Nem a correria de seu trabalho era capaz de dispersar seu bom humor o jovem médico caminhava pelos corredores do hospital com um sorriso enfeitando sua face. A moça dos belos olhos repletos de intensidade era o motivo de seu sorriso, de uma forma repentina e confusa ela entrara em sua vida para ficar. Tudo que desejava se resumia em um nome... Kagome Higurashi.

 Seu turno estava concluído, o dia havia se arrastado de forma lenta contava os segundos para ver a sua Kagome mais uma vez. Correu ao estacionamento, e largou com seu carro rumo ao apartamento da moça, precisava dela ao seu lado.

Ao deparar-se com o grande carro dos bombeiros parado em frente ao imenso prédio da Avenida Presidente Kennedy, logo Chantal encheu-se de um mau presságio.

 - O que aconteceu aqui? – Indagou Chantal á um bombeiro após descer alarmado de seu carro.

 - Houve um acidente em um dos apartamentos. – Contou o rapaz.

 - Houve alguma vitima fatal? – Continuou o médico.

 - Ainda não sabemos. – Afirmou o bombeiro voltando á entrar no prédio munido de uma larga mangueira.

  - Rapaz, você é amigo da Senhorita Kagome, não é? – Questionou um homem trajando um uniforme azul e saindo da pequena cabine da recepção do prédio.

 - Sim... – Concordou Chantal.

 - Parece que o acidente teve inicio no apartamento dela, conhece algum familiar de Kagome? Precisamos dar a noticia á família. – Continuou o porteiro.

 Chantal não respondeu, sentiu o chão sumir sobre seus pés, fechou os olhos enquanto sentia as lágrimas formando-se livremente.

 - Kagome! – Gritava o médico deixando-se cair sobre o chão. Não conseguiria lidar com a dor que tomava sua alma. Não suportaria perdê-la.

O vento soprava lentamente tocando os corpos mutilados que repousavam sem vida junto às folhas secas espalhadas pelo chão que era tingido pelo sangue  jorrado sobre todo o lugar. A garota deixava as lágrimas correrem de seus olhos enquanto encarava aquela cena, não podia acreditar que aquelas pessoas tão bondosas haviam sido mortas de forma tão brutal.

 - Rin, esse vilarejo não é seguro, vamos. – Coordenava o rapaz das longas madeixas prateadas dando as costas ao cenário degradante e voltando-se á floresta.

 - Sesshoumaru-Sama... Você pode salva-los? – Questionou a garota acercando-se ao rapaz com olhos repletos de piedade.

 - Esses humanos não significam nada pra mim. – Afirmou Sesshoumaru seguindo em frente. Rin correu para mais perto do youkai e segurou em seu braço tentando pará-lo, o rapaz apenas á olhou com repreensão.

 - Você decide se quer ficar... – Começou Sesshoumaru livrando-se das mãos da garota.

 - Essas pessoas sempre estiveram ao meu lado! Se significo algo pra você... Salve-os! – Determinava Rin vendo Sesshoumaru  partir sem olhar para trás. – Eu não sou nada pra você... – Concluía a garota enquanto seus olhos encharcavam-se com lágrimas repletas de decepção. Os olhos dourados de Sesshoumaru insistiam em voltar-se á figura da bela moça sentada sobre o chão. Já não comandava seus pés que o levavam de volta ao vilarejo. A Tenseiga vibrava com demasiada intensidade, ele sacou a Katana lentamente, podia ver claramente os mensageiros do submundo, com um golpe veloz os destruiu por completo.

  - Sesshoumaru-Sama! – Exclamou Rin vendo seus amigos voltando á vida aos poucos. Sentiu seu coração encher-se de uma euforia incomum.

 - Vamos. – Coordenou o belo youkai mais uma vez.

 - Sim. – Concordou a garota sorrindo e jogando-se sobre o corpo de Sesshoumaru, um abraço formou-se lentamente. O rapaz a trazia para perto de si cada vez mais, enquanto as mãos delicadas de Rin envolviam-se sobre o pescoço de Sesshoumaru. Ele sentia algo acender-se dentro de si, nem sequer sabia que seu coração pudesse bater de forma tão veloz. Ele fitava os olhos da garota repletos de felicidade, acariciou lentamente sua face, já não podia controlar a si mesmo.

 - Eu senti sua falta. – Confessou a moça repousando a cabeça sobre o peito de Sesshoumaru sentindo os batimentos acelerados do youkai.

 - Você significa muito pra mim. – Afirmou Sesshoumaru segurando a face de Rin sobre suas grandes mãos.

 - Sesshoumaru-Sama! Estou te procurando á horas. – Declarava Jaken emergindo em meio ás arvores. A voz de Jaken veio despertando brutalmente o que o restava de sanidade. Sesshoumaru livrou-se do abraço rapidamente, enquanto a face de Rin fechava-se confusa.

- Jaken-Sama! – Exclamou Rin correndo de encontro ao pequeno youkai.

- Vamos. – Determinou Sesshoumaru caminhando em direção á floresta. Rin não sabia como seria seu futuro á partir dali, mas sentia que não podia deixar Sesshoumaru partir outra vez, estar com ele era o que seu coração pedia com fervor.

Tantas coisas precisavam ser ditas, tantos atos precisavam ser executados, mas eles apenas prosseguiam envoltos naquele abraço deixando o silencio pairar com exuberância. Kagome acariciava a face de Inuyasha, precisava sentir que ele realmente estava junto de si mais uma vez. O hanyou a apertava contra si, milímetros de distancia o incomodavam.

 O sol estava em seu ápice os raios intrometidos transpassavam as arvores e encontravam o casal que se mesclava com seu brilho de maneira natural.

 - Kagome... Sei que muitas vezes a fiz sofrer... Me perdoe. – Começou Inuyasha cortando o silêncio lentamente.

 - Você está aqui agora, é isso que importa. – Declarou a moça levantando o rosto e fitando a face preocupada do hanyou.

 - Nunca duvide do que sinto por você. Você é a única no meu coração, amo você, só você. – Declarava Inuyasha enquanto suas lágrimas encontravam a face de Kagome.

 - Por que está chorando? – Questionou a moça.

 - Por que eu sei que não posso estar contigo, não sou o melhor pra você, por mais que te ame com todas as minhas forças... Não podemos estar juntos. – Confessava o hanyou erguendo-se lentamente.

 - O que está dizendo? – Indagou Kagome seguindo o hanyou e o segurando pelos ombros.

 - Eu amo você, e é por isso que preciso dizer adeus. – Proferia Inuyasha desviando o olhar.

 - Adeus? Não pode dizer adeus! Acabou de voltar pra mim, não vou deixar você ir! – Retrucava Kagome tomando o rapaz em um abraço.

 - Kagome... – Começou o hanyou sem encontrar as palavras. Ele apenas ergueu o rosto de Kagome, e a fitou de forma doce. Já fazia muito tempo desde a ultima vez que seus lábios se encontraram, mas ainda podia lembrar o gosto daquele beijo, precisava senti-lo mais uma vez, uma ultima vez. Inuyasha podia ler os olhos de Kagome que imploravam por ele, suas respirações se encontravam de forma harmoniosa. Inuyasha acercou-se ainda mais da garota por fim terminando com a distância entre seus lábios, que se encontravam famintos. Ele intensificou o beijo com sua língua insana que percorria cada detalhe da boca de Kagome que entregava-se completamente aquele hanyou, seu corpo o desejava em cada poro de seu ser. As mãos de Inuyasha percorriam as costas nuas de Kagome que o puxava cada vez mais para si. Já não havia dor, nem distancia, os cinco anos separados converteram-se em segundos. Os pudores foram desfeitos juntos com a restrição. Ele a amava com a mesma intensidade, ela era correspondida por inteiro, sentia que tinha um Inuyasha completo para si e não mais um cara completamente dividido entre presente e passado, já não existiam mágoas, apenas um sentimento puro e absoluto permanecia sobre eles, o amor. .

 - Não vou te deixar partir. – Determinou a moça após seus lábios se separarem lentamente.

- Kagome... Não pertencemos á mesma realidade, precisamos dizer adeus. – Determinou o hanyou afastando-se.

 - Não! Não precisamos... – Protestava a garota acercando-se á Inuyasha.

 - Kagome você tem uma vida aqui. – Retrucou o outro.

 - Vida? Que vida que tenho? Venho vegetando por anos... Deixei de viver no momento em que você se foi naquele poço! – Esbravejava Kagome.

 - Eu também! Acha que é fácil pra mim? Não é! Minha vontade é te abraçar e nunca mais ter que ver você partir, mas eu te amo, não posso ser egoísta com você. – Balbuciava Inuyasha deixando expostos seus sentimentos.

 - Inuyasha... Eu – Insistia a moça.

 - Kagome precisamos dizer adeus. Nunca pertencemos á mesma realidade. – Proferia Inuyasha fitando as lagrimas que brotavam dos olhos de Kagome, era doloroso vê-la chorar.

 - Não importa! Nada disso importa, eu quero estar com você. Que se dane se tenho que viver na Sengoku Jidai, é com você que quero estar. – Esbravejava a moça. Inuyasha retirou o manto que vestia e envolveu sobre os braços de Kagome.

 - Guarde isso como você... Preciso ir... – Declarava o hanyou afastando-se lentamente.

 - Não Inuyasha! Não me deixe outra vez. – Pedia Kagome em um sussurro vendo o hanyou perder-se de vista.

 - Adeus. – Despediu-se Inuyasha saltando para longe de Kagome, se ficasse ao seu lado por mais um minuto não seria capaz de partir.

A moça corria desgovernada tentando alcançar aquele que a trazia tantas alegrias e tristezas. O vento acertava seu rosto com violência, e seus pés descontrolados castigavam o chão com ferocidade. Seus olhos cobertos por lagrimas já não viam nada á frente, tudo o que buscavam com obsessão era o rapaz do longo kimono vermelho.

O carro corria á toda velocidade enquanto a garota corria descompassada sobre a avenida, não haveria tempo de frear. Kagome fechou os olhos esperando o golpe do grande automóvel quando fora puxada e envolta naqueles braços mais uma vez.

 - Kagome! Você está bem? Nunca mais faça isso comigo! – As palavras de Chantal eram proferidas de forma veloz, mas ela não queria escutar, deixou seu corpo cair sobre a calçada, enquanto o médico a amparava prontamente.

 - O que está acontecendo? – Indagou Chantal fitando á moça.

 - Só me abraça. – Determinou Kagome logo sendo atendida. Ela afogou o rosto sobre o tórax definido do médico enquanto suas lágrimas percorriam sua face.

 - Está tudo bem, estou com você, sempre vou estar com você. – Prometia o médico erguendo-se com Kagome em seus braços e caminhando lentamente.

 - Eu sempre sou obrigada á dizer adeus! Por que ele nunca pensa no que eu acho melhor? Por quê? – Indagava Kagome.

 - Esquece tudo o que te passou de ruim. Estou com você, nunca precisará dizer adeus pra mim, isso é uma promessa. – Declarava o médico. As palavras de Chantal não eram capazes de conter suas lágrimas.

De longe o belo par de olhos dourados encarava a cena furioso.

 - Yase Ookami•! Mas não sinto cheiro de youkai... – Ponderava Inuyasha se controlando para não correr até ela e tomá-la em seus braços. – Mas por que... Não! – Exclamava o hanyou vendo os delicados lábios de Kagome sendo tomados por aquele desconhecido. Já não tinha forças para permanecer ali... Seguiu o cheiro do mar encontrando o porto mais uma vez. Uma escolha havia o separado de Kagome para sempre, e dessa vez não poderia voltar atrás.