A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 1
Capítulo 1 - Más lembranças


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, mas só um pequeno aviso: eu vou demorar muito para postar os capítulos, ok? Narrado por Kate.



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Em meio de tantas lágrimas, eu focalizei o meu olhar em um objeto.

            Era um porta-retrato em cima da mesinha do lado da minha cama. Nele, estava uma foto do meu pai, minha tia, minha irmã gêmea Lana e eu. Naquela época, eu só tinha 5 anos de idade.

            Isso me fez chorar mais ainda. Eu sei que parecia loucura eu estar chorando no meu aniversário de 16 anos, mas eu sentia falta do meu pai. E, olhando a foto, eu sentia que o tempo era muito cruel.

            Primeiramente, porque o acidente em minha casa, o grande incêndio, já tinha acontecido faz 10 anos. Há dez anos meu pai e minha tia tinham sido tirados de mim, sem nem me perguntarem se eu queria ou não.

            Pelo menos, o fogo não levou Lana. Ela, hoje, era para mim, não só minha irmã, mas também minha melhor amiga.

            Em segundo lugar, o tempo nem esperou eu crescer e aceitar o que aconteceu. Talvez, se eu tivesse pelo menos 13 anos quando tudo aconteceu, talvez fosse mais fácil de suportar a dor.

            Em terceiro e último, o tempo me fez isso justo no dia do meu aniversário de 6 anos. Aquele dia teria sido perfeito. Eu me lembro que meu pai tinha nos levado em um parque de diversão que nós sempre quisemos ir, mas nunca tínhamos tempo.

            Meu pai sempre trabalhava antes. Minha tia também. Nós quatro morávamos juntos. Nos passaríamos por uma pequena família feliz, se minha tia não fosse irmã do meu pai, e sim, da minha mãe.

            Agora éramos apenas Lana e eu, a Kate, idiota e triste, sempre. Tínhamos uma mãe, isso sabíamos, mas nunca a conhecemos. Ela devia sempre estar ocupada, mas conseguia sempre orfanatos para nós duas ficarmos, durante apenas um ano. Sempre expulsavam nós duas.

            Você deve estar se perguntando como isso é possível. Mas Lana e eu somos tão estranhas, que conseguimos isso de vários jeitos. Passado um tempo, sabíamos que íamos ser expulsas, então, mal ligamos para o que fazemos.

            Pelo menos nossa mãe fazia alguma coisa para nós.

            Eu não podia entender como minha mãe teve coragem de abandonar um homem igual ao meu pai. Ele era inteligente, muito inteligente. Nos ajudava em tudo o que precisávamos na escola, quando podia.      

            E ele era lindo, muito lindo. Tinha os olhos azuis intensos, o cabelo loiro curto e um sorriso... Ah, sim, seu sorriso, era maravilhoso. Meu acalmava.

            Eu não tinha mais esse sorriso, me lembrei. Desabei no choro de novo.

            “Kate” pensei comigo mesma, “pare com isso! Você está viva, você e Lana, depois disso e de tantas outras coisas”.

            Não adiantou. Eu sempre fazia isso, mas agora parecia impossível.

            Se eu tivesse Lana por perto, pelo menos. Nenhuma de nós tinha puxado o nosso pai, mas Lana tinha uma beleza tão sobrenatural quanto à dele. Os meus cabelos eram grandes e sempre estava despenteado, não importava quantas vezes eu penteava. Os de Lana era liso e comprido. Ela não precisava se nada para ser linda. Eu precisava de todas as maquiagens que eu encontrasse na minha frente.

            Nós podíamos ser gêmeas idênticas, mas Lana me superava em muitas coisas.

            Além de mais bonita, ela era a mais talentosa. Tinha ótima pontaria, agilidade e rapidez em qualquer jogo, ela era demais!

            Por que eu não tinha herdado isso também? Por causa da minha grande sorte.

            Não só o tempo era injusto comigo, como também a vida e a sorte. Não me leve a mal, eu tinha um pouco de sorte pelo menos por ter Lana e nosso melhor amigo, Oliver.

            Oliver era muito legal com a gente, um dos únicos já que nós duas parecíamos estranhas com o déficit de atenção e a dislexia.

            E nós duas éramos duas das únicas que era legal com ele, já que, de acordo com Oliver, ele tinha sofrido um acidente que perdera os pais também e não podia mais andar sem muletas.

            Comecei a chorar de novo. Como eu reclamava! Eu não devia ser assim, tendo pelo menos algumas pessoas comigo.

            Lana entrou no quarto enquanto eu quase caia de tanto chorar.

            — Kate? — ela disse quando me viu, meio confusa, pensando no que eu estaria fazendo lá.

            Virei e lá estava ela, perfeita, mas tinha um detalhe um tanto estranho: ela usava um colar com metade de um coração.

            Lana não era o tipo de garota que usava colares, pulseiras, maquiagem, mas hoje sim. Nunca tinha visto. Talvez o Oliver tivesse dado a ela de aniversário.

            — Não chora, maninha! — Lana correu até mim e me abraçou. — Nós temos uma a outra, não temos? E temos o Oliver também. Olha, nós sobrevivemos a um incêndio. Devemos agradecer.

            Eu concordei, apenas assentindo, as lágrimas começando a parar. Lana sempre me ajudava.

            — Isso mesmo, maninha — ela disse, enxugando minhas lágrimas. — Agora, que tal abrir seu presente? O meu e o presente de... alguém.

            Ela me entregou o presente dela e eu entreguei o que eu tinha feito pra ela.

Eu tinha feito um porta-retrato para ela, com a foto de nós duas e o Oliver. Lana pintou para mim um quadro com uma garota perto de um lago. Era uma foto que ela roubara minha de quando fomos num passeio.

Era perfeito. Mais uma qualidade dela.

O outro presente que ela se referia estava na cabeceira da minha cama. Eu nem tinha percebido antes. Abri a caixinha e lá estava um colar com um pingente que completava o de Lana.

— Foi o que eu imaginei. Apareceu perto da minha cama hoje. Fui ver se era o Oliver que tinha dado, mas não. Ele disse que não teve tempo de fazer ou comprar algo. Mas eu nem me importo.

— Também não — respondi. Minha vida me fez ser o mais simples o possível.

Aquele colar tinha algo de diferente.  Era lindo, mas... Era estranho, eu não sabia descrevê-lo.

— Vamos — Lana me disse —, se não vamos nos atrasar bem no nosso aniversário. E eu não quero mais te ver chorando, Kate! Divirta-se.

— Aqui? Será impossível! — mas eu ri, e saímos do quarto, para encontrar Oliver esperando-nos na porta.

            — Feliz aniversário, garotas! — ele disse. — Desculpe, não tive tempo para comprar ou fazer um presente. Mas, aceitam uma maçã?

            Nós duas rimos e pegamos a maçã. É, pelo menos um pouco de sorte eu tinha.


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Notas finais do capítulo

Esse foi pequeno.



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