Memória escrita por Guardian


Capítulo 12
Ao seu lado...


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais, por favor.
Voltando pra narração do Mello.



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 Levantei depressa e fui até Matt, que se encolhia na cama e não parava de soltar gemidos e exclamações de dor, cada vez mais altos.

 O que...

 Tentei virá-lo para mim, e fiquei quase sem reação ao ver toda sua face – controcida em uma dolorosa careta - molhada de lágrimas. Forcei-me a me mover, a fazer alguma coisa, e assim fiz ele relaxar as mãos e afastá-las de sua cabeça, que ele segurava como se achasse que fosse cair.

 - Hey, Matt... Matt, o que foi? – que pergunta mais idiota foi essa?! Droga, eu não sabia o que falar... Ele não parava de chorar, e mesmo estando alarmado, tentei colocar a melhor expressão tranquilizadora que o susto me permitia – Matt? Matt, fala comigo.

 Diga alguma coisa, vai? Qualquer coisa serve, está me assustando, caramba!

 - M-Mello... Está doendo...

 Ele apertou os olhos e virou a cabeça para o lado. Senti seus pulsos contrairem-se quando ele fechou com força suas mãos em punhos.

 O soltei e corri para pegar os comprimidos e... Onde estavam os comprimidos mesmo?! Banheiro... Mochila... Na cômoda! Claro, eu deixei eles lá ontem!

 Com as mãos meio atrapalhadas, destaquei um dos pequenos comprimidos amarelos da cartela e peguei a garrafa de água que eu tinha trago mais cedo, voltando rápido para seu lado. Sentei na beirada da cama, até pensando em puxá-lo devagar pelo braço para ajudá-lo a levantar, mas logo descartei a ideia. Ao invés disso, coloquei uma mão em seu ombro e o chamei.

 - Matt.

 Seus olhos se abriram de forma lenta, e não totalmente, devido às lagrimas que não paravam de formar-se, e com igual velocidade, ele se sentou apoiando-se no braço bom. Tomou o remédio da minha mão, e com a ajuda da água, o engoliu de primeira.

 Eu não sabia bem o que fazer agora, como agir, o que falar. Ele continuava com a mesma espressão, um misto de dor e parecendo assustado também, os olhos apertados, molhados, e sentado sem nem se mover, como se fosse difícil demais fazer isso. Seus dedos estavam um pouco esbranquiçados, pela força que ele segurava o lençol abaixo dele.

 O que eu deveria fazer? Só ficar olhando sem reação alguma? Ah, é mesmo, eu já estou fazendo isso!

 Droga, eu achava que seria capaz de lidar melhor com uma situação dessas...

 Antes que pudesse pensar por mais tempo no que fazer, peguei-me esticando os braços e o abraçando. Não sabia exatamente por que fiz justo isso, uma atitude que poderia até deixá-lo mais assustado do que já estava, mas no momento que senti seu corpo tremendo levemente próximo ao meu, e seu cabelo macio em contato com minha pele, de alguma forma eu soube que era o certo a se fazer. Eu não era bom com essas coisas, mas parecia que desta vez tinha acertado.

 Não demorou e senti seus braços nas minhas costas, retribuindo o abraço, e ouvi um baixo soluço abafado no meu peito. Já podia sentir aquela região da minha roupa umidecendo. Não importava.

 Mas que droga, o que era isso tudo? Por que eu... Seria possível que... Não, não pode ser... É, não pode.

 Não faço ideia de por quanto tempo ficamos assim, mas eu não me sentia propriamente incomodado com aquilo. Quero dizer, tirando o estado em que Matt se encontrava.

 Enfim. Depois de não sei quanto tempo, o senti fechar os dedos pela última vez na parte de trás da minha camisa e afastar o rosto do meu peito. O local estava molhado e quente agora. Eu tirei meus braços da posição que estavam, deixando de envolvê-lo, e ele fez o mesmo comigo. Era estranha a sensação que me invadiu ao soltá-lo, como se eu não quisesse fazer isso.

 - Está melhor? – perguntei, olhando-o. Ele mantinha sua cabeça baixa, com o cabelo ruivo fazendo sombra em seu rosto, mas mesmo assim eu conseguia ver seus olhos vermelhos e com os resquícios das últimas lágrimas derramadas.

 - Hum – ele respondeu baixo, acenando uma vez com a cabeça. De forma bem leve, porque parecia que ainda doía.

 Eu me sentei mais para dentro da cama, enconstando minhas costas na parede e apoiando meus braços em cima dos meus joelhos dobrados.

 - Você... Se lembrou de alguma coisa? – não pude evitar de lembrar de ontem no banheiro, quando ele disse de repente que era o meu aniversário. Será que ele tinha sentido essa mesma dor de cabeça quando lembrou daquilo? Se sim, por que não falou nada? Se sim, por que eu não percebi?

 - Eu... Eu não tenho certeza – ele respondeu devagar, cruzando as pernas e ainda mantendo o rosto abaixado – Talvez sim, mas eu não sei o que aquilo sigifica. Ahn, Mello?

 - Sim?

 - Obrigado.

 - Pelo quê? – perguntei sem entender.  Sinceramente não fazia ideia. Pelo abraço? Acho que não.

 - Por... – seus dedos torciam de forma aleatória o lençol conforme ele falava, e eu gostaria que ele olhasse para mim ao invés de para essa tão repentina tarefa – Eu tive um sonho. Uma lembrança, talvez, eu não sei. E... Tinha um vazio tão grande, uma solidão tão esmagadora, que... E quando eu acordei, você estava aqui – tive a impressão de sua voz ter falhado um pouco, como se a vontade de chorar tivesse voltado –... Eu senti um alívio tão grande, por não estar sozinho e... Na primeira vez que eu acordei lá no hospital, era você também quem estava do meu lado, e não sei, mas eu tenho a impressão que... Que... Eu... Eu tenho medo de ficar sozinho, então...

 E de repente eu entendi o que Matt estava querendo dizer. Antes que pudesse perceber,  eu estava sorrindo e falando de um jeito tão calmo e... Terno, que até mesmo eu me surpreendi.

 - É claro que eu estava do seu lado. Eu sou seu melhor amigo, afinal. Bom, mesmo não se lembrando disso, você sabia ser um pé no saco quando queria, mas eu nunca te deixaria sozinho. Nunca. Não precisa se preocupar com isso, lembrando ou não, você sempre me teve ao seu lado, assim como você sempre esteve ao meu. E isso não vai mudar.

 Ele levantou o rosto, surpreso, me encarando. E então deixou sair uma risada baixa, transbordando alívio, e se deixou cair para trás na cama, puxando o travesseiro para esconder o rosto.

 ...

 ...

 E foi então que eu me dei conta do que tinha acabado de dizer. E senti meu rosto esquentar violentamente ao perceber. Porque junto com o verdadeiro sentido daquelas palavras, também me veio o verdadeiro motivo de eu as ter dito. Pareceu tão claro, tão tranparente, que eu me choquei. Como podia... Desde quando... AHHHN??

 Baixei o olhar para Matt, ainda com o rosto escondido. O meu rosto devia estar da cor dos cabelos dele nesse momento.

 Era isso mesmo?

 De verdade?

 Matt... Não era mais um simples amigo, era? Eu não o via desse jeito mais... Via?

 A resposta era “não”.

 ...

 Ah, droga, bela hora pra me dar conta disso...


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Notas finais do capítulo

Sério, muitíssimas desculpas por não ter respondido aos reviews >////////< Reira chan, Mari, N cotton, lerowaay, me desculpem mesmo... Não vou encher essa nota de desculpas porque o que eu quero dizer mesmo é que eu simplesmente AMO quando recebo seus reviews, e me sinto SUPER culpada quando não consigo respondê-los... (se quiserem saber os motivos, leiam as notas do último capítulo de In Jail Kkkk)Juro que vou tentar, tá? ó__ò