1997 escrita por N_blackie


Capítulo 56
Romulus




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Assim que viu a própria casa novamente, um arrepio amedrontado passou pela espinha de Romulus. Era estranho como, mesmo com duas casas, aquela tivesse aquele tipo de influência sobre ele. O jardim da frente, simples e limpo, a porta arrombada, e as janelas com um pouco de poeira acumulada, escondiam um milhão de lembranças que ele guardava com carinho dali.

O dia em que Dorcas saíra de casa, carregando suas coisas com a ajuda do ex-marido e do filho. As lágrimas que Romulus lutava para conter, e a promessa dela de que era melhor daquela forma. A casa tinha um porão especial para as transformações de Remus, ele não podia deixa-la. Dorcas, por outro lado, era livre para ir aonde quisesse. Abraçou o filho, e Romulus controlou a tremedeira. “Ei, nada mudou entre nós, ok? “ Disse, dando beijos no rosto dele. “Eu e seu pai amamos você, independente do que aconteça. “

Romulus assentiu, e ela aparatou. Remus estava pálido, mas seu abraço foi firme enquanto retornavam para dentro.

O caminho de paralelepípedos ainda parecia o mesmo, apesar de onde terminava, e o cheiro de grama molhada foi sendo gradualmente substituído por algo a mais, um odor estranho de podridão que fez o nariz de Romulus ter um espasmo momentâneo. Ouviu os amigos reclamarem também, e puxou a varinha, a raiva crescendo dentro de si. Não iria deixar que os comensais tivessem maculado a sua casa.

O hall estava com um cheiro ainda pior, e Rom puxou a camisa para cobrir o nariz e a boca para não vomitar. Olhou para trás, e viu Adhara parada do lado de fora, balançando a cabeça. “Vou ficar de guarda! “ Disse, um sorriso amarelo combinando com o nariz tampado.

Harry apontou para a porta entreaberta da cozinha, e Romulus assentiu, dando um pontapé de leve na beira da passagem para ela abrir. Sobre a mesa, apodrecendo e cercada de insetos, uma cabeça de lobisomem decepada descansava, os olhos vidrados do animal encarando Romulus em um grito sufocado de terror.

Só percebeu que gritava quando Harry surgiu ao seu lado, assustado e com a varinha em punho. Sentiu as mãos perderem a firmeza, as pernas amolecerem, e a garganta arder, assim como seus olhos. Procurou por sinais de que aquela cabeça pertencia a seu pai, e uma onda de alívio escaldante percorreu seu corpo quando percebeu que os olhos – única parte possível de ser reconhecida após a transformação – não eram os de Remus. Ainda assim, com o coração querendo sair do peito, se deixou cair numa cadeira que Lewis empurrara para perto de si.

“Porque alguém colocaria uma coisa dessas aqui, cara? “Ron se mantinha afastado da cabeça como se essa estivesse lhe empurrando para longe, e Hermione cobriu a boca e o nariz para afastar o cheiro horrível.

“Padfoot! “ Harry esticou a cabeça para fora da porta, “tem alguém em casa? “

Romulus conseguiu ouvir, ao longe, uma resposta abafada, mas não conseguiu se concentrar para escutar exatamente o que era. Seus olhos pareciam hipnotizados na cabeça, e só conseguiu voltar a pensar com clareza quando Jack, um pouco enojado, pegou-a com cuidado e enfiou dentro do fogão, fechando a porta com o pé e limpando as mãos sujas de sangue rapidamente no casaco.

“Acha que tem algo faltando? “ Ron começou, mas o som de passos acelerados o interrompeu. Usando um lenço sobre a boca e o nariz, Adhara adentrou furiosamente a cozinha, a varinha em riste e uma expressão assustada nos olhos. Segurava um livro sobre o braço, mas parecia nem tê-lo aberto.

“Temos que sair daqui, agora! Estão cercando a casa! “

Romulus sentiu Hermione puxá-lo pelo braço, e se agachou rapidamente para pegar a varinha que caíra. Decidido a não pensar no que vira ali, seguiu o resto do grupo para a porta dos fundos, onde Adhara derrapou e jogou uma cadeira no chão, exclamando “Portus!” antes de puxar Jack consigo e agarrar o espaldar dela. Romulus olhou para trás, e viu uma dupla de encapuzados emoldurados pelo vidro da porta correndo em sua direção. Hermione gritou um feitiço, e a porta brilhou em azul. Um dos homens bateu em cheio nela, e o outro tentava abri-la quando o portal fez efeito, tirando-os dali.


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