A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 2
Capítulo 2 - Os brutamontes


Notas iniciais do capítulo

Narrado pela Lana. Espero que gostem :)



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Peguei Kate chorando. De novo. Sabia que na outra noite ela tinha chorado também.

            Eu não sabia bem porque. Nosso pai morrera, sim. Não tínhamos nossa mãe. Mas tínhamos uma a outra. E Oliver.

            Talvez fosse meio chato da minha parte falar mal da minha própria irmã, mas eu era muito diferente dela. Eu não era tão sentimental quanto ela. Não chorava litros pelo menos a metade do ano. Eu era, talvez, mais forte do que ela.

            Mas tudo bem, ela tinha esse direito. Eu só não a entendia.

            Também não entendia aquele colar que eu estava usando. Quer dizer, eu, Lana Simon usando um colar? Não, obrigado.

            Mas, ele era bonito e eu sentia que eu ia precisar desse colar.

            Mesmo não sabendo muito bem o que um colar fazia.

            Nossa primeira aula daquele dia era Inglês. Odiava Inglês. E, para melhorar tudo, eu tinha dislexia. Não conseguia entender coisa nenhuma que estivesse escrita. Além do déficit de atenção, que me fazia nem reparar quando eu era chamada.

            Fomos lá, eu, Kate e Oliver, encarar a aula.

Mas não era a única coisa que iríamos “encarar” naquele dia que parecia simples.

Chegamos na sala e nos sentamos nos lugares do fundo, o nosso predileto. Chegaram um grupo de três garotos, enormes que sentaram bem na nossa frente.

Eu não era baixinha, mas aquelas coisas chamados garotos era, bem, uma montanha cada um.

Eles começaram a ficar olhando Oliver e rir a cada cinco minutos.

— Idiotas — murmurei. Oliver se encolheu na cadeira. — Não se preocupe. Eles não vão fazer nada. Não podem.

Mas Oliver não parecia ter ouvido. Parecia perdido em pensamentos que, pela expressão dele, haveria morte.

Bobeira. Eram só garotos enormes e muito fedidos, por sinal.

Enquanto a professora explicava coisas que não tinham nem um pouquinho de sentido para mim, comecei a pensar onde minha mãe estaria.

Não estava morta, isso eu sabia. Acho que ela que cuidava para eu e Lana mudar de orfanato todos os anos, sendo expulsas de todas.

Talvez ela fosse uma atriz. Daquelas famosas, que ficavam viajando toda hora para países. Talvez ela tivesse se separado do meu pai e nos deixado com ele para trabalhar.

Eu não guardava ressentimento dela. Eu tentava nunca ficar brava com as pessoas, inclusive com Kate às vezes, principalmente quando era aula de Arte e ela não conseguia fazer muita coisa.

Kate era tão diferente de mim. Mais triste, mais delicada e meiga, mais calma, mais certinha, mas bonita, em todos os sentidos.

Eu de longe ficava triste por tudo. Para que? Para se matar de chorar? Eu não entendia! Ficar triste só atrapalhava a linha do nosso pensamento.

Delicada? Não, não eu. Xingava todo mundo que me atrapalhasse, gritava e era muito desastrada. Tropeçava por nada também.

Meiga, não. As pessoas deviam achar que eu era uma revoltava da vida. Não ajudava ninguém, nem mendigo pedindo moedinhas.

Calma... Bom, você já percebeu. Não. Nem mesmo com a Kate, só naqueles momentos que eu realmente estava alegre.

Certinha, eu com certeza não era e não ia ser. Nunca. Eu só não falava palavrão porque a Kate e o Oliver não deixavam e nunca quebrei nada de ninguém porque os dois me seguravam. Porque, senão...

E bonita, definitivamente não. Não gostava do meu cabelo. Meus olhos poderiam ser mais bonitos. Meu corpo poderia estar mais em forma.

Mas essa era uma das últimas coisas que eu realmente me preocupava.

Acordei do meu “transe” a professora e todos os alunos olhando para mim. Kate tinha me cutucado.

— Muito bem, Srta. Simon. Respondeu muito bem.

Revirei os olhos e voltei aos meu pensamentos.

Minha mãe devia ser linda, também. Meu pai era lindo, talvez eles formassem um belo casal. Meu pai falava muito dela. Minha tia dizia nunca ter visto ela, mas só imaginava com as descrições do meu pai.

Fiquei mais algum tempo pensando, quando Kate me cutucou de novo.

— Qual é a próxima aula mesmo?

— Já acabaram as duas primeiras? — perguntei, já que o tempo tinha passado rápido demais.

O resto daquele dia passou daquele jeito, não prestando atenção nas aulas e pensando “no que poderia ser, se...”

A hora do almoço chegou. Kate e Oliver foram por um lado, mas resolvi ir em outro lugar, um lugar mais reservado.

Fui na quadra. Se algum professor me pegasse lá, eu estaria realmente ferrada, mas nem liguei para o fato. Afinal, eu já estava ferrada. A coisa não ia ficar pior.

Comecei a mexer no meu colar, revirando ele. Tinha que haver alguma coisa. Ele era meio estranho, aquele colar, para me fazer usá-lo.

Tentei “explodir” a corrente dele. Não funcionou. Tentei tirar o pingente. Também não funcionou. Tentei de tudo, mas nada.

Me irritei e fiz um movimento com a mãe, que enroscou no colar. Se ele fosse normal, ou arrebentaria ou levaria meu pescoço junto.

Mas não. No momento que eu fiz aquele movimento, aparece um arco na minha mão. Olhei e o posicionei. O “peso” exato para mim, se é que isso existia.

Mirei no outro lado da quadra, onde estava um cone. Fiz isso porque sabia que não ia acertar e com certeza cairia na rua, o que não ia fazer minha situação piorar.

Porém, acertei em cheio no meio do cone. Incrível! Agora aquela coisa ia ter que desaparecer da minha mão do mesmo jeito que apareceu, senão...

Eu até imaginava. “Está pronta, Srta. Simon, para ser expulsa de outro orfanato?”

Apertei o arco e as flechas na minha mão, desejando que eles desaparecessem. Fechei os olhos. Quando abri de novo, lá estava um colar na minha mão.

            Eu não podia acreditar naquilo. Eu era mágica também e nem sabia?

Fui descer de volta para o pátio para falar com Kate e Oliver quando vi um dos idiotas novos do orfanato.

Acabei percebendo porque os pais deles tinham abandonado os quatro.

Não liguei muito para o fato. Se ele tivesse visto meu arco e flecha, ia ficar bem longe de mim e dos meus amigos.

Encontrei Kate e Oliver conversando. Contei para ele o que tinha acontecido.

— Tem certeza? — Kate perguntou. Assenti. — Que incrível! Será que o meu é assim também?

Oliver ficou com o olhar paralisado. Parecia estar pensando rápido demais, o que não era costume de nenhum de nós.

— Você disse que alguém viu? — perguntou.

— Um dos brutamontes novos.

Ele parou mais um pouquinho. Se levantou com as muletas.

— Vamos — ordenou. — Temos que sair daqui. Agora!

Kate me olhou como se não tivesse entendido nada, mas resolvemos sair do lugar, por causa do tom de voz de Oliver. Era decisivo. Como se tivesse que estava certo e quanto antes tentasse arrumar as coisas, melhor.

Olhei para trás e vi os quatro novos “garotos” começando a nos seguir.

— Não me diga que eles estão vindo — Oliver murmurou, com medo.

— Infelizmente sim — respondi.

— Alguma de vocês duas já aprenderam ou acham que tem dom para dirigir?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Já sabem de quem elas são filhas?



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