Escolhido Ao Acaso escrita por Mandy-Jam


Capítulo 13
Surge um herói


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo o Matt começa a tomar coragem. Veremos como as coisas vão acontecer...
Boa leitura.



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POV Matt

Enquanto Ashley andava falando sobre assuntos que eu não entedia muito bem, eu a analisava e tentava entender a teoria de Kim. Se aquilo era verdade, sentia raiva de mim mesmo por ser tão azarado a ponto de me meter nessa briga.

- Mas então, eu disse para ela... – Eu a interrompi.

- Você tem alguma coisa para me contar? – Perguntei tomando coragem. Ela olhou para mim e franziu o cenho, confusa, mas eu me mantive sério.

- O que? Ahm... Eu estava contando, antes de você me interromper, bobinho. – Riu ela como se fosse óbvio, mas eu neguei a cabeça.

- Alguma coisa a mais. Qualquer coisa. – Insisti. Ashley parou de andar e olhou para mim. Ela ia rir e negar, mas eu queria uma resposta – Tem certeza que não tem nada para me contar?

- Você tem algo em mente? – Quis saber ela cruzando os braços. Eu assenti de leve.

- Você... – Me sentia ridículo por falar aquilo, mas acabei dizendo – É uma Deusa. Grega.

Ela riu um pouco, mas ao notar que eu estava falando sério, pareceu levemente surpresa. Ela arqueou levemente uma de suas sobrancelhas, e colocou as mãos na cintura.

- Como você...? – Acho que algo passou por sua mente, por isso ela revirou os olhos – Ah, claro. Ela.

- Está falando da Kim? – Perguntei, mas então confirmei eu mesmo – É. Ela mesma. Ela leu sobre você. Ela leu sobre o Ares.

- Você sabe dele? – Perguntou ainda mais surpresa.

- Que ele quer me matar agora? Sei. – Confirmei tenso, mas então algo atingiu o meu peito – Você me usou, não é? Me escolheu só para ele ficar com raiva.

- Querido, eu... – Afrodite passou a mão levemente pelo meu rosto, e então olhou em volta um pouco tensa. Ela segurou a minha mão, mesmo eu tentando esquivar-me – Vamos para um lugar mais discreto, certo?

Em um piscar de olhos (literalmente) ela me transportou para o Central Park. Nós fomos para perto de um pequeno chafariz, e nos sentamos. Eu ainda estava preocupado, frustrado, e um tanto triste, mas esperei para que ela falasse.

Quando seus olhos azuis encontraram os meus, pensei que ela fosse inventar mil desculpas, mas me enganei. De algum modo, ela parecia realmente constrangida.

- Eu sinto muito. – Disse ela devagar – Mesmo. Matt... Eu acho que não devia ter feito isso.

- Não devia mesmo. – Confirmei incomodado.

- Você tem que entender que... – Eu a interrompi.

- Que você é a Deusa da beleza, e que pode usar quem bem entender? – Completei, mas ela negou com a cabeça – Você por acaso não imaginou na possibilidade de eu morrer?!

Ela parou um minuto para me olhar, e respirou fundo.

- Quer que eu seja sincera? Pensei sim. – Confirmou ela calmamente – Mas na verdade eu não liguei muito para isso. Afinal...

- Eu era só mais um cara na multidão, e ninguém ia ligar se eu morresse. – Disse sabendo que era isso que ela queria falar. Ela olhou para mim com pena, e eu passei as mãos pela testa.

- Eu sou Afrodite, a Deusa da beleza, e do amor. – Disse ela devagar – Ares me irrita ás vezes. E nós... Acabamos envolvendo algumas outras pessoas nesses conflitos.

- É só isso? – Perguntei – Você... Você apareceu, mexeu comigo, e agora vai deixar o seu namorado me matar? E acha que um “sinto muito” é o bastante?

  Afrodite fez “Ooown”, como se eu tivesse dito algo fofo.

- Eu mexi com você. Mas você é tão fofo. – Disse ela alisando minha bochecha – Sempre gostei quando os jovens ficam desse jeito por amor.

- Eu vou ser morto por amor. Isso não é fofo. Não é legal. – Corrigi.

- Calma... Você não vai morrer. – Disse ela me acalmando, mas eu não tinha tanta certeza. Minha certeza só diminuiu quando ouvi alguém falar perto de mim...

- Ah, ele vai sim. – Confirmou Ares chegando perto de nós. Atrás dele, Alice tentava puxar seu braço para trás impedindo-o, mas era inútil.

Eu me levantei com medo, e Afrodite também. Ela não parecia tão abalada assim, mas eu estava a ponto de morrer por uma parada cardíaca, o que imaginei iria estragar os planos de diversão de Ares.

- Ares, para com isso. Você não...! – Alice foi interrompida.

- Já falei que seu lugar em Jersey! – Exclamou ele com raiva – Suma daqui! O assunto não é seu.

De algum modo, ela pareceu notar que ele estava certo, pois soltou seu braço e foi chegando para trás. Ela me olhou com pena, eu já estava imaginando quantas vezes as pessoas já me olharam desse jeito.

- Ok... – Murmurei com medo – Ahm... Será que você está disposto a ouvir algumas palavras?

- Sim. – Respondeu Alice esperando que aquilo adiantasse.

- Não. – Respondeu Ares sacando sua espada.

- Era o que eu temia... – Murmurei me dando por morto, mas então...

- Chega disso. Você ganhou. – Disse Afrodite passando na minha frente. Ela suspirou e olhou para Ares, que ergueu uma sobrancelha, curioso – Eu volto para você, e esqueço ele. Você ganhou.

- Acha que só isso vai ser o suficiente? – Perguntou ele com raiva – Você pensa que pode me trair com esse mortal medíocre, para depois só pedir desculpas e ficar tudo bem?

- Você não me quer de volta? Nós vamos voltar. Só... Deixe os mortais fora disso. – Falou ela calmamente. Seu jeito era tão convincente, que até eu estava começando a achar que tudo ficaria bem. Pelo visto, Ares também...

Ele segurou o braço dela com força sem nem mesmo notar, e sorriu um pouco irritado.

- Vamos voltar para o Olimpo, e é melhor que isso não se repita, pois eu não terei nem um pouco de pena com o próximo idiota que você usar. – Falou ele rangendo os dentes – Diga adeus para esse ridículo e vamos embora.

- Ele não é ridículo. E solta o meu braço. – Disse ela puxando o braço para longe das mãos dele. Ares a segurou de novo, e ela também ficou com raiva.

- Depois disso tudo você ainda quer fazer mais desaforo?! – Perguntou ele com raiva – Como se já não bastasse o fato de você ser melodramática com qualquer besteirinha que eu faço.

- Você me chamou de melodramática?! – Perguntou ela com raiva. Ela puxou o braço de volta, e lhe deu um tapa – Ora, seu imbecil. Não pense que eu pode falar comigo desse jeito.

Alice olhou para mim, enquanto os dois brigavam e sussurrou algo que eu não entendi muito bem. Ver aquela cena parecia estar me incomodando, mas para ela era a mesma coisa que nada.

Foi então que eu entendi o que ela tinha dito. Eu olhei para Afrodite, e imaginei o quanto deveria ser irritante ter alguém tão controlador do seu lado o tempo todo. Imaginei o quanto ela devia estar com raiva do jeito com que ele a estava tratando, e cerrei os punhos. Alice franziu o cenho para mim, sem entender o que estava passando pela minha mente.

- Deixa ela paz! – Exclamei empurrando-o para trás no momento em que Ares ia puxar seu braço novamente. O Deus da guerra cambaleou, e eu fiquei pasmo. Era só para chegar alguns passos para trás, mas de algum modo meu golpe saiu melhor que a encomenda.

Ares cambaleou para trás, suas pernas bateram mármore do chafariz, e o Deus da guerra estava, em pouco segundos, sendo irrigado pelo cupido do chafariz. Ele tentou se levantar, mas acho que ficou entalado ali.

Sentada e morrendo de raiva, seu rosto foi ficando cada vez mais vermelho, até eu pensar que ele iria explodir. Os olhos de Alice e de Afrodite se arregalaram, e os meus não fizeram diferente.

- Foi...! Foi um a-a-acidente! Eu...! Eu não queria...! – Tentei falar, mas fique gaguejando. Ares estava rosnando para mim com raiva, enquanto tentava sair de lá, mas ele ainda estava entalado no pequeno laguinho do chafariz.

- Arrrrrrr... – Rosnava ele com mais raiva ainda – Harris! Você é um homem morto!

Para piorar a situação, Afrodite me deu um beijo na bochecha.

- Meu herói. – Disse ela extremamente feliz – Meu herói mortal! Que os Deuses te abençoem, Matthew Harris.

- Eu vou precisar. – Murmurei tenso.

Água caía na cabeça de Ares, mas pelo visto ela estava começando a evaporar de tão quente que ele estava.

- Nem Zeus irá salvá-lo, Harris! É o seu fim seu filho da...! – Ele foi interrompido. Alice foi para perto dele e analisou a situação. Ares trincou os dentes olhando para ela, enquanto tentava violentamente se desprender – Está olhando o que, Kelly?! Me tire daqui sua lesada, antes que sobre para você também!

Alice assentiu devagar, e olhou para mim.

- De onde veio... Essa idéia? – Perguntou.

- Ahm... Eu só ia... Você disse “luta”, mas eu só ia afastá-lo. – Respondi tenso.

- Eu disse “fuja”. – Corrigiu ela, mas então assentiu – Fuja.

- O que? – Perguntei sem entender.

- Fuja! Corre! Que Hermes esteja com você! – Exclamou ela, e então eu notei a ordem. Segurei a mão de Afrodite com força e saí correndo puxando-a comigo. Ela ria feliz, me chamando de herói, e milhares de outros elogios, enquanto Ares xingava a minha mãe de todos os nomes que conhecia.

- Kelly! Eu mato você também! Espere até eu sair daqui! – Urrou ele com raiva, mas eu já estava longe para ver qual foi a reação de Alice.

Eu corri para o único lugar que me veio a cabeça. A biblioteca de NY.

Assim que entrei no lugar, meus olhos correram pelas mesas vazias.

- Ei, idiota. Você não sabe ler a placa?! Já estamos fechados! – Exclamou Kim. Assim que olhei para o balcão onde ela estava, ela revirou os olhos – Ah, é você. E... Ela.

- Ah, ótimo. Ela. – Disse Afrodite revirando os olhos.

- Olha, se não é a senhorita “Tome cuidado, porque você nunca sabe quem os outros são de verdade.” – Disse Kim vindo na nossa direção. Ela ainda segurava o livro de mitologia que me mostrara – Sabe o que é engraçado? Eu sei quem você é agora. E sendo sincera não estou com muito medo.

- É porque você ainda não sabe o que eu posso fazer. – Sorriu Afrodite maldosa.

- Vai fazer o que? – Perguntou Kim cruzando os braços – Me deixar apaixonada por um pombo?

- Não me idéias tão boas, amor. Eu posso acabar usando-as! – Riu Afrodite. Kim ia dizer alguma coisa, mas Afrodite a interrompeu – Mas o assunto não é esse agora.

- E qual é? – Perguntou ela para mim.

- Ahm... – Eu ia responder, mas Afrodite me beijou novamente.

- Matt é um herói! – Respondeu e Kim arregalou os olhos para mim.

- Está aí algo que não se ouve todo dia. – Murmurou ela erguendo uma sobrancelha.

- Eu não sou um herói! – Exclamei – Eu... Sou um herói por acidente, na verdade.

- Mas foi heróico o que você fez. Enfrentar o Ares daquele jeito não é para qualquer uma. Só algumas poucas pessoas tiveram essa coragem. – Comentou Afrodite – E sobreviveram para contar a história... É claro.

- E o que de tão heróico você fez? Chutou a canela dele? – Perguntou Kim.

- Eu... – Afrodite me interrompeu.

- Ele jogou Ares em um chafariz. Ele deve estar entalado lá até agora. – Riu Afrodite pensando na idéia – Ah, o que eu pagaria para tirar uma foto desse momento.

- Acho que esse é o único ponto em que eu concordo com ela. – Sorriu Kim. Eu ia dizer que aquilo foi um acidente, mas ela me impediu – Matt... Isso até que foi bom.

- Bom coisa nenhuma! Ele ia me deixar ir embora, mas agora vai me caçar até o fim do mundo. – Falei.

- Antes um herói morto, do que um covarde vivo. – Comentou ela, mas depois negou com a cabeça – Brincadeira.

- Tão engraçada... – Murmurei revirando os olhos.

- Não teme a morte, não é? – Disse Afrodite olhando para Kim. Ela riu como se fosse uma piada – Geralmente nenhum de seus irmãos ou irmãs teme.

- Sou filha única. – Respondeu ela firme.

- Você entendeu o que eu quis dizer. Já leu sobre seu pai nesses livros? – Perguntou Afrodite analisando as estantes – Deve ter muita coisa sobre nós espalhada por aqui.

- Seu pai morreu, não? – Perguntei sem entender – Do que ela está falando?

- Meu pai morreu. – Afirmou ela – Mas... Tem o outro.

- Outro? – Perguntei franzindo o cenho – Aonde quer chegar com isso?

- Deuses têm filhos. – Contou Kim, enquanto encarava Afrodite – Só que eles nem sempre são filhos deuses. Quando algum deles fica com um mortal, por exemplo, os filhos são uma mistura. São semideuses.

- Você está dizendo que ela é uma semideusa? – Perguntei á Afrodite.

- Eu sou. – Confirmou Kim com certo desgosto – Não que eu goste disso, mas sim.

- Quem é o seu pai? – Perguntei.

- Hades, Deus dos mortos. – Contou ela – Senhor do Mundo Inferior, e o cara que você vai conhecer quando morrer.

- Ah, que interessante. – Depois de tudo que eu passei, na mais me surpreendia – Combina com você, sabe? Me diz... É por isso que você fez um terremoto?

- Eu mexo com a terra. Acho que é algum poder ou coisa do tipo. – Murmurou Kim olhando para o chão como se imaginasse poder fazê-lo tremer. Ela olhou para mim – Semideuses foram heróis. Mortais, eu não sei, mas...

- Mas o que? – Perguntei. Ela colocou uma mão no meu ombro.

- Vamos ter que transformar você em um herói. – Contou ela.


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Notas finais do capítulo

Ok... Vai dar trabalho, né?
Mas pelo menos ele tomou coragem para fazer alguma coisa, mesmo que isso tenha complicado mais ainda a situação dele.
Espero por reviews, e recomendações!
Obrigada por ler essa fic.