Dark Sky escrita por Nath Mascarenhas, prettysemileek


Capítulo 39
Capítulo 39 - Sede elementar.


Notas iniciais do capítulo

Gente, valeu as reviews, já ultrapassamos os 300...
Bom, boa leitura...



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A primeira coisa que eu pensei foi: Será que eu morri?

Bom, pela dor em todo o meu corpo duvido que aqui onde eu esteja seja o céu,e também o frio de lascar que está fazendo aqui, eu acho que não pode ser considerado o inferno... Então, eu devo estar no meio-termo, onde uma pessoa tão lerda e atarantada como eu pode ir depois que morre.

Só um segundo. Eu por acaso disse que estou morrendo de frio?!

E então parei para reparar uma coisa intrigante e eu percebi. Meu Deus, eu não sinto frio desde... Desde... A morte dos meus pais! E agora, eu estava quase congelando aqui e sem a mínima idéia do que diabos aconteceu comigo.

 Eu me lembrava de muita pouca coisa antes de recobrar meus sentidos nesse mini Polo Norte. Como por exemplo, eu tinha gritado com todo mundo e saído andando feito uma descompensada até que eu entrei na floresta. Lembro-me de não sentir medo como das outras vezes ao entrar, mas dessa vez eu até a achei bem convidativa a mim.

Recordo de que eu andei um pouco mais, e o que eu acho que era uma parte bastante sombria e obscura que até parecia estar envolta de uma grande sombra negra bem ameaçadora. Senti meus instintos me avisarem para dar o fora e ir para casa, mas eu não fui e sim me adentrei mais.

E a dor. Oh como minha cabeça doí!

Bom, continuando... Eu ainda me recordo vagamente dos vultos. Ah, os vultos! Que vieram na minha direção e me rodeando como uma emboscada. Acho que até pensei ser os idiotas dos quatro que deveriam estar a minha procura, mas quando eu gritei pelos seus nomes, ninguém me respondeu. Eu tinha a certeza de que se fossem eles mesmo, teriam respondido já que o local e a situação na qual eu estava não permite esse tipo de brincadeira.

Depois boom! Eu não me lembro de porra nenhuma... Será que me mataram? Bom, até que seria uma boa, por que minha vida não estava lá essas coisas, mesmo...  E meu segundo pensamento: Se eu morri, será que deixariam ver meus pais?

Provavelmente, não. Eles devem estar no paraíso junto a Deus, por serem pessoas excepcionais e eu estou aqui nesse meio-termo congelante com dores em tudo que é lugar por ser uma debiloide! Se bem que eu mereço isso, vamos admitir.

Tenho a impressão de ouvir algum barulho, passos, para ser mais precisa. Vários passos vindos à minha direção. Cogitei novamente a possibilidade de que ali deveriam ser meus amigos, pois, somente Perséfone usaria saltos tão barulhentos como esses.

Tentei abrir os olhos com grande dificuldade, pois até minhas pálpebras estavam extremamente doloridas e pesadas.  E quando finalmente consegui abrir uma brechinha que for somente vi um breu aterrorizante.

Fechei os olhos novamente, poupando a minha pouca energia, mas minha mente estava a toda cogitando qualquer possibilidade racional e irracional para tudo isso. Será que me enterraram viva?! Pois o lugar que eu estava deitada parecia realmente com um caixão, pois meus braços e pernas estavam encostados numa fria parede e também explicaria o grande breu a minha volta. Se eu não fui enterrada viva, então não quero saber onde estou.

-Será que ela está acordada? – Uma voz masculina desconhecida falou curioso, porém sério.

-Não. –Uma mulher que eu também não conheço respondeu fria. – Ela está muito machucada para acordar tão cedo.

-E quando ela acordar, o que iremos fazer, minha deusa? – Outra voz também masculina pareceu bastante eufórica com minha terrível situação.

-Não te interessa, Eros. – Falou cortante. – Agora chame Baltazar aqui, agora! –Gritou ameaçante.

Depois ouvi passos ligeiros e assustados correm até sumirem do meu alcance.

-Temos que ficar aqui, com ela? – A primeira voz, perguntou aflito.

-Essa câmera de gelo neutraliza os poderes dela, relaxa. – Explicou a mulher, que parecia maravilhada. – Ela não nos fará mal nenhum dentro disso aqui. – E eu ouvi o arranhar de unhas sobre minha cabeça.

-Não estamos a subestimando, Yumi? – Perguntou o homem que ainda parecia estar morrendo de medo da minha presença ali tão perto.

Yumi, esse nome não me é estranho... Será que eu a conheço e se conheço, por que cargas d’agua eu não me recordo? Pensei comigo mesma.

De repente, ouvi passos largos e firmes se aproximarem de nós e um deslizar devagar de uma roupa pelo chão. Apurei mais o ouvido para conseguir ouvir o sussurro do novo cara desconhecido, que eu acho que se chama Baltazar.

-Abra, Yumi. – Ele pedia categórico.

-Não. – Ela disse relutante. – Você só quer vê-la, não me engane!

É, eu também quero ver vocês! Quis gritar, mas minha voz sequer atravessou minha garganta que queimava.

-E se for? – O homem perguntou com sarcasmo. –O que você tem haver com isso?

-Baltazar, qual é o seu interesse nessa pirralha? –Perguntou irritada. – Você vem monitorando cada passo que ela dá há quase um ano...

-Ela é pra mim muito mais interessante do que você. – Comentou cheio de tédio e impaciência. – Agora abra, Yumi.

-Não! – Gritou choramingando. – Você não vai se aproximar da descendente!

-Abra. – Sua voz tremia de impaciência.

Ouvi-a arfar e eu tive certeza que o tal Baltazar estava a machucando. Porém, ela ainda relutava em me libertar daquele troço que estava começando a me sufocar.

-Se você não fizer o que eu estou mandando... - Ele sibilou ameaçante. – Eu faço uma igualzinha, pra você. E não te liberto nunca mais!

Ela gemeu alguma coisa e deu para ouvir que ela pôs as duas mãos no tampo que me cobria. Ela murmurou várias palavras sem sentido e outras de línguas que eu desconhecia até que a parede que pra mim era sólida, havia sumido.

Respirei fundo de alivio, mas quando o ar entrou doeu armazena-lo. Pois meus pulmões pareciam estar perfurados ou coisa do tipo.

-Meu Deus! – Ouvi Baltazar gritar, horrorizado. – O que você fez com ela, Yumi?

Eu ainda não conseguia abrir totalmente os olhos, mas a pequena brecha que eu consegui apenas me mostrava um rapaz negro muito alto, por favor, não me peça para dar detalhes, pois eu estou impossibilitada no momento.

De repente um homem muito branco veio até mim, seu sorriso era complacente como se pedisse desculpas pelo meu estado. Será que esse era Baltazar ou o outro?

-Tome, beba isto. – Ofereceu-me uma taça com um liquido azul, que mais perecia um enxagüante bucal. – Vai te fazer melhorar...

Eu abri minha dolorida boca, aceitando e permitindo que o líquido adentrasse pela minha garganta. Ele parecia um chocolate quente delicioso, eu bebi até quando ele permitiu. Depois, ele retirou a taça do meu alcance e pôs nos próprios lábios.

-Chocolate!  - Falou surpreso. – Eu também gosto. – Falou bebendo o resto.

Percebi que a dor que me atingia de uma forma lacerante foi diminuindo, diminuindo até não restar dor alguma. Suspirei de alivio.

 -Isso é algum tipo de poção restauradora? –Pensei alto.

Ele sorriu assentindo, mas o homem que estava ao seu lado deu um passo para trás quando ouviu minha voz. Ele usava roupas africanas e seu rosto parecia que tentava soar calmo, mas seu retorcido sorriso não enganava ninguém.

-E o líquido se modifica o gosto com cada usuário. – Explicou-me o homem de longas vestes e cabelos pretos tão grandes e vermelhos quanto os meus. –Sente-se melhor?

Eu assenti, olhando para todos os lados. Eu parecia estar numa sala que mais parecia o limbo, aquele lugar que não tem nada e é branco pra burro. Uma chinesinha estava perto da porta e me encarava nada feliz, ela deve ser a tal da Yumi.

 -Vocês me sequestraram? –Perguntei me sentindo um pouco aturdida. Eu não gostava de me sentir boiando numa situação e essa com certeza eu precisava entender.

Os três riram.

-Tecnicamente, sim.  – O rapaz que agora eu tenho absoluta certeza que é Baltazar me respondeu.

Como assim, tecnicamente?!  Eles estão me trancafiando num esboço de limbo ou estou enganada? Eu não me sinto “tecnicamente” sequestrada e sim, TOTALMENTE!

-Acho melhor irmos para a sala para conversarmos, não é Naara? – E me ofereceu seu braço para me ajudar a sair daquele troço que parecia um caixão de gelo.

OH MEU DEUS!

Eu estava completamente nua! E eu juro que eu vou me esquecer que ele foi legal comigo e vou dar um murro nesse tal Baltazar se ele continuar olhando pra mim daquele jeito. Ah, vou... Ao me ver naquele estado eu nem me importei com o fato de terem me monitorado durante um ano e de saberem o meu nome.

-Vire-se! – Eu gritei histérica e ele obedeceu com um risinho nos lábios.

-Eros, traga uma manta! – Ordenou ainda de costas e um anão de jardim apareceu com um pano negro dobrado ao braço.

Ele ofereceu-me e eu me vesti, sentindo-me bastante confortável com aquele tecido macio. Desci sem precisar de ajuda e atravessei a porta irritada, passando pelo temeroso africano e a chinesa odiosa.

A outra sala era completamente diferente da outra. Parecia uma antiga, mas luxuosa sala europeia de reuniões com cadeiras acolchoadas e tapetes de pelo animal, achei diferente a forma como as cadeiras estavam posicionadas em um pentagrama. Percebi que em Dark Sky, jamais vi um lugar como esse ou essas pessoas tão diferentes.

-Onde eu estou e quem são vocês? –Perguntei sem me sentir intimidada pela presença deles e me sentei numa cadeira que estava no centro.

-Essa cadeira é minha! – Yumi reclamou furiosa, ela me pareceu bastante parecida com Izabel.

Por pura pirraça, foi essa mesma que eu me sentei. Era confortável e dava uma visão panorâmica da sala e de todos os presentes.

-Esses aqui são Yumi, Adeyemi e eu sou Baltazar. – Apresentou-se o homem gentil.

Eu assenti lentamente, digerindo essa nova novidade. Eles se sentaram ao meu redor, mas um pouco distante. Percebi que eu estava sentada no lugar do líder, agora entendi o porquê de Yumi estar tão irritada.

-Esse é o seu lugar, Naara. – Baltazar meu avisou, sentado ao meu lado esquerdo, percebi que ninguém sentava do meu lado direito.  – Não se preocupe com a Yumi, ela não merece estar no lugar que é seu de direito, porém foi sua substituta por algum tempo.

Eu acenei com a cabeça e torci a boca como se reprovando o gesto da chinesa em substituir-me.  Ei, já vou avisando de que não fui eu que fiz isso...

-Então, já que se apresentaram. Vão dizer-me onde estou? –Perguntei séria e um pouco ameaçante.

-Na sede elementar, em Londres. – Eu quase me engasguei quando o africano com nome difícil me respondeu. –Nós somos os xamãs completos e você é a nossa líder descendente e reencarnação de Jacuí.

Ah, agora caiu a ficha que o lugar vazio ao meu lado direito só poderia ser ocupado por Luka, meu marido. Notei também que cada um possuía um colar que descrevia seu elemento base.

O de Baltazar era um pingente que era uma pedra vermelha que para mim parecia ser de rubi com labaredas incrustadas e entrelaçadas pela correte que dava um ar completamente real a joia. Já Yumi, tinha um diamante transparente como pingente e a corrente era quase invisível naquela pele alva demais. Adeyemi possuía um imponente colar. Sua pedra era um ônix bem grande e folhas ficavam entremeadas por toda extensão da sua corrente.

-Como eu vim parar aqui? –Perguntei confusa.

-Temos nossos meios. –Yumi falou achando graça da minha cara ou ignorância.

Eu assenti mesmo sem entender o que ela estava tentando insinuar, eu estava pouco me lixando pra como eu vim parar aqui, minha preocupação era o porquê da minha vinda.

-O que querem de mim? –Perguntei sem rodeios.

Todos se entreolharam surpresos com a minha atitude e jogando um para o outro a responsabilidade de me responder. Ah, eu já estava prestes a perder o resto da minha minúscula já de nascença paciência e os mandar abrirem a porra da boca deles, quando Baltazar falou:

-Eu começo.


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Notas finais do capítulo

Merecemos ou não reviews?



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