1997 escrita por N_blackie


Capítulo 97
Jack




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Jack pulou a cerca que separava os jardins de uma das praças do castelo, ofegante. Dois aurores, empilhados, jaziam mortos perto dali, e seus uniformes manchados de sangue sujavam os pés dos alunos que corriam por ali, também tentando escapar de feitiços ou ter espaço para lançar os seus contra-ataques.

Uma sombra negra surgiu diante dele, e o garoto abaixou-se para desviar de um raio vermelho que partiu da varinha inimiga. Do chão, apontou a varinha para o encapuzado:

“Impedimenta!”

O comensal foi lançado para trás, batendo a cabeça na fonte, desacordado. Jack quis conferir se ainda estava vivo, mas o vulto de um conhecido seu lhe chamou a atenção. Barty Couch Jr. passou correndo para dentro do castelo, e usou a varinha para matar outro auror que entrou em seu caminho. Jack ergueu a sobrancelha, observando-o olhar para os lados como que a procura de alguém, e decidiu segui-lo.

Estava decidido a vingar a morte de Regulus, mesmo se Pollux se recusasse a fazê-lo, mas para isso precisava encontrar os Lestranges. Sua chance era essa, e o motivo pelo qual, inclinado como um caçador, desviou dos pares que lutavam nos corredores de varinha erguida, mas sem murmurar feitiço algum.

Um par de quarto-anistas passou correndo por ele, gritando alertas de que, mais adiante, haviam comensais esperando. Jack grudou-se à parede, e quando Barty virou a esquina para o Salão Principal, lançou duas maldições, atingindo uma mulher que esperava para atacar outro grupo que vinha pelo outro caminho. A queda dela chamou a atenção de Crouch, que virou-se e o encarou com ar de surpresa dissimulada.

“Black!” Ele ergueu a varinha, e Jack deu um passo para trás, se colocando em posição de ataque enquanto procurava por algum dos Lestrange ao longo do salão. “Avada Kedavra!”

O jato verde atingiu a mesa imediatamente ao seu lado, e Jack sentiu um arrepio subir por sua perna a partir de onde o calor da maldição do atingira. “Onde está Rodolphus, Crouch?” Perguntou, ameaçando o bruxo mais velho. Era a única vez que perguntaria.

Crouch gargalhou, e com um movimento rápido, respondeu com um feitiço que explodiu o pé da mesa. Jack notou um ferimento em seu pulso direito, que obrigava Barty a usar o esquerdo para atirar. Frustrado, o homem xingou baixo, e Jack aproveitou sua distração para desarmá-lo.

“Expeliarmus!” Exclamou, e mais dois comensais começaram a correr, vindos do outro lado, para auxiliar Barty. Samantha e Neville pularam para dentro do salão para ajudar, retendo a dupla antes que pudessem chegar a eles. Jack franziu o cenho agressivamente. “Alguém vai pagar pela morte do meu tio!”

“Oh, sério mesmo?” O sorriso sarcástico de Crouch fazia o sangue de Jack fervilhar. “É sério que está tentando duelar comigo por aquele saco de merda do Regulus? Cresça um par de bolas, menino. Regulus não valia nada! Há, acho que valia menos do que eu!”

“Cala a boca!”

“Você já estaria morto de não fosse aquele gigante ridículo, Black, tenha santa paciência,” Barty abriu e fechou o punho machucado, “porque acha que nem o seu pai quis lutar muito por ele, hein? E dizem que sangue é mais grosso que água- “

“Meu tio era um herói!” Jack apontou a varinha para Crouch, se aproximando.

“Seu tio era tão comensal quanto eu, tá legal?” Barty rosnou, e Jack percebeu que tinha sido enganado. Enquanto se distraia ficando com ódio dele, Crouch pegara a varinha do chão, e voltava a aponta-la diretamente para o garoto. “E já que quis dar uma de herói, Black, faço questão de matar você. Avada Kedavra!”

Jack não teve muito tempo de resposta a não ser repetir o que ele acabara de dizer, e ao mesmo tempo fechou os olhos, esperando a morte certa. Sentiu o cabelo ser soprado para trás com o impacto, e semicerrou os olhos para ver o que tinha acontecido.

As maldições tinham se chocado, e a onda de choque que se seguiu ricocheteou nas paredes, nos vitrais, e nas mesas, lançando as últimas à distância, quebrando as pinturas, e num último mergulho, acertando em cheio uma das vigas se sustentação do teto encantado, que começou a desmoronar sobre eles.

Um ardor queimou suas costas quando finalmente aterrissou, e tossiu com o reboco que entrou em sua garganta. Mãos amigas tentavam o reerguer, e reconheceu a voz de Samantha, trêmula.

“Não abra os olhos, Jack, não abra, calma, vamos tirar você daqui...”

Jack queria perguntar o que tinha acontecido, mas sua língua tinha empedrado, tossia sem parar, e esfregou o nariz às cegas, fazendo força para respirar. Em meio às convulsões, conseguiu sentar um pedaço de mesa estilhaçado, e esfregou o pescoço, tentando massagear. Algo viscoso tinha grudado em sua pele ali. Esfregou um dedo no outro para tentar se livrar daquilo, e um cheio estranho de metal incomodou suas narinas.

Passos apressados vinham de todo lugar, e Jack esfregou os olhos para tentar abri-los de novo. Alguém gritou. Abriu os olhos lentamente, tentando enxergar através de uma nuvem branca que se formara na entrada do salão. Sem conseguir distinguir o que fora feito de Barty, olhou para as próprias mãos, e a ânsia de vomitar o fez tossir mais um pouco.

O líquido que grudara em suas roupas e pele era sangue.

Coberto de pó e, agora sabia, ensanguentado, cambaleou, e Samantha o segurou de novo. “Sam, esse sangue-“Gaguejou, e abanou o ar para conseguir enxergar.

A viga que caíra fizera vir abaixo uma parte do teto, que se espatifara tanto nele quanto em Barty. A diferença fora que, na hora da explosão, Jack fora lançado para longe dos escombros. Crouch fora lançado bem embaixo deles.

Uma poça vermelha-escura se formava por debaixo da pilha de pedra, escorrendo como uma calha para o chão. Jack virou o rosto para não vomitar de vez, e procurou a varinha no chão. Pegou-a com a mão ensanguentada.

“Viu Rodolphus?” Perguntou a Samantha, que negou. Sem nem querer saber se estava com o rosto manchado de sangue, recomeçou sua procura, ainda com o peso da morte de Crouch em sua mente. Neville e ela ainda o chamaram, mas Jack fingiu que não ouviu.

Os pares que duelavam no corredor adjacente até viraram as cabeças quando ele passou, e Jack chegou à conclusão de que certamente devia estar coberto no sangue de Barty Jr. Irritado e enjoado, amaldiçoou uma comensal que tentou entrar em seu caminho, e viu Richard saindo correndo em direção a ponte que ligava Hogwarts ao resto de sua ilha. Acenou à distância para ele, que parou e deixou uma fileira de alunos passar à sua frente.

“Cara, essa porra toda é sangue?” Richard fez uma careta de nojo, e Jack assentiu.

“Barty Jr. A gente se encontrou.”

“Ele tá morto, né? Ou temos um inferi dele andando por aí?”

“Se não estava antes, está agora...” Jack estava farto do cheiro de ferro que exalava. “Onde está indo?”

“Vamos cobrir a ponte, tem um grupo grande deles vindo aí! Anda, vem comigo.”

“Estava procurando pelos Lestranges-“

“Putz, eu não vi ninguém, mas eles podem estar nesse grupo, não?”

Jack deu de ombros, sorrindo para Richard. O louro começou a correr para a ponte, com Jack em seus calcanhares, e o garoto pode ver o grupo que vinha do outro lado já duelando os estudantes. Alguns comensais caíram sem suas varinhas, e outros alunos começaram a retroceder.

Começou a lançar maldições e azarações para cima deles, procurando o rosto de seu alvo dentre o grupo. Alguém gritou, e uma parte da passagem cedeu. Comensais e dois alunos foram engolidos pelo abismo, enquanto Jack puxou Richard para o lado seguro, se agarrando no que podia para não escorregar.

“Quem conseguir subir, anda!” O loiro mandou, e Jack apertou mais a gola da camisa dele para não escapar. Dois alunos usaram as varinhas para criar impulso e subirem para o que restava da ponte, e começaram a levitar os outros, tirando peso do lugar em que estavam. Richard escorregou mais um pouco.

“Jack, está com a varinha?” Perguntou, olhando para baixo com os olhos castanhos cheios de medo. Jack assentiu.

“Você está?”

“Uhum... Não sei se vou aguentar muito, Jack.”

“Calma, calma que eles estão vindo.”

“Jack, é sério...”

“Segura, Rich!” Gritou, entrando em pânico a cada milímetro que seus dedos escorregaram das roupas dele. Richard olhou para baixo de novo.

“Eu posso tentar retardar a queda... Leo me ensinou um negócio assim-“

“Se não souber o diabo do feitiço, não solta!”

Para sua surpresa, Richard riu.

“Cara, senti a sua falta, de verdade. Acho que sei o que fazer. Pode me soltar, agora.”

“Não vou soltar você!”

“Eu preciso que você me solte, Jack. “

“E se esquecer do feitiço? Eu fico só com o Leonard pra conversar?”

Richard abriu a mão, e Jack não conseguiu aguentar.


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