claro. O chalé de Atena e mais algumas pessoas, pelo o que eu tinha entendido iam ficar perto do lago que cruzava os territórios, por assim dizer. O chalé de Hefesto ia estar pelo bosque, com suas armadilhas. E o chalé de Hermes estaria em qualquer lugar, igualmente os menores e o de Deméter, tanto na defesa, quanto no ataque.

            Nossa bandeira estava escondida em uma pequena clareira do bosque. Era ali que eu e mais alguns filhos de Hermes iam ficar para proteger tudo.

            Para mim tudo bem. Com todos aqueles campistas no bosque, quem afinal iam chegar até a bandeira? Eu não ia precisar fazer nada. Só “marcar presença”.

            Quando a hora chegou, eu percebi quantos campistas nós tínhamos ao nosso lado. Era muitos, porém o outro grupo era igualmente maior. Tínhamos ambos chances equilibradas para vencer.           

            Junto comigo perto da bandeira iam ficar mais campistas do chalé de Hermes, entre eles James. Era legal ter James por perto, assim poderia conversar com alguém.

            A verdade era que eu não estava me enturmando no acampamento. Eu continuava no chalé de Hermes e, mesmo tendo vários campistas lá, quase nenhum falava comigo.

            Resumindo, era só Lana, Oliver, James e Phoebe, sendo que Phoebe um dia ia sair do acampamento para se juntar novamente a Ártemis.

            Me sentei no chão do bosque perto a bandeira. James se virou para mim e falou:

            — É melhor estar preparada.

            — Para quê? — perguntei, meio confusa. Ainda pensava que eu não ia ter que fazer nada.

            — Não sei... Talvez... Para quando eles chegarem? — James brincou.

            — Nesse caso, preparada para morrer? Porque, se eles chegarem, é a única coisa que eu vou estar: morta. — Apoiei meu rosto, inclinando-o, na mão.

            — Não seja boba. Não podem nos matar.

            — Então tenho que me preparar para ter uns machucados amanhã.

            — Não — James olhou para mim como se eu fosse uma criança que contrariava um adulto —, você tem que estar preparada para se defender. Então, levante-se.

            — Eu não sei me defender — falei, mas mesmo assim me levantei e tirei a sujeira da minha calça.

            — Você é muito pessimista, Kate.

            — Sou realista — corrigi.

            — Não, você é pessimista. Então, você não consegue fazer coisas que a maioria de nós fazemos. Ok. E daí? Alguma coisa você tem que saber. Isso não significa que você é uma aberração. Só que é diferente; e ser diferente, nesse caso, é ser especial. Então, você vai estar preparada quando chegarem até aqui e, mesmo não sabendo usar armas muito bem, você vai ajudar. É melhor do que ficar parada e depois todo mundo dizer que você não fez nada.

            Naquela hora ele parecia mais um líder, tanto que me assustou. James nunca tinha sido tão sério. Ele sempre fazia brincadeiras e estava rindo. Tanto que eu fiquei paralisada no lugar por um tempo.

            Até que eu ouvi algo atrás de mim.

            Me virei tão rápido que fiquei até tonta e tive que me apoiar em algum lugar.

            Só que não tinha nada. Cheguei perto das árvores para ver se tinha alguém. Ninguém. Lembrei de quando me contaram que havia também monstros no bosque.

            — Acho que só foi uma ave — James falou.

            — Ou estão querendo nos enganar — outro campista do chalé de Hermes falou.

            — Ou um monstro — sussurrei, de forma que ninguém ouviu. Mas tirei a ideia da cabeça assim que direcionei o olhar para outro lado.

            Saindo do outro lado da clareira estavam cinco campistas, provavelmente de Ares. No total, éramos sete. Podíamos lidar com eles, o único problema era que eles eram filhos do deus da guerra...

            E com certeza isso os dava alguns créditos de luta ou coisa do tipo.

            O que aconteceu naquele segundo foi tão rápido como chuva. Cinco campistas mais experientes de Hermes começaram a combatê-los. Eu e James ficamos quietos. Peguei meu colar e ele se transformou em uma espada.

            Mas eu não precisei dele. Os cinco campistas de Ares mais os cinco campistas de Hermes continuaram lutando, mas sumiram entre as árvores, deixando eu e James sozinhos.

            Eu e James nos entreolhamos. Estávamos sozinhos agora. Se viessem mais campistas, estaríamos ferrados. Preferia que não.

            — Acho que não precisava mesmo me preocupar — falei e, nesse mesmo momento, um campista saiu das árvores, provavelmente de Ares.

            “Oh, boca santa, hein, Kate?”, pensei.

            Acabei percebendo que era um plano. Quando ouvimos o barulho e nada apareceu, eles estavam combinando: iam atrair para outro lado os mais experientes. Os mais novos, um só podia tomar conta.

            Daí pegariam a bandeira e íamos ser os idiotas que deixaram o outro time pegar a bandeira e vencer.

            O outro campista sorriu, imaginando o nosso fim, com certeza. Eu queria sair correndo de lá, já sabia que ia ser derrotada. Mas fiquei parada. Aquele filho de Ares não ia conseguir.

            Ele avançou para a bandeira em passos lentos, acho que pensando que não íamos tentar impedi-lo de pegá-la, mas foi lento demais.

            James foi rápido, o atacou. Rápido demais para até mesmo eu ver; e, tão rápido quanto ele, o campista de ares parou o golpe com seu reflexo sobre-humano.

            Uma luta entre os dois começou, tão rápida que eu mal podia processar o que estava acontecendo a tempo, que mais um golpe chegava, sem eu mesmo ver quem desferiu.

            Eu pensei em tentar golpear o campista, porém tinha medo de errar e acertar James. Então, apenas fiquei paralisada, no mesmo lugar.

            Porém, depois de pouco tempo, dei alguns passos para chegar perto da bandeira. Caso algo desse errado, eu estaria preparada para tomar um pouco de tempo do campista.

            Afinal, talvez desse tempo de alguém ir no território inimigo e voltar com a bandeira deles, antes do campista chegar ao seu território.

            Naquele mesmo momento, James caiu. Fora atingido no tornozelo pelo jeito e havia uma grande mancha de sangue escorrendo para o tênis dele.

            Paralisei do lado da bandeira, olhando, com certeza com os olhos arregalados, James caído, tentando disfarçar a dor no tornozelo.

            Espera aí, o campista podia fazer isso?

            A raiva subiu em mim e eu sabia que não era o que o filho de Ares queria. Ele estava cheio de cortes e não precisava de mais alguns para formar uma segunda coleção deles.

            Começou a ir em direção a bandeira de novo, mas eu parei na frente dele, com minha adaga na mão. Eu não era rápida, mas eu poderia ficar rápida.

            Ataquei-o com minha adaga. É claro que facilmente ele parou o taque. Mas eu continuei. O campista sorria como se fosse divertido me ver perdendo.

            Só que, com o tempo, começou a dificultar para ele, tanto que ele começou a me atacar. Todos os ataques eram parados no meio, mas um deles atingiu meu braço.

            E foi aí que eu tive a ideia mais louca da minha vida.

            Dei um passo para trás e segurei meu braço onde ele havia feito o pequeno corte e fingi. De dor não, mas de raiva. Fingi que era a dor mais insuportável do mundo.

            Olhei aterrorizada para o campista e percebi que ele fazia o mesmo. Então, eu era uma boa atriz.

            O campista recomeçou a andar em direção a bandeira, acredito eu depois de um milhão de vezes, sem tirar os olhos de mim. Mas ele não desistia mesmo!

            — Ah, não. — Deixei minha voz carregada de dor e doçura. — Você não vai pegar a bandeira, não depois disso.

            Ele parou, por mais incrível que parecesse e deu uns passos para trás. Era como se estivesse hipnotizado.

            Sentei, fingindo que não podia mais ficar de pé e virei para ver James. Ele parecia assustado, os olhos arregalados, fixado na parte do meu braço que eu segurava.

            — Você está bem, Kate? — James perguntou.

            Então, ele também estava acreditando na minha atuação. Ou então, atuava tão bem quanto eu. Tentei dizer que estava bem, mas nem com um balanço de cabeça eu podia, já que o campista não despregava os olhos de mim.

            Resolvi continuar com a atuação, já que era minha única opção.

            — Estou bem — respondi com a voz trêmula, respirando fundo. — Depois vamos a enfermaria.

            Passaram-se mais alguns minutos. O campista continuava parado olhando para mim, James olhava para seu tornozelo enquanto eu tentava identificar qualquer comemoração de longe.

            Não havia nada. Pelo jeito estava difícil capturar a bandeira do outro grupo, pois só havia gritos e barulhos de armas se chocando vindo de longe.

            Quando houve um ruído perto. Outro campista vinha. Parecia ser filho de Apolo, ou seja, do outro grupo.

            Dois campistas adversários. Com dois eu podia lidar?

            — Por favor — supliquei —, não pegue a bandeira.

            Mas esse campista não me ouviu. Simplesmente avançou e saiu correndo.

            Fiquei pasma que só segundos depois consegui me levantar e gritar:

            — Ah, não! Volta aqui!

            Quer dizer, eu não tinha ficado fingindo tudo aquilo para chegar outra pessoa e pegar a droga da bandeira.

            Foi aí que o campista de Ares despertou e James me olhou pedindo explicações. Mas não havia tempo. Saí correndo atrás do campista.

            Eu não tinha arco e flecha, não tinha uma lança e minha adaga não era de arremesso. Quando eu peguei ela, pelo colar, devia ter sido um pouco mais específica sobre minha necessidade. Se é que era assim que o colar funcionava, de acordo com a necessidade.

            Ou seja, tudo o que eu podia fazer era rezar para que o garoto caísse ou eu ficasse mais rápida.

            Continuávamos correndo. Estava quase o alcançando quando chegamos ao riacho. Se ele ultrapassasse, perderíamos.

            Eu não ia conseguir. E eu percebi.

            Segurando a bandeira do time adversário, estava Lana. Junto, atrás caçadoras e mais alguns campistas. Todos cansados, mas tinha valido a pena. Segundos, e teríamos perdido.

            Demorou um pouco para eu processar isso. Vencemos. Acabou.

            Aliviada, sorri e me sentei, enquanto via os outros campistas do nosso grupo comemorando.


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Notas finais do capítulo

E aí? Bom? Ou tão horrível?



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