Shooting Star escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 6
Complexa


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei. Espero que me perdoem, mas eu estou em época de provas e apresentação de ballet, então, o tempo é curto.
De qualquer forma, aí está:



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Capítulo 6 – Complexa

Pov's Bella:

- Aonde você vai, Bella? – Alice perguntou sem conter sua curiosidade.

         Internamente, revirei os olhos. Provavelmente minha roupa pouco discreta tinha chamado sua atenção, assim como o resto dos vampiros ocupados na sala de estar.

         Uma saia xadrez vermelha e preta, do jeito mais curto e aceitável para o "frio" daqui que você conseguir imaginar. Uma meia arrastão preta e quadriculada. Uma regata preta e um casaco preto, justo, por cima. Lápis preto. Eu estava vestida de um modo que Jane chamaria de "bad girl". Talvez.

         Bom, levando em conta que sou uma vampira, não sou exatamente boa.

- Sair.

         Curta, breve, direta. Fria.

         Nesses três dias que eu já tinha ficado aqui, descobrira o suficiente sobre todos, acho. Logo, sabia como tratá-los. Como evitá-los. Como fazer com que suas vidas fossem normais, sem nenhuma chateação minha.

Alice é hiperativa, curiosa, incontrolável, louca por moda, uma vidente sabichona. Irritante esse dom sério. Diferente do de Jasper, que venho me esforçando para bloquear, o de Alice é algo que simplesmente não posso impedir.

         Rosalie é arrogante, mimada, linda, exibida, boa mecânica, perfeita – e quer algo impossível: ter filhos. Mas eu não a vira demonstrando amizade nem nada do tipo ainda. Melhor assim.

         Emmett era brincalhão, espontâneo, alegre. Meio burro, admito. Assim como Alice, ele tinha me aceitado, definitivamente. E ignorava os olhares de Rosalie toda vez que este conversava comigo. Eu o ignorava.

         Esme era amável, uma mãe para todos, calorosa. Nunca faltou em me perguntar se algo estava errado, se eu estava bem. Carlisle é compreensivo, controlado, bom conselheiro. Mas eu não conversava muito com ambos, não queria invadir sua vida mais do que já estava invadindo.

         Jasper ainda parecia irritado com o fato de não ler mais meus sentimentos, eu de fato tinha me fechado em uma bolha vazia. Porém, isso era algo ruim, pois, quando ficava sozinha – longe o suficiente para ele não sentir nada – parecia que meus sentimentos voltavam com mais força ainda.

         E, por fim, Edward. Esse era totalmente incompreensível para mim. Disse que não me odiava, mas não fazia mais do que dizer "bom dia", ou qualquer coisa estritamente necessária. Eu dizia a mim que ele somente me aturava – e não o culpava disso, eu era a intrusa.

         As pessoas da escola eram fofoqueiras. Eu me sentava sozinha, e isso era motivo para cochichar – "Os Cullen não sentam nem mesmo com quem abrigam em casa", "Gostosa, mas sombria", "Ainda levo para cama e implorando por mais", "Vadia, se acha". E outras coisas que ignoro.

         Despertei de meus pensamentos ouvindo Emmett indagar: - Para onde, Bellinha?

- Para fazer o que eu vim fazer aqui, ou seja: não importa – falei enquanto andava em direção à porta. Eu não pediria um carro emprestado, nem morta – o que é irônico de se dizer. Eu estou morta. Correria livremente entre as árvores.

- Seattle – Alice disse para si mesma e depois olhou para mim – O que tem em Seattle?

         Suspirei internamente. Meu rosto olhou sem emoções para a baixinha.

- Aro mandou-me para cá com o objetivo de que eu descobrisse isso. Aparentemente, um exército de recém-nascidos está se formando nessa região – eu parei aí. Dizer que poderia ser dos romenos já era demais.

- Sério? – Emmett pulou animado do sofá – Posso ir?

         Controlei o impulso de erguer as sobrancelhas, cética. E xinguei-me mentalmente – Jasper provavelmente tinha sentido essa emoção.

- Não. Sinto muito – não sentia. Eu nunca sinto com Jasper perto. Este me olhou, erguendo as sobrancelhas. O mínimo que se espera das pessoas é que elas sintam algo, mesmo que seja totalmente contrário ao que dizem.

         Ele já devia saber. Eu não sinto. E não sou uma pessoa. Sou uma carcaça oca.

- Pooooor favor, Bellinha! – Emmett implorou.

         Ouvi o suspiro de desgosto da loira que obviamente não gostava do marido nessas horas. Ignorei. Eu sempre ignoro.

- Não, Emmett. Você é um Volturi? – não o deixei responder, muito menos a "Rainha do Gelo" que já ia abrir a boca – Não, não é. É um Cullen. Seu clã são os Cullen.

         Carlisle, que lia tranquilamente, fez uma careta com a palavra "clã" – ele não esperava que eu dissesse "família", esperava?

- Mas, Bella...

- Não – não era eu que tinha dito. Todos olharam para Jasper, que se levantava – Emmett, você é impulsivo demais numa luta, perderia facilmente para um recém-nascido.

- Claro que não!

- Perderia – seu tom de voz falava que ele não queria ninguém o contrariando – Você luta como eles: sem pensar, instintivamente. A diferença é que eles têm a força inicial e, você, não.

         Emmett bufou.

- Isabella – Jasper se dirigiu a mim – sei que não quer companhia, muito menos platéia... Mas, posso ir com a senhorita? Entendo de recém-nascidos, já lutei contra eles.

- Eu sei que já, Jasper – comentei tranquilamente e vi todos me olhando ceticamente.

- Como? – Esme perguntou curiosa – Sem querer ser intrometida, claro.

         Alice sorriu vitoriosa. Ela com certeza gostava de saber o que os outros não sabiam.

- Meu dom – eu tinha essa mania. Mania de ser breve, curta, simplista. Não gostava de falar. Sempre – ou quase sempre – achei que falar era a maior perda de tempo, pois é quando você, na maior parte do tempo, demonstra sentimentos.

         Claro que o rosto ajuda, nas expressões, nas facetas, mas, falar... Quando você fala, é possível transmitir tudo que sente. É possível ver quando alguém é falso, quando é verdadeiro, quando está alegre, ou triste, e assim por diante.

         Eu não gosto de falar. Eu não gosto de muitas coisas.

- Você não disse que tinha um dom, Bellinha! – eu odiava esse apelido, mas não falava. Eu nunca sinto, como poderia dizer que odeio? Nenhum deles era Jane ou Alec, que viam através de minha máscara – Qual é?

- Digamos que ele é o motivo pelo qual Edward não consegue ler minha mente. O motivo de eu ter conseguido aprender sobre suas vidas em um nano segundo, assim que pus meus olhos em vocês. O motivo pelo qual vocês fariam qualquer coisa que eu mandasse.

- Ahn? – Emmett era lerdo. Muito lerdo.

- Por exemplo... Sei que você matou uma humana em 12 de Agosto de 1935, no início de sua transformação – falei para Emmett, que já ia protestar – não lhe culpo, o cheiro dela era mesmo muito bom. É com meu dom que sei que Esme se transformou em vampira depois de pular de um penhasco por perder o filho. Ou como Carlisle se transformou e porque foi embora dos Volturi.

"Sei também que Alice tinha visões sobre esse clã desde que acordou sozinha, na floresta, sem lembrança alguma. Também tenho conhecimento de que Rosalie quer algo impossível para vampiros e que voltaria no tempo para matar Royce King novamente. Sei que Jasper lutou no sul, seja como humano, ou vampiro." – olhei para Edward – "E também sei que Edward não gosta de ser o que é".

         Silêncio. Eram informações demais.

- Quem você pensa que é? – uma voz falou depois de alguns segundos quietos. A voz era de Edward e ele nunca aparentara estar tão furioso desde que eu chegara – Vindo aqui, hospedando-se em nossa casa para uma missão sua e jogando nosso passado em nosso rosto?

         Esme cobriu a boca com as mãos, espantada. Rosalie sorriu maliciosamente – seus pensamentos gritavam que ela estava amando isso. Alice olhou brava para o irmão, como se ele tivesse feito algo errado.

- Penso que sou Isabella Volturi. Não, isso não me dá o direito de bisbilhotar a vida das pessoas, antes que o diga, Edward. Todavia, meu dom não é algo controlável, você bem deve saber, já que possui o seu – minha voz era tão emoção que parecia repetitiva - Entretanto, não vou lhes contar exatamente o que meu dom é.

         Emmett abriu a boca junto com Alice, simplesmente continuei:

- Seria demais para suas cabeças. Não por que são burros, Rosalie – dirigi-me à loira no final -, mas porque meu dom é algo complexo.

- O quão complexo? – Carlisle perguntou curiosamente.

- Eu tenho 484 anos, e não tenho total controle sobre ele.

         Não esperei falarem algo novamente, virei as costas e caminhei em direção à porta, antes de abri-la, com a mão na maçaneta, falei: -- Venha, Jasper. Talvez você seja útil, não é?

         Ele nada disse. Somente me seguiu enquanto corríamos noite a fora. Embrenhando-nos mais na escuridão e seguindo em direção a um bando de jovens loucos por sangue.

         Eu chamaria de uma noite comum.

         Seattle estava agitada. Quero dizer, a parte em que estávamos. Festas com músicas altas, prostitutas com suas saias minúsculas, homens bêbados cambaleando em seus próprios pés, ruas e becos pouco iluminados. É, não poderíamos chamar essa parte da cidade de "rica".

         Perfeito para se criar um exército de recém-nascidos, afinal, os humanos nunca ligam para mortes em periferias. São uns ignorantes.

- Sente algo? – Jasper me perguntou. Essa pergunta era muito irônica, mas sabia que não era a isso que se referia.

Sem mudar a expressão em meu rosto, farejei o ar. Leve, praticamente imperceptível, mas estava ali. Um cheiro adocicado, misturado ao cheiro de sangue humano em seus corpos. Vampiros novos tinham esse odor de vampiro e de humano.

- Sim. Vem dali – apontei em direção ao final da rua, onde havia um muro e o breu da noite.

         Jasper assentiu e corremos naquela direção. Sem dificuldade nenhuma e vendo se não havia humanos observando, pulamos o muro de tijolos sujo. Demos de cara com um armazém abandonado e início de uma floresta.

         O cheiro estava cada vez mais forte.

         Continuamos em alta velocidade, seguindo esse odor de vampiros, porém mais cautelosos – os ditos cujos poderiam estar em qualquer lugar. No final, após correr o que seria uma longe distância aos humanos, tínhamos chegado a uma casa velha.

         As paredes, que outrora deveriam ser brancas, estavam descascadas e sujas. As janelas de madeira e vidro com arranhões, trincadas ou simplesmente quebradas. A porta entreaberta dava um aspecto sombrio ao local.

         Um local que humanos que se prezem nunca entrariam. Eu podia ouvir vozes vindas da casa. Alguém gritou, alterado, sobre como mandava no local. Outra pessoa mandou-o calar a boca – era uma voz feminina e irritadíssima. Vozes se sobrepunham umas as outras.

- Recém-nascidos – Jasper estalou a língua em reprovação – totalmente descontrolados.

- Sim, e perigosos, sem dúvida. Perigosamente perto de nos expor aos humanos – sussurrei de volta. Se eu escutava vozes altas daqui, eles poderiam me escutar, ou seja: falar baixo com Jasper é elementar.

- Será que algum deles tem um dom? – o loiro cochichou curioso.

         Analisei a casa novamente. A mesma voz que berrara há pouco gritou algo sobre ele ser o melhor lutador. Revirei os olhos internamente.

- É possível. Mas são poucos os recém-criados que identificam seu dom nessa época. Só pensam em sangue, como poderiam? – perguntei a mim mesma o final.

         Eu tinha identificado meu dom desde que nascera. Mas nunca disse que era normal.

         Folhas se mexeram, pés batendo no solo com leveza sobrenatural. Vampiros. Vi uma cabeça de cabelos claros passar rapidamente pela casa. Nem mesmo parou: seguia em direção a Seattle. Era um homem, reparei.

- Vamos – chamei Jasper e, sem esperá-lo, corri atrás do homem.

         O vampiro já sabia que estava sendo seguido, de forma que parou no muro do armazém que há pouco estávamos. Ele virou-se. Vi olhos vermelhos, mas não chocantes; vermelho como vinho. Um vampiro maduro ou, no mínimo, velho o suficiente para ter a cor normal dos olhos.

- O que querem? – ele rosnou para Jasper. Sua mente ignorava o fato de eu ser uma vampira, de acordo com ele, eu era mulher. E isso bastava para ser frágil.

         Machista. Humpf.         

         Jasper sorriu de lado, minimamente. Ele finalmente captara um sentimento meu: mau humor, impaciência. Então, logo tratei de não sentir nada e ele fechou a cara.

- Quem é você? – perguntei.

         O vampiro ignorou-me totalmente, olhando o loiro ao meu lado.

         Meus pensamentos bufaram inconformados. Eu odiava essas coisas machistas. Nem parecia que estávamos no século XXI.

         Caminhei, a passos tranqüilos, até o vampiro. Seu corpo endureceu e seus olhos me analisaram. Ele não se mexeu, mesmo que sua expressão gritasse que queria fugir.

         Meu dom simplesmente o mantinha preto.

- Quem é você? – repeti minha pergunta lentamente, tratando de ser clara.

- Riley Biers – o vampiro respondeu. Era jovem, vinte ou dezenove anos. Uma pena.

- Por que está formando um exército?

         Riley lutou para sair de minha hipnose. Seus olhos prendiam-se aos meus – urgh – dourados e faziam com que ele não se mexesse, obedecesse-me. Tão tolo.

- Não sei. Eles não me disseram.

- Eles? – indaguei com curiosidade. Eram pelo menos duas pessoas formando um exército então? Interessante. Seriam mesmo os romenos? Eu não creio mais nisso.

- Sim. Victória, Laurent e James.

         O mundo pareceu parar por alguns segundos. Os nomes se repetiram em minha cabeça sombriamente. Esse nome me impingia a lembrar memórias passadas – momentos ruins.

         Eu de repente era uma besta. Eu estava presa dentro de uma cela e girava dentro da mesma, como um animal inquieto em sua jaula. Eu queria desesperadamente sair. Meus poderes queriam sair, explodir e descontrolar-se.

         Concentrei-me e recobrei uma pouco de minha consciência. Tudo isso em menos de três segundos.

         No instante seguinte, a cabeça de Riley Biers estava em minhas mãos e seu corpo queimava em uma fogueira. Olhei a cabeça. Ele ainda estava vivo; vivo enquanto sua cabeça loira permanece-se em minhas mãos.

         Ora, seu corpo poderia demorar horas queimando, horas de sofrimento e dor. A perspectiva era agradável. Muito agradável. Afinal, tinham me causado dor por séculos, acho que o seu "comparsa", Riley, poderia sofrer não?

         Foi o que fiz. A fogueira com o corpo crepitava à distância. Sua cabeça estava no telhado do armazém. Ele gritava no silêncio de sua agonia.

- Bella? – era a primeira vez que Jasper me chamava assim.

         Eu tinha certeza que meu rosto não tinha se modificado de modo algum, mas minhas emoções provavelmente eram um turbilhão irritante de confusão e raiva. Então, nada mais justo que ele se preocupar ou, pelo menos, me olhar estranho.

- Somente... Somente ignore – minhas feições não mudaram, no entanto, minha voz quebrou-se em desistência.

         Jasper assentiu: - Se quiser, pode... – ele hesitou e decidiu-se por continuar – Pode sentir, tudo bem? Parece difícil para você, então, manterei seus sentimentos longe do dom de Edward. E não contarei a ninguém o que sente.

         Em anos, permiti-me suspirar verdadeiramente. Foi um respirar mais forte, sem mudar nada, mas era a primeira vez em décadas que fazia isso na frente de alguém.

         Então, enquanto voltávamos para a casa dos Cullen, simplesmente deixei meus sentimentos explodirem como uma bomba no tempo certo.

         Veio tudo de uma vez e Jasper trincou o queixo, eram obviamente muitos sentimentos em uma única vez. Porém, continuamos correndo.

         E eu senti como se uma comporta de alívio se abrisse enquanto um meteorito caísse na seção "raiva".

         James, Laurent e Victória.

         James.


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Notas finais do capítulo

Quem acha a Bellinha amargurada levanta a mão: o/ o/ o/ o/
Entãããão, merece recomendação, gente?
Bejos, Emm =D