A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 10
Capítulo 10 - Grande revelação


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora! Agora estou de férias, então pretendo não demorar tanto. Esse é narrado pelo James. Vai ser igual antes: se não tiver pelo menos um review, não postarei mais.



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Abri os olhos lentamente. Era meio dolorido abrir os olhos. Era meio dolorido se mover...

            Meu tornozelo ardia. Eu não lembrava muito bem porque. Alguns flashes, apenas. Uns garotos e garotas grandalhões... Algo cortando meu tornozelo, e...

            Ah, Kate! A Kate tinha sido machucada! Como eu podia ter esquecido? Ah, quem era a pessoa que tinha feito isso mesmo? Ah, ela ou ele ia ver só, ah se iam!

            Me sentei rapidamente na cama querendo me levantar  e procurar a pessoa que tinha feito aquilo, ao mesmo tempo procurando se lembrar de quem era.

            Mas o movimento foi rápido e me deixou meio tonto, já que segundos antes eu estava deitado.

            Antes mesmo que eu pudesse encostar os pés no chão, algo me impediu. Senti uma mão no meu peito, sua leveza dizia que era uma garota, mas não podia enxergar quem era, sendo que meus olhos estavam embaçados.

            Descobri minutos depois quem era a “dona” da mão quando ela falou:

            — Não, James! Vai ter que ficar de repouso agora.

            A voz era doce e melodiosa, o que me fez perceber que era Kate que falava comigo.

            Me encostei na cama, passando a mão nos olhos, agora podendo enxergar o rosto de Kate com um sorriso de alívio.

            — Bom dia, dorminhoco! Ou devo dizer, boa noite! — Kate me abraçou forte, fazendo tudo doer, mas eu não me importava. Tinha até me pegado de surpresa, de forma que tudo o que pude fazer era ficar quieto.

            Até que eu me lembrei de novo de tudo.

            — Kate! Como você está? Você está bem? — eu disse, afastando-a, tentando vê-la melhor.

            — Estou bem, James! Precisamos nos preocupar com você.

            Para me certificar de que ela estava bem, olhei para o seu braço. Estava intacto, a não ser por uma mancha que podia ser passada por um arranhão.

            Não sei o que estava imaginando quando vi Kate segurando o braço. Muito sangue, um corte profundo, o braço dela caindo, um osso do braço quebrado... Tudo, tudo, mas não aquilo!

            Olhei pasmo para ela. Kate parecia nervosa, mordia o lábio, esperava minha reação. Não deixava de ser linda, claro. Sentou no meu lado e percebi que ainda segurava seu braço.

            Soltei-o, sentando direito na cama. Olhei para cima, fechei meus olhos e tentei acordar de verdade. Era só um sonho louco. Eu ia acordar na minha cama no chalé de Hermes na sexta-feira de manhã.

            Abri meus olhos. Continuava na, pelo jeito, Enfermaria. Kate ainda estava do meu lado.

            — Eu fingi — Kate falou, os olhos castanhos focalizados nos meus, as mãos nervosas segurando e brincando com o lençol.

            — Mas... — Não consegui continuar. Não era possível. Ninguém atuava daquele jeito. Tanta dor nos olhos, com um tipo de magia na voz que convencia a dor e chegava a doer nos outros.

            — Eu achei que se fingisse — ela continuou —, talvez ele desistisse de pegar a bandeira, por causa da dor que me causara. E achei certo.

            Então, ela tinha convencido eu e ao campista de que esse machucara e ainda impediu a bandeira. Sozinha! Kate... Kate era demais!

            — Mas daí chegou um outro campista e pegou a bandeira. E saiu correndo. Eu não sabia o que fazer, então sai atrás dele. — Essa parte estava meio confusa em minha mente. Era só deslumbres. Talvez eu tivesse desmaiando nessa hora.

            — E nós vencemos? — perguntei, lembrando que tinha sido um jogo em que um ganhava e outro não. Torci para que ela dissesse sim.

            Kate apenas assentiu, sorrindo, mais aliviada ao ver que... Que minha reação tinha sido a contrária do que ela imaginava?

            Bom, se tínhamos vencido, tinha sido tudo por causa de Kate, que nos deu tempo para trazer a bandeira no nosso território.

            — Kate! Você é demais! — falei, impulsionado pela sensação de vitória. — Você nos deu mais tempo! Entende? Você evitou o pior. Caramba, Kate, você conseguiu e tudo isso sozinha!

            Percebi que estava gritando e agitado, pois Kate sorriu, pondo a mão no meu ombro e me impulsionando para trás, me fazendo manter a calma.

            — Calma, James, calminha! Você está ferido. E você ajudou muito também...

             — No que? — perguntei, tentando me lembrar de ter dado alguma ajuda. Não devia ser algo muito útil o que eu fiz. Talvez Kate só queria me animar.

             — Você lutou contra um campista de Ares, antes que eu tivesse que distraí-lo. — Não era mesmo grande coisa. Eu tinha feito ainda alguma coisa errada pelo jeito, pois Kate teve que distrair o campista mesmo depois disso.

            — Mesmo assim! — continue firme na minha opinião. — Você venceu! Não nos! Sozinha, entende?

            — Olha, eu odeio interromper — uma voz veio do outro lado da Enfermaria —, mas quem pegou a bandeira fui eu, tá legal?

            Era Lana. O que Ana poderia estar fazendo ali? Ferida também? Ou apenas esperando para ver a minha morte, na qual seria prazerosa para ela?

            A segunda hipótese parecia ser a mais provável.

            Lana saiu das sombras do lugar e andou até onde eu e Kate estávamos. Tinha pequenas manchas no braço como as de Kate também. Algumas eram grandes, mas não eram graves.

            Isso significava que ela teve que lutar bastante para conseguir trazer a bandeira até nós, porém, eu não estava a fim de elogiar Lana.

            — Por isso você deve me parabenizar também por nossa vitória — Lana continuou, sentando-se na ponta da cama onde eu estava. — Mas, pelo o que a Kate me falou, você também não foi nada mal. E minha maninha foi incrível!

            Uau! Um elogio da Lana! Eu devo ter sido realmente muito bom para arrancar isso dela.

            — É claro que ela foi incrível! — pulei na cama e Kate me pôs para trás de novo, me deixando meio que irritado. — Qual é o problema? Estou ferido?

            Lana tirou o lençol de cima do meu pé, como resposta. Meu tornozelo estava enfaixado com gaze. Alguma parte estava ensangüentada. Olhei com terror. Tentei mover meu tornozelo, mas doeu tanto que soltei um “ai”.

            — Não se mova — Kate falou, preocupada.

            — Não mova o tornozelo — Lana corrigiu.

            — Não vou pode andar por algum tempo?  — perguntei, desesperado. Era tão bom fazer uma caminhada pelo acampamento. Todo di que podíamos, depois das aulas, Kate e eu andávamos por todo o acampamento.

            Às vezes Lana aparecia. Não deixava de ser divertido, porém Lana era um pouco rude. Não só comigo, mas com a maioria dos campistas.

            Até com Kate. Kate era, bom, delicada. Isso não deixava Lana contente. Kate era boa com todo mundo, sempre que podia ajudava. Quase todos gostavam dela, menos as filhas de Afrodite, que, na minha opinião, a invejavam.

            Kate era a perfeitinha da história. E principal, um pouco medrosa, mas que fazia o que tinha que fazer, mesmo com medo. Enfrentava Lana poucas vezes.

            Em uma peça de teatro, Kate seria a princesa e Lana seria a bruxa. Tão diferentes. Mas ambas poderosas e nunca conseguiriam se derrubar por ter o mesmo nível. Eram tão iguais, ao mesmo tempo.

            Só com o jeito doce que Kate disse “não se mova” e com o jeito duro que Lana a corrigiu “não mova o tornozelo”, fazia os que as conheciam concordar comigo.

            — Talvez por pouco tempo — Kate disse, tentando me acalmar.

            — Por muito tempo... — Lana disse, fazendo com que Kate soltasse um olhar fulminante para ela, que apenas deu de ombros.

            Kate otimista, Lana pessimista. Ou então, Kate esperançosa, Lana realista. Tão diferentes. Mas o jeito que se respondiam, tão iguais...

            — No que está pensando? — Kate perguntou.

            — Nada demais — menti.

            Eu não podia ficar sem andar, lembrei, nem por algum tempo só por causa de uma dorzinha. Movi o tornozelo. Ok, uma dorzinha forte.

            — Bom — Kate disse, pegando um copo de... alguma coisa —, tome. Talvez melhore.

            Peguei o copo, que tinha um canudinho. A aparência não era muito boa. Algo como suco e eu não gostava de maioria dos gostos de suco. Mas bebi. Enquanto fui tomando, o gosto foi se revelando muito bom. Parecia chocolate cremoso ou coisa do tipo. Tomei metade do copo todo em um gole só, fazendo Lana falar:

            — Melhor ir com calma. Pode ser perigoso.

            Acreditei nela. Ela sabia muito mais que Kate e eu juntos, com certeza, de tanto conversar com as Caçadoras. Tomei mais uns goles pequenos até terminar.

            No final, eu me sentia bem melhor. A dor tinha melhorado e mesmo movendo meu tornozelo, ela não vinha em grande quantidade.

            Tirei o lençol de cima de mim e sentei na cama, pronto para me levantar, falando para as duas:

            — Me ajudem a levantar.

            Kate pareceu um pouco preocupada e Lana deu de ombros. Kate estendeu o braço para me ajudar, se levantando e Lana, por mais incrível que me pareceu, fez o mesmo. Com as duas me ajudando, me levantei e não senti nenhuma dor.

            — Agora, me soltem — pedi. Kate demorou um pouco e Lana nem hesitou.

            Meu tornozelo doeu um pouco dessa vez. Incrível como ele já estava melhor. E aquele copo-de-alguma-coisa não parecia ser de remédio. Dei alguns passos mancando.

            — O que é aquilo que eu tomei? — perguntei, me sentando. Não agüentei ficar de pé por muito tempo.

            — Néctar — Lana disse. — É a bebida dos deuses, parece. Foi o que Phoebe me disse. Melhorou bastante, não é?

            Assenti ao mesmo tempo em que dizia:

            — Isso significa que vou na cantoria na fogueira essa noite mesmo, ok? — As duas concordaram.

            E assim aconteceu. As cores da fogueira estavam em um misto aquele dia, porque os filhos e filhas de Ares ainda estavam irritados por perder e os campistas do nosso grupo, muito animados por ganhar.

            Estava sentado no lado de Kate e Lana. Todos cantavam, menos as duas. Pareciam estar querendo ouvir alguma coisa.

            Olhei para onde elas duas olhavam. Percebi Quíron e Phoebe discutindo, nada sério. Phoebe parecia um pouco brava e Quíron queria tranquiliza-la.

            — Qual é o problema? — perguntei, sussurrando, para as duas.

            — Achamos que Phoebe quer ir achar as Caçadoras. Quíron acha que ela não devia, que Lady Ártemis já está procurando-as — Lana respondeu, sem tirar os olhos dos dois. — Mas Phoebe tem tido uns sonhos. E agora já sabemos mais ou menos onde elas estão, e graças a você ainda!

            Uau, o segundo elogio de Lana em um dia só! Ela devia ou estar muito feliz ou então com dó de mim, por ter me machucado.

            — Por que elas não podem ir, então?

            — Porque é perigoso — dessa vez Kate que respondeu. — Porque a maioria das Caçadoras está ferida. Porque Ártemis já está resolvendo, de acordo com Quíron.

            — Porém, seria muito melhor se as Caçadoras fossem — Lana continuou. Agora parecia como um filme, gêmeas completando pensamentos. — Porque dizem que os deuses estão tão fechados e agora elas são as que têm mais tempo.

            Então, ambas se calaram, tentando ouvir. Fiquei tentando ouvir também o que os dois discutiam, mas só pude ouvir algumas palavras como “sonhos” e “localização”. Quando, de repente, Phoebe falou alto demais:

            — Mas Quíron, podemos levar campistas! — Devia estar se referindo as pessoas que iriam na busca. Como só tinha duas Caçadoras, teriam que levar campistas.

            Porém, essa ideia vindo de uma Caçadora era meio estranhas, já que elas não costumavam interagir com campistas, de acordo com Lana. Mas, para mim, isso significava que elas só não queriam admitir que precisavam de nossa ajuda.

            As Caçadoras deviam estar mesmo com problemas e desesperadas.

            Toda cantoria parou. A maior parte dos campistas de todos os chalés virou a cabeça para onde Quíron e Phoebe estavam. Alguns confusos e outros deduzindo aos poucos do que se tratava a discussão.

            — Não, me desculpe, mas não, Phoebe — Quíron falou baixo, mas todos puderam ouvir, de tanto silêncio que se fazia.

            Lana se levantou. Kate também, cautelosa, como se para evitar que a irmã fizesse alguma besteira. Todos olhavam para as duas agora.

            — Se aceita minha opinião — Lana disse, se dirigindo para Quíron — eu acho melhor as Caçadoras irem em busca das outras.

            — Mas são apenas duas — Quíron replicou, parecendo cansado de dizer a mesma coisa.

            — Podemos ir junto com elas. Alguns campistas.

            Kate, que apenas estava ao lado da irmã até aquela hora, sem dizer nada, apenas pensando pelo jeito que estava sua expressão, falou:

            — Por favor, Quíron. Alguns poucos campistas e as duas Caçadoras. Voltaremos com todas, com certeza.

            Eu concordei na hora. E depois percebi: Kate estava testando. Testando se por acaso ela convenceria Quíron como convenceu o campista de Ares.

            Alguns campistas agora cochichavam. Alguns balançavam a cabeça em um “sim” par Kate. Muitos em favor a ela. Apenas as filhas de Afrodite não, já que nem prestavam atenção no que acontecia e não ligavam para as Caçadoras.

            — Bom... Vamos ver o que o Oráculo nos dirá — foi o que Quíron disse, para a surpresa de todos. Mas não parecia muito convencido.

            Mesmo assim, Kate conseguira de novo.

            Foi aí que algo mais incrível aconteceu. As pessoas começaram a olhar para Kate e Lana. Para algo acima delas. Ergui a cabeça à tempo de ver apenas uma luz, mas não distingui a forma.

            Isso significava que agora Kate e Lana já não estariam mais no chalé de Hermes. Me aliviou saber que não eram minhas irmãs, porém talvez agora ficassem mais afastadas de mim.

            Percebi então uma mudança nelas, primeiramente e Lana. Algo que eu nunca pensei que iria ver em minha vida, agora eu via. Lana usava um vestido que caía até seu joelho. Era preto, tomara que caia. Praticamente um top e mais a saia do vestido. A saia era cortada por uma linha roxa escura na diagonal, desde um canto do top até o outro canto da saia. Uma parte da saia era preta e outra xadrez roxa de um tom mais claro que a linha e preto.

O cabelo estava muito liso e preso em um rabo de cavalo.

Estava tão maquiada que sua pele estava branquinha, o batom roxo escuro, com um lápis de olho bem notável e uma... Como as garotas chamavam mesmo? Aquilo que fazia uma linha igual o lápis de olhos, mas na parte de cima. Ah, enfim, uma linha roxa escura.

Um colar em forma de arco e flecha, na qual estava uma pomba na frente. Percebi que era o mesmo colar que ela sempre usara, mas agora a forma era outra.

            Já Kate estava mais linda quando virei para vê-la. O vestido era idêntico, a única coisa que mudava era cor: rosa. Uma sapatilha rosa bem baixa nos pés.

Estava mais caprichada: as bochechas rosadas, os olhos com a linha rosa, mas também com uma sombra rosa clara por cima. Um batom rosa chamativo e a pele branquinha e macia como de um bebê. O lápis de olho mais fino do que de Lana.

Usava o colar dela, que agora parecia brilhar em um prateado. Mudara de forma também. Agora era uma pomba atrás a forma de uma adaga e uma espada se cruzando. Usava um bracelete de prata.

            Já o cabelo estava solto, diferentemente de Lana. Porém, não estava com o mesmo corte. Os fios se ajeitaram. Na parte de cima seu cabelo estava liso, mas aos poucos, enquanto caiam, cascatas de cachos como de uma princesa se revelavam.

            Eu já não precisava saber qual era o símbolo acima da cabeça delas. Só aquela transformação dizia tudo.

            Agora, eu só achava que as filhas de Afrodite não iam ficar tão felizes com isso.


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Notas finais do capítulo

Tentei fazer bem grande esse... Espero que gostem. (E se quiserem ver como é o vestido delas mais ou menos, vejam o estilo aqui: http://twitpic.com/7na86u (eu sei, desenho mal))



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