Ela virou para um lado, para o outro, e percebendo que não conseguiria mais dormir, levantou-se. Andou até janela de seu quarto, abriu um pouco a cortina e notou que a neve caía sobre o quintal de sua casa.

Ouviu um pequeno toque vindo de seu celular. Checou imediatamente. Era apenas uma mensagem de sua operadora. Mas foi então que Jenny olhou atentamente para a data que marcava aquele domingo nebuloso.

- 17 de novembro! Meu Deus, como pude esquecer do meu próprio aniversário! – exclamava ela um tanto esbaforida.

- SURPRESA!!! – Ela olhou repentinamente para a porta e nela estavam sua mãe, seu pai, seu irmão e Kate. Todos com chapeuzinhos de aniversário infantil na cabeça, línguas de cobras e apitos na boca.  

Primeiro veio seu pai lhe abraçar e desejar um feliz aniversário. Depois sua mãe, em seguida seu irmão com um bolo na mão, e por ultimo, Kate.

- Filhinha, nem acredito que você já está fazendo 17 aninhos! Ai meu Deus, como a minha princesinha está crescendo. – disse sua mãe um pouco emocionada.

- Hoje é seu dia Jenny! Onde vai querer comemorar? – perguntava seu pai com um sorriso no rosto.

Tudo o que Jenny queria naquele dia, não estava ali. A única coisa que ela vinha desejando nas ultimas semanas, aliás, que era a presença de Justin.

Nos últimos meses Jenny o acompanhou em alguns de seus shows que ele estava realizando por todo o continente americano, mas no ultimo mês ela não estava mais agüentando. Amava viajar com Justin. Os melhores momentos que ela vinha tendo, eram com ele, porém ela já estava ficando com saudade de sua família, estava querendo um pouco de descanso. Havia percebido também, que não nasceu para ter a vida que Justin levava. Ela admirava toda a competência que Justin tinha para com o que fazia. Mas aquilo tudo não era para ela. Não mesmo. Por isso pediu para voltar. Sua vida andava tão agitada por causa disso tudo, preocupando-se com Justin todos os dias em que passara longe dele, que acabou não recordando de que era seu aniversário.

- Obrigada pai, mas acho que vou querer ficar em casa mesmo. – disse Jenny um tanto desanimada.

- Nada disso senhorita. – interveio Kate – Nós todos vamos sair hoje! Pode parar com as bobagens porque hoje é dia de alegria.

Jenny sentou-se na beirada de sua cama, olhando para a sua amiga e sua família com uma expressão cansada.

- Estou falando sério. Obrigada pela surpresa, mas estou com um pouco de dor de cabeça, e sair nesse frio ainda por cima? Nem pensar.

- Tudo bem, vou descer, arrumar o café da manhã e você trate de animar-se porque nós iremos sim sairmos todos juntos, entendeu mocinha? – impôs sua mãe, que em seguida desceu junto com o marido e o filho para arrumarem a mesa.

- Ah, qual é Jenny. Vai ficar assim até quando? Olha, aposto que daqui a pouco ele vai te ligar. Ele TEM que te ligar. É seu aniversário! – tentava Kate pôr esperanças em sua amiga.

- Estou com esperanças só porque é meu aniversário. Mas e se for igual aos outros dias que já passei esperando um simples telefonema dele e nada acontecer?

- Tenta não pensar nisso, tá? Hoje é só alegria, por favor.

A falta que Justin vinha causando em Jenny era imensa. Desde ela que voltara para casa, ele vem dado poucos sinais de vida a ela. Nas poucas vezes em que telefonou, sempre dizia que andava sem tempo, mas estava morrendo de saudades. Jenny tinha suas duvidas. Não gostava de pensar nisso, mas era inevitável. Sem contar com todas as outras vezes em que ela tentava telefonar para Justin e sempre caia na caixa postal ou estava fora de área.

Aquilo vinha corroendo Jenny por dentro aos poucos. Era apenas um pouco mais de um mês que ambos não se encontravam, porém para ela, parecia muito mais.

 Sua amiga Kate havia se mudado para Stratford, Canadá há poucos meses, mas desde que Jenny chegou da turnê de Justin, ela foi passar um tempo com a amiga. Ela presenciava o desanimo de Jenny a cada dia. A amiga que sempre foi agitada, brincalhona e que adorava tirar sarro dos outros com seu sarcasmo, nem parecia a mesma.

- Eu realmente o amo, Kate. – relembrava ela do dia em que chegara a casa de Jenny e a mesma havia dito isso a ela com brilho nos olhos.

Ao longo do dia, Kate tentava a todo custo aumentar o astral de Jenny, mas todas as tentativas foram em vão.

Sua família também fez de tudo para levá-la a algum lugar. Nada feito.

Todos sabiam o motivo por Jenny encontrar-se naquele estado. Não podiam fazer nada. Então renderam-se a ela, deixando-a enrolada e deitava debaixo de suas cobertas.

O relógio marcava 9:30 da noite. Nenhuma ligação de Justin até o momento. Nem e-mail, mensagens, ou qualquer outro tipo de comunicação.

- Jenny, olha só quem veio lhe ver... – disse Kate entrando ao quarto da amiga com um sorriso sapeca.

- O que foi agora? – dizia Jenny mal-humorada.

- Justin, pode entrar agora, antes que sua rainha morra de depressão.

Ao ouvir aquelas palavras, o coração de Jenny deu um salto mortal em seu peito, quando então...

Seu irmão entra com um DVD do filme Never Say Never do namorado de Jenny.

- Eu não disse que ele viria? – Kate não iria desistir de vê-la sorrir naquele dia.

Jenny apenas revirou os olhos, se aterrou mais ainda em sua cama cobrindo o rosto com o edredom.

- Cansei do seu drama mocinha! Vamos logo saindo debaixo dessa cova. Porque é isso que você está parecendo, uma defunta!

Kate a ouviu soltar uma leve risada. Um ponto a seu favor.

Jenny levantou a cabeça sentindo o cheiro de pipoca.

- Sua mãe fez para nós comermos assistindo a esse clássico.

Jenny começou a ceder. Sorriu, sentou-se em sua cama, chamando a amiga e ao irmão para ficarem ao dela e assistirem ao documentário que, em sua opinião, não havia Oscar no mundo inteiro para classificar o quão bom ele era.

O filme acabou. Seu irmão havia dormido na metade. Ela o levou até o seu quarto e colocando-o para dormir. Quando voltou, Kate estava arrumando as coisas para descansar também, e foi então que passou o olhar sem querer no rádio-relógio que marcava exatamente 11:55 da noite.

Vendo uma lágrima começando a brotar dos olhos de Jenny, Kate a abraçou.

Aquela havia sido a primeira vez em que chorara no dia de seu aniversário. E chorava de tristeza.

00:10. O aniversário de Jenny havia acabo. Já era 18 de novembro. De repente seu celular começa a tocar. Justin chamando. Ela o fita por um instante, mas não atende. O toque para. Alguns segundos depois, recomeça a tocar. Em um ímpeto, Jenny atende, porém não fala absolutamente nada. Apenas arremessa o aparelho contra a parede, fazendo-o cair em pedaços.