Escolhido Ao Acaso escrita por Mandy-Jam


Capítulo 14
Surge um plano


Notas iniciais do capítulo

Mais um lindo capítulo! Espero que gostem.



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POV Matt

Nós ainda estávamos na biblioteca, e eu não conseguia ficar parado em um único lugar.

- Deus dos mortos... Deus da guerra... – Murmurei colocando aquilo na minha mente. Eu olhei para Kim, e assenti devagar – Eu vou morrer.

- Você não vai morrer, querido. – Disse Afrodite.

- Bem, você tem grandes chances. – Comentou Kim confirmando – Mas se você sabe que vai morrer, pelos menos tenta alguma coisa. Não tem nada a perder mesmo.

- Ah, que pensamento feliz. – Murmurei – Ok... Eu. Virar um herói. Lutar contra ele. Nossa... Isso vai dar trabalho.

- Nada... Vai ser tranqüilo. – Mentiu Kim.

- Ele... Ele não é imortal? Ele é um Deus, não é? – Perguntei franzindo o cenho, e Kim coçou a cabeça.

- Ahm... É. Mas relaxa. Eu vou pensar em alguma coisa. – Disse dando de ombros. Eu neguei com a cabeça.

- Será que tem algum lugar aqui onde eu possa cair e dormir? – Perguntei olhando em volta – Qualquer lugar.

- Tem umas poltronas para lá. – Disse ela apontando para o andar de cima. Eu subi as escadas e Afrodite me acompanhou. Assim que me sentei, ela alisou o meu cabelo.

- Você é o mortal mais corajoso que eu conheço. – Disse ela sorrindo.

- Eu sou o mortal mais idiota que você conhece. Será que não entendeu? Eu não sou herói! – Protestei, mas ela não estava ouvindo – Eu não tentei prender Ares na fonte! Eu só ia afastá-lo de você. Só isso.

- Isso em si já foi lindo. – Disse ela sorrindo.

- Eu só estou nessa porque você me marcou para morrer. – Comentei olhando para ela. Afrodite sorriu um pouco triste e me deu um beijo.

- Eu sinto muito por isso. – Sussurrou ela no meu ouvido – Mas não me arrependo de ter conhecido você.

Eu não sabia se acreditava naquilo, ou não. Por isso simplesmente me afundei na poltrona. Ela sentou-se do meu lado e nós dois ficamos lá até cairmos no sono.

POV Kim

Eu subi as escadas depois de ler mais um pouco daquele livro, e vi Matt já dormindo ao lado de Afrodite. Imaginei como faria para ele virar um herói.

Ele não tinha músculos definidos, não tinha coragem, não tinha força, não tinha agilidade, nem mesmo uma mera noção de como lutar. Nada. Teria que começar tudo do zero.

Mas uma idéia me passou pela mente. Toda vez que eu dormia, eu tinha uma visão do campo inimigo. Eu sempre via o que Ares estava fazendo, por isso imaginei que se fosse para bolar um plano contra ele, eu teria que observá-lo um pouco mais.

Eu sentei em uma poltrona que ficava de frente para Matt, e fechei os olhos. Como estava cansada de ficar lendo o dia todo, acabei pegando no sono.

E lá estava ele... O Deus da guerra estava entalado em uma fonte, enquanto um cupido jorrava água em sua cabeça. Ele xingava a tudo e a todos de milhares de palavrões, mas eu estava ocupada demais rindo dele para me importar.

- Quer ficar quieto?! – Exclamou Alice que tentava tirá-lo de lá – Eu não vou conseguir assim.

- Ah, não é?! E você ao menos está tentando me tirar daqui, Kelly?! – Berrou ele com raiva. Ares tentou levantar, mas não conseguiu e trincou os dentes – Você deve estar é se divertindo me vendo preso aqui!

- Quer que eu seja sincera? – Perguntou ela irritada, mas depois riu um pouco – Estou mesmo.

- Eu mato você! – Ele deu um soco, mas Alice pulou para trás ainda rindo um pouco. Ele trincou os dentes e respirou fundo – Se você não me tirar daqui e voltar para casa... Aguarde para ver o que o meu eu de Jersey vai fazer com todos os seus ossos.

Ela revirou os olhos e parou de rir. Alice foi para perto dele, séria, e segurou suas mãos tentando puxá-lo para trás. Ela usava toda a sua força, mas como ele estava completamente molhado, era muito difícil.

- Ah! – Exclamou ao cair no chão. Ares ainda estava sentado lá. Alice passou a mão pela testa, e negou com a cabeça – Se deixasse ele em paz, isso não aconteceria.

- Ah, lá vem você com as lições de moral! – Ele revirou os olhos – Será que dá para me tirar daqui antes de encher a minha paciência?

- Bem... A culpa não é minha se você tem um traseiro tão grande a ponto de ficar entalado em um chafariz. – Comentou ela se levantando.

- E a culpa não é minha se você tem uma boca tão grande a ponto de não ficar muda nunca. – Rebateu ele – Você é realmente muito besta.

Ela pareceu ofendida com aquilo.

- Se eu sou tão besta, então chama a Afrodite para te tirar daí. Se ela não quebrar uma unha, acho que você fica livre daqui á seis meses. – Comentou ela virando as costas.

- Ei! Nem pense em ir embora! Alice! – Exclamou ele tentando se levantar, mas era impossível. Alice virou-se respirando fundo, e cruzou os braços – Eu preciso de você.

- Ah, precisa? – Perguntou ela incomodada. Ela deu um passo na direção dele – Você é bem forte, e além disso ainda pode fazer mágica. Por que não saí daí sozinho?

Ares abriu a boca para responder, mas resolveu não responder em voz alta.

- Eu explico depois. Agora não. – Disse ele um tanto tenso. Ele estendeu as mãos para ela, e Alice revirou os olhos. Ela colocou um pé no pequeno murinho que tinha no chafariz e tentou puxá-lo novamente.

Ela usou toda a força que tinha, e realmente demorou bastante, mas por fim deu certo. Ela soltou-o de lá, e ele quase perdeu o equilíbrio. Sem querer acabou puxando-a contra si. Como ele estava encharcado, ela também ficou.

- Ah! – Exclamou ela indo para trás. Um vento frio bateu, e Alice se abraçou – Que droga...

- Para de reclamar. – Resmungou ele – Se está com frio só por causa disso, imagina estivesse no meu lugar!

- Ah, eu pensei que machos não sentissem frio! Não é isso que você sempre fala? – Rebateu ela. Ele fez uma careta.

- Não disse que estava com frio. Você adora me irritar, não é? – Reclamou ele, mas então olhou fixamente para ela – O que me lembra uma coisa...

Com um movimento ele segurou o pescoço dela e a levantou no ar. Ares trincou os dentes enquanto a fuzilava com um olhar de raiva.

- Você ajudou o Harris, sua traidora... Quem você pensa que é para armar contra mim?! – Rugiu ele com raiva. Alice podia protestar, mas ela só disse...

- Não sei. Quem você acha que eu sou? – Perguntou quase sem ar. Ela tinha dito isso em um tom triste, de modo que ele a colocou no chão, confuso. Alice deu um tapa forte na mão dele, e se afastou um pouco.

- O que houve? – Perguntou ele sem entender.

- Você ainda tem coragem de me chamar de traidora? – Perguntou ela incomodada – Quem traiu quem aqui?

Ares passou a mão pelo próprio rosto impaciente.

- Foi exatamente por isso que eu falei para você ficar em Jersey! Eu estou com você ! Não aqui! Será que é tão difícil de entender isso?! – Exclamou ele impaciente. Alice desviou o rosto tão irritada quanto ele – Já expliquei para você que pode ficar comigo lá! Por que isso te incomoda tanto?!

- Você sabe muito bem o que me incomoda. – Falou ela cruzando os braços.

- Sim, eu faria o mesmo por você. Não, não vou deixar o Harris em paz. Sim, eu vou me vingar dela. – Falou ele contando as frases nos dedos – Seja lá qual dessas opções você colocou na sua cabeça, agora já tem as respostas. Feliz?

- Não. – Respondeu ela indo embora, mas ele acabou seguindo-a.

- Ah, qual é?! – Exclamou ele irritado – Você ainda vai ficar com essa implicância besta só porque...?!

 - Não pense que só porque eu estou com você em Jersey, você pode falar como quiser comigo em Nova Iorque. – Disse ela virando-se para ele, o que o fez calar-se – Seja lá o que você queira fazer, isso não é da minha conta. Não vou reclamar se você quiser engatinhar até a Afrodite, ou se quiser matar um mortal inocente por causa dos seus ciúmes ridículos, mas se pensa que eu sou sua escrava, está enganado.

Alice o empurrou para trás com força, e ele teve que se apoiar em uma árvore para não cair.

- Da próxima vez que ficar preso em uma fonte, vire-se sozinho para sair de lá. – Falou ela ajeitando seu casaco por causa do frio – Eu não vou te ajudar.

- Eu não posso. – Respondeu ele devagar. Ela ergueu uma sobrancelha para ele sem acreditar – Quando um Deus fica preso, seus poderes se tornam inúteis. Ou seja... Eu não conseguiria sair dali usando poderes nem nada.

- Então pede para a Afrodite te tirar de lá. – Disse ela dando de ombros sem ligar.

- Ela não faria isso, e você sabe. – Respondeu ele. Ares tentou alisar o rosto dela, mas ganhou um belo tapa.

- Que bela companhia você quer ter, hein? – Comentou Alice, e depois virou as costas e foi embora. Ele, irritado, deu um soco na árvore, e eu acordei com um pulo.

Meus olhos encontraram Matt, e eu sorri. Levantei rapidamente, e notei que ainda estava de noite. Ou seja... Ele devia estar no Central Park ainda.

Eu saí correndo da biblioteca, e atravessei as ruas com rapidez. Tinha um plano perfeito em mente, e eu tinha certeza de que daria certo se eu conseguisse convencer duas pessoas.

Segui o som de alguns resmungos, e logo achei Ares. Estava secando as roupas com simples movimentos de mão, enquanto reclamava do frio.

- Pensei que machos não sentissem frio. – Repeti o que Alice dissera, e isso atraiu a atenção dele. Seus olhos me analisaram tentando lembrar quem eu era, e quando se tocou só riu em deboche.

- Ora, se não é a garotinha que não sabe atravessar ruas. Pensei que você estivesse no seu apartamentinho brincando com facas. – Zombou ele. Eu me controlei para não me irritar com aquilo.

- Tão amável. Vai ver é por isso que a Alice te chutou. – Comentei, e ele ergueu as sobrancelhas, surpreso.

- Quem te contou sobre a Alice, intrometida? – Perguntou ele.

- Não é da sua conta. – Respondi.

- Não. Não é da sua conta. – Corrigiu ele. Ele avançou na minha direção – É melhor se mandar antes que eu desconte a minha raiva em você.

Eu estendi as mãos em rendição.

- Eu não vim arrumar encrenca. Na verdade... Vim te trazer uma solução bem interessante. – Comentei calmamente. Ele riu.

- Solução para que? – Riu ele.

- Para o seu problema com a Afrodite. – Respondi. Ele riu novamente, e negou com a cabeça.

- Ah, e uma garotinha rebelde acha que pode me dizer como resolver os meus problemas? Por que você não vai para a sua casa brincar de Barbie, hein? – Zombou ele.

- Ah, desculpa. Se você é tão inteligente, tenho certeza que pode resolver tudo isso bem rápido. – Comentei em sarcasmo, e ele confirmou indo embora. Eu o segui irritada, e me coloquei em sua frente – É melhor me escutar agora mesmo.

- Por quê? Vai mandar o seu papai liberar mortos-vivos atrás de mim? – Perguntou ele em deboche. Eu segurei a gola de sua camisa com raiva, mesmo que para isso eu precisasse ficar na ponta dos pés.

- Isso não tem nada a ver com o meu pai. Tem a ver comigo e com você. – Corrigi irritada.

- O que eu tenho a ver com você? – Perguntou ele sério.

- Temos objetivos em comum. Vontades convergentes. – Expliquei – Eu quero ela fora, e você que ela dentro. – Disse apontando para suas calças – Eu te ajudo pegar ela de volta, e com isso eu ganho paz.

- Sinto muito, mas a última coisa que eu quero é dar paz para você e para o babaca do seu amiguinho. – Respondeu ele indo embora novamente.

- O plano incluiu matar o Matt! – Completei, e ele parou de andar. Ares virou-se e olhou para mim curioso.

- Estou ouvindo. – Comentou ele.

- Eu levo ele para uma encrenca, alguma armadilha sua. Ele morre, você leva Afrodite, e eu tenho paz. – Sorri para ele. Ares analisou a situação e riu.

- E você pode me responder por que eu precisaria da sua ajuda? Posso muito bem matar o Harris, e levar a Afrodite comigo. Na verdade, esse é o meu plano. Você não me falou nenhuma novidade. – Disse ele.

- Você precisa de mim. Acredite. – Insisti, mas ele negou a cabeça e riu.

- Quando eu quiser que alguém que veja fantasmas ou que saiba algum filme de terror bom, aí eu converso com você. – Falou ele indo embora. Dessa vez eu deixei.

Voltei para a biblioteca e subi as escadas para o segundo andar. Matt não estava mais dormindo. Eu o procurei pela enorme biblioteca, mas não estava achando. Afrodite continuava dormindo, mas não tinha sinal dele.

Foi aí que notei... Um garoto sentado no chão da seção de mitologia, com um livro nas mãos. Fui até lá e sentei-me do seu lado. Ele não olhou para mim.

- Ela espera que eu vença isso. – Disse ele mostrando um desenho de Ares atravessando uma lança em um homem. Ele negou com a cabeça – De tanta gente... Por que ela não foi escolher alguém bonito, forte, ou pelo menos inteligente? Tinha que ser eu?

- Acho que sim. – Confirmei calmamente. Ele jogou o livro para o lado, e eu encolhi os ombros – Você vai vencê-lo. E vai ser mais fácil do que pensa.

- Como? – Perguntou ele querendo saber – Sério. Se você tem uma fórmula mágica para o sucesso, então pode me contar. Estou aberto a idéias.

- Sabe o que acontece quando um Deus fica preso? – Perguntei analisando o livro que ele tinha jogado longe. Mudei de páginas algumas vezes, e parei na que tinha visto antes – Está vendo? Hera, é a Deusa do casamento. O filho dela a prendeu em um trono de ouro uma vez. Ela não conseguiu sair.

- Por quê? – Perguntou ele, desinteressado.

- Porque não pôde usar magia. – Respondi – Tinha visto isso antes, mas não tinha me tocado. Se você prender um Deus... Seus poderes são inúteis.

- Você... Quer que eu prenda Ares? – Perguntou ele sem entender – Como eu vou fazer isso?

- Bem... Você já prendeu ele. No chafariz. A propósito... Belo trabalho. – Comentei rindo – Mas Alice Kelly soltou ele. – Revirei os olhos – Você só tem que fazer isso de novo.


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Notas finais do capítulo

O que acham que a Kim vai fazer tentando ajudar o Ares a matar o Matt?
Espero que tenham gostado.
Até o próximo capítulo e obrigada pelas recomendações!



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