1997 escrita por N_blackie


Capítulo 8
Adhara




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/159907/chapter/8

Para Adhara, o Beco Diagonal sempre fora superestimado. Lojinhas coladas, pessoas agitadas e vendas não fazia o estilo dela, mas eram inevitáveis uma vez que as cartas do ano escolar começavam a chegar. A própria chegada das cartas, sendo um lembrete de que teria de largar as horas de carta e bagunça para estudar e acordar cedo, já a deixava nervosa. Aquele ano, no entanto, estava sendo mais tortura do que ela podia suportar.

A razão para seu mau humor contagiante tinha começado naquela manhã, um sábado de verão que, apesar da estação, estava anormalmente gélido com a névoa que orvalhava os jardins. Apesar de ter dormido muito tarde na noite anterior, Adhara acordara muito cedo, ainda com o coração acelerado devido aos pesadelos que tivera enquanto se revirava nas cobertas. Sonolenta, vestiu chinelos e começou a se arrastar para fora do quarto.

O barulho de talheres batendo na louça e um cheiro incrível de chá preto a atingiram quando ainda não tinha terminado de descer a escadaria, e se espantou como a casa ficava ativa mesmo enquanto ela não estava acordada. O restante da família sentava em torno do farto café da manhã, e Sirius sorriu espantado quando viu a filha tão cedo desperta.

“Caiu da cama?” perguntou, rindo e apertando as bochechas da garota com carinho. Adhara sorriu sarcasticamente, e revirou os olhos enquanto puxava uma xícara para perto de si.

“Me empurraram pra fora dela.”

O farfalhar de corujas foi quase instantâneo, e logo a negra coruja-de-orelha-longa, pertencente à família, entrou sobrecarregada de envelopes pardos selados. Adhara olhou incrédula enquanto ela jogava os envelopes a ela, Jack, e Leonard, e podia apostar que aquele pássaro maldito estava esperando ela acordar mais cedo para poder entregar tudo junto. Bicho preguiçoso, amaldiçoou.

Largou com raiva o pão que comia, mas antes que pudesse se concentrar em quebrar o lacre de sua lista de materiais, Leonard soltou uma exclamação surpresa do outro lado da mesa, virando o envelope dele do contrário e deixando cair algo pesado na superfície de madeira.

“Ah, meu deus!” Marlene sorriu, se erguendo imediatamente para o filho, “isso é um distintivo?”

Adhara paralisou, e olhou diretamente para o irmão corvinal, que assentia. Jack soltou um grunhido audível, e bateu a cabeça com força na mesa, e Adhara sentiu-se tentada a fazer o mesmo. Olhou para o pai, que sorria amarelo. “Hum, isso foi inesperado!” Sirius balbuciou, engasgando com o café.

Adie bocejou, e Marlene lançou olhares de censura para ela e Jack. “Acho que é importante que Leonard tenha conseguido isso por mérito dele, é bom que vocês reconheçam.” Depois, olhando ainda mais feio para o marido, ela acrescentou: “Certo?

Sirius, que passara a se concentrar demais em medir quanto açúcar colocaria no próximo café, ergueu a cabeça com um sorriso forçado, assentindo. “Certo, parabéns, Leo.”

“Obrigado, Papai, muito obrigado, Mamãe.” Leonard sorriu alegre, e Adhara sentiu que poderia seriamente vomitar o que acabara de comer.

“Bom, família feliz,” disse, “eu e Jack não recebemos nada, graças a Deus nós existimos para conseguir alguma coisa de significado nessa casa. Vamos ao Beco hoje?”

“Adhara!”

“Desculpe a sinceridade, mãe, estou sendo, como sempre, a voz prática do recinto.”

“Vou chamar James e acertar tudo para hoje.” Sirius se levantou correndo da cadeira, correndo para longe de Marlene, cuja expressão aterrorizaria qualquer um. Adhara já estava acostumada aos acessos da mãe, e não se afetava mais tão facilmente. Jack ficara branco e se levantara também, murmurando qualquer coisa sobre falar com Richard.

“Pare de subestimar o seu irmão.”

“Eu não subestimo ninguém, ele faz isso por conta própria bem demais.”

“Não ligue para o que ela diz, Leo, só está com inveja.”

“Eu? Com inveja de um distintivo cheio de pó?” gargalhou Adhara, virando as costas para a mãe e o irmão. Aquilo tudo era uma palhaçada.

Pulando degraus, foi até o quarto, onde pegou o espelho de duas faces e gritou o nome de Harry. O garoto de óculos atendeu imediatamente, e arregalou os olhos para a expressão da amiga.

“Está com as narinas enormes, Padfoot, pare de fazer isso que me assusta!”

“Ah, cala a boca, Prongs. Leonard é monitor agora! ‘Taquepariu, eu mereço essa desgraça?”

Harry sorriu amarelo, e deu de ombros. “Violet ganhou o dela também, ficamos bastante contentes... Bom, pelo menos alguém de nós conseguiu algum prêmio por bom comportamento, né…”

“Você é patético.” Adhara se jogou no colchão macio, “Você e esse cargo estúpido de monitor. Sabe o que significa? Agora Leonard vai ficar monitorando o meu rabo, querendo saber o que eu faço e quando. Ah, se ele tentar me passar sermão, faço esse garoto precisar de um feitiço de lavagem pra regurgitar o distintivo depois que eu enfiar na garganta dele!”

Harry tentou acalmá-la, mas ela sabia que o inferno estava só começando. Sirius apareceu pouco depois, interrompendo suas divagações para avisar que iriam comprar o material no dia seguinte, e Adhara bufou em resposta.

Na manhã seguinte, já esperava pela família no horário marcado, e ignorou quando Marlene perguntou porque acordara tão cedo. Estava cada dia mais exaurida pelos pesadelos, e decidira acordar cada vez que eles começassem. Ninguém disse nada sobre a sombra sob seus olhos, e somente quando se encontrou com os amigos Moony franziu o rosto.

“Tem algo errado, Pads?”

“Não.” Resmungou ela, mas Harry abaixou os óculos para olhá-la desconfiado. “São só uns pesadelos.”

Começaram a andar e passar pelas lojas, mas Adhara não estava prestando atenção. Harry relatava a reação da família ao distintivo novo de Violet, e Romulus comentava contente as novas companhias que teria no vagão especial. A garota olhava as vitrines sem pensar muito, mas enquanto via sua imagem cansada refletida na porta da Gambol & Japes, percebeu algo estranho.

“Prongs.” Chamou, esfregando os olhos. Harry descrevia qualquer coisa com as mãos, e não prestou atenção em Adhara, que gritou, “Prongs!”

“Tentei correr atrás, mas sabe como é- fala, Pads.”

“Eles sumiram.”

“Quem?” perguntou Ron, que saíra de algum lugar que a garota não lembrava. Ainda com a cabeça latejando, Adhara apontou para uma das ruelas que cortavam a via principal do Beco, onde James e os outros adultos sentavam ansiosamente junto de uma senhora conhecida deles.

“Porque seu pai está trabalhando no caso Fortescue?” Disse, olhando inquisitiva para Harry. O garoto ajeitou os óculos, sem dizer nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "1997" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.