Na manha seguinte àquele dramático dia que foi seu aniversário, Jenny acordou com uma dor de cabeça imensa. Quando chegou ao banheiro e se olhou no espelho, quase caiu para trás com tamanha feiura que seu rosto se encontrava, totalmente inchado e cheio de olheiras.
O que não era para menos, afinal, ela passara a noite chorando por causa de Justin.  Notou que havia algumas malas prontas perto da porta de seu quarto, e então, lembrou que Kate iria voltar para o Canadá na tarde daquele dia, pois ela já havia passado uma semana com Jenny e precisava voltar à escola.

- Bom dia, dorminhoca. –entrou Kate.

- Bom dia. –respondeu Jenny, secamente.

Kate veio em direção a ela para abraça-la. Jenny sentiu seu coração apertar novamente. As ultimas semanas não estavam sendo fáceis para ela e se separar de sua melhor amiga novamente, não estava ajudando em nada.

- Tenta não pensar muito nisso, ok? –interveio Kate, interrompendo Jenny de seus devaneios.

- É impossível, mas é o que irei fazer de agora em diante.

Kate saiu do quarto dizendo que iria ajudar a mãe de Jenny arrumar algumas coisas que ela queria que levasse para a mãe dela. Jenny apenas concordou com a cabeça e foi tomar um banho. Ela só queria que aqueles pensamentos descessem pelo ralo. Decidiu também que tentaria a todo custo não pensar mais em Justin. Jenny estava prontamente decidida que iria dar um fim para sua dor, no entanto o único modo de fazer isso seria terminar com Justin.

O horário de levar Kate ao aeroporto logo chegou. Quando estavam todos entrando no carro, Jenny se lembrou de seu celular caído no chão de seu quarto. Ela correu para busca-lo, torcendo para que não estivesse quebrado devido à fúria com que ela o jogara na noite anterior. E lá estava ele, com a capinha levemente rachada de um lado, a bateria de outro, e do outro lado de sua cama, o aparelho, ainda intacto. Jenny sentiu um imenso alivio, apesar da capinha rachada. Ligou e tinha 12 ligações não atendidas e 20 mensagens não lidas! Wow!
No entanto, Jenny não se surpreendeu quando viu que o responsável por todos aquelas chamadas e mensagens não correspondidas era o mesmo. Ela não leu uma mensagem sequer, apagou todas de uma vez só e não retornou nenhuma de suas ligações. Ela iria acabar com aquilo de um modo maturo. Mandou uma mensagem para Justin apenas dizendo: “Precisamos nos encontrar, me informe quando você puder”. Nem beijos, nem ‘eu te amo’. Apenas uma mensagem rápida gravada do próprio celular.

Chegaram ao aeroporto praticamente atrasados, pois pegaram um transito muito intenso. Só deu tempo de Kate fazer o check-in e começar a se despedir de todos. Quando, enfim, chegou a vez de Jenny, ambas estavam com os olhos marejados.

- Sempre a mesma cena, não é? –disse Jenny rindo entre as lagrimas.

- Ano que vem isso irá mudar se você não esquecer o nosso plano de fazermos faculdade em Los Angeles juntas.

- Jamais.

Jenny a abraçou forte desejando que aqueles minutos demorassem a passar. Kate era mais que sua melhor amiga, era sua irmã. Irmãs de alma. Quanta falta ela iria fazer, como sempre.
Kate se desvencilhou de Jenny, jogou um beijo no ar para todos e seguiu à sala de embarque. Quando estava quase chegando à entrada, ela virou-se e disse para Jenny:

- Faça o que for melhor para você. Eu acho que você já sabe o que é. –disse, referindo-se a suposição que Jenny dissera para ela sobre terminar o namoro com Justin.
Jenny apenas assentiu com a cabeça, sentindo um nó no estomago.

Ao chegar em casa, Jenny notou que uma van da FedEx parada em frente ao portão.

- Encomenda para quem? –perguntou o Sr. Lyons.

- Jenny Barker Lyons. –disse o entregador.

Jenny aproximou-se assinou um papel e pegou uma caixa que o entregador deu a ela. Quando chegaram dentro de casa, todos queriam saber o que era e quem era o remetente. Jenny logo o localizou. Justin Drew Bieber. Claro, quem mais poderia ser?!
A Sra. Lyons deu alguns pulinhos e pediu que ela abrisse rapidamente. “Certamente, mandei a mensagem tarde demais”, pensou Jenny.
Dentro da caixa havia um Box completo de Jane Austen, que ela tanto amava. Seus olhos brilharam ao ver aqueles livros em sua mão, ela tinha um amor muito grande pela literatura. Jenny tinha comentado uma vez com Justin que sempre quis a coleção completa, mas era muito difícil de acha-la. Bom, parece que para Justin não foi tão difícil assim e também ele não se esquecera disso. Ela sentiu um nó em seu estomago novamente, engoliu a seco e por fim conseguiu dizer:

- Realmente foi uma grande surpresa.

- É claro que foi querida, e você ficou toda desesperada ontem porque ele não tinha nem te ligado. Você tem que pegar mais leve com ele, Jenny. –argumentou a Sra. Lyons. 

Jenny olhou para a caixa da FedEx e notou da onde ela vinha. Miami – Florida. Então ele estava no país e não havia comentado nada com ela. A ultima vez em que se falaram, Justin se encontrava na Cidade do Mexico e pelo que ela sabia, logo após iria para El Salvador e para outros países da América Central.
Jenny sentiu seu rosto queimar.

- Sabe que a senhora tem razão, mãe? É por isso que vou terminar com ele.

- O que? –interrogaram em uníssono.

- É isso mesmo o que vocês ouviram. Para mim chega! Ela nem se quer me avisou que estava no país. Será que ele não sabe o que é e-mail? Caramba! Ele não fica cantando o dia inteiro, ele poderia muito bem me mandar uma mensagem ou qualquer outra coisa do tipo dando sinal de vida. Quanto a mim, fico aqui fazendo papel de tonta sofredora sem saber como ele está.  –desabafou Jenny num fôlego só.

Ela tentou segurar as lagrimas, mas era tarde demais. Seu pai a abraçou e logo sua mãe fez o mesmo.
Seu irmão apenas olhou aquela cena e disparou:

- Jenny, você merece coisa melhor! Nunca consegui enxergar você com esse cara.

Jenny se desvencilhou dos braços de seus pais, soltou um riso e disse:

- Meu irmão de 10 anos me dando conselhos. Quem diria...

- Agora entendi o que a Kate quis dizer com aquilo que ela te disse no aeroporto. – interveio sua mãe.

- Jenny, faça o que seu coração está pedindo para ser feito. Eu sei o quanto você gosta desse garoto, também sei o quanto ele gosta de você. Mas vou lhe dar um conselho.  Você deveria se concentrar em seus estudos, planejar um futuro para você. Você não pode ficar para sempre dependente de mim e sua mãe e você tem consciência disso, não é? Nesse momento, o Justin está focado no trabalho, no futuro que ele está construindo para ele e eu acho que você deveria fazer o mesmo.

- Sim pai, sei bem disso. Esse é um dos motivos para não darmos mais continuidade a esse namoro. Bom, vou subir e dormir. Hoje foi um dia cansativo.

Em seu quarto, Jenny ficou analisando aqueles livros com seu pensamento longe. Ela também não aguentava mais o constante assédio que vinha sofrendo da mídia. Devido a isso, ela teve que trocar de escola quando chegou da turnê de Justin. Na turnê ela vinha tendo aulas particulares com os professores de Justin. Quando retornou pensou em continuar dessa maneira, mas seus pais acharam melhor matricularem-na em uma escola particular frequentada apenas por filhos de governadores, herdeiros e etc. Com o tempo Jenny teve que se acostumar com o mundo glamouroso, onde todos os que o habitavam eram o centro das atenções, coisa que ela detestava. Ela sempre foi uma garota de personalidade simples que valoriza as pequenas coisas, e de repente, tudo ao que se diz oposto a ela tornou-se parte de sua vida.

Seu celular começou a tocar interrompendo-a de seus devaneios e em um ímpeto o atende sem ao menos ver quem ligava.

- Alô, Jenny? –disse uma voz que, não apenas ela, mas o mundo inteiro conhecia muito bem.

Ela sentiu um calor subindo em seu corpo, seu coração acelerar, suas mãos soando frio, sua respiração ficando profunda. Uma sensação que ela sabia o que era. Uma sensação que só Justin conseguia provocar nela.