A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 23
Capítulo 23 - Despreocupações


Notas iniciais do capítulo

Aqui está pessoas, o último capítulo da minha fic. Sem enrolações antes, vou deixar para o final. Narrado pela Kate. Desculpem os erros.



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Sai da cabana, mais conhecida como Wolf Mine, mais aliviada do que nunca. Já estávamos livres da nossa missão, agora só precisávamos voltar ao acampamento seguros, o que não era tão difícil, considerando tudo o que tínhamos passado. Só precisávamos sair da floresta, ir para o aeroporto e voltar à Long Island.

            Eu estava tão cansada que, assim que pude enxergar alguma coisa, deitei na grama. Tudo bem, ela batia no meu tornozelo quando eu estava de pé. Mas meu nível de cansaço era tanto que eu não me importava.

            James sentou ao meu lado. Ele olhou para mim sorrindo. Era tão bom vê-lo assim. Era confortável. Só o olhar dele me fazia relaxar.

            ― Você está bem? ― perguntei, lembrando-se de como ele estava mal por causa do veneno do manticore.

            ― Estou ― James respondeu. ― Aquilo não ia me matar. Só que em excesso causava muita dor e fraqueza.

            Assenti e olhei para o céu. Estava tão azul, claro, tão feliz, com várias nuvens branquinhas. Combinava com aquele dia. Nem o sol estava me incomodando. Era bem melhor do que ficar lá na mina. Eu não sabia com as Caçadoras aguentaram.

            Meus músculos doíam de tão relaxados que eles estavam. Eu queria rir para não chorar de dor. Há quanto tempo eu não deitava assim? Mesmo o chão era confortável, com a grama me cercando e fazendo cócegas no meu braço.

            Eu estava tão aliviada.

            Sentei e olhei as Caçadoras. Elas estavam felizes, olhando para o céu e o sol. Eu sabia que elas não eram muito fãs de Apolo, mas devia ser bom olhar o sol, sentir o calor. Algumas estavam se alongando. Elas deviam ter ficado um bom tempo sentadas.

            Lana conversava com Mary, Phoebe e a outra Caçadora, que tinha falado conosco antes, na mina. Não sabia o porquê, mas tinha algo estranho naquela conversa. Mary e Phoebe explicavam algo para a Caçadora, e eu tinha certeza que não era sobre a nossa missão.

            Logo a Caçadora chamou todas as outras para explicar alguma coisa. Ela gesticulava para Lana e s outras Caçadoras concordaram.

            Então Lana se virou para nós, e chamou:

            ― Kate, Oliver, James.

            Eu e James nos levantamos, enquanto Oliver parava de fazer o que quer que estivesse fazendo, e fomos os três em sua direção.

            Lana estava um pouco nervosa, o que eu nunca tinha visto antes, então era muito difícil imaginar o que estava por vir. Quando chegamos até ela, Lana disse meio hesitante, mas rápido demais, como para não desistir:

            ― Eu vou com as Caçadoras.

            Eu abri a boca para responder automaticamente, mas não soube o que dizer. Lana sempre esteve comigo em todos os momentos. Tínhamos perdido nossa família, passado de orfanato para orfanato, descoberto que éramos semideusas e passado por aquela missão, tudo juntas.

            Lana era sempre em quem eu me apoiava quando as coisas ficavam difíceis e que esteve em todos os momentos felizes comigo. Ela sempre fora mais forte que eu. Sempre foi como uma irmã mais velha.

            Será que eu conseguia sem ela? Tudo bem que eu tinha um monte de irmãs e irmãos agora, mas não era a mesma coisa. Lana me conhecia melhor do que ninguém.

            Mas ao mesmo tempo, eu sabia que isso ia acontecer. Lana era muito parecia com as Caçadoras. Ela se encaixava lá. Mais do que quando ela estava junto comigo. Agora era a hora de ela ter irmãs mais velhas.

            Foi Oliver que respondeu primeiro:

            ― Uma filha de Afrodite como Caçadora de Ártemis?

            Os dois estavam pasmos. Soava bem surpreendente mesmo, afinal, as Caçadoras de Ártemis não podiam namorar e tal, sendo que Afrodite era a deusa do amor.

            Eu ia sentir muita falta de Lana. Mas era justo a deixar ir, não era? Ela sempre esteve tão presa em mim, sempre tendo que proteger a irmã “delicadinha”. Estava na hora de fazer uma coisa por si mesma.

            Mas eu ainda não conseguia responder.

            ― Você sabe que pode vir junto se quiser! ― Lana parecia estar com medo da minha reação. ― Mas eu achei que você não ia querer, por causa de... certas coisas. ― Tive a impressão que seus olhos voaram rapidamente para minha esquerda, onde James estava. ― Quer dizer, você sabe que...

            ― Não! ― a interrompi antes que ela falasse algo revelador demais, tentando acalmá-la. ― Está tudo bem, Lana. Você pode ir.

            ― Sério mesmo? ― Lana estava preocupada, mordendo o lábio. Então era assim que eu ficava quando eu estava preocupada.

            ― Sério ― tranquilizei-a.

            ― Mas você tem certeza disso? ― James perguntou. ― Você sabe, se Kate morrer, no funeral dela vai ser como se você estivesse olhando para você mesma morta.

            Lana fuzilou-o com os olhos, enquanto eu exclamava:

            ― James! Eu não pretendo morrer tão nova!

            ― Mas não vai ser estranho ver a sua irmã gêmea crescendo e você não?

            Lana deu de ombros, depois olhou para mim. E sorriu. Ela era tão linda sorrindo. E ela estava tão feliz que eu nunca poderia privá-la do que ela queria.

            Eu vi Phoebe e Mary se aproximando, por trás de Lana. Quando elas chegaram, Phoebe falou:

            ― Levaremos vocês por onde entramos. Agora ficou mais fácil de se localizar aqui. Thalia sabe onde deveremos ir. Depois seguiremos para o outro lado, encontrar a deusa Ártemis.

            Concordamos. Como as Caçadoras iam ficar mais tempo na floresta, resolvemos dar a maior parte dos alimentos que tínhamos para elas e ficamos com algumas latas de pêssegos em calda e uma garrafa de água para cada um de nós.

            Voltar não foi difícil. As Caçadoras, unidas, sabiam bem como se localizar lá dentro da floresta. Com isso, foi necessário apenas um dia para voltarmos, sendo que paramos na noite e para comer.

            Era um pouco antes de meio-dia quando o sol apareceu por detrás das árvores. Logo estávamos na grama alta e o supermercado que tinha explodido um pouco à esquerda de nós.

            O “supermercado” era agora uma pilha de escombros, todos negros e queimados. Não havia mais fogo, só cinzas. Não restava nada de pé.

            De certa forma, me fazia lembrar-se de quando meu ai e minha tia foram mortos. Pelo menos, nesse acidente, eu esperava, ninguém tinha sido morto.

            ― É isso ― Lana disse ao meu lado.

            Virei em sua direção e a abracei. O mais forte que eu podia. Eu não conseguia ver como seria o dia de amanhã, quando eu acordasse e minha irmã não estivesse por perto. A presença dela era tão importante... Mas iria acabar.

            ― Eu vou sentir tanta falta sua ― falei.

            ― Eu também ― Lana respondeu.

            Ficamos abraçadas até o calor não nos deixar mais. Depois, Lana abraçou Oliver (que, sim, tinha uma calça em sua mochila e estava usando-a) e ― incrivelmente ― James, que ficou tão surpreso que quase não conseguiu retribuir o abraço.

            Mary e Phoebe também se despediram. A diferença é que elas cumprimentaram Oliver e James com um simples aperto de mão.

            ― Até a próxima. ― Lana ia se virando para seguir as Caçadoras quando se lembrou de algo. ― Ah, e James...

            ― O que? ― James perguntou, com medo.

            ― Cuide bem da minha irmã.

            Ele sorriu.

            ― Pode deixar.

            Tivemos que andar por mais umas duas horas de baixo daquele sol de verão, até achar um táxi para nos levar ao aeroporto. Eu já estava quase morrendo.

            Compramos as passagens (felizmente com um desconto à vista) para o voo até Long Island mias perto. Como ia demorar ainda, enquanto o avião não saía, fomos ao banheiro, compramos roupas novas na promoção, nos arrumamos e terminamos de comer os pêssegos em calda (com garfinhos que compramos com o restinho do dinheiro).

            Depois de algum tempo, um pouco antes de o avião sair, entramos nele. Escolhemos os lugares do fundo, mais discretos e sentamos.

            Era simplesmente o lugar mais confortável em que eu me sentara nos últimos tempos. Era macio, tão macio. Nem no último avião que pegamos a poltrona era tão confortável, mesmo sendo da mesma companhia de aviões.

            Acho que era por causa do perigo. Ou melhor, da falta de perigo. Da última vez tínhamos o guarda atrás de nós. Isso não nos deixava tão confortáveis. Agora, até onde sabíamos, nada estragaria a nossa paz.

            Estar ali, sentada naquela poltrona era... maravilhoso. Era como estar mergulhando em nuvens de algodão...

            James cortou meus pensamentos.

— Então, acho que a profecia se completou — James falou, sentado ao meu lado direito.

            — Acho que sim — respondi. Eu nem lembrava muito da profecia, para falar a verdade. Só lembrava o finalzinho, que mais me assustara nos últimos tempos.

            — Você lembra a profecia? — ele perguntou.

            — Não. E você?

            — Também não.

            — Eu lembro — Oliver se intrometeu na pergunta, e eu dei um “pulo” na poltrona. Eu achava que ele estava dormindo. Era bem possível. Era muito, muito confortável. — Querem que eu narre?

            Eu e James assentimos, ao mesmo tempo.

            — “A terra terão que evitar”... — ele começou.

            — Isso foi mais um aviso — James disse. — Bom, vocês viram o que aconteceu antes de tentarmos pegar o avião. Talvez se fossemos andando ou de carro, seria pior.

            — Mas fomos atacados no céu — falei, lembrando-se das harpias.

            —Talvez fosse pior continuarmos na terra. Quer dizer, os monstros conseguem se “refazerem” nesses tempos na terra, não?

            Demos de ombros e Oliver continuou a profecia:

            — “Até que ela for tudo o que lhes restar”

            — Literalmente — comentei.

            — Só restou o meu cantil de néctar. — James concordou.

            — “Seis, campistas e Caçadoras, terão de se ajudar”

            — O que significava que eu estava certa e não devíamos nos separar de jeito nenhum — comentei. — Mas, como ninguém me ouve, nos separamos no supermercado e olha o que aconteceu...

            —Tudo bem, Kate... — James falou, dando risada.

            — Sabemos que você estava certa — Oliver revirou os olhos. — Continuando... “Até que encontrem algo que possam os guiar”, que foi a corça de Cerinéia. “No caminho, três se perderão”...

            — Pode ser nós três, mas eu acho que se perderam mesmo foi a Lana, a Phoebe e a Mary — James comentou.

            — Por quê? — perguntei. Acho que nós estávamos mais perdidos do que as três, contando que Phoebe e Mary eram Caçadoras.

            — Porque elas se perderam da líder — James respondeu.

            Olhei ele com curiosidade. Não era “a líder”. Era “as líderes”. A profecia tinha aparecido para mim e para Lana. Nós duas éramos as líderes.

            — É óbvio que você é a líder — Oliver falou, vendo como eu estava perdida. — Você criava sempre os planos.

            — Isso não explica porque a profecia apareceu tanto para mim quanto para Lana.

            — Porque alguém tinha que se responsabilizar enquanto elas estavam perdidas — James propôs. — No caso, Lana.

            Eu ia protestar, mas Oliver me interrompeu, continuando com a profecia.

            — “E três não voltarão”...

            — Interpretamos errado essa parte final — James falou.

            — É... Se perder não significava morrer, mas se perder mesmo, a profecia fora bem clara. Pensamos que era morrer, porque algumas pessoas não iriam voltar.

            — Porque Mary e Phoebe continuariam com as Caçadoras e Lana resolveu se juntar a elas — Oliver completou. — E a profecia acaba sendo nem um pouco misteriosa.

            — Por sorte... — James comentou.

            Sim, por sorte. E eu estava feliz com isso. No fim, todos estavam seguros. E tudo estava bem.

Eu estava sentada á beira do lago. O vento batia no meu rosto, tão fresco, fazendo meus cabelos se balançarem levemente. A grama acariciava a minha pele, macia e limpa. Respirei fundo.

            Tudo estava tão tranquilo. Eu escutava risos dos campistas, algumas conversas e o barulho do vento batendo nas árvores.

            Fazia uma semana que James, Oliver e eu tínhamos voltado ao acampamento. A primeira coisa que fizemos quando chegamos foi ver nossos irmãos e amigos. Eu fui direto falar com Piper. Ela ficou preocupada quando não viu Lana comigo, mas expliquei tudo.

            James fora falar com sua irmã, a Raissa, enquanto Oliver se juntou com os outros sátiros.

            No meio daquela semana, as outras Caçadoras saíram do acampamento, com algumas passagens para encontrar as Caçadoras e Ártemis. Fiquei sabendo desse jeito que Lana fora aceita como uma Caçadora.

            Eu estava feliz por ela. Eu não me sentia sozinha, incrivelmente. Eu tinha novas irmãs, mesmo algumas sendo meio arrogantes. Claro que ninguém se comparava à Lana. Mas, de certa forma, elas me lembravam um pouco de Lana. Superiores.

            E eu tinha James também.

            Acho que James sentira que eu pensara nele, porque instantes depois ele sentou do meu lado. Ele vira tão silencioso que até me assustara.

            ― Te assustei? ― ele perguntou.

            ― Um pouquinho ― respondi.

            Ele não falou mais nada. Ficamos observando o lugar. A água parada e azul, tão limpa que eu tinha certeza que, se eu pusesse minha mão abaixo da água. Poderia vê-la claramente. Os raios solares da manhã se refletiam na água, que brilhava em certos pontos como cristais.

            ― Você está bem? ― James perguntou.

            ― Estou. ― Achei meio estranha aquela pergunta. ― Por quê?

            ― Nós não conversamos de verdade desde que chegamos aqui. Queria saber como você estava sem Lana.

            ― Estou bem ― garanti.

            Continuei observando o local. James também olhava para frente, mas então vi, pelo canto do olho, ele virar seu rosto em minha direção. Mas eu não olhei para ele. Como eu poderia encarar aqueles olhos?

            Naqueles últimos tempos, eu tinha desenvolvido um sentimentos forte por James. Eu gostava da companhia dele. Me fazia bem, mais feliz. Eu não precisava me preocupar com nada. E era confortável.

            Eu acho que o amava.

            ― Você é tão bonita.

            Eu tive que olhar para ele. O seu olhar me envolvia como um abraço, sem ele ao menos tentar me tocar.

            ― Eu sou? ― só consegui proferir essas palavras.

            ― É sim.

            Então ele se aproximou, até que seus lábios estivessem colados aos meus. Seus lábios eram tão macios e quentes. E eles se encostavam aos meus tão carinhosamente que eu achei que iria desmoronar.

            Senti sua mão acariciando meu pescoço. Fazendo todos os meus pelos se arrepiarem e meu coração parar. As pontas de seus dedos passando por minha nuca e se enterrando entre os meus cabelos.

            Eu podia ficar assim para sempre, se não fosse o fato de eu ter que respirar e meu coração precisar voltar ao ritmo normal.

            Mesmo assim, quando os lábios de James se separaram dos meus e sua mão escorregava para minha mão, eu só podia pensar em quanto eu queria mais daquilo.

            Não do beijo, mas da sensação que ele trazia.

            ― Você é uma verdadeira filha de Afrodite mesmo ― James falou. Minha testa ainda estava encostada na testa dele, então estávamos bem próximos.

            ― Acho que sim ― respondi, me desaproximando dele. Mais alguns segundos perto dele e eu o beijaria de novo, e de novo, e de novo...

            ― E acho que sou um verdadeiro filho de Hermes ― ele continuou.

            ― É? Por quê? ― perguntei.

            ― Porque eu roubei seu coração.

            Por mais eu o seu tom estivesse brincalhão quando ele falara aquilo e por mais que fosse verdade, eu resolvi que eu iria brincar com ele também. Abri a boca como se fosse falar algo, mas não conseguia sair nada, de tão indignada que eu estava, falsamente. Minhas sobrancelhas se ergueram.

            ― Você roubou o meu coração? ― perguntei, fingindo estar brava. James concordou. ― Você roubou o meu coração? ― repeti.

            ― É isso aí ― ele respondeu.

            ― Certo ― falei, soltando minha mão da dele e me levantando.

            Acho que eu era uma boa atriz, porque, enquanto eu me levantava, James falava:

            ― Espera, Kate...  Eu estava só brincando...

            Mas eu já me virara. James agarrou meu tornozelo, m fazendo olhar para ele, que começava a se levantar. Era aquele momento em que você só estava se apoiando em um pé...

            ― Era brincadeira...

            Bruscamente, puxei o meu pé o qual James segurava o meu tornozelo. Mas nem o equilíbrio dos filhos de Hermes ajudaria naquela hora.

            James caiu no lago.

            ― Então, adivinha só? ― disse, enquanto James me olhava pasmo. Provavelmente ele nunca caíra da vida. ― Eu peguei de volta. Vamos ver se você consegue pegar d novo.

            Me virei e comecei a correr.

            Pela primeira vez em dias, nada de perigoso estava atrás de mim, me perseguindo.

            E o sentimento era incrível.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso. O último capítulo. O fim. Muito trágico, não é? Eu sei...
Bom, quero agradecer as pessoas que leram essa fic, até mesmo aquelas que não leram inteira (que nunca vão saber que eu agradeci, masok). Aquelas que favoritaram e ainda quem recomendou. Muito obrigada mesmo.
E acho que tenho que agradecer o Tio Rick por ser um ótimo escritor e ter nos mostrado esse mundo de Percy Jackson. Sem ele essa fic não existiria (infelizmente).
Então, é isso. Obrigada. Talvez vocês lenham outra fic minha um dia, quem sabe?
Até mais (:



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