All Night Long escrita por tati_surou


Capítulo 2
Capítulo 2




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Ele realmente não achava que se arrependeria, mas sentiu-se ridículo assim que botou os pés na frente da mesma boate da noite anterior. Estava também curioso sobre o que aconteceria, o que foi provavelmente a única coisa que o impeliu a entrar.

E uma vez lá dentro, começou a se perguntar se não haveria a chance de ChanSung nem sequer aparecer. Ele não havia cogitado a ideia ainda, e ela não melhorou o seu estado de ânimo. Mas tudo bem, mesmo se ele não aparecesse. Na outra noite ele havia ido até ali sozinho e sem nenhum propósito. Podia muito bem fingir que estava fazendo isso novamente e nem se estressar se o outro garoto fosse aparecer ou não... e é claro que isso não estava dando certo e que ele se sentiria o maior idiota da face da Terra se passasse a noite inteira ali e ChanSung não desse as caras.

Sentou-se no bar, quase no mesmo lugar da noite anterior, e ficou olhando distraidamente para o resto do local, controlando os impulsos de sair correndo por aí para procurar pelo outro ou ficar o tempo todo olhando de um lado para o outro. Deveria ter perguntado pelo número dele. E começava a se sentir inseguro até pela roupa que estava usando. Jay não costumava se importar muito com isso, e ele sempre podia pedir conselhos ao JunSu sobre o que usar ou não, mas não na ocasião. Sabia que não tinha o mínimo senso de moda e que ChanSung podia achar que ele parecia um palhaço – embora tivesse tentado evitar todas as roupas coloridamente extravagantes de seu armário.

Em torno de meia-hora depois, após dispensar muitas garotas malucas que vinham com tudo para cima dele e até mesmo alguns caras (nenhum que valesse a pena, entretanto. Ou, ao menos, nenhum bom o suficiente para ser comparado ao ChanSung), e quando estava quase que completamente decidido a dar uma volta pelo lugar e ir embora se não encontrasse o garoto da noite anterior, ele sentiu que alguém vinha por trás dele e lhe tapava os olhos com as mãos.

- Adivinha quem é... – mas antes que a pessoa chegasse a metade da primeira palavra, TaecYeon já sabia que era ele. Aquele cheiro inconfundível parecia que jamais o deixaria esquecer.

- Eu estava me perguntando se você apareceria mesmo, ChanSung-sshi.

Ele ouviu o outro rir e sentir que o largava. ChanSung deu a volta e sentou-se no banco em frente ao dele.

- Como sabia que era eu? – e Taec estava aprendendo depressa que adorava as expressões de indignação que ele fazia.

- Você é a única pessoa que eu conheço que vem aqui – ele respondeu, o que não deixava de ser verdade e, ainda assim, era um pouco como uma mentira.

ChanSung riu um pouco, antes de se remexer desconfortavelmente na cadeira. – Desculpe ter saído daquele jeito ontem à noite – ele tinha que falar realmente alto para que Taec pudesse escutar o que estava dizendo, mesmo que ali perto do bar a música fosse um pouco mais baixa. – Foi JunHo, o meu amigo, às vezes ele parece incapaz de fazer as coisas sem mim.

Ele sentiu uma pontada de um sentimento estranho que parecia muito com ciúme, mas segurou na última hora a vontade de perguntar para que tipo de coisas JunHo precisava da ajuda dele.

- Ahhh, que é isso, você não precisa se desculpar.

- Eu acho que preciso, sim. – ChanSung insistiu. – Mas, hey, achei ótimo que você tenha vindo hoje. Eu achei que... sei lá...

- O que você achou? – TaecYeon perguntou.

- Ah, sabe, que você mal fosse lembrar o suficiente.

Você nem imagina o quanto eu lembrei, foi o que TaecYeon pensou, mas não teve coragem de dizer.

- Eu não sou esse tipo de cara – respondeu grave.

- É, mas você tem um namorado, o que deixa as coisas meio incertas... – ChanSung disse, sorrindo. – Não que haja algo para ficar incerto, eu quero dizer-

TaecYeon riu do desconcerto dele. – Você não estava tão reticente ontem à noite.

- Ah – ChanSung continuou sorrindo. – É que eu ainda não bebi nada hoje. E depois, você deve ser mais velho do que eu, eu acho que devia estar falando formalmente, ou sei lá.

- Não! Eu não devo ser tão mais velho que você. Nasci no final de 1988.

- Ah. Eu sou do começo de 1990. Mas se você pref-

- Esquece isso, ChanSung.

Eles ficaram em silêncio por um momento, olhando um para o outro.

- Seu namorado... Você disse que ele veio dos Estados Unidos, não é?

- É. Na verdade, eu deveria ter ido com ele para lá, visitar a minha família que atualmente mora lá também, ainda que seja, sabe, longe da família dele... Mas por causa do meu trabalho eu tive que ficar aqui.

- Sua família? Então você é americano também?

TaecYeon sorriu.

- Não. Eu nasci na Coréia, mas me mudei para lá depois e vivi um tempo por lá.

- É tão legal – ChanSung respondeu, sorrindo. – Eu nunca saí da Coréia. Acho que eu até poderia, mas meus pais, sabe... provavelmente não concordariam com isso.

- Nem com uma viajem de passeio?

- Acho que eles precisariam estar junto comigo e, sinceramente, qual é a graça de viajar com os pais?

Ele riu de ChanSung.

- Você mora com eles?

- Sim – ChanSung disse parecendo meio contrariado.

- Então é por isso que você diz coisas como essa. Se seus pais morassem do outro lado do mundo-

- Eu ia adorar! – ele interrompeu, e TaecYeon riu novamente.

- Eu também pensava desse jeito. Antes.

ChanSung soltou uma risada curta pelo nariz. – Acho que o que eu preciso é sair de casa. Meus amigos me dizem isso o tempo todo.

- Então por que você não sai?

O mais novo deu de ombros.

- Não sei exatamente. Acho que eles ficariam chateados comigo, ou que arranjariam complicações. Ou talvez, eu sei que não faz sentido, mas sabe... Se eu saísse de lá, então seria definitivo. Eu não quero ter que correr o risco de voltar correndo, com o rabo entre as pernas.

TaecYeon sorriu, indicando que compreendia. Claro. Ele se sentira exatamente do mesmo jeito quando saíra dos Estados Unidos e viera para a Coréia. Como se nada no mundo poderia fazer com que ele voltasse para lá como um fracassado.

***

Eles continuaram a conversar durante algum tempo – TaecYeon não prestou muita atenção em quanto, exatamente – sobre tudo e sobre nada. Era muito fácil falar com ele, logo percebeu. E isso era ótimo. Conversar com Jay também sempre fora absurdamente fácil – não que ele devesse ficar comparando os dois, é claro.

- Arquiteto? – ChanSung disse, arqueando as sobrancelhas. – Nossa, você deve ganhar muito dinheiro.

Taec riu.

- Provavelmente muito menos do que você imagina. Mas eu amo o que eu faço, o que é o mais importante. E, você, trabalha?

- Ah... – ChanSung disse, mordendo o lábio inferior por algum tempo. – Eu faço faculdade de publicidade... e... trabalho como modelo fotográfico.

- Sério? – TaecYeon disse, impressionado. – Você deve levar jeito pra isso.
ChanSung suspirou.

- É, mas eu não gosto tanto assim. Quero dizer, queria trabalhar com alguma coisa que tivesse a ver com publicidade, que é o que eu realmente gosto de fazer. Ser modelo não é tão legal quanto parece.

- Você tem que ter paciência, vai aparecer alguma coisa. E, depois, ser modelo de certa forma não te ajuda, quero dizer, conhecendo pessoas que trabalham nessa ramo, sabendo como as coisas funcionam...?

- Ah, não, eu não acho que ajude muito. Na maior parte do tempo é como se eu tivesse pintado com uma faixa de “sou burro o suficiente para só conseguir emprego através da exibição do meu físico”, sabe como é? E isso não é verdade, eu estudo pra caramba.

- Então você tem que provar pra todos eles que é mais do que só o que eles vêem.

ChanSung sorriu cinicamente.

- Eu meio que tenho que provar pra todo mundo.

Embora ainda mal o conhecesse, Taec não deixou de sentir uma pontada de culpa ao perceber que também estava o julgando um pouco pela aparência, mesmo antes de saber que ele era modelo.

- Hey, ChanSung... – ele disse, interrompendo o conversa. – Você não quer, sabe...

- Terminar o que nós começamos ontem? – ele completou para Taec, sorrindo.

- Não era exatamente isso o que eu ia dizer – TaecYeon respondeu, sorrindo de volta. – Ia sugerir que a gente saísse daqui, porque esse barulho está me irritando um pouco.

ChanSung assentiu. – Claro. O que é praticamente a mesma coisa.

- Você realmente não perde tempo, não é?

ChanSung terminou a bebida que estava tomando com alguns goles e então olhou para ele novamente.

- Por que eu perderia? Não sei quando o seu namorado volta.

- Em três semanas.

- E não sei se vou te ver de novo.

TaecYeon não soube o que responder.

- Aonde você quer ir? – ChanSung perguntou, levantando-se e começando a andar em direção à saída, com TaecYeon logo atrás dele.

- Eu não sei, não conheço muito daqui.

- Tem uma praça aqui perto. – ChanSung disse, quando eles alcançaram a saída. Lá fora a temperatura estava extremamente mais agradável do que dentro da boate.

ChanSung continuou andando quando eles saíram, um pouco apressado, numa direção – a que Taec supôs que fosse a da praça que ele pena mencionara. O mais velho continuou a andar logo atrás dele, olhando distraído ao redor para ver se lembrava em que lugar por aí havia deixado o carro estacionado.

Então, repentinamente e sem aviso nenhum, ChanSung parou de andar. TaecYeon não notou que o outro havia parado porque estava olhando para o outro lado, e acabou batendo nas costas dele sem querer.

- Hey! – ChanSung protestou, virando-se para ele. Eles se olharam nos olhos por um instante, sorrindo um para o outro e de repente TaecYeon teve certeza de que ChanSung o beijaria novamente, simplesmente porque eles estavam próximos demais.

- ChanSung... – ele tentou, mas nem conseguia falar direito. A rua era iluminada o suficiente para que ele pudesse ver bem o outro. E achava que ChanSung parecia mais bonito a cada vez que olhava para ele – Nós estamos no meio da rua.

ChanSung soltou uma risada curta e debochada, característica dele.

- E daí?

TaecYeon ficou sem resposta novamente, o que deu tempo para o menor puxá-lo levemente pela camiseta que ele usava para mais perto ainda. E é claro que ele se deixou levar. No presente momento ele achava que faria qualquer coisa enquanto ChanSung continuasse a olhar para ele. E quando os lábios deles finalmente se encontraram, ele chegou à conclusão de que não podia mais responder por si mesmo direito.

O corpo inteiro de ChanSung era um convite para que ele não parasse quando se pressionou contra ele, e TaecYeon não pode fazer muito mais do que abraçar sua cintura, porque estava sendo realmente difícil pensar em algo para fazer que já não fosse o óbvio.

Lá no fundo ele tomou consciência de que ChanSung passava os braços por seu pescoço e entrelaçava os dedos entre seus cabelos, mas as únicas coisas que ele conseguia sentir de verdade eram o cheiro do mais novo, o gosto bom da boca dele e a vontade de continuar aquilo para sempre e levar até as últimas consequências.

Quando parecia que fazia uma eternidade que eles estavam se beijando – e ao mesmo tempo era pouco tempo, muito pouco tempo – ChanSung se afastou e olhou novamente para ele.

- Você mora sozinho?

- Sim – Taec disse, com os braços ainda passados pela cintura dele. Não achava que iria querer se afastar tão cedo.

- Então será que a gente pode ir pra lá? Porque na minha casa, com os meus pais, eu não acho q-

TaecYeon beijou-o novamente, fazendo um esforço para que desta vez o beijo fosse mais breve que o anterior.

- É claro que sim – ele respondeu, de encontro ao ouvido dele. Não achava que havia alguma coisa que ele quisesse mais no presente momento do que terminar aquilo. – Eu só preciso lembrar onde deixei o carro estacionado, antes.

ChanSung riu alto enquanto deixava que TaecYeon o conduzisse na direção que ele achava que havia deixado o carro. Taec esperava que fosse encontrá-lo logo, ainda que não estivesse muito preocupado com o tempo que eles levariam.

Afinal, eles tinham a noite toda. E ela estava só começando.

***

Quando TaecYeon acordou, na manhã seguinte, o telefone que ficava ao lado de sua cama soava ruidosamente. Num primeiro momento sequer passou pela sua cabeça que pudesse haver alguém ali com ele, mas quando espreguiçou-se e sentiu sua pele roçar na de outra pessoa, lembranças da noite passada lhe atingiram, tão vívidas como se ainda estivessem se desenrolando. Olhou para ChanSung, que dormia serenamente, e esticou o braço para o lado o posto, atendendo o telefone.

- Alô? – ele disse.

- Hello, honey – disse uma voz zombeteira do outro lado da linha. Merda. Era Jay.

- Jay!

- Eu te acordei, não é?

- Sim... – ele disse, sonolento e rezando para que ChanSung não acordasse. Ele costumava fazer perguntas demais. – Que horas são?

- Hm... Aqui ou ali?

- Ah, esquece – Taec ergueu-se um pouco mais na cama para fitar o relógio de cabeceira. – São dez e meia, aqui.

- Você ainda estava dormindo?

- Jay, você já perguntou isso.

- Saiu com os guris ontem de noite?

- Não, eu fiquei em casa. E você? – sentiu um cutucão nas costelas quando disse isso e quase soltou um berro. Era ChanSung, que o olhava com cara de quem ia rir a qualquer minuto. TaecYeon revirou os olhos para ele.

- Ah... acho que vou dar uma volta por aí... mais tarde... Aqui ainda é sábado de tarde. Só liguei para saber como você está.

- Eu estou bem, e você?

- Também. – ele parou por alguns momentos – Taec... Saia com os guris. Não me faça sentir mal.

- Você é que tem que sair com seus amigos, você quase nunca os vê – ele suspirou. – Mas tudo bem, eu vou sair com eles, se eles pararem de me perturbar por causa disso.

- Mande eles irem se foder... ou arrumar alguém que faça isso por eles – Jay riu. – Estou cansado de ter que pedir para que eles não arrumem problemas pra você. E eles dizem que só querem o nosso bem. Aigo.

- Eu sei, mas não há nada que possamos fazer.

- Hey, Chacha chegou, acho que vou desligar. Estou com saudades de você.

- Eu te disse, não é, que não tem caras bons como eu na América – ele disse, rindo.

- Taec, que problema você tem com um simples “estou com saudades de você também”?

- Eu estou com saudades de você também.

- Melhorou. E me ligue, não fique esperando que eu ligue pra você. A ligação é cara e você é o mais rico de nós dois.

- O menos pobre, você quer dizer.

- Tá, muito engraçado. Tchau, Mr. Ok.

- Tchau. E divirta-se.

- Okay. Até mais – ele desligou.

ChanSung finalmente riu.

- Achou engraçado? – TaecYeon perguntou. Tentava parecer irritado, mas não obteve muito sucesso. Ele logo descobriu que não conseguia se irritar com ChanSung pra valer.

- Pra dizer a verdade, eu não entendi muita coisa. – ele respondeu, ainda rindo. – Porque eu não entendo inglês muito bem. Mas era ele, não era?

Taec assentiu com a cabeça. Pressentia que o questionário estava prestes a começar.

- Era o Jay.

- Eu pensei em fazer alguma coisa que realmente fosse ser embaraçosa, como falar alto ou algo assim – ChanSung disse, como se não fosse nada. Taec só conseguiu pender o queixo. – Mas não precisa se preocupar, só me passou pela cabeça. É melhor eu não continuar a dizer coisas como essa, antes que você ache que eu fazer isso e me chute pra fora daqui.

- Também acho.

- Só pra que você saiba, eu não quero te causar problemas com ele.
Taec suspirou.

- Não sei por que, mas eu não estou preocupado com isso.

ChanSung sorriu marotamente, do jeito que só ele sabia sorrir, e o puxou pela nuca para mais perto.

- Então, bom dia – e o beijou na boca.

TaecYeon estava começando a aprofundar o beijo quando a campainha soou ruidosamente. ChanSung resmungou em desaprovação. Taec estava prestes a franzir o cenho, porque não estava esperando que alguém fosse ir até ali num domingo de manhã, quando lembrou que havia prometido ao JunSu que almoçaria com eles na casa de WooYoung.

Merda, só podia ser um deles.

- Ah, não. Me diz que não é a campainha.

- Taec, eu acho que é, sim – ChanSung passou a língua pelos lábios, olhando pra ele. – Mas você pode, sabe, só ignorar.

- Na verdade, não acho que eu possa.

Ele tentou alevantar, mas ChanSung o segurou pelo pulso, como que pedindo para que ele ficasse. E era uma proposta tentadora. Os olhos de ChanSung pareciam chamar por ele. Aliás, não só os olhos, o corpo dele parecia chamá-lo.

- Escuta... – ele disse, enquanto a campainha continuava soando. – Eu acho que pode ser um dos meus amigos. Eu prometi que iria almoçar com eles.
- Aqui?

- Não, mas só pode ser um deles. Se eu atender a porta e não voltar... por favor, por favor, você pode ficar aqui sem fazer barulho?
ChanSung franziu o cenho.

- Porque eles podem contar pro Jay?

Taec ficou com vontade de rir e chorar ao mesmo tempo.

- Eles são muito piores que o Jay, pode ter certeza.

- Ah.

- Eu vou te explicar tudo depois, mas eu realmente tenho que ir atender – ele sentiu vontade de cavar um buraco no chão e se enterrar nele por ter que pedir uma coisa dessas. Ele jamais havia pensado em passar por uma situação como a que estava passando. – Você se importa?

- Anh... não. – ChanSung disse, ainda com um ar confuso que parecia adorável no rosto de garoto dele.

Então Taec se dirigiu para a sala, rezando para que fosse qualquer um, menos WooYoung.

***

Era WooYoung.

E ele já entrou no apartamento falando mil coisas, metade das quais TaecYeon mal conseguiu entender.

- ...e então eu queimei tudo o que estava fazendo, e achei que a casa estava pegando fogo ou alguma coisa assim e eu...

- Woo... – ele tentou.

- ...pensei, cara, só o Taec pode me ajudar numa hora dessas, quero dizer...

- Eu não sei se agora...

- ...tinha fogo lá, então eu...

- Espera aí! Tinha fogo aonde?

- Lá em casa!

- O quê?

WooYoung parou momentaneamente de falar, olhando sério para ele.

- Você pelo menos prestou atenção no que eu acabei de falar?

- Sim, mas quando você entrou parecia que já tinha contado metade da história pra porta.

- Muito engraçado.

- Você deixou a sua casa pegando fogo e veio para cá, ou eu entendi mal? – TaecYeon perguntou, alarmado.

- Claro que não, você está louco? Eu apaguei o fogo primeiro! Mas o fato é que eu queimei tudo o que eu estava tentando fazer, então eu vim para cá pra que você me ajude a começar tudo de novo.

TaecYeon tentou sorrir, mas não conseguiu.

- Por que eu?

- Por que não você? – só quando WooYoung respondeu que ele se deu conta de que tinha perguntado em voz alta. – De qualquer forma, JunSu disse que você ia ficar em casa, noite passada. Você deve estar mais disposto que todos os outros.

- Mas eu não estou.

- Ah, Taec! – WooYoung respondeu, parecendo desesperado. – Você precisa me ajudar!

- Chama o JunSu, por favor. Ainda tem mil coisas que eu preciso fazer sem falta para amanhã no trabalho e-

- Não me venha com esse papo de trabalho de novo! – WooYoung reclamou, se jogando no sofá da casa dele sem a menor cerimônia. – Você está sempre nessa de trabalho, eu já cansei!

TaecYeon olhou sério para ele. Deus do céu, WooYoung podia ser um ótimo amigo na maior parte do tempo, mas quando ele dava pra surtar, não tinha quem agüentasse. Como ele ia se livrar dele? Não podia simplesmente sair e deixar ChanSung ali, trancado no seu apartamento!

- Woo... – ele disse, sentando-se ao lado do mais novo. – Por que você não tenta ligar pro JunSu? Só hoje, okay? Porque eu realmente tenho que trabalhar.

- Você não parece com alguém que estava trabalhando. Você parece pena ter acordado.

- É, Jay acabou de me ligar e me acordou, então-

- Ah, ele te ligou? E aí, o que ele disse?

Taec quase suspirou. Se sentia mal por querer se livrar de WooYoung, mas também se sentia mal por estar escondendo ChanSung em sua própria casa.

- Nada demais. Que estava com saudades e que ia sair com o Chacha...

O menor franziu o cenho.

- Você devia se incomodar com isso. Mas não se incomoda, como eu posso ver.

- Eu nem vou discutir isso com você. De qualquer forma, eu acordei, fui ver se eu tinha trabalho acumulado, e lembrei que sim, portanto eu acho que você vai ter mesmo que ligar para o JunSu. Ou para qualquer outra pessoa.
WooYoung bufou.

- Tudo-bem-Taec-eu-já-tinha-notado-que-não-dá-pra-contar-com-você – ele repetiu seu discurso ensaiado, e alevantou-se do sofá.

- Ah, para de drama – ele disse, alevantando-se também e batendo nas costas do outro. - E você nem devia se preocupara em fazer tanta comida. A gente simplesmente pode ir almoçar em algum lugar, ou sei lá. E ainda é cedo o suficiente pra cozinhar, portanto fique tranquilo.

- Lá vem você com os seus conselhos, Taec. Eu não preciso deles, preciso de ajuda real – WooYoung resmungou, enquanto Taec abriu a porta e deixou que ele passasse por ela. – Vê se pelo menos não vai ficar trabalhando e acabar esquecendo que está convidado para um almoço.

- Sim, e você vê se tenta não botar fogo na casa de novo.

WooYoung acabou sorrindo. – De qualquer forma, até que foi engraçado. Até mais, Taec.

- Até.

E então, prazerosamente, ele fechou a porta atrás de si, respirando fundo. Nem conseguia acreditar que tinha feito com que WooYoung fosse. Pelo jeito sua força de vontade estava maior nos últimos tempos.

Ele começou a sentir uma dor de cabeça fraca. Ótimo. Era o que faltava. Respirou fundo novamente e voltou para o quarto.

ChanSung já estava vestido e sentado na borda da cama, quando ele voltou. TaecYeon se surpreendeu. Ele deveria ser realmente silencioso, ou achava que teria ouvido algum barulho da sala, enquanto o outro se vestia.

- Estou com medo dos seus amigos – ChanSung disse, sorrindo. – Eles são todos como esse aí?

TaecYeon riu.

- Não, não todos. WooYoung é o pior deles.

- E o Jay?

- Anh... – TaecYeon parou um momento para pensar. – Esquece o que eu acabei de dizer. O Jay é o pior. Bem, pelo menos em alguns aspectos.

ChanSung riu. Ele tinha uma risada alta e limpa, que ressoava agradavelmente no cômodo. – Tinha que ser, pra ser o seu namorado.

Taec mordeu canto da boca, pensativamente. Então, sentou-se ao lado do outro na cama.

- Hm, ChanSung... na verdade, Jay não é o meu namorado.

O mais novo arqueou as sobrancelhas.

- Não?

- Bom, ele é quase isso, mas não estamos oficialmente namorando. Entende o que eu quero dizer?

- Sim. E faz sentido.

- É.

- Então por que eu estou escondido aqui? – ele perguntou, simplesmente. TaecYeon aprendera depressa a não se surpreender com a falta de rodeios dele.

- Porque meus amigos também são amigos dele, e acham que nós deveríamos levar a sério o que temos. Muito mais do que nós mesmos achamos.

- Já falei que estou com medo dos seus amigos? Falei, não falei?

TaecYeon riu. – Okay, eu tenho que admitir que você não deixa de ter razão em ter medo deles. Quero dizer, não é como se eu não pudesse deixar WooYoung ver que você está aqui ou algo assim, mas prefiro evitar uma cena desnecessária.

- Você é quem sabe – ChanSung respondeu, embora ele não parecesse totalmente de acordo. – Escuta, eu preciso ir embora. Meus pais querem ir almoçar com uns parentes e eu tenho que ir junto.

TaecYeon fez um careta em reprovação.

- Tudo bem. A gente... pode se ver um dia desses?

- Claro – ChanSung respondeu, sorrindo. – Que tal sábado? A gente pode ir pra algum lugar.

- É, acho que sim – ele respondeu, tentando esconder a quase euforia que sentia por dentro. Não entendi porque se sentia tão bem perto dele, mas se sentia. – A gente se liga, então.

ChanSung acenou afirmativamente com a cabeça e alevantou-se, andando em direção à saída do apartamento. TaecYeon o seguiu de perto. Não queria que ele fosse. O que ele faria até a hora de ir para a casa de WooYoung? Ficaria relembrando a noite passada, como um garoto de quinze anos?

- E, Taec... – ChanSung parou e virou de costas para a porta da saída do apartamento, olhando para ele.

- O quê? – ele respondeu, muito perto do outro.

- Se vocês não estão realmente namorando... isso quer dizer que eu tenho chances reais, ou não?

TaecYeon não respondeu, porque realmente não soube o que dizer. ChanSung mais uma vez conseguiu pegá-lo totalmente desprevenido. Nem sequer tinha pensado nisso ainda, quanto mais saber o que dizer para ele.

ChanSung sorriu, porém. – Okay, não precisa responder agora. Até mais.


E quando TaecYeon pensou em beijá-lo novamente, ChanSung abriu a porta do apartamento e escapuliu por ela, ágil como um gato.

- Até – ele respondeu para a porta.


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Notas finais do capítulo

Como prometido, aqui está o capítulo II! (sou péssima pra escrever notas, quem notou?) Gostaram do Jay? Ele seria o namorado perfeito... não fosse o ChanSung 8D Tenho que confessar que eu tenho uma queda MUITO forte por TaecBeom xD
Bom, espero que vocês tenham curtido e que aguardem anciosamente pelo próximo, quando o Taec finalmente resolve dar alguma atenção para os amigos dele e quase tem um treco por consequência disso LOL
Annyeon o



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